Ano foi de atrasos no PAC e no Minha Casa, Minha Vida

Principais programas voltados à construção civil perdem ritmo em 2014 e número de obras que não cumprem cronograma tende a aumentar em 2015

Por: Altair Santos

Os programas de Aceleração do Crescimento e Minha Casa, Minha Vida, que afetam diretamente a construção civil, não andaram bem em 2014. No caso do PAC, as obras atrasadas se acumularam. Já o MCMV sofreu com a protelação no repasse de recursos. A ponto de, recentemente, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) ter precisado intervir junto ao governo federal para acelerar a liberação de verbas às construtoras envolvidas com o programa. Dados do TCU (Tribunal de Contas da União) demonstram que os atrasos acumulados desde a criação do Minha Casa, Minha Vida já passam de R$ 10 bilhões.

Em 2014, construtoras passaram a reclamar intensamente de atrasos no repasse de recursos do Minha Casa, Minha Vida

Significa que, ainda que o governo federal preveja para 2015 um orçamento de R$ 18,6 bilhões para o MCMV, R$ 10 bilhões já estariam comprometidos com pagamentos atrasados. Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, isso pode tornar vulnerável o programa, pois algumas construtoras já não estariam suportando a demora no repasse de recursos. “Um bom número de construtoras ficou sem recursos para quitar a segunda parcela do 13º salário, dia 20 de dezembro, por conta desses atrasos”, diz, em nota emitida pela CBIC. Atualmente, 500 mil trabalhadores da construção civil estão diretamente ligados ao MCMV.

Até outubro de 2013, os pagamentos do Minha Casa, Minha Vida ocorriam, no máximo, em três dias após a emissão da nota e a medição da obra por engenheiros da Caixa Econômica Federal. No começo de 2014, o prazo foi dilatado para 15 dias, depois da emissão da nota. Ao longo do ano, foi prorrogado para 20 dias e, atualmente, já há casos em que o repasse está demorando até 45 dias. “No Minha Casa, Minha Vida, as margens são muito pequenas e, para compensar, as empresas contratam o máximo possível de unidades. Por isso, os atrasos têm um grande impacto sobre as construtoras envolvidas no programa, sobretudo as pequenas e as médias”, alerta José Carlos Martins.

O governo federal, no entanto, nega atrasos. No mais recente balanço do programa, divulgado dia 11 de dezembro de 2014, atesta que das 3,7 milhões de moradias contratadas já entregou 1,87 milhão de unidades até novembro. De acordo com os ministérios do Planejamento e das Cidades, os cronogramas serão cumpridos 100% em 2014, fechando o ano com 3,75 milhões de unidades habitacionais contratadas. Ainda de acordo com dados oficiais, a meta do segundo governo da presidente Dilma Rousseff é contratar mais 3 milhões de habitações entre 2015 e 2018.

VLT de Cuiabá: uma das obras previstas no PAC que seguem sem conclusão, com possível retomada apenas em 2015

PAC
No caso do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) o acúmulo de obras atrasadas é que preocupa o setor da construção civil. Para reverter esse quadro, o país deveria investir 5% de seu PIB em obras de infraestrutura, o que não deverá ocorrer em 2015. Por conta disso, segundo análise do TCU, os empreendimentos inconclusos tendem a se acumular. Somente no setor elétrico, 79% das usinas hidrelétricas previstas no PAC não cumprem o cronograma, cujo atraso médio é de 8 meses. As usinas eólicas, das quais 88% estão fora do cronograma, o atraso médio chega a 10 meses. Para as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) o atraso médio é de 4 meses e 62% estão com os cronogramas atrasados. No entanto, o caso mais grave se relaciona com as linhas de transmissão, onde o atraso médio é de 14 meses e 83% estão fora do cronograma.

Na área de saneamento básico não é diferente. Segundo o Instituto Trata Brasil, das 118 obras previstas dentro do PAC, só 28 estão com andamento normal. Há 47 paralisadas, 25 atrasadas e 18 não iniciadas. Atraso semelhante ocorre entre os empreendimentos de mobilidade urbana que deveriam ter ficado prontos para a Copa do Mundo de 2014. Das 87 obras previstas, 30 foram concluídas, 15 entregues incompletas, 10 prorrogadas e 32 descartadas. Para o consultor e professor do departamento de economia da PUC-SP, Rubens Sawaya, o governo fez movimentos muito erráticos em relação às obras de infraestrutura e talvez possa melhorar em 2015, desde que aprimore a qualidade das concessões e aposte nas Parcerias Público-Privadas. “Está na hora de o governo parar de seu pautar pela tese da tentativa e erro”, diagnostica.

Entrevistados
Engenheiro civil José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (via assessoria de imprensa)
Engenheiro mecânico Mário Humberto Marques, vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração)
Economista Rubens Sawaya, professor do departamento de economia da PUC-SP e diretor da Insight Consultoria Econômica
Contatos:
comunica@cbic.org.br
sobratema@sobratema.org.br

Crédito Fotos: Divulgação/Agência Brasil/Secopa-MT

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Concreto transforma design de objetos do dia a dia

Material torna-se elemento principal para a criação de novos produtos, que vão de utensílios domésticos a cartões de visita

Por: Altair Santos

Não há limites para o concreto. O material começa a fazer parte do dia a dia das pessoas também em utensílios domésticos e até em objetos onde sua presença jamais seria imaginada, como em cartões de visita. É o que fez a agência de design francesa Murmure. Com o slogan “concretize seus negócios” ela desenvolveu cartões de visita a partir do concreto. Uma forma molda o produto e uma leve tela de arame dá sustentação ao objeto.

Cartão de visitas em concreto: design francês pensou em criar um produto que não fosse ignorado

Sofisticação é que não falta na apresentação do cartão de visitas em concreto. Ele pode vir dentro de uma carteira em couro ou ficar sobre a mesa sobre pequenos pallets, como se fossem blocos personalizados. Mas não param por aí as ideias para o escritório, e que tenham o concreto como elemento principal. Que tal ter sobre a mesa um porta-canetas, um porta-clips e um suporte para fita adesiva – todos, obviamente, fabricados em concreto?

Para o designer israelense Adi Zaffran Weisler, o concreto é um material muito pragmático e, portanto, capaz de se transformar em qualquer objeto que se imagine. “O concreto permite um processo constante de criação. Seja idealizando peças ou aproveitado outros artefatos em que ele é matéria-prima”, diz. Foi em cima deste conceito que Zaffran projetou uma torradeira usando bloco de concreto.

 

Cafeteira e alto-falante

Estudante de design em universidade de Israel desenvolveu a cafeteira em concreto: fabricantes querem colocar equipamento em linha de produção

Também na escola israelense de design surgiu outra ideia de reformular utensílios domésticos a partir do concreto. O estudante de design Shmuel Linski concebeu a cafeteira Lavazza. O equipamento é revestido em concreto, enquanto as partes em que o café e a água são armazenados e filtrados são de aço inox. Vencedor de prêmios de design na Europa, o produto despertou o interesse de fabricantes e a expectativa é de que seja colocado em linha de produção em 2015.

Para Linski, a ideia surgiu a partir do desejo de mostrar que o concreto na cozinha não precisa ficar confinado nas paredes ou nas peças decorativas. “Imagino que o concreto pode ser um produto de consumo. O contraste entre a rugosidade, a solidez e a dureza do material desperta os sentidos das pessoas e, portanto, ele pode ser popularizado”, avalia.

Motivado pelo sucesso da cafeteira, Shmuel Linski passou a desenvolver novos objetos a partir do concreto. O mais recente foram alto-falantes. “Desenvolvi alguns modelos que distorciam o som, até chegar no modelo que denominei de alto-falante chifre”, explica. O equipamento tem 96 centímetros de altura e pesa 70 quilos. Segundo Linski, o produto emite um som limpo, sem reverberação. “O som que sai dele é único”, autoelogia.

Sucesso da cafeteira levou Shmuel Linski a desenhar o primeiro alto-falante de concreto

Entrevistados
Designers Adi Zaffran Weisler e Shmuel Linski (por email)

Contatos
:
adizaf@gmail.com
linskiii@gmail.com

Crédito Fotos: Divulgação/Murmure/Adi Zafran

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Trecho da Serra do Cafezal desafia engenharia a inovar

Pontes utilizam método de balanço sucessivo e contam com equipamentos importados da Espanha, para minimizar danos ambientais na Régis Bittencourt

Por: Altair Santos

A duplicação da rodovia Régis Bittencourt, no trecho da Serra do Cafezal, chegou ao estágio mais desafiador para a engenharia. Entre os quilômetros 357 e 361,5 da estrada que liga Curitiba-PR a São Paulo-SP, estão obras de arte que agregam processos inovadores à construção pesada do país. São três túneis e cinco viadutos a serem entregues até o final de 2015, e que precisaram importar tecnologia espanhola para se viabilizar. Assim, a Ferrovial Agroman e a ULMA Construction entraram no consórcio que lidera o trecho da obra que exige essas demandas. As empresas detêm conhecimento na área da construção de túneis e de pontes e viadutos, dentro do método conhecido como balanço sucessivo. O sistema requer menos pilares para suportar estruturas de concreto.

Serra do Cafezal contará com três túneis, que já estão na fase final de escavação

Como o local da obra tem rigorosas restrições ambientais, os gigantes espanhóis da construção pesada trouxeram ao Brasil equipamentos que permitem que a concretagem seja através de formas suspensas. “A técnica de balanço sucessivo é indicada para vencer vãos em áreas onde há dificuldade de acesso e para montagem de escoramentos. A partir de um pilar de suporte, as peças avançam em balanços, uma a uma, até a totalidade da execução do vão”, explica o engenheiro civil Eneo Palazzi, diretor-superintendente da concessionária Autopista Régis Bittencourt.

O consórcio que viabiliza obras no ponto crítico da Serra do Cafezal é liderado pela empreiteira Toniolo, Busnello, que constituiu parceria com a Ferrovial Agroman. Em um trecho de 3.200 metros, as empresas constroem 3 túneis, totalizando 1.325 metros, e 5 viadutos, somando 1.668 metros. O traçado atravessa uma importante região de Mata Atlântica e, para a execução da obra, tem sido utilizados métodos de trabalho diferenciados, a fim de atender as restrições impostas por organismos ambientais. “A licença de instalação no trecho em questão não nos autoriza a construção de caminhos de serviços para a realização das obras. Obrigatoriamente, os canteiros devem ser implantados na lateral da pista existente. A limitação de espaço exige agregar mais tecnologia aos métodos construtivos”, afirma Eneo Palazzi.

Das 36 pontes e viadutos previstos, nove já foram concluídos e liberados para o tráfego


36 obras de arte até 2017

A duplicação da Serra do Cafezal é a obra mais importante do contrato de concessão da Régis Bittencourt. A extensão total do trecho envolvia 30 quilômetros, começando no quilômetro 336,7, em Juquitiba-SP, e terminando no quilômetro 367, em Miracatu-SP. Destes 30 quilômetros, 17,5 já foram duplicados e liberados ao tráfego de veículos, o que representa quase 60% do total das obras. Agora, as frentes de trabalho concentram-se nos 4,5 quilômetros que exigem túneis e viadutos. No caso dos túneis, a tecnologia utilizada nas escavações é a NATM (New Austrian Tunnelling Method).

No total, o projeto de duplicação prevê 36 obras de arte, das quais nove já foram concluídas. Um trecho, de aproximadamente 8 quilômetros na parte central da Serra do Cafezal, será licitado a partir de 2015. A conclusão total da duplicação da Serra do Cafezal está prevista para fevereiro de 2017.

 

Dificuldade para montar escoramentos convencionais exige equipamentos que trabalham suspensos para concretar pilares


Entrevistado

Engenheiro civil Eneo Palazzi, diretor-superintendente da concessionária Autopista Régis Bittencourt
Contato: autopistaregis@autopistaregis.com.br

Crédito Fotos: Divulgação/Arteris/ULMA Construction

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Desjoyaux renova tecnologia de piscinas no Brasil

Grupo francês é líder mundial no segmento e, através de sistemas inovadores de construção, viabiliza 14 mil obras em concreto armado por ano

Por: Altair Santos

A construção de uma piscina convencional em concreto armado leva em torno de 45 a 60 dias. Não contente com a demora na conclusão deste tipo de obra, Jean Desjoyaux (pronuncia-se Dejoaiô) desenvolveu uma tecnologia inovadora no segmento. Resultado: o grupo francês Desjoyaux, fundado em 1966, é hoje o maior fabricante de piscinas em concreto no mundo. São 14 mil unidades por ano, mas com potencial de atingir 25 mil.

Construção das piscinas utiliza formas para receber o concreto, eliminando riscos de fissuras e infiltrações na estrutura

O que faz a Desjoyaux dominar o setor é o investimento em tecnologia. A empresa patenteou dois sistemas. Um dispensa as tubulações enterradas e o risco de vazamento pela rede hidráulica. Para isso, foi desenvolvido um equipamento compacto de filtragem que é acoplado à piscina, eliminando a casa de máquinas. Outro método é o da concretagem com formas de polipropileno, que são fixadas ao radier e incorporadas à estrutura.

Segundo o diretor da Desjoyaux Piscinas do Brasil, Pierre Graziotin, o sistema permite construir piscinas monolíticas e autoportantes, que, ao contrário das fabricadas pelo método convencional, se tornam mais resistentes à movimentação do terreno. “Para resolver problemas de trincas, o concreto é isolado do revestimento pelas formas de polipropileno. Elas são montadas e preenchidas com concreto dosado em central, cujo aditivo permite a desforma em 24 horas. Isso faz com que nossa piscina fique pronta em sete dias”, explica.

Outra solução que evita rachaduras e fissuras no revestimento está na ausência de pastilhas nos equipamentos Desjoyaux. “Usa-se uma espécie de revestimento vinílico impermeável, chamado de PVC armado. Trata-se de uma matéria plástica com espessura de 1,5 milímetros, agregada a uma fibra especial, e que impede que o produto vinilíco ganhe elasticidade. O material impermeabiliza e dá estanqueidade à piscina”, afirma Pierre Graziotin.

Pierre Graziotin: Curitiba é a primeira cidade do Brasil a receber uma revenda autorizada da Desjoyaux

Piso cimentício atérmico

O grupo francês constrói piscinas de qualquer tamanho e qualquer formato. Tudo depende do terreno. Normalmente, a empresa deixa a cargo do dono da área o estudo geológico e as escavações para a instalação do equipamento. Caso o cliente não queira se preocupar com esta etapa da obra, a empresa tem parceiros que prestam o serviço.

A Desjoyaux utiliza o concreto não só em sua estrutura, mas também como elemento de decoração. O revestimento no entorno é à base de piso cimentício atérmico. Ele impede a formação de “ilhas de calor” em volta da piscina. “Esse piso cimentício tem desempenho atérmico, por causa de uma tinta especial misturada junto ao concreto no momento da fabricação. Isso faz com que o nível de absorção do calor fique abaixo de 40%. Além de atérmico, ele é antiderrapante”, revela Pierre Graziotin.
Curitiba é a primeira cidade do Brasil a ter uma revenda autorizada da Desjoyaux. Instalada em outubro de 2011, ela faz parte da cadeia de 500 lojas presentes em 80 países. Na França, país-sede da multinacional das piscinas, há 160 revendas, que vendem 8 mil equipamentos por ano. Isso torna a Desjoyaux a segunda empresa com ativos mais valorizados na Bolsa de Paris.

Revestimento externo das piscinas Desjoyaux utiliza piso cimentício atérmico

Toda a tecnologia da empresa é desenvolvida no centro de pesquisa localizado em Saint-Étienne. Lá são formados engenheiros civis especializados em construção de piscinas. Eles aprimoram o sistema da Desjoyaux e qualificam a mão de obra, em um treinamento com nove módulos. O procedimento de montagem do equipamento obedece a um kit de instalação enviado para todas as lojas do grupo francês.

Entrevistado
Administrador de empresas e especialista em comércio internacional Pierre Graziotin, diretor da Desjoyaux Piscinas do Brasil
Contato: graziotinp@desjoyaux.com.br

Crédito Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Drones alteram modelo de negócio das construtoras

Empresas usam pequenas aeronaves não tripuladas para prospectar terrenos, apresentar etapas da obra e promover venda de imóveis já concluídos

Por: Altair Santos

As pequenas aeronaves não tripuladas desembarcaram na construção civil. Conhecidos como drones, essas máquinas passaram a ser usadas pelas construtoras para comprar e vender. Servem para que as empresas avaliem terrenos, visualizem melhor a área e tenham noções mais exatas de como o projeto irá se adequar à topografia e à insolação. Por outro lado, os drones ajudam também a vender e a fornecer informações sobre o cronograma da obra, àqueles que compraram na planta. Conforme o empreendimento avança, filmagens mostram detalhes e são repassados em vídeo aos clientes.

Imagens geradas pelos drones posicionam clientes sobre etapas da obra

Quando o prédio fica pronto, o drone passa a servir de ferramenta para o marketing. O sobrevoo revela detalhes da obra finalizada para cativar potenciais compradores. Além disso, auxilia o comprador a ver aspectos técnicos do imóvel, andar por andar. É o que garante o diretor de empreendimentos da Swell Construções e Incorporações, Leonardo Pissetti. "Antigamente, vendia-se o apartamento somente a partir de uma planta baixa ou da perspectiva de uma fachada. Isso evoluiu para o tour virtual e o apartamento decorado. Agora, o drone abre a possibilidade de anexar imagens reais à comercialização do imóvel", avalia.

A tecnologia ainda auxilia os empreendedores na decisão de compra do terreno, fornecendo informações mais precisas sobre como a insolação afetará a edificação em cada um dos pavimentos e em cada cômodo do imóvel, conforme o horário. “O drone possibilita não só ter uma imagem em 360 graus, mas ver a edificação em várias cotas de níveis, dando a noção exata do que pode ser enxergado a partir de cada um dos pavimentos. Com essas informações, é possível definir o projeto e estabelecer, por exemplo, onde fica melhor instalar a sacada”, diz Leonardo Pissetti.

Leonardo Pissetti, diretor da Swell Construções e Incorporações: drones integram perspectiva do entorno à obra

Dentro do canteiro de obras os drones também se mostram ferramentas úteis. Auxiliam, por exemplo, nas vistorias. “O equipamento possibilita verificar áreas de acesso difícil, como o teto de uma caixa de água ou um telhado. Eles contribuem ainda na prevenção. Você consegue ver, por exemplo, se uma calha foi bem instalada ou se não está entupida”, destaca o diretor da Swell. A empresa foi a primeira no Brasil a usar drones dentro do mercado imobiliário, mas outras incorporadoras já adotam a mesma estratégia. Principalmente nas cidades de São Paulo e Brasília.

Sob o ponto de vista de elemento para venda de imóveis, Leonardo Pissetti entende que o drone, além de passar uma imagem real do imóvel, também ajuda o comprador a ter uma noção exata do entorno. “Antes, ele teria que acessar o Google para ver o parque mais próximo, o shopping, o colégio etc. Com as imagens do drone, todas essas informações estão em um único conteúdo”, afirma, prevendo que os equipamentos não tripulados e o mercado imobiliário não irão mais se separar.


Entrevistado

Engenheiro civil Leonardo Pissetti, diretor de empreendimentos da Swell Construções e Incorporações
Contato: leonardo@swellconstrucoes.com.br

Quando prontos, edifícios são sobrevoados por drones para potencializar as vendas

 

Crédito Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Água na obra (Podcast)

Especialista em sustentabilidade, Deborah Munhoz aponta o que deve mudar para que construção civil preserve recursos hídricos sem perder produtividade

Por: Altair Santos
Deborah Munhoz: economizar água no canteiro de obras para por tecnologia, qualificação profissional e mudança cultural


Entrevistada

Deborah Munhoz é graduada em química, mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. Consultora e Coach em Gestão da Qualidade de Vida e Sustentabilidade

Contato
deborahmunhoz@gmail.com
http://deborahmunhoz.wordpress.com/

Crédito foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.


Construção civil é campo fértil à Internet das Coisas

Materiais inteligentes, com capacidade de desempenho térmico e acústico, não estão distantes de se tornar realidade nas futuras habitações

Por: Altair Santos

Até 2020, haverá mais máquinas conectadas à internet do que pessoas. As projeções indicam que serão cerca de 50 bilhões de objetos interligados. Na prática, significa que nada escapará da Internet das Coisas (IoT, sigla em inglês) incluindo a cadeia produtiva da construção civil. “Já começamos a viver isso. Aparelhos conectados a aplicativos de smartphones, que permitem abrir e fechar janelas, ligar chuveiros e destrancar portas já são realidade. Do que estamos falando de agora em diante é da capacidade dos materiais agregarem tecnologia. O vidro da janela será painel solar e cortina ao mesmo tempo. O piso irá autorregular a temperatura, dependendo da estação. É isso que a IoT irá agregar à construção civil”, prevê Hugo Fuks, diretor do departamento de informática da PUC-Rio.

Casas tendem a depender cada vez menos do ambiente externo para oferecer conforto térmico e acústico

Segundo o especialista, não há limites para a indústria de materiais quanto à capacidade de ela incorporar tecnologias relacionadas à Internet das Coisas. No entanto, ele avalia que o setor da construção civil precisa querer abrir as portas do futuro. “A construção civil tem que aprender com a indústria automobilística a embarcar a computação e a eletrônica em seus empreendimentos, desde a sua concepção. Como o carro, que já sai inteligente da fábrica, o projeto do prédio também tem que definir que ele terá estruturas inteligentes”, afirma Hugo Fuks, para quem o setor de energia elétrica, entre os sistemas que compõem uma edificação, é o que está mais avançado nesta busca. “Os Smart Grid, que integram de forma inteligente consumo e geração de energia, já são realidade nos Estados Unidos”, completa.

Do piso ao teto

Na prática, significa que a casa fará a gestão da energia, independentemente da predisposição de quem a estiver usando, de economizar ou não eletricidade. Aliás, a casa será também uma fonte de energia. Janelas inteligentes irão absorver a energia solar e armazená-la. O mesmo, estimam os pesquisadores, acontecerá com os pisos cimentícios, cerâmicos, em porcelanato ou madeira. “Eles terão a capacidade de, com a energia acumulada, regular o desempenho térmico”, avalia Hugo Fuks. Os mesmos materiais também poderão fazer a gestão do desempenho acústico. “Tudo que tem processador pode ter comportamento e, portanto, controlado pela Internet das Coisas”, define o diretor do departamento de informática da PUC-Rio.

Hugo Fuks, da PUC-Rio: aplicativos são a porta de entrada para a IoT

Hugo Fuks alerta que, por enquanto, é preciso estar atento a falsas promessas de IoT. “Isto aconteceu com a Inteligência Artificial num primeiro momento. Hoje, carros que começam a andar sem motorista parecem mostrar que as promessas serão cumpridas”, comenta, revelando que, atualmente, existem muitos projetos ligados à construção civil em desenvolvimento em incubadoras pelo mundo afora, mas que eles ainda levarão algum tempo para chegar ao mercado. “Com o tempo, vários destes aplicativos (killer apps) irão evoluir para o sistema operacional das moradias, através da Internet das Coisas”, finaliza.

Entrevistado
Doutor em computação Hugo Fuks, diretor do departamento de informática da PUC-Rio
Contato: hugo@inf.puc-rio.br

Crédito Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Tombamento preserva concreto de Poty Lazzarotto

Decisão do Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico tende a preservar pelo menos 40 murais de um dos principais artistas do Brasil

Por: Altair Santos

Poty Lazzarotto (1924-1998) se definia como desenhista, gravurista, ceramista e muralista. Mas reconhecia, porém, que suas obras mais emblemáticas foram concebidas em concreto. No livro Poty: Murais Curitibanos, a autora Daniela Pedroso procura evidenciar isso. Ela catalogou 40 obras do artista paranaense, mostrando que a fase de trabalhos em concreto começou em 1967. “O mural em concreto aparente mais antigo do Poty está localizado na Praça 29 de março, intitulado Desenvolvimento de Curitiba. Foi produzido em 1967. É possível perceber a exploração tímida dos relevos e o desenvolvimento do tema por meio de módulos. O tratamento dado pelo artista difere muito dos seus últimos murais, onde o relevo se projeta quase como uma escultura”, define a pesquisadora.

Mural “O Paraná”, construído em concreto aparente no Palácio Iguaçu: o mais emblemático de Poty

Autor de painéis emblemáticos construídos em concreto, Poty Lazzarotto tem um, em especial, que é considerado sua “obra perfeita”. É o mural Paraná, localizado na fachada do Palácio Iguaçu - sede do governo paranaense -, em Curitiba. “As formas e relevos são arrojados, assim como a desproporção das figuras. Tudo é muito bem construído, de maneira a nos envolver devastadoramente”, explica Daniela Pedroso, cujo livro publicado em 2006 faz uma análise de toda a obra de Poty que se encontra em espaços públicos. Neste sentido, murais em azulejo, painéis em concreto aparente, esculturas em madeira gravada, pinturas e vitrais foram elencados pela autora.

Também por isso, - por estarem expostas ao tempo - muitas destas obras começaram sofrer com corrosões, descolamento de placas e a se tornarem vulneráveis ao vandalismo. Para recuperar e preservar este patrimônio de todos os paranaenses, o Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (CEPHA) decidiu pelo tombamento de 35 painéis e murais criados por Poty Lazzarotto, e que se encontram no Paraná. “Essa medida agiliza a conservação e a restauração das obras. A meu ver, os murais de azulejo devem ser os primeiros a ser restaurados. Em alguns deles, faltam azulejos e a vegetação se impôs em algumas partes das obras”, revela a autora de Poty: Murais Curitibanos.

Fachada do Teatro Guaíra, em Curitiba: Poty sabia transformar concreto em obra de arte

Escola francesa
Para Daniela Pedroso, as obras em concreto aparente produzidas pelo artista são as que se encontram em melhor estado de conservação, se comparadas com as de azulejo. Por respeito, ou sorte, nem os pichadores atacaram os painéis de Poty. “Quando isso ocorre, faz-se necessário a restauração do patrimônio. No momento, nenhuma de suas obras em concreto aparente apresenta esse tipo de problema (vandalismo)”, comemora a pesquisadora. Além de obras públicas, o artista também produzia arte em concreto para clientes particulares. Estas, no entanto, não fazem parte do acervo tombado pelo governo do Paraná.

Poty e Caribé, artista plástico de Salvador-BA, são os que mais utilizaram e desenvolveram a técnica de painéis em concreto aparente no Brasil. Eles usavam metodologias muito parecidas: esculpiam o desenho em formas de isopor, usavam concreto autoadensável leve, aplicado sobre uma tela fina de aço e, sem o uso de aditivos, promoviam uma cura lenta do material. Poty aprendeu a fazer painéis em concreto no período em que realizou cursos na França, nos anos 1940. Nascido em Curitiba, curiosamente no mesmo dia de aniversário da cidade (29 de março), o artista tem obras espalhadas no Brasil e em países como França, Alemanha e Portugal. No entanto, é em Curitiba onde se concentra boa parte delas.

Confira as 35 obras tombadas de Poty Lazzarotto

Governo Federal
• Painel da fachada do Hospital de Clínicas da UFPR - O Bom Samaritano
• Mural do Hospital de Clínicas - Evolução Hospitalar
• Painel do Museu de Arqueologia e Artes Populares de Paranaguá - Índios
• Painel do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná - História da Tecnologia - O trabalho humano e a evolução tecnológica
• Painel UTFPR - Profissões - Ofícios
• Painel de azulejos do Instituto Nacional de Previdência Social - Litoral Brasileiro
• Painel em azulejos na sede do Tribunal Regional Eleitoral (I e II)
• Painel de azulejos do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná
• Painel em Itaipu, Foz do Iguaçu - Trabalhadores da Barragem

Governo do Paraná
• Painel do Palácio Iguaçu - Pinheiros, Café e Erva-Mate - Trabalho na Lavoura
• Painel da fachada do Palácio Iguaçu - Paraná - Alegoria ao Paraná
• Painel da TV Paraná - A Comunicação, Canal da Música
• Painel (6 faces) do saguão do Edifício BADEP - História do Paraná - Símbolos da História do Paraná
• Painel da sala de reuniões do BADEP - Mapa do Paraná Estilizado
• Painel do Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná - Assembleia
• Porta dupla face do Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Paraná - Lavrador, Sol e Três Planaltos - Trabalhadores
• Painel do saguão da Assembleia Legislativa do Paraná - Sol, Pinhão e Três Planaltos - Sol, Pinhões e Planaltos
• Mural da Assembleia Legislativa do Paraná - Símbolos do Paraná
• Mural no Estacionamento do Museu da Imagem e do Som
• Saguão do Instituto Tecnológico Simepar, no Centro Politécnico da UFPR - O tempo e a Vida!
• Painel de azulejos no Tribunal da Justiça do Paraná
• Porta corta-fogo do grande auditório do Teatro Guaíra - O Teatro, a Música e a Dança
• Painel da fachada do Teatro Guaíra - Evolução das Artes Cênicas - O Teatro no Mundo
• Cortina corta-fogo no auditório Salvador de Ferrante, Teatro Guaíra - História do Teatro no Paraná - História do Teatro Paranaense
• Mural na Sanepar, Curitiba - Evolução do Saneamento Básico
• Duas peças em concreto na Sanepar, Curitiba

Mural na Praça 29 de Março, em Curitiba: o primeiro produzido em concreto por Poty, em 1967

Município de Curitiba
• Painel de azulejos no Mercado Municipal de Curitiba
• Mural da Travessa Nestor de Castro (I) - O Largo da Ordem
• Mural da Travessa Nestor de Castro (II) - Imagens da Cidade
• Monumento do 1º Centenário do Paraná
• Painel da Praça 29 de Março - História de Curitiba
• Painel do Largo Isaac Lazzarotto - Monumento ao Ferroviário

Estruturas Viárias
• Monumento da Rodovia do Café
• Monumento rodoviário no entroncamento Curitiba/Palmas - Decorativo

Município de Maringá
• Painel do Teatro Regional Calil Haddad e Museu Hellenton Borba Cortes

Daniela Pedroso catalogou obras de Poty no livro “Poty: Murais Curitibanos”

Entrevistada
Educadora e pesquisadora Daniele Pedroso, com graduação em educação artística - licenciatura em artes plásticas – pela UFPR. Autora do livro Poty: Murais Curitibanos.
Contato
dapedroso@sme.curitiba.pr.gov.br
danielapedroso@hotmail.com

Crédito Fotos: Divulgação/Prefeitura de Curitiba

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Nanotecnologia define novas fronteiras do concreto

Com base na evolução tecnológica, professor Paulo Monteiro avalia que futuro do material está na descoberta de novos agregados que o levem a durar mais

Por: Altair Santos

Em outubro de 2014, em Natal-RN, foi realizado o 56º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). Entre os convidados esteve o professor da Universidade da Califórnia-Berkeley, nos Estados Unidos, Paulo José Melaragno Monteiro, que palestrou sobre o seguinte tema: “Dois mil anos de tecnologia do concreto e os grandes desafios para este milênio”. Mestre e doutor em engenharia e mecânica estrutural, o especialista fez uma conexão entre a história do material, sua evolução e para onde apontam as pesquisas.

Paulo José Melaragno Monteiro: nanotecnologia fará cimento dar saltos tecnológicos mais rapidamente

Paulo José Melaragno Monteiro, junto com uma equipe internacional de geólogos e engenheiros civis, atuou em um estudo que buscava entender por que o concreto fabricado na Roma Antiga mantém-se intacto até hoje, após dois mil anos, enquanto o material atualmente empregado em obras começa a apresentar fadiga depois de 50 anos. Os rumos das investigações mostraram que o segredo do concreto está em um composto altamente estável, conhecido como silicato hidratado de cálcio e alumínio. O agregado se origina das cinzas vulcânicas.

Esta pozolona foi descoberta por Marcus Vitruvius Pollio, engenheiro do Imperador Augusto, que descreveu o processo no ano 30 a.C. A cinza vulcânica era combinada com cal, para formar uma argamassa, que depois era misturada com pedra, embalada em moldes de madeira e mergulhada na água do mar. Ou seja, em vez de lutar contra os elementos marinhos, os maiores inimigos do concreto moderno, os romanos aproveitavam a água salgada, tornando-a parte integrante do concreto. Essa combinação dava origem à tobermorita de alumínio, que ajuda a explicar a resistência do concreto do Império Romano.

O estudo sobre as investigações a respeito da tobermorita de alumínio foi publicado em 2013 no Journal of the American Ceramic Society, sob o título: “As propriedades elásticas da tobermorita no antigo concreto submarino romano”. Além do professor Paulo José Melaragno Monteiro, participaram da pesquisa os seguintes cientistas: Marie D. Jackson, Juhyuk Moon, Emanuele Gotti, Rae Taylor, Sejung R. Chae, Martin Kunz, Abdul-Hamid Emwas, Cagla Meral, Peter Guttmann, Pierre Levitz e Hans-Rudolf Wenk.

Nanoestruturas
Obviamente que o processo de cura do concreto usado no Império Romano era muito mais lento, algo inimaginável para os tempos atuais. Por isso, Paulo José Melaragno Monteiro, que recentemente também palestrou na FAPESP Week California, em Berkeley, nos Estados Unidos, avalia que a nanotecnologia definirá novas fronteiras para que o concreto consiga se tornar tão sustentável quanto o dos romanos. “O Cimento Portland, o mais utilizado pela construção civil, teve uma evolução que durou dois mil anos. Para avançarmos mais nessa área, diante de todos os desafios que se impõem, não é possível esperar tanto tempo. Por isso, a nanotecnologia nos tem possibilitado trabalhar com mais agilidade na busca por alternativas”, diz.

De acordo com o professor, a urgência por inovações na área do concreto se deve não só aos impactos ambientais que o aumento da demanda irá provocar, mas também à busca de um material mais resistente. “A infraestrutura de concreto armado existente está se deteriorando a um ritmo acelerado. A ação de fenômenos naturais, aliada a ataques de sulfato, entre outros fatores, têm reduzido a durabilidade de estradas, pontes, barragens e edifícios. Para que possamos melhorar a tecnologia existente, é preciso avançar na compreensão da nanoestrutura dos produtos e das reações de deterioração complexas. Esse conhecimento pode ser usado para produzir estruturas mais duráveis de concreto armado”, destaca.

Entrevistado*
Engenheiro civil Paulo José Melaragno Monteiro, professor-titular do Departamento de Engenharia Civil da Universidade da Califórnia-Berkeley (UCB)
Contato: monteiro@ce.berkeley.edu
*Reportagem contou com a colaboração da Agência Fapesp e da assessoria de imprensa do Ibracon

Crédito Foto: Divulgação Ibracon

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Dubai é quem mais lucra com turismo arquitetônico

Dinheiro gerado pelo petróleo permite erguer obras que tornam a cidade dos Emirados Árabes em uma espécie de Meca das construções arrojadas

Por: Altair Santos

Dubai, a principal cidade dos Emirados Árabes, possui quase 2,3 milhões de habitantes e, anualmente, recebe cerca de 4,7 milhões de turistas. Entre os visitantes, pelo menos metade é formada por profissionais e estudantes de arquitetura e engenharia de todo o mundo. Isso faz da metrópole do Oriente Médio uma espécie de Meca do turismo arquitetônico. A ponto de ter tirado Barcelona do posto de primeiro lugar neste segmento.

Burj Khalifa: prédio mais alto do mundo é visitado por mais de 4 milhões de pessoas por ano

Graças aos recursos obtidos com a venda de petróleo, Dubai é um permanente canteiro de obras, e sempre envolvida por projetos superlativos: o prédio mais alto do mundo, o maior shopping center, a maior ponte em arcos, além de outras construções que estão em andamento. Estima-se que o estado permanente de obras mantenha-se inalterado em Dubai pelo menos até 2021, quando os Emirados Árabes Unidos completarão 50 anos. Antes, em 2020, o país receberá a Expo 2020, cujo tema principal será mobilidade e sustentabilidade.

Por isso, o atual fluxo de construções em Dubai concentra-se em empreendimentos urbanos, como pontes, túneis, viadutos e a extensão das linhas de metrô e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Dentro deste conceito, a mais recente obra inaugurada foi a Sheikh Zayed Bridge, entre Dubai e Abu Dhabi. Mas já há outra maior em andamento: a SheikhRashid bin Saeed Bridge, com 12 pistas de cada lado e uma linha de metrô no meio. A capacidade da estrutura comportará 20 mil veículos por hora.

Maior do mundo e mais visitado

Burj Al Arab: o desenho da vela de um barco é uma das arquiteturas mais ousadas do mundo

São os edifícios de Dubai que mais atraem turistas sedentos por arquiteturas arrojadas. A começar pelo Burj Khalifa, o mais alto do mundo. Desde a sua inauguração, em 4 de janeiro de 2010, o empreendimento tem contabilizado perto de 3,5 milhões de visitas por ano. Esse número considera só os que acessam os elevadores do prédio de 828 metros e com 163 andares. Outra obra intensamente visitada na principal cidade dos Emirados Árabes é o Burj Al Arab. O edifício abriga um hotel de luxo em seus 321 metros de altura, mas também é aberto à visitação. Por ano, mais de dois milhões de pessoas passam pela edificação, cuja arquitetura se assemelha a um barco com as velas içadas.

Porém, nenhum empreendimento é tão frequentado em Dubai quanto o The Dubai Mall. O maior shopping center do mundo tem 1.200 lojas e, entre visitantes de outros países e moradores locais, recebe mais de 5 milhões de pessoas por ano. Os números são do governo dos Emirados Árabes, para quem o turismo gera receitas superiores a US$ 10 bilhões anualmente – cerca de R$ 26 bilhões. Dos quais, mais de 1/3 destes recursos vem do turismo arquitetônico de Dubai. Para se ter ideia do volume que isso representa, basta comparar com o que a Copa do Mundo proporcionou de renda ao turismo brasileiro em junho de 2014: US$ 797 milhões (R$ 2,07 bilhões).

Com a Expo 2020, Dubai espera chegar aos 25 milhões de visitantes por ano. Até lá, mais obras continuarão a atrair turistas de todo o mundo. E haja concreto para tantos empreendimentos. A estimativa atual é de que 5 milhões de m³ já foram empregados em canteiros de obras na cidade. Com os empreendimentos cujos projetos já estão em andamento ou por começar, esse volume pode passar de 8 milhões de m³.

Entrevistado
Governo de Dubai (via comitê de imprensa, por email)
Contatos
info@dubaitourism.ae
info@expo2020dubai.ae

Crédito Fotos: Divulgação/Christian Richters

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
The Dubai Mall: maior shopping Center do mundo, com 1.200 lojas
Sheikh Zayed Bridge, entre Dubai e Abu Dhabi: maior ponte em arcos do mundo atrai arquitetos e engenheiros do mundo todo
SheikhRashid bin Saeed Bridge: ponte para 20 mil veículos por hora e acoplada à linha de metrô