Terrenos com elementos agressivos afetam concreto
Processo de revisão da ABNT NBR 12655 passa a considerar características do solo para o preparo, controle, recebimento e aceitação da concretagem
Por: Altair Santos
A escassez de terrenos nos grandes centros urbanos tem levado a indústria da construção civil a empreender em áreas que se tornaram agressivas para o concreto. São locais onde antes funcionavam fábricas de automóveis, produtos químicos, farmacêuticos ou de baterias, e que acabaram recebendo elementos que alteraram o pH do solo. Isso tornou as construções mais propensas a ataques de sulfatos e, consequentemente, mais suscetíveis a patologias.
Levando em conta esse novo ambiente é que o CB-18 da ABNT (Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados) durante o processo de revisão da ABNT NBR 12655 (Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento) promoveu mudanças, inclusive, na nomenclatura da norma. “Melhoramos várias análises, incluindo ensaios mais detalhados sobre os agregados do concreto, incluindo a água, para minimizar os efeitos do solo”, diz o engenheiro civil Carlos Britez, que atuou como secretário da comissão que revisou a norma.
A ABNT NBR 12655 (Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento) teve a inclusão do termo Aceitação em seu nome, transformando-se em ABNT NBR 12655 - Concreto de Cimento Portland - Preparo, Controle, Recebimento e Aceitação – Procedimento. “A aceitação refere-se à verificação do atendimento de todos os requisitos especificados para a fabricação do concreto, inclusive as propriedades mecânicas aos 28 dias, de acordo com o que foi definido no projeto. Isso se aplica a concretos normais, pesados e leves, e não se aplica para concretos aerados, espumosos e com estrutura leve sem finos e também ao concreto de pavimento”, explica Carlos Britez.
Obra-modelo
A nova ABNT NBR 12655 também procurou estreitar a relação entre os atores envolvidos em uma obra. “Ela melhora a interação entre diversos intervenientes: projetista-estrutural, serviço de concretagem, construtora, tecnologista e laboratório de controle. Todos fazem parte de uma mesma equipe e a norma deixa isso bem claro ao distribuir incumbências a cada um destes setores”, cita Britez, afirmando que a revisão também aproximou a norma de outras 31 correlatas. “Por que fizemos isso? Para atender os dois requisitos básicos que levaram à revisão, que são segurança e vida útil”, completa.
O integrante da comissão que revisou a norma ressalta que todas as condições que envolvem a estrutura devem ser consideradas, inclusive as ambientais às quais ela estará exposta, assim como as cargas suportadas pelo elemento estrutural, os contaminantes que podem atacar a estrutura, as condições de aplicação do reparo e a resposta esperada do material aos requisitos do projeto. “A resistência do material deve ser no mínimo igual à resistência especificada no projeto”, reafirma. A ABNT NBR 12655 entrou em consulta pública em junho de 2014 e ficou até 12 de setembro de 2014.
Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Britez, doutor em Ciências pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) e diretor da PhD Engenharia Ltda. em sociedade com o professor-doutor Paulo Helene
Contato: carlos.britez@concretophd.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Batalhões de Engenharia de Construção: 60 anos de obras
Unidades militares atuam desde a recuperação de estradas e ferrovias até em megaconstruções, como a transposição do rio São Francisco
Por: Altair Santos
Em 2015, os Batalhões de Engenharia de Construção (BEC) completam 60 anos. O primeiro nasceu em 1955, para atender obras ferroviárias no nordeste brasileiro. Hoje, essas companhias contam com unidades operando nas cinco regiões do país. Elas têm como propósito atuar em obras de cooperação, conveniadas com organismos públicos federais, estaduais e municipais na construção de ferrovias, rodovias, viadutos, pontes, açudes e portos, além de barragens e poços artesianos. Cada BEC também atua como formador de profissionais - de pedreiros a engenheiros -, ajudando na qualificação da mão de obra da construção civil.
Existem Batalhões de Engenharia de Construção (BEC) nas seguintes localidades:
1º BEC- Caicó-RN
2º BEC- Teresina-PI
3º BEC- Picos-PI
4º BEC- Barreiras-BA
5º BEC- Porto Velho-RO
6º BEC- Boa Vista-RR
7º BEC- Rio Branco-AC
8º BEC- Santarém-PA
9º BEC- Cuiabá-MT
10º BEC- Lages-SC
11º BEC- Araguari-MG
Entre as obras mais relevantes tocadas por esses batalhões do exército estão: construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante-RN (1º BEC); duplicação com pavimento em concreto e recuperação da BR- 101/NE (1º, 2º, 3º e 4 º BEC); reconstrução das rodovias BR- 319, BR- 364 e BR- 163, na Amazônia (5º, 6º, 7º e 8º BEC); construção das Ferrovias Tronco Sul e Ferroeste (10º e 11º BEC) e obras de transposição do rio São Francisco (1º, 2º e 3º BEC). No sul do país, também estão em andamento a recuperação da BR-116, no trecho entre Vacaria e Campestre da Serra, no Rio Grande do Sul, e a construção e recuperação da SC-114 (denominada Caminhos da Neve) na serra catarinense – ambas a cargo do 10º BEC.
Obras com custo menor
Além de viabilizar obras, os Batalhões de Engenharia de Construção também ajudam na formação de engenheiros que se graduam no Instituto Militar de Engenharia, permitindo que eles pratiquem seus conhecimentos. Atualmente, o chamado Sistema de Obras de Cooperação (SOC) conta com 40 oficiais do quadro de engenheiros militares. Os batalhões também possuem profissionais civis em seus quadros, contratados em regime temporário, especialistas em engenharia civil, engenharia mecânica, engenharia ambiental e arquitetura.
Apesar de boa parte das obras estar relacionada a demandas federais, os Batalhões de Engenharia de Construção têm condições legais de atuar em parceria com a iniciativa privada, como já o fazem em obras ferroviárias em conjunto com a ALL (América Latina Logística) e também podem ser requisitados pelos governos estaduais e municipais. Cálculos aproximados apontam que as parcerias com o exército permitem que obras públicas e de infraestrutura tenham seus orçamentos barateados entre 30% a 40%, em média.
Entrevistado
Departamento de Engenharia e Construção do Exército (via assessoria de comunicação social)
Contato: dec@dec.eb.mil.br
Créditos Fotos: Divulgação/Exército Brasileiro
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Prédio mais alto da América Latina terá até estádio
Torre Rampa começa a ser construída em novembro de 2014, em Buenos Aires, e alcançará 335 metros, com 65 mil m³ de concreto
Por: Altair Santos
A Argentina vai erguer um novo arranha-céu em Buenos Aires, e o projeto - escolhido pessoalmente pela presidente Cristina Kirchner - é ousado. Propõe ser uma espécie de torre de babel portenha, abrigando diversos serviços e eventos culturais em um único espaço. Por isso, suas estruturas são igualmente ambiciosas. A torre de 335 metros de altura será a maior do continente sul-americano e reunirá, além de segmentos da indústria de entretenimento argentina, um condomínio, um hotel e um estádio próprio para shows, com capacidade de 15 mil lugares.
Projetado pelo escritório MRA + A Alvarez, Bernabó e Sabatini, as obras começam em novembro de 2014 e serão concluídas em cinco anos (2019). A execução estará a cargo da empreiteira argentina Riva S.A. Serão 67 andares, construídos em um terreno de 216 mil m² na Ilha Demarchi, no sul de Buenos Aires. O estádio ocupará 13 mil m². A fachada do prédio será curvilínea, com a base horizontal que se alonga em direção ao céu, e terá as cores branco e azul celeste. “Trata-se de um símbolo da cidade de Buenos Aires”, disse Cristina Kirchner, ao anunciar a obra.
Financiado com recursos públicos, o prédio será erguido em estrutura mista de concreto, aço e vidro. Estima-se que consumirá 65 mil m³ de concreto, a um custo de R$ 700 milhões. Entre as maiores edificações já construídas no continente, ele irá superar a torre Gran Santiago (300 metros), em Santiago do Chile, e a torre Insignia (330 metros), em Monterrey, no México. No entanto, não deve durar muito tempo o reinado da Torre Rampa - como tem sido chamada na Argentina - como o edifício mais alto das Américas do Sul e Central. Outros três projetos em andamento também buscam esse título.
Megatorres
Um deles já está em obras na Colômbia. Trata-se da Megatorre Avenida 19, na cidade de Bogotá, que atingirá 462 metros de altura e terá 95 andares. O complexo promete ficar pronto em 2020. No Brasil, o escritório de arquitetura FarKasVölGyi está à frente do Complexo Andradas, em Belo Horizonte-MG, e que espera alcançar 350 metros. Já na Cidade do Panamá, no Panamá, o Megapolis Nortia Tower, da Pinzon Lozano & Asociados, terá 333,6 metros e 86 andares.
Enquanto o prédio público não desponta na capital argentina como o mais alto do continente, Buenos Aires assiste à evolução da Alvear Tower. O empreendimento será inaugurado até 2016 e terá 235 metros de altura. As obras atingiram a metade em agosto de 2014 e já consumiram 22 mil m³ de concreto. Calcula-se que para chegar aos 56 pavimentos, como prevê o projeto original, serão precisos mais 23 mil m³. Este será o prédio mais alto da Argentina – pelo menos até 2019.
Entrevistado
MRA + A Alvarez, Bernabó e Sabatini (por email)
Contato: info@mraya.com.ar
Crédito Foto: Divulgação/MRA + A Alvarez, Bernabó e Sabatini
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Análise futura (Podcast)
Empresa ligada à construção civil que fez a lição de casa não será tão penalizada em seu desempenho em 2015, avalia Carlos Alberto Júlio
Por: Altair Santos
Entrevistado
Carlos Alberto Júlio, administrador de empresas, professor de MBA e palestrante, além de vice-presidente do conselho de administração da Tecnisa
Contato
julio@carlosjulio.com.br
atendimento@carlosjulio.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.
Brasil adere à pesquisa global sobre cimento sustentável
Referência mundial em baixa emissão de CO2, indústria do setor participa de mapeamento tecnológico para qualificar ainda mais seu produto
Por: Altair Santos
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), em parceria com o Conselho Mundial de Desenvolvimento Sustentável -Iniciativa do Cimento Sustentável (WBCSD-CSI, na sigla em inglês) e com a Agência Internacional de Energia (IEA), passarão a fazer o mapeamento tecnológico do cimento no Brasil. Conhecido internacionalmente como Cement Technology Roadmap, o estudo prioriza potenciais tecnologias e a redução do consumo de energia e das emissões de gases de efeito estufa pela indústria do setor.
Para o presidente da ABCP, Renato Giusti, a adesão da indústria do cimento a uma pesquisa de dimensões globais, e da qual Europa e Índia já participam, possibilitará que o Brasil apresente dados de um projeto que há mais de uma década a associação e o SNIC desenvolvem no país. “Graças ao fomento de pesquisas tecnológicas, a indústria brasileira do cimento é hoje a mais ecoeficiente do mundo. Então, nossa participação neste estudo servirá para mostrar nossos avanços, mas também capturar novos conceitos, os quais permitirão nos desenvolvermos ainda mais”, avalia.
O Mapeamento Tecnológico do Cimento-Brasil irá projetar um cenário para 2050, construído sobre a avaliação das tecnologias existentes na indústria nacional e nas que virão a ser incorporadas. “Esta projeção tecnológica de longo prazo permitirá que o país compartilhe pesquisas que buscam a eficiência energética, como combustíveis alternativos, adições ao clínquer e captura e estocagem de carbono. A experiência internacional dentro de um projeto desta dimensão é muito importante”, diz o diretor de Tecnologia da ABCP, Yushiro Kihara, que está à frente do grupo técnico criado para colaborar com a pesquisa.
Competitividade
O mapeamento envolverá ABCP, SNIC e a indústria de cimento, onde serão coletados os dados a serem repassados para o Getting the Numbers Right (GNR) - programa ligado ao WBCSD e que armazena informações da indústria cimenteira de diversos países. A primeira edição do Cement Technology Roadmap ocorreu em 2009 e buscou concentrar dados globais. Em 2013, a Índia foi o primeiro país a aderir. Também no ano passado, o Cembureau (Associação Europeia de Cimento) lançou o seu Roadmap, feito a partir de metodologia própria, sem a participação da IEA e do WBCSD-CSI.
Para Yushiro Kihara, os resultados do mapeamento servirão para que a indústria nacional se torne mais competitiva e sustentável. “É de grande importância a indústria de cimento brasileira, sendo ela referência, continuar apoiando ações de eficiência energética e de mitigação de emissões, sempre visando um futuro sustentável. Ser referência condiz com o propósito de estar sempre à frente do seu tempo, identificando oportunidades de melhorias de processos e de produtos, e buscando ações para que no futuro o mundo seja mais saudável para todos”, conclui.
Entrevistados
Engenheiro metalúrgico Renato Giusti, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Geólogo Yushiro Kihara, diretor de Tecnologia da ABCP
Contatos
renato.giusti@abcp.org.br
yushiro.kihara@abcp.org.br
snic@snic.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/ABCP
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Quando um engenheiro civil precisa de um MBA?
Profissional em cargo de gestão deve buscar estes cursos, que não são recomendados para quem saiu recentemente da universidade
Por: Altair Santos
Pós-graduações e doutorados são os caminhos naturais para engenheiros civis que buscam aprofundar a especialização técnica dentro de uma área específica. Mas e quando o profissional assume um cargo de gestão, as pós-graduações e os doutorados dão conta dos desafios que virão pela frente? É neste estágio da carreira que um curso em MBA (Master of Business Administration ou Mestrado em Administração de Negócios) se mostra importante. “A necessidade de um MBA vai ser útil quando esse profissional (engenheiro civil) passar a exercer atribuições de caráter mais administrativo, de gestão de pessoas e ser envolvido em decisões de negócio. De forma resumida, quando seu foco maior deixar de ser as técnicas da engenharia e passar a ser a gestão”, afirma Armando Dal Colletto, diretor executivo da ANAMBA (Associação Nacional de MBA).
No currículo dos cursos de MBA, 15% das disciplinas são focadas em áreas técnicas, como macroeconomia, estatística e conceitos, e 85% são voltadas em liderança, equipe, desenvolvimento de ideias e produtos, que são competências atreladas ao trabalho do gestor. Segundo o dirigente da ANAMBA, não é recomendável buscar um MBA logo após concluir a graduação. Por cinco razões:
1) Em geral, é entre o penúltimo e o último ano da graduação que o aluno se posiciona sobre sua carreira. Os estágios que fez, e a proximidade com o ambiente de trabalho, despertam as suas convicções vocacionais e ele elege o setor e a especialidade de início de carreira. Neste momento, a gestão ainda não se coloca entre os principais requisitos que ele deve atender para uma primeira contratação.
2) As expectativas sobre o recém-graduado serão muito mais relacionadas com alguma especialidade da sua profissão ou cargo exercido. Assim, uma pós-graduação ajudará muito mais no curto prazo do que um MBA.
3) Somente quando o graduado começar a se voltar para atividades menos especializadas e mais gerencias é que o MBA será de fato útil.
4) A característica de um curso de MBA é a forte participação dos alunos em sala de aula e o desenvolvimento de relações entre alunos e professores. Para tanto, o aluno deve chegar com um mínimo de bagagem (3 a 5 anos de experiência) que permita que ele relate cases e esteja capacitado a debater e trabalhar em equipe.
5) Quem faz um MBA antes da hora, aproveita menos, contribui menos e corre o risco de ter que fazer de novo.
Saiba escolher
Os primeiros cursos de MBA no Brasil surgiram em 1990 e proliferaram rapidamente. O problema é que o MEC (Ministério da Educação) não exerce um controle rigoroso, como faz com pós-graduações e doutorados, e, por isso, a ANAMBA alerta para as escolhas. “Houve uma explosão de demanda e encontramos hoje uma imensa variedade de cursos e preços. Como o MEC não fiscaliza essa área com o mesmo rigor que fiscaliza a graduação, o consumidor corre alguns riscos por ocasião da escolha”, diz Armando Dal Colletto. Não significa, no entanto, que não haja bons cursos no país. “Os credenciados pela ANAMBA ou outras acreditadoras, como AMBA (Association of MBAs), AACSB (Association to Advance Collegiate Schools of Business) e EFMD (European Foundation for Management Development) tem padrões muito semelhantes aos das boas escolas do exterior. Todavia, fazer um MBA fora do Brasil oferece outros diferenciais que podem ser importantes, como a vivência em outra cidade, conhecimento de outras culturas, networking internacional e o branding de uma escola do exterior”, ressalta o dirigente da ANAMBA.
Especificamente para quem atua na construção civil, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) criou três cursos de MBA, voltados para real estate, gerenciamento de facilidades e especialização em gestão de projetos na construção. Os cursos são oferecidos pelo Programa de Cursos de Extensão (Poli-Integra/FDTE). A coordenação está a cargo do Departamento de Engenharia de Construção Civil da instituição. O corpo docente é formado por docentes da Poli e de outras unidades da USP.
Os melhores MBAs do mundo
Harvard Business School (EUA)
Stanford University Graduate School of Business (EUA)
INSEAD (França)
London Business School (Reino Unido)
The Wharton School, University of Pennsylvania (EUA)
The University of Chicago Booth School of Business (EUA)
IE Business School (Espanha)
The Kellogg School of Management, Northwestern University (EUA)
Oxford University, Said Business School (Reino Unido)
IMD (Suíça)
Conheça alguns dos melhores cursos de MBA no Brasil:
http://classificados.folha.uol.com.br/empregos/1168069-conheca-45-cursos-de-mba-no-pais.shtml
Entrevistado
Engenheiro civil Armando Dal Colletto, diretor-executivo da ANAMBA (Associação Nacional de MBA)
Contato: adm@anamba.com.br
Crédito Foto: Divulgação/ANAMBA
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Falta de análise faz distratos de imóveis aumentarem
Atraso na entrega dos imóveis, cenário econômico desfavorável e compra emocional estão entre os fatores que mais levam a rompimento de contrato
Por: Altair Santos
Há três anos, cresce o número de distratos de compra e venda de imóveis. Na mais recente aferição, aumentou de 6,7% em 2013 para 17,9% até junho de 2014 – considerando o volume total de contratos fechados. Os motivos mais frequentes são: compra emocional, sem levar em conta o peso da dívida de longo prazo; pouca qualidade na análise do crédito; entrega do imóvel que não condiz com o que foi vendido na planta, e atraso na entrega. Especialistas recomendam que tanto compradores quanto construtoras e agentes financeiros precisam melhorar suas avaliações no momento de fechar o negócio. Não é raro distratos acabarem em ações judiciais. Por isso, avaliar o negócio antes de fechá-lo é o melhor caminho para evitar esse tipo de problema. É o que recomenda a advogada, Ana Laura de Assis Silva, da Associação Brasileira dos Mutuários e Habitação (ABMH), que na entrevista a seguir explica as principais causas e os problemas gerados por distratos. Confira:
Reportagens recentes veiculadas na mídia nacional mostram que os distratos cresceram de 6,7% a 17,9% (até junho de 2014). A que se deve isso?
O número no aumento dos distratos pode ser atribuído a uma soma de fatores. Entre eles, o excesso de atraso na entrega dos imóveis, quando comprados na planta, e pelo cenário econômico desfavorável, o que ocasiona a restrição de concessão de crédito aos compradores.
O que é preciso fazer, para se evitar o desgaste que o distrato de um contrato provoca?
O consumidor deve ficar atento ao assinar um contrato de compra e venda, solicitando toda a documentação da construtora, como, por exemplo, a incorporação do imóvel. Além disso, o promitente comprador deve, no momento da assinatura da promessa de compra e venda, simular o valor a ser financiado, já levando em consideração eventuais aumentos de inflação, de forma que, no momento em que fizer o financiamento, não seja surpreendido com parcelas fora do seu orçamento. É importante também tentar verificar a solidez e saúde financeira da empresa (construtora). Buscar sempre empresas que estejam atuando bem no mercado, ou seja, sem indícios de obras paradas, embargadas etc.
Todo o distrato é resolvido judicialmente ou ele pode ser obtido através de acordo?
O distrato é sempre feito por meio de acordo. As partes chegam a um consenso e assinam, extrajudicialmente, um documento para colocar fim ao contrato (distrato). Entretanto, se as partes não entrarem em um acordo, a questão deverá ser resolvida judicialmente por meio de uma ação de “rescisão judicial”. Da mesma forma, se houve o distrato, mas a construtora não cumpriu alguma cláusula, ou não devolveu os valores conforme acordado, deverá ser ajuizada ação de execução do distrato.
Quem mais perde quando há um distrato?
O distrato é prejudicial para as duas partes, mas o maior prejudicado é o consumidor, que é parte hipossuficiente na relação contratual. Muitas vezes as construtoras retêm um valor muito alto do montante pago pelo consumidor (pode chegar até a 50%), o que é considerado abusivo. Em algumas hipóteses, o consumidor não recebe tudo que lhe é de direito, pois os contratos impostos pelas construtoras acabam sendo omissos quanto às penalidades devidas pelas construtoras na rescisão, por culpa da empresa. Nesses casos, é necessário ajuizar uma ação para rever esse percentual.
Para a imagem da construtora o que os distratos representam?
Sempre que duas pessoas firmam um contrato, o intuito principal é que esse contrato seja efetivamente cumprido, observando os direitos e as obrigações que cabem aos contratantes. Aos olhos do consumidor, a imagem da construtora pode sofrer abalo se ela tem um alto índice de distratos, já que a maioria busca por empresas com boa reputação e com menor histórico de problemas.
Qual o custo que um distrato tem pra quem toma a iniciativa de fazê-lo?
O percentual de retenção varia de acordo com o contrato, em especial com as cláusulas de rescisão contratual, mas pode chegar até a 50% de retenção.
A compra emocional tem qual peso no volume de distratos?
A compra emocional pode influenciar na possibilidade de haver um distrato, pois os consumidores ficam focados no futuro que lhe espera, sem observar o caminho que deve ser percorrido para se chegar a ele. Como dito acima, sempre se espera que um contrato seja cumprido. A opção pelo distrato deve ser vista com muita cautela, pois a compra de um imóvel envolve muito dinheiro e muitos sonhos.
Distratos ocorrem mais com os imóveis já prontos ou com imóveis na planta?
Os contratos de compra e venda de imóveis na planta são os que mais sofrem distratos atualmente.
O modelo de financiamento imobiliário no Brasil é que leva o comprador, a determinado momento, a optar pelo distrato?
Não. O modelo adotado atualmente é até mais seguro do que o utilizado há alguns anos. Os distratos têm como fator estimulante muito mais um desgaste entre consumidor e construtora, decorrente de ausência de informações, atraso na entrega das chaves, variação do preço da compra e venda, do que necessariamente as imposições contratuais das instituições financeiras que fomentam o Sistema Financeiro Imobiliário.
Entrevistada
Advogada Ana Laura de Assis Silva, representante da Associação Brasileira dos Mutuários e Habitação (ABMH)
Contato: http://abmh.com.br/ouvidoria-abmh
Crédito Foto: Divulgação/ABMH
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Quem subiu e quem desceu no ranking da engenharia
Em sua 43ª edição, levantamento da revista O Empreiteiro mostra que, no segmento construtoras, Thá e Plaenge são as maiores da região sul
Por: Altair Santos
Elaborado anualmente pela revista O Empreiteiro, o Ranking da Engenharia Brasileira chega à sua 43ª edição. Trata-se do mais tradicional levantamento sobre o desempenho da cadeia produtiva da construção civil no país. O ranking analisa empresas de todas as regiões, nos segmentos de construção pesada e imobiliária, montagem mecânica e elétrica, projetos e consultoria e serviços especiais de engenharia. O parâmetro para classificação tem base em dois critérios: questionário respondido pelas empresas e análise dos balanços anuais. No ranking de 2014, com base em dados de 2013, as empresas paranaenses voltaram a se destacar no sul.
No segmento construtoras, Thá Engenharia e Plaenge ocupam as duas primeiras colocações no ranking do Sul, seguidas pela gaúcha Toniolo, Busnello e outras quatro empresas radicadas no Paraná: JMalucelli Construtora, A. Yoshi Engenharia, Cesbe e Goetze Lobato Engenharia. Para Joseph Young, que integra o conselho editorial da revista O Empreiteiro e coordena a elaboração do ranking, já virou tradição as empresas paranaenses encabeçarem a lista no sul do país. “Não é uma impressão subjetiva, mas baseada em números apurados pelo ranking ano a ano. Percebe-se que as empresas do Rio Grande do Sul têm encolhido, enquanto as do Paraná se expandem”, analisa.
No entanto, comparativamente com o ranking nacional, as empresas da região sul ligadas à construção civil ocupam posições modestas. Segundo Joseph Young, isso se deve a programas pouco ambiciosos de infraestrutura nos três estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) mas que devem mudar a partir de 2015. “Este fato pode mudar, pois existe um fluxo de empreendimentos industriais que começa a se instalar no sul. Entre eles, estaleiros no Rio Grande do Sul, indústrias automotivas em Santa Catarina e indústrias alimentícias e de bebidas no Paraná”, comenta.
Copa do Mundo
Em relação à edição de 2013, o ranking recentemente divulgado variou pouco. A avaliação é que a Copa do Mundo não desencadeou um volume de obras proporcional à expectativa criada. “A parte de mobilidade urbana, que foi muito falada, se transformou em uma frustração. Os governos federal e estaduais simplesmente não conseguiram tocar estas obras. Com isso, o crescimento do mercado, que chegou a ser projetado em 50%, não aconteceu. Isso é resultado da estagnação no investimento público. Os governos precisam colocar um teto no crescimento das despesas de custeio das máquinas administrativas para ver se sobra dinheiro para investimento. No governo federal, principalmente, as curvas de custeio da máquina administrativa sobem numa velocidade espantosa e a economia não comporta isso”, ressalta Young.
Apesar das dificuldades, a construção civil tem, desde 2006, conseguido um PIB maior do que o PIB nacional. “Os quatros setores avaliados no ranking andaram juntos com os números do PIB nacional entre 1996 e 2006. De 2006 em diante, eles descolaram e passaram a crescer em proporções duas ou três vezes maior do que do próprio PIB. Isto mostra a capacidade do setor em crescer”, finaliza Joseph Young.
Veja o ranking na íntegra:
Ranking 500 Grandes da Construção 2014
Clique aqui para conferir o ranking dos anos anteriores.
Entrevistado
Joseph Young, integrante do conselho editorial da revista O Empreiteiro e coordenador do Ranking da Engenharia Brasileira
Contatos
josephyoung@terra.com.br
redacao2@revistaoe.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Thá/O Empreiteiro
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Na decoração, concreto imita de pedra a madeira
Tecnologias que usam moldes de borracha transformam material em produtos similares ao porcelanato, ao mármore, ao granito e às peças para deck
Por: Altair Santos
Moldadores de borracha podem transformar o concreto em artefatos de “madeira” para decorar ambientes internos ou externos. Também tem como fazer o material simular “pedras”, imitando mármore ou granito, ou aparentar uma cópia fiel dos porcelanatos. “Com os moldes flexíveis feitos com as borrachas líquidas é possível reproduzir praticamente qualquer textura ou forma com o concreto. Desde texturas leves, como veios de madeira de demolição, até reprodução de pedras em diferentes formatos. A imaginação é o limite”, diz Júlio Pardal, sócio-gerente da Moldflex.
O que diferencia se o artefato será usado internamente ou externamente é o traço do concreto. Para elementos de decoração interna utiliza-se uma argamassa cimentícia com gesso. Já para aplicações externas usa-se o concreto com agregados finos ou autoadensável, para que ele se molde bem às fôrmas. “O desenvolvimento de borrachas mais resistentes e de alta qualidade permite fazer peças com mais perfeição e, consequentemente, o mercado tem aceitado melhor esses produtos”, completa Júlio Pardal, lembrando que o custo também atrai compradores. “Fachadas ou painéis internos com pedras são mais caros e também requerem mão de obra especializada.”
O piso arquitetônico também pode servir como elemento decorativo interno e externo, mas não utiliza fôrmas emborrachadas. Sua textura, seu acabamento e suas cores variam de acordo com os tipos de agregados colocados no concreto. “A composição, a granulometria e as cores dos agregados é que definem o padrão do piso arquitetônico. Os mais utilizados são as granilhas dolomíticas”, afirma Fernando Gaion, diretor da Stamp. Engenheiro civil, ele afirma que o concreto utilizado para os pisos apresentam uma resistência a compressão de no mínimo 35 MPa, além de apresentar baixíssima porosidade, alto grau de dureza e resistência à abrasão.
Por isso, o piso arquitetônico pode ser assentado sobre o contrapiso ou montado em sistema elevado, o qual oferece uma solução prática e econômica para a passagem de todos os tipos de tubulações e cabeamentos, além de facilitar a manutenção de eventuais vazamentos. A versatilidade levou o artefato a ganhar mercado em obras de edifícios residenciais e comerciais. Principalmente aqueles que buscam a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) para “prédios verdes”. Os artefatos também são requisitados em shopping centers, hangares e edifícios-garagem, por causa da alta resistência.
Entrevistados
Júlio Pardal, graduado em marketing e sócio-gerente da Moldflex
Engenheiro civil Fernando Gaion, diretor da Stamp
Contatos
gaion@stamppfa.com.br
jpardal@moldflexmodelagem.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Stamp/Moldflex
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Sem produtos da mineração, casa seria inviável
Bem-estar da sociedade está diretamente ligado aos produtos que usam minerais como matéria-prima, com destaque para o calcário
Por: Altair Santos
Os componentes usados para construir uma casa são quase todos derivados de substâncias minerais. Grosso modo, mais de 30 elementos estão presentes em materiais que vão desde tijolos até esquadrias, pias, cerâmicas e vidros. Não é exagero dizer que dentro de uma habitação há mais minerais do que pessoas e objetos. Por isso, não fosse a mineração, seria impossível construir uma casa, um prédio ou qualquer outra obra ligada à construção civil. “O bem-estar da sociedade foi construído com base nos minerais”, aponta Marcos Vitor Fabro Dias, diretor técnico da Mineropar (Serviços Geológicos do Paraná).
Recentemente, a empresa pesquisou os elementos mais presentes na construção e no acabamento de uma casa. O calcário destacou-se. Ele aparece na composição do concreto, dos tijolos, dos vidros, das louças sanitárias, dos azulejos, cerâmicas e porcelanatos, nas tintas, em alguns modelos de caixas d’água, nos encanamentos e no telhado. “O calcário é muito versátil. É matéria-prima para produzir o cimento, que é matéria-prima para fabricar o concreto (segundo produto mais consumido no planeta depois da água). Além disso, o calcário é um elemento muito importante na agricultura, pois é utilizado para corrigir o ph do solo”, afirma Marcos Vitor Fabro Dias.
Para o geólogo da Mineropar, o dilema da indústria que transforma os elementos minerais em produtos para a sociedade consumir está em fabricar mais com menos, sem deixar de atender a demanda. “Diminuir a quantidade de matéria-prima, sem perder a qualidade e o desempenho do que é produzido, conflita com os anseios da sociedade por mais conforto e mais demanda por materiais”, explica Marcos Vitor Fabro Dias, para quem o ponto de equilíbrio pode estar no reaproveitamento de resíduos. “Esta é uma tendência irreversível de qualquer processo industrial, mas ainda há muito para avançar”, completa.
Outra solução está na substituição de agregados. Hoje, por exemplo, a areia natural já tem uma similar com um bom custo-benefício, que é a areia artificial, produzida através dos resíduos da britagem. “A tecnologia fez chegar a um material com características bem próximas da areia natural”, diz o diretor técnico da Mineropar, citando que, no Paraná, a cadeia produtiva da construção civil consome cerca de 70% dos bens minerais produzidos no Estado. “A construção civil é o setor que mais demanda. Porém, vale lembrar que o Paraná é um dos maiores produtores de calcário do país e participa com 70% da produção nacional de feldspato. Enfim, o Estado é um forte produtor de bens minerais não metálicos”, conclui.
Saiba quais elementos minerais compõem alguns materiais de construção
Tijolo cerâmico (argila)
Bloco de concreto (brita, areia e calcário)
Fios elétricos (cobre e plástico [derivado do petróleo])
Lâmpadas (quartzo, tungstênio e alumínio)
Concreto (areia, brita e calcário)
Ferragens (ferro, alumínio, cobre e zinco)
Vidros (quartzo, calcário, dolomito e feldspato)
Louças sanitárias (cobre, ferro, alumínio, níquel, cobalto, argila, calcário, feldspato e talco)
Azulejos, cerâmicas e porcelanatos (argila, calcário, feldspato, talco, ardósia)
Tintas (derivados do petróleo, calcário, talco, caulim, ilmenita e rutilo)
Pias (mármore, granito, ferro, níquel e cobalto)
Canos (ferro, cobre, plástico [derivado do petróleo] e calcário)
Forro de gesso (gipsita)
Calhas (zinco, níquel e cobre)
Telhas (argila e calcário)
Fonte: CIM (Centro de Informações Minerais do Paraná)
Entrevistado
Geólogo Marcos Vitor Fabro Dias, diretor técnico da Mineropar (Serviços Geológicos do Paraná)
Contato: mvfdias@mineropar.pr.gov.br
Créditos Fotos: Divulgação/Mineropar