Feira de Imóveis do Paraná é termômetro para o sul
Edição de número 23 do evento acontece de 27 a 30 de agosto e servirá para medir interesse do consumidor por imóveis na planta, novos já construídos e até usados
Por: Altair Santos
Entre 27 e 30 de agosto, Curitiba volta a sediar um dos mais importantes eventos imobiliários do país. A 23ª edição da Feira de Imóveis do Paraná, além de tradicional, é considerada termômetro para o setor, principalmente o localizado no sul do país. Além de construtoras e incorporadoras instaladas em Curitiba, são atraídas empresas de outras regiões do Paraná e de Santa Catarina. Neste ano, serão 40 construtoras e incorporadoras, apresentando em torno de 30 mil empreendimentos. O volume de negócios esperado é de R$ 50 milhões e haverá opções de edificações na planta, em construção e prontas para morar - desde unidades enquadradas no Minha Casa Minha Vida até as de luxo, com preço superior a R$ 2 milhões.
Para Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), a feira é também uma oportunidade para as empresas ampliarem a carteira de clientes e tornar suas marcas mais conhecidas no mercado. "O panorama de ofertas é grande. São milhares de opções de unidades na planta, em construção e prontas para morar, que visam atender tanto quem tem urgência em se mudar quanto quem prefere optar por uma compra programada. Assim, a feira imobiliária é um excelente espaço para construtoras e incorporadoras lançarem seus empreendimentos, bem como para atender à necessidade imediata de moradia do comprador por meio do imóvel pronto", avalia.
O apetite do consumidor será testado na feira e poderá confirmar dados de uma pesquisa recentemente realizada pela (Ademi-PR), em parceria com a BRAIN Bureau de Inteligência Corporativa. O estudo revelou que 24% dos entrevistados pretendem comprar imóvel em Curitiba, predominantemente residencial (87%), pronto para morar e com finalidade de moradia. Destes, 36% estão dispostos a fazê-lo no período de 12 meses. O estudo mostrou ainda que 18% dos entrevistados preveem adquirir um imóvel para investimento, com finalidade de locação (86%). Segundo Gustavo Selig, os dados comprovam que existe demanda para a aquisição do imóvel novo. “Apurou-se que quanto maior a renda, maior a urgência na aquisição do imóvel novo. Entretanto, é unânime a opção preferencial pela compra do imóvel residencial”, analisa.
Mercado valorizado
O dirigente também entende que a 23ª edição da Feira de Imóveis do Paraná irá confirmar que o mercado imobiliário paranaense continua em crescimento e valorização, dentro de um patamar de regularidade, e assim deve se manter nos próximos anos. "O preço dos imóveis não vai baixar, visto que os custos para construir continuam a crescer e, consequentemente, isso implica diretamente num acréscimo ao valor de venda do bem. O reajuste do preço dos imóveis deve acompanhar a inflação. Por isso, quem quer sair do aluguel, ou mesmo trocar de residência, deve correr contra o relógio, sob o risco de pagar mais caro pela espera", diz, citando o mercado de Curitiba como exemplo. "No primeiro semestre deste ano, o preço do metro quadrado privativo para os apartamentos residenciais novos em Curitiba acumulou valorização de 5,5%, chegando a R$ 5.991,00. Considerando os últimos 12 meses, tendo junho como mês de referência, o preço dos apartamentos residenciais novos apresentou variação média de 9,8% na capital paranaense", completa.
Serviço
23ª Feira de Imóveis do Paraná - 2014
Data: 27 a 30 de agosto
Horário: 14h às 22h
Local: Expo Renault Barigui (Rodovia do Café – km 0 – BR 277 - Santo Inácio), em Curitiba.
Informações: (41) 3521-6226 ou www.feiraimoveispr.com.br
Redes sociais: www.facebook.com/feiraimoveispr e https://twitter.com/feiraimoveispr
Entrada gratuita
Entrevistado
Engenheiro civil Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) e presidente do Grupo Hestia, companhia que congrega construtora, incorporadora, participações, importadora e design
Contato
ademipr@ademipr.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Ademi-PR
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Contratos Built to Suit e a lei federal 12.744: o que muda?
Modelo de locação ganha segurança jurídica para continuar crescendo no mercado imobiliário brasileiro, segundo apontam advogados especialistas
Por: Altair Santos
O modelo de contrato de locação conhecido como Built to Suit chegou ao Brasil em 1997. Com o crescimento do mercado imobiliário no país, intensificou-se. Traduzindo, seria "alugar sob encomenda". É quando uma empresa precisa de um espaço adequado às suas necessidades e o locador atende, seja contratando uma construtora para erguer uma obra ajustada ao que o locatário pede, seja ajustando um imóvel já existente.
Até 2012, o aluguel no formato Built to Suit era regulado pelas lei de locações. Há dois anos, com a entrada em vigor da lei federal 12.744, que trata da locação de construções ajustadas, essa modalidade ganhou segurança jurídica para avançar. Especialistas, os advogados Luiz Augusto Haddad Figueiredo e Carolina Rafaella Ferreira mostram vantagens, desvantagens e o que muda após a lei. Confira:
Quais tipos de obras mais se beneficiam do Built to Suit?
Carolina Ferreira - Antigamente, o mercado de imóveis não exigia muita qualidade em seus espaços. Muitas empresas aproveitavam imóveis baratos, em locais pouco privilegiados, para construir suas indústrias e seus centros administrativos. Criaram-se imóveis pouco práticos, que acabavam desocupados ou abandonados. Ao longo dos últimos anos o mercado imobiliário brasileiro apresentou uma enorme ascendência, o que se verifica pela variedade de produtos apresentados ao consumidor. Assim, empresários que até então construíam seus próprios imóveis passaram a se interessar pela locação, por diversos motivos diferentes, dentre eles no intuito de não imobilizar o seu patrimônio. No entanto, tornou-se tarefa bastante complicada localizar imóveis que atendessem certas especificidades necessárias para o exercício de determinadas atividades. Nesse cenário viabilizou-se a ideia de se construir sob encomenda, passando a ocupar imóveis com instalações projetadas sob medida para atender suas necessidades operacionais. Como exemplo, temos agências bancárias, galpões logísticos, fábricas, call centers e outra infinidade de setores que optam por esse tipo de negócio.
O que muda nas operações de Built to Suit com a lei 12.744?
Carolina Ferreira - A lei, efetivamente, trouxe mais segurança jurídica a este tipo de operação, consolidando entendimento já sedimentado no nosso ordenamento. Os principais impactos são os seguintes:
- Foi reforçada a atipificação do contrato, o que significa dizer que a nova lei altera dispositivos da lei de locações. Porém, o Built to Suit continua não sendo um contrato de locação propriamente dito, podendo reunir características deste contrato e de outros tipos de contratos.
- Ficou expressamente autorizada a renúncia ao direito à revisão de contrato, ou seja, o contratante do Built to Suit não tem a mesma prerrogativa de um inquilino em contrato de locação, de tentar ajustar o valor pago mensalmente a um valor locatício de mercado, vez que a premissa da remuneração não tem este caráter locatício.
- Também ficou expressamente autorizado nestes tipos de contratos multa até o valor do contrato, ou seja, havendo interesse na rescisão antecipada, a multa poderá responder ao equivalente do que faltar no contrato.
A lei é de 2012. Por que só agora há essa movimentação em torno do Built to Suit?
Carolina Ferreira - No Brasil, tem-se notícia da existência deste tipo de contrato desde 1997 (caso da fábrica da DAKO). Porém, não temos larga doutrina e jurisprudência sobre o tema. Este tipo de contrato é largamente utilizado nos Estados Unidos e Inglaterra. O contrato de Built to Suit é complexo e pode conter uma série de especificidades que até mesmo a lei de 2012 pode não responder, embora ela tenha resolvido algumas das principais questões que envolvem este tipo de operação. Diria que o regramento veio chancelar os principais pontos discutíveis. Entendo que o surgimento da lei, ainda que por muitos considerado tardiamente, aguardou o comportamento de mercado para regular o Built to Suit.
Sobre os direitos e obrigações para quem contrata e constrói no sistema Built to Suit, o que precisa se destacar?
Luiz Haddad - É fundamental regular adequadamente as diretrizes que nortearão a construção: do prazo de obra às condições em que ela será executada. Os direitos e obrigações de cada contratante devem estar claramente delimitados, inclusive durante o período de obra, quando o imóvel ainda não está à disposição do locatário. Já os aspectos relacionados ao valor do aluguel e seu reajuste devem tratar da possibilidade, ou não, de revisão desse valor e os critérios eventualmente aplicáveis, assim como o pagamento das demais despesas devidas. Não se pode esquecer das penalidades incidentes no caso de descumprimento e da alienação do imóvel durante a vigência do contrato. Além disso, por se tratar, usualmente, de uma relação de longo prazo, na qual são aportados significativos recursos, é importante que o contrato esteja cercado de garantias condizentes com o prazo de vigência e os investimentos envolvidos. Vale destacar, por fim, que um contrato bem elaborado, com lastro jurídico e econômico, permite, mais facilmente, a securitização de seus recebíveis.
Quais os riscos do Built to Suit?
Luiz Haddad - Do ponto de vista jurídico, a redação do contrato de Built to Suit envolve uma preocupação adicional, já que o artigo 54-A da Lei das Locações (Lei 8.245/91) confere amplos poderes às partes contratantes quanto à definição do conteúdo contratual. Por um lado, isto significa que a vontade das partes poderá prevalecer sobre algumas regras da Lei de Locações, mas, ainda sim, deverão ser observados certos limites, como, por exemplo, os princípios da probidade e da boa fé, a função social do contrato e os preceitos de ordem pública. Por outro, indica que, se o contrato for omisso, dispositivos da mencionada lei, ainda que não pensados para a realidade da operação Built to Suit, poderão ser utilizados para solucionar alguma divergência entre os contratantes. Um contrato mal formulado também pode dificultar a obtenção de financiamentos e o aproveitamento de seus recebíveis, além do risco que trará para os interesses do locador e do locatário. Confirmar a regularidade da documentação do imóvel e da construção é outro ponto relevante para se mitigar futuros obstáculos legais à plena utilização do bem. Além disso, a credibilidade financeira e profissional das partes contratantes também é um fator importante para o regular desenvolvimento desse tipo de negócio. Ainda do ponto de vista econômico-comercial, a operação Built to Suit exige avaliação quanto ao perfil do imóvel e a sua futura recolocação no mercado e quanto aos impactos de futuras operações a serem implantadas num mesmo terreno.
Que tipo de investidor costuma aderir ao Built to Suit?
Carolina Ferreira - Normalmente adere ao Built to Suit o investidor que possui alguma expertise no mercado de construção. O que desperta o interesse do investidor em ingressar neste tipo de negócio é a capacidade de gerar rendimento, o fluxo de aluguéis pagos pelo usuário ao longo do ciclo contratual (o qual poderia ser adiantado pela emissão de títulos conhecidos como CRIs – Certificado de Recebíveis Imobiliários), podendo se estender por todo o ciclo operacional, e a pós-venda do imóvel ou oportunidade de investimento em um determinado momento, durante ou após o término do contrato ou ciclo operacional. Os empreendimentos do tipo Built to Suit, portanto, constituem uma categoria crescente de investimento no Brasil e no mundo e refletem a importância cada vez maior do uso mais eficiente do mercado de capitais para o financiamento dos imóveis.
Normalmente, esses contratos de Built to Suit duram quanto tempo?
Luiz Haddad - Não há um prazo específico, pois a duração do contrato varia em função da estratégia comercial adotada pelas partes e do tempo estimado para o retorno do investimento aplicado. Não obstante, é comum ver contratos com prazos de vigência fixados entre 10 anos e 20 anos.
O que costuma ocorrer com o empreendimento construído, após o vencimento do contrato: ele é abandonado?
Luiz Haddad - Na hipótese de término da locação, e se não houver prorrogação nem renovação com o locatário, o empreendimento seguirá o planejamento traçado pelo locador. Assim, se houver facilidade em recolocar o imóvel no mercado, este poderá ser oferecido a um novo locatário ou alienado a algum interessado. Se for o caso, poderá ainda ser readaptado a outro tipo de destinação.
Em termos de tributação, um contrato neste formato é interessante?
Luiz Haddad - O planejamento tributário relacionado à operação Built to Suit exige a análise de uma série de aspectos, inclusive no que diz respeito à estrutura societária a ser adotada para o empreendimento. À primeira vista, o que se pode dizer é que o contrato tem natureza de locação e assim deverá ser tributado. Portanto, para o locador, é importante avaliar em quais circunstâncias o regime do lucro real ou do lucro presumido,será mais vantajoso. Enquanto o locatário, por sua vez, terá de avaliar a possibilidade de deduzir a despesa locatícia.
Entrevistados
- Advogada Carolina Rafaella Ferreira, coordenadora geral do grupo de novos empreendedores do Secovi-SP, membro da comissão de direito imobiliário e urbanístico da OAB-SP e sócia do escritório Ferreira, Maluf e Moraes Sociedade de Advogados
- Advogado Luiz Augusto Haddad Figueiredo, membro do grupo de novos empreendedores do Secovi-SP e sócio do escritório Tavares, Haddad e Vanetti - Advogados Associados
Contatos
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Controle de qualidade de estacas: como proceder?
Peças utilizadas na etapa de fundação precisam atender requisitos técnicos, caso contrário podem comprometer a obra e custar caro ao construtor
Por: Altair Santos
O percentual das fundações no custo de uma obra é relativamente baixo. Varia de 3% a 4%. Porém, quando ocorrem patologias as consequências podem ser extremamente danosas, sem contar os problemas judiciais que acarretam. Por isso, o planejamento e o controle de qualidade são fundamentais. O ensinamento parte de um especialista: o professor de Fundações da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, em São Paulo, Ivan de Oliveira Joppert Jr., que palestrou no 16º seminário de Tecnologia de Estruturas, promovido recentemente pelo SindusCon-SP.
Joppert destacou que o primeiro passo para manter o controle de qualidade na instalação de fundações, sejam elas em forma de estacas ou radier, é realizar o estudo do solo. "Saber a homogeneidade do solo influencia no projeto, no modelo da sapata, no tipo de armação, na tecnologia da concretagem e nas escolhas das estacas, pré-moldadas em concreto, aço ou pré-moldadas in loco. Por isso, é preciso que estudos sejam promovidos por um engenheiro de solo", destaca, lembrando que tais recomendações devem ser ainda mais ressaltadas quando o empreendimento a ser erguido for em alvenaria estrutural.
O especialista lembra que, em termos de controle de qualidade, as estacas pré-fabricadas são o que ele define como o "sonho de consumo dos construtores". "Além de o produto ser fabricado dentro dos parâmetros e normas técnicas recomendáveis, a cravação fornece todos os sinais em relação ao solo", diz. No entanto, há empecilhos. "Um deles é a vibração causada no ato da cravação. Em áreas residenciais, o procedimento pode causar danos. Alguns municípios já possuem leis que proíbem o bate-estaca próximo de residências. Outro problema é a logística, pois tratam-se de peças longas que exigem transporte por caminhões e, se a obra estiver em um centro urbano, dependendo do local pode inviabilizar a chegada ao canteiro", afirma Ivan de Oliveira Joppert Jr.
Cuidado com as fissuras
Uma estaca pré-moldada tem, em média, de 4 m a 12 m de comprimento. Os elementos podem ser emendados por luvas. No recebimento das peças, o professor da Mackenzie orienta que devem ser verificadas eventuais fissurações. "Fissuras de 0,1 milímetro a 0,5 milímetros são aceitas, desde que elas estejam na alça de içamento ou no centro da peça. No entanto, se as trincas forem longitudinais ou verticais, a estaca deve ser rejeitada, pois vai dar problema", avisa Joppert Jr. Ele também destaca que, no caso das estacas pré-fabricadas de concreto ou pré-moldadas in loco, elas deverão ter corpo de prova, como recomenda a ABNT NBR 16258 (Estacas pré-fabricadas de concreto – Requisitos). "É preciso ter um histórico da fundação, para o caso de retrofit do prédio", explica.
Entre as estacas de concreto mais utilizadas no mercado atualmente está a estaca raiz. Fabricada no local, ela se destaca pela elevada capacidade de carga e pela resistência ao atrito lateral do terreno. Sua aplicação se dá em fundações de pontes e viadutos, contenção de encostas e perfurações de solos com matacões e rochas.
Entrevistado
Engenheiro civil Ivan de Oliveira Joppert Júnior, professor da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie e diretor-presidente da Infraestrutura Engenharia Ltda
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Pequeno construtor pode aderir ao PBQP-H. Saiba como
Mais de três mil empresas já participam do programa, que facilita acesso ao crédito habitacional e ajuda a qualificar e a cumprir o cronograma da obra
Por: Altair Santos
Criado em 1991, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) tem seus fundamentos baseados nas normas ISO 9000. Dentro dele, existem sistemas de avaliação, como SiNAT (Sistema de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores), SiMaC (Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos) e SiAC (Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras). Para a arquiteta Maria Salette de Carvalho Weber, que coordena o PBQP-H, o SiAC é um dos capítulos mais importantes do programa. "O SiAC, com abrangência nacional, estabeleceu níveis progressivos de certificação, com caráter evolutivo, que possibilita a implantação gradual do sistema de gestão da qualidade nas empresas de serviços e obras", diz.
Atualmente, o número de empresas certificadas no SiAC e, consequentemente, no PBQP-H, ultrapassa os três mil. A quantidade cresce, por que para se habilitar nos agentes financiadores públicos de habitação uma das exigências é que o construtor esteja dentro do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. O que preocupa é que entre os cadastrados há poucos pequenos construtores. Não há uma explicação concreta para isso, mas suspeita-se que seja receio da burocracia ou desconhecimento das vantagens que a adesão ao PBQP-H dá às empresas, como explica Daniela Albuquerque, especialista em sistemas de gestão integrada, como ISO 9001:2008; ISO 14001:2004; OHSAS 18001:2008 e ISO 26000. Confira a entrevista:
Pequeno construtor pode aderir ao PBQP-H?
Construtoras de qualquer porte podem fazer a adesão ao PBQP-H. É imprescindível, porém, que ela tenha a atividade de construção civil em seu contrato social e que seja responsável por uma obra completa, ou seja, tenha a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) da obra emitida em seu nome.
A burocracia é empecilho para a adesão do pequeno construtor?
Não. Basta a construtora enviar uma carta ao ministério das Cidades. Essa adesão tem a validade de um ano e dentro desse período, a construtora que quiser manter-se no programa deve evoluir para o Nível B ou Nível A. Esses dois níveis são certificáveis, ou seja, a empresa, após a implementação de todos os requisitos, deve contratar uma certificadora que seja acreditada pelo Inmetro para esse fim e realizar a certificação da sua empresa. A norma SiAC, que deve ser implementada pelas empresas, é baseada na norma internacional de gestão de qualidade, a ISO 9001. Além dos requisitos dessa norma, existem alguns itens específicos voltados para a construção civil. A parte mais complexa na adequação da empresa ao nível B ou Nível A é a implementação dos requisitos voltados para a obra e para os requisitos legais obrigatórios. São procedimentos e sistemáticas que a empresa deve comprovar a utilização em suas obras para a obtenção do certificado. A norma a ser implementada está disponível para download no site do ministério das cidades: www.cidades.gov.br/pbqp-h.
Como funciona o programa?
O PBQP-H é um programa evolutivo, ou seja, após passar por uma etapa, precisa evoluir para a próxima. A primeira etapa é a adesão. Nesse momento, a empresa deve enviar uma carta demonstrando para o Ministério das Cidades a vontade de participar desse programa. Esse é o primeiro passo do programa e possui validade de 12 meses (sem a possibilidade de prorrogação). Dentro desse período, a empresa precisa evoluir para o Nível B ou o Nível A. Esses dois níveis são certificáveis e emitidos com base na implementação dos requisitos da norma SiAC 2012 - Execução de Obras de Edificação. Para ambos os níveis (A e B) a norma a ser implementada é a mesma, porém, enquanto no nível A a empresa precisa implementar 100% dos requisitos normativos, no nível B a empresa precisa implementar apenas 75% dos requisitos desejáveis. A empresa que certifica-se no Nível A deve passar por auditorias anuais a fim de validar o seu certificado e manter-se ativa no programa, enquanto quem optar pelo Nível B precisa evoluir para o Nível A em um período de três anos ou, então, perde a sua participação no programa.
O PBQP-H foi feito para a adesão do pequeno construtor ou seus requisitos são para construtoras mais encorpadas?
Qualquer norma de sistema de gestão, inclusive o PBQP-H, é elaborada para a implementação em qualquer porte de organização. Assim, uma empresa de pequeno porte com a orientação adequada consegue realizar essa implementação de forma muito simples. É, inclusive, mais fácil a adesão de um pequeno construtor que possui uma quantidade menor de obras para a adequação do que uma grande construtora que possui muitos funcionários e várias obras, tornando o processo mais longo e moroso.
Quais as principais vantagens para quem adere ao PBQP-H?
O PBQP-H é um programa imprescindível para quem quer fazer parte do programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal. Além disso, outros bancos, além da Caixa Econômica Federal, indicam a necessidade do PBQP-H para liberação de algumas linhas de crédito para as construtoras. O controle dos materiais e a redução do desperdício são fatores em que a empresa ganha muito com esse programa, uma vez que o controle de materiais e serviços são requisitos obrigatórios. Construtoras que fazem parte do PBQP-H também ganham na eficiência da sua obra, ou seja, consegue manter o prazo inicial estipulado durante a incorporação e ainda utilizar uma quantidade menor de recursos para esse projeto. É muito comum às construtoras de pequeno porte que o custo final da obra seja maior do que o orçado inicialmente, pois elas não colocam o valor da perda de material e do retrabalho que acontecem na obra. Esse, acredito, é o problema mais crítico de uma construtora.
Sob o ponto de vista de se conseguir recursos financeiros, quais as vantagens de se aderir ao PBQP-H?
Além de ser obrigatória para algumas linhas de crédito de bancos públicos e privados, a certificação da empresa pode levá-la a obter taxa de juros diferenciada.
Hoje as fontes de financiamento liberam recursos para construir se a empresa não estiver no PBQP-H?
Depende da linha de crédito do banco. Para algumas linhas de crédito, a certificação no PBQP-H é obrigatória, principalmente naquelas voltadas para o Minha Casa, Minha Vida.
É preciso que a construtora já tenha um tempo de maturação para aderir ao PBQP-H ou uma empresa recentemente criada pode requisitar o programa?
Não existe nenhum empecilho nesse sentido, o único problema de uma empresa recém-criada é que ela precisa ter uma obra em andamento para participar da auditoria de certificação.
O ministério das Cidades, que coordena o PBQP-H, faz algum tipo de exigência para que a uma construtora possa aderir ao programa?
As exigências são:
- No contrato social da empresa precisa constar a atividade de construção Civil.
- A empresa precisa ter obra com ART emitida em seu nome no momento da certificação da empresa no Nível B ou no Nível A.
- A empresa precisa estar com todas as licenças e alvarás em dia.
- A empresa precisa implementar todos os requisitos da norma SiAC 2012 – Execução de Obras de Edificação.
- A empresa precisa ser certificada Nível B ou Nível A por um organismo de certificação acreditado.
Hoje, boa parte das construtoras brasileiras está dentro do PBQP-H?
Segundo o site do PBQP-H, já são mais de três mil empresas ativas. No setor privado, a adesão de construtoras ao Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC/PBQP-H) está se consolidando como fator de diferenciação no mercado.
Criado há 23 anos, o que o PBQP-H mudou na construção habitacional do país?
Acredito que a universalização da moradia é o principal ganho. Com a implementação do PBQP-H e a adesão de construtoras em todo o país, a possibilidade de levar moradia de qualidade para todas as regiões tornou-se muito mais viável, deixando de ser uma realidade somente dos grandes centros. Há construtoras em várias cidades do interior das regiões Norte e Nordeste que sem esses benefícios não conseguiriam desempenhar suas atividades. Isso também possibilita o desenvolvimento da região, com melhores estruturas de moradias e geração de empregos. A qualidade das obras entregues também é uma outra questão, uma vez que são necessários vários registros do processo para a certificação da empresa e isso quer dizer que se o processo não for executado a contento a empresa perderá o certificado.
Dicas para implementar o PBQP-H
http://pbqp-h.templum.com.br/adesao-pbqp-h/
http://pbqp-h.templum.com.br/com-adesao-ao-pbqp-h-ja-consigo-financiamento-na-caixa/
http://pbqp-h.templum.com.br/certificado-pbqp-h/
Entrevistadas
- Daniela Albuquerque, especializada em sistemas de gestão integrada em ISO 9001:2008; ISO 14001:2004; OHSAS 18001:2008 e ISO 26000 e coordenadora técnica na Templum Consultoria Online
- Arquiteta Maria Salete de Carvalho Weber, coordenadora-geral do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades
Contatos
atendimento@templum.com.br
salette.weber@cidades.gov.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Prédio em Mônaco tem apartamentos mais caros do mundo
Unidades variam de 1.200m² a 330 m², mas independentemente da escolha o metro quadrado custa 91 mil euros (R$ 280 mil)
Por: Altair Santos
O menor apartamento, com um quarto, mede 170 m²; o maior, na cobertura, 3.300 m². O prédio, recentemente construído, começará a ser entregue aos novos proprietários em setembro de 2014. Entre os compradores, estão alguns dos mais endinheirados do mundo. Afinal, o Odeon Tower é o prédio com as unidades mais caras do planeta. Localizado no principado de Mônaco, o metro quadrado custa 91 mil euros (R$ 280 mil) independentemente do tamanho do imóvel.
O edifício com 49 pavimentos começou a ser construído em novembro de 2009 e empregou o que há de melhor em termos de sistemas construtivos. O arquiteto que assina a obra é o monegasco (nascido em Mônaco) Alexandre Giraldi. O design do prédio é inspirado pelo movimento da "belle époque" francesa. Já o interior dos apartamentos será decorado pela não menos renomada agência europeia Alberto Pinto. Cada unidade terá uma personalidade própria, tirando proveito ao máximo de materiais nobres.
O desafio construtivo para empreender o Odeon Tower foi adaptá-lo ao terreno. Erguido em uma encosta, as fundações do edifício só foram instaladas depois da retirada de 160 mil m³ de terra e da construção de um muro de contenção. Todo o complexo da edificação consumiu 73 mil m³ de concreto, numa estrutura que também combina aço e vastas áreas cobertas por vidro. Como quase todas as obras deste porte, seu financiamento partiu dos milionários xeques árabes e custou aproximadamente 5 bilhões de euros.
LEED e Aqua
Para conseguir autorização do governo do principado de Mônaco, o edifício precisou cumprir uma série de requisitos ambientais e obter duas certificações de construção sustentável (LEED e Aqua). Houve o comprometimento dos investidores em dar uma contrapartida, construindo um novo aterro sanitário para a região. O próprio prédio é um modelo de reúso de água e possui uma estação própria para tratamento de dejetos e do lixo gerado pelas 70 unidades habitacionais.
Os moradores fixos do Odeon Tower irão ocupar do 20º ao 49º andares. Os pavimentos inferiores serão destinados a escritórios. Apesar da operação mista, o edifício tem entradas independentes para as áreas residencial e comercial. Outra novidade do prédio é que ele oferece um serviço terceirizado aos moradores, como banho turco, sauna, spa, fitness, serviço de concierge, serviço de limpeza, prensagem, limousine e motorista. Não é à toa que uma das coberturas foi negociada por 300 milhões de euros. Já a unidade mais barata custa 15,5 milhões de euros. A maioria dos apartamentos tem preços entre 105 milhões e 150 milhões de euros.
Veja time lapse da construção do Odeon Tower
http://www.odeon.mc/#/construction
Entrevistado
Assessoria de imprensa do Odeon Tower
Contatos
presss@odeon.mc
www.odeon.mc/#/home
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mercado de engenharia: onde anda a experiência?
Estudo do Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP constata que setor paga pelo gap dos anos 1980
Por: Altair Santos
O número de cursos de engenharia no Brasil deu um salto em uma década. De 150 que havia no início dos anos 1980, passaram a 650. Segundo o Observatório de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, formaram-se em 2012 mais de 54 mil engenheiros no país. Em 2011, haviam sido 45 mil - 152% mais que uma década antes (18 mil, em 2001). Porém, o que preocupa é que nada menos que 40% dos engenheiros se diplomam atualmente em cursos mal avaliados, com notas 1 e 2 no Enade.
O problema levou o Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP a questionar a qualidade das escolas de engenharia. Parte da conclusão foi publicada em um artigo no jornal Folha de S.Paulo, intitulado Escassez de engenheiros no Brasil? Uma proposta de sistematização do debate. Para aprofundar o assunto, o professor Mário Sérgio Salerno, que coordena o observatório, e participou do estudo sobre mercado de trabalho e nível do ensino de engenharia no Brasil, concedeu a entrevista a seguir. Confira:
O senhor e outros especialistas assinaram recentemente o artigo Escassez de engenheiros no Brasil? Uma proposta de sistematização do debate. O tema trata da qualificação dos engenheiros. A pergunta é: temos muitos engenheiros, mas poucos são qualificados?
No debate tem duas análises. A principal, que aparece no debate público via imprensa, é sobre a falta de engenheiros. Esta é a reclamação básica. Mas quando se vê os números não há uma falta de engenheiros como existe falta de médicos. A escassez de médicos, efetivamente, é um problema, mas engenheiros não. Isso faz com que sigamos estudando para descobrir o verdadeiro problema. Conversando com algumas empresas, principalmente com os gerentes de desenvolvimento de produtos, a reclamação é que faltam engenheiros experientes. O que é um engenheiro experiente? É um engenheiro com vários anos de carreira - dez, vinte anos. Localizamos um gap geracional, nos anos 1980, quando a formação de engenheiros caiu. Então estes engenheiros, que seriam os engenheiros experientes para liderar projetos, não estão no mercado. E não tem o que fazer. Mas vai passar. Esta situação é o tempo que vai resolver.
No caso específico da engenharia civil, o cenário é mais grave?
Não dá para abrir os dados por especialidade. Mas nada leva a crer que seja muito diferente. A engenharia civil enfrentou o problema de que, durante muitos anos, a construção de obras públicas e habitacionais ficou relativamente estagnada. Sem mercado, a procura por cursos de engenharia civil caiu muito. Recentemente, com o reaquecimento da construção civil, através de programas como Minha Casa Minha Vida e investimentos em infraestrutura, este cenário se alterou e a procura por cursos de engenharia civil também. A ponto de na USP, na Escola Politécnica, o curso de engenharia civil tornar-se a modalidade mais procurada. O que não acontecia há décadas. Agora, independentemente da demanda, faltam os engenheiros líderes. Seja na civil, na engenharia naval, na de produção, elétrica etc.
Por causa desse cenário que o senhor explanou, aumentaram os cursos de engenharia civil e o número de jovens matriculados. Mas como será quando esses jovens forem ao mercado do trabalho. A situação tende a melhorar ou piorar?
Com o passar do tempo tende a melhorar. Nós estamos falando de profissionais experientes, certo? Com o passar do tempo, esse engenheiros se tornarão experientes.
E quanto à qualificação dos engenheiros, qual o grau de responsabilidade das universidades?
A formação é uma coisa muito mais complicada. O Brasil tem problemas de formação de profissionais em geral. Os estudantes do país têm um desempenho fraco no fundamental 1, no fundamental 2 e no ensino médio e também em algumas faculdades.
Seria necessário reavaliar a grade curricular dos cursos de graduação?
O problema não é este. Hoje, os bons cursos de engenharia do país têm uma grade relativamente parecida. Eu conheço vários. Trabalho na USP e troco informações com a UFRJ, com a UFMG, com a UFRGS, UFPE, com as quais a gente se compara. A gente se compara também com o exterior. Não tem muita diferença. Os cursos são mais ou menos iguais.
O que é recomendável para que um estudante de engenharia forme-se um bom engenheiro?
Tem que estudar muito e não se deixar levar por teses de que existe diferença entre o ensino prático e o ensino teórico, pois a base conceitual que ele vai levar para a vida toda não volta mais. Se o estudante não souber calcular, jamais será um bom prático. Por isso, sugiro que deixe para fazer estágio no final do curso. É importante também ver os convênios que a universidade mantém. Na Poli, há um curso conjunto com Stanford, na Califórnia, que é considerado o melhor lugar para desenvolvimento de produtos - lá tem o Vale do Silício. Esse convênio propõe um conjunto com aulas aqui (Brasil) e lá (Estados Unidos) onde os alunos vão e voltam. Stanford é uma das universidades de engenharia mais eficientes que existe, pois tem curso com laboratório. Lá, os alunos põem a mão na massa. Só que, ao lado disto, o estudante precisa saber física e precisa saber matemática. Como disse, sem uma boa base conceitual não vai haver um bom engenheiro prático.
O problema de qualificação também não estaria relacionado às chamadas décadas perdidas de 1980 e 1990, quando muitos engenheiros migraram para outras áreas, sobretudo a financeira?
Isso também se fala e estamos iniciando um estudo para tentar verificar se é verdade. Porém, se um engenheiro migrou para o sistema financeiro não quer dizer que ele não continue engenheiro. Há muita atividade de engenharia em banco. Tem atividade de sistemas, tem projeto de produto, tem controle financeiro e, inclusive, em construção civil: reforma de agência, construção de agência, sem contar que vários bancos têm empresas de engenharia. Então, precisa tomar um pouco de cuidado com esta associação. Quem dita isso é o mercado de trabalho.
Qual o tempo de maturação para que se forme um bom engenheiro?
O curso de graduação dura cinco anos. Hoje há muitos indo fazer especialização no exterior por mais um ano, após a graduação, antes de ingressar no mercado de trabalho. Quando, entra em uma empresa, o jovem engenheiro vai precisar entender a companhia e os projetos antes de aplicar seus conceitos. Diria que a experiência prática leva uns dez anos para maturar.
Entrevistado
Mário Sérgio Salerno, professor titular do departamento de engenharia de produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde coordena o Laboratório de Gestão da Inovação. Também é coordenador do Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Construir no interior já dá mais lucro que nos grandes centros
Escassez de terrenos, principalmente nas capitais, empurra incorporadoras para áreas mais afastadas dos estados e para as regiões metropolitanas
Por: Altair Santos
A escassez de terrenos nos grandes centros urbanos do Brasil, e a tendência de empreendimentos cada vez mais enxutos e com menos vagas de garagem, privilegiando o uso de transporte público, empurra as grandes incorporadoras para o interior dos estados e para as regiões metropolitanas. Nas cidades com até 500 mil habitantes, essas empresas estão encontrando, além de espaço para construir, um custo mais baixo para viabilizar as obras. Segundo Rogério Santos, especialista com mais de 25 anos de mercado imobiliário, e que gerencia as operações de outsourcing de vendas para importantes empresas do país, o atual cenário deu um novo viés ao mercado imobiliário. "A oportunidade tem permitido oferecer espaços maiores e com mais qualidade de vida", resume.
O fenômeno de canalizar investimentos imobiliários para o interior já é realidade em cidades como São Paulo, Rio Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Um exemplo está na empresa paulistana ACS Incorporadora. Com a oferta de bons terrenos em cidades fora de São Paulo, ela tem conseguido projetar lançamentos maiores e as operações no interior devem saltar de R$ 30 milhões para R$ 200 milhões em 2014. "No território paulista, essa tendência é facilmente percebida em cidades da região de Campinas, como Jundiaí, Limeira, Paulínea, Americana, Indaiatuba e Jaguariúna, além de toda a região metropolitana de São Paulo ou em localidades com fácil acesso por rodovias. "Todo esse panorama faz com que o mercado do interior fique mais aquecido", diz Rogério Santos.
Área útil maior
A descentralização da economia em grandes centros urbanos, com as cidades-satélites passando a ter uma maior relevância e se beneficiando do êxodo industrial - o que começou há pelo menos 15 anos no país -, é que permite que o interior tenha seu mercado imobiliário fortalecido. "Campinas e região é um exemplo clássico. As cidades do entorno fortaleceram seu potencial industrial. Todo esse panorama faz com que o mercado do interior fique mais aquecido", avalia o especialista, completando que, no caso da cidade de São Paulo, a aprovação do novo plano diretor acabou potencializando essa nova tendência. Pelo mesmo processo, de revisão de seus planos diretores, também passam cidades como Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife.
A "fuga para o interior", promovida por construtoras e incorporadoras, também influenciou na área útil das unidades. Se nos grandes centros urbanos hoje os apartamentos têm, em média, 60 m², nas cidades alternativas essa metragem sobe para até 100 m². Outro detalhe é que há demanda pela aquisição, pois quem procura comprar esses imóveis geralmente busca a primeira residência. Diante desta migração do mercado imobiliário, Rogério Santos avalia que a tendência é de queda de venda nos imóveis e de aumento do valor do metro quadrado nas metrópoles brasileiras, em contrapartida ao aquecimento no interior. “É uma readequação do mercado, diante dos movimentos de oferta e procura", finaliza.
Entrevistado
Rogério Santos é graduado em marketing pela ESPM e pós-graduado pela FGV. Atua há 25 anos no mercado imobiliário e já trabalhou como diretor de marketing de empresas como Cyrela do Brazil Realty S/A e Abyara Brokers Intermed. É o fundador da RealtON, outlet de imóveis
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Há 10 anos, BIM começava a ser usado no Brasil
Registros históricos mostram que o Building Information Modeling teve primeira incursão no país em 2004. Hoje, se propaga pelas construtoras brasileiras
Por: Altair Santos
Há dez anos, o ato de projetar edificações no Brasil começou a interagir com uma ferramenta denominada BIM (Building Information Modeling). O software, inventado nos Estados Unidos, é um sistema que permite construir protótipos virtuais para avaliar características dos materiais empregados, técnicas construtivas, características termoacústicas e manutenção, entre outras informações relevantes, antes da instalação do canteiro de obras propriamente dito. Sua principal virtude é a capacidade de indicar o risco de erros ainda na fase do projeto. No país, os primeiros a usarem a metodologia foram a Gui Mattos Arquitetura e a MATEC Engenharia e Construções - ambas com sede em São Paulo.
De acordo com o especialista em automação, e professor da FEAMIG (Faculdade de Engenharia de Produção de Minas Gerais) e do Centro Universitário Newton Paiva, Eduardo Henrique Gonçalves, o "processo BIM", como é comumente chamado no meio técnico da construção civil, boa parte das médias e grandes construtoras do Brasil já utilizam o sistema. "Para as empresas, é interessante utilizá-lo nas etapas de pré-construção e construção para aprimorar o processo de gestão dos empreendimentos, além de reduzir o número de ordens de alteração e melhorar a qualidade do produto final. Isto exige que projetistas, construtores e clientes mudem seus processos de trabalho e atuem de maneira mais integrada", cita.
Exigência em licitações públicas
O uso do software propagou-se ainda mais no Brasil depois que organismos governamentais passaram a exigir o emprego do Building Information Modeling na apresentação de projetos que captam recursos federais. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), vinculado ao ministério das Cidades, e que controla as construtoras credenciadas a operar no programa Minha Casa Minha Vida, estão entre os que priorizam projetos apresentados dentro do processo BIM. "O Estado vai exigir cada vez mais essa tecnologia em seus editais e é importante que as empresas construtoras e profissionais estejam aptos e preparados para atuarem neste novo cenário", comenta Eduardo Henrique Gonçalves.
Além de organismos públicos no controle de licitações de obras, grandes contratantes de obras de infraestrutura também já exigem projetos na plataforma BIM. São os casos de Petrobras, Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cedurp), do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e do governo de Santa Catarina - único estado que aprovou lei que requer o uso de sistemas em projetos que concorrem em licitações públicas. "Essa preocupação com o uso do BIM é por que o processo permite o controle do ciclo de vida dos sistemas de infraestrutura", avalia o professor da FEAMIG, para quem, no entanto, apesar de o processo completar dez anos de uso no Brasil ainda é tímido o volume de projetos que utilizam a ferramenta, mas com tendência de crescimento.
Entrevistado
Engenheiro elétrico Eduardo Henrique Gonçalves, professor do curso de engenharia de produção na Faculdade de Engenharia de Produção de Minas Gerais (FEAMIG) e de engenharia da produção no Centro Universitário Newton Paiva, também em Minas Gerais
Contato
eduardo.goncalves@newtonpaiva.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Estrutura: a alma das edificações (Podcast)
Engenheiro civil Jorge Blatouni Neto, dirigente do SindusCon-SP, aponta que a racionalidade não deve exceder a qualidade quando o assunto são estruturas e fundações
Por: Altair Santos
Entrevistado
Graduado e pós-graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP e mestre em engenharia pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)
Diretor-técnico da Tecnum & Corporate Empreendimentos Imobiliários, além de professor de tecnologia na gestão da produção de edifício do MBA da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Também atua como coordenador do grupo de estruturas do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, além de ocupar o cargo de assessor da presidência do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto)
Crédito Foto: Divulgação/O Empreiteiro
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.
Uso de celular fica proibido em canteiros de obras
Medida inédita foi tomada pelos sindicatos patronais e de trabalhadores da construção civil do Distrito Federal e tende a ser seguida em todo o Brasil
Por: Altair Santos
O uso de aparelhos celulares em canteiros de obras se transformou em uma preocupação para as construtoras. O problema está na falta de controle, o que acaba colocando em risco a segurança dos trabalhadores. Após vários debates, que resultaram na ausência de consenso, os sindicatos patronais e de trabalhadores da construção civil do Distrito Federal resolveram tomar uma atitude radical em relação aos equipamentos portáteis, como smartphones, tablets e dispositivos similares. A partir de setembro de 2014, os operários não poderão acessar a internet e as redes sociais nem responder mensagens instantâneas, como as de WhatsApp, nos canteiros de obras.
As ligações por celular serão permitidas, desde que autorizadas por um superior, e atendidas em um local delimitado pelo gestor. Nos intervalos, como o horário de almoço, o uso dos aparelhos fica liberado. Em caso de descumprimento da regra, os operários estarão sujeitos às mesmas sanções aplicadas a quem não usar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) o que pode levar até a demissão por justa causa. O diretor de política e relações trabalhistas do SindusCon-DF, Izidio Santos Júnior, explica por que foi necessário tomar essa medida. "Ocorreram alguns acidentes causados pelo uso não só de aparelho de celular, mas de fone de ouvido também", diz.
A proibição será acompanhada de um programa educativo durante 90 dias, para mostrar aos trabalhadores a importância dos novos procedimentos. "Nossa expectativa é de que tenha adesão plena. A gente trata deste assunto como quem trata do uso de um equipamento de segurança, como um cinto ou capacete. O operário que está trabalhando no 10º andar necessita do cinto de segurança para proteger a sua vida. É uma causa de acidentes que está sendo combatida", comenta, assegurando que haverá locais determinados para quem precisa usar os aparelhos como instrumento de trabalho. "Se o profissional estiver em uma área onde existe risco, o uso está proibido", completa.
Propagação pelo país
A medida, ao mesmo tempo que é polêmica, desperta interesse de outros SindusCons. "Os sindicatos nos questionam para ver a eficiência da medida e o porquê dela. Eles estão estudando o assunto, para adotar soluções similares", afirma Izidio Santos Júnior, estimando que mais de dez sindicatos já procuraram o SindusCon-DF. No entanto, ele não acredita que isso possa se tornar lei municipal, por exemplo. No entender dele, ficará restrito a decisões setoriais, com o aval das convenções coletivas e das Delegacias Regionais do Trabalho. "A classificação do Ministério do Trabalho quanto à segurança vai de um a quatro. A construção civil é grau de risco três. É alto, mas estamos conseguindo diminuir consideravelmente. Esta é uma atitude setorial, independentemente de leis", assegura.
No entender do SindusCon-DF, poderá haver ganho de produtividade com a decisão. "Isso virá junto. Hoje, por exemplo, tornou-se um vício esta troca de mensagens por aparelhos celulares. Não apenas na construção civil, mas nas ruas. Isso expõe as pessoas a situações de risco. Estamos atacando a causa de acidentes", finaliza o diretor de política e relações trabalhistas do SindusCon-DF.
Entrevistado
Engenheiro civil Izidio Santos Júnior, diretor de política e relações trabalhistas do SindusCon-DF, vice-presidente do Seconci Brasil e vice-presidente do Clube de Engenharia de Brasília (CEnB)
Contato
sinduscondf@sinduscondf.org.br
Créditos Fotos: Agência Brasil/SindusCon-DF