Norma melhora instalação de telhas de fibrocimento

Após processo de revisão, que durou mais de oito meses, ABNT NBR 7196 aprimora procedimentos de instalação, segurança e armazenamento do produto

Por: Altair Santos

Desde 11 de dezembro de 2014 está em vigor a versão revisada da ABNT NBR 7196 - Folha de Telha Ondulada de Fibrocimento – Procedimento. Ela estabelece requisitos para projetos e execuções de coberturas e fechamentos laterais com telhas de quatro, cinco, seis e oito milímetros de espessura e perfis estruturais. A normativa teve seu processo de revisão a cargo do Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (ABNT/CB-18).

Rosário Carvalho Jaques: revisão tornou linguagem da norma mais acessível

O engenheiro Rosário Carvalho Jaques, coordenador de atendimento aos clientes da Multilit, fez parte da comissão que revisou a norma. Destacam-se na nova ABNT NBR 7196 as figuras para facilitar a instalação de parafusos, ganchos e pinos que fixam as telhas de fibrocimento. O novo texto também aborda aspectos de segurança e de manutenção dos equipamentos. Confira entrevista que explica o que mudou na norma técnica:

Desde 11 de dezembro de 2014, a versão revisada da ABNT NBR 7196 - Folha de Telha Ondulada de Fibrocimento – Procedimento – está em vigor. O que mudou na norma e qual o impacto dela no mercado?
Na realidade, não houve mudança estrutural da norma. Ocorreu mais um acréscimo de informação de figuras, para que a norma fosse melhor interpretada. Com relação às informações técnicas, agregou pouca coisa. A base dela continua a mesma.

A norma revisada se dedica bastante à instalação. Por quê?
Ela se dedica à instalação para que os projetos possam seguir as diretrizes que a norma determina.

Quanto ao armazenamento das telhas em fibrocimento, a norma revisada destaca o que neste assunto?
A revisão deixou a critério das empresas esse procedimento, mas ele deverá constar em catálogo. A orientação é que o armazenamento das telhas de cimento no sentido horizontal não ultrapasse a quantidade de 100 a 150 telhas. A Multilit, em particular, orienta que o armazenamento horizontal das telhas de 5 e 6 milímetros seja no máximo de 100 unidades. Na vertical, com 15 graus de inclinação, no máximo 300 unidade. Para telhas com 4 milímetros de espessura podem ser empilhadas no máximo 200 unidades).

A norma revisada aborda o processo construtivo das telhas de fibrocimento?
Ela aborda como instalar a telha e como manter um melhor aproveitamento do projeto, a fim de obter uma eficiente estanqueidade do telhado. Seguindo a norma, é possível conseguir um ótimo custo-benefício na cobertura do telhado.

Hoje há quantos fabricantes de telhas de fibrocimento no país?
São 16 fabricantes, segundo o Instituto Brasileiro do Crisotila. Aí, se inclui a Multilit. No entanto, há no mercado 9 marcas de telhas.

Norma manteve necessidade de três apoios nas telhas com medidas a partir de 2,13 metros

Há algum item mais polêmico na revisão da norma?
Um dos itens bastante discutido foi com relação ao apoio das telhas. Sempre houve necessidade de ter os três apoios nas telhas com medidas a partir de 2,13 metros. Na revisão da norma, houve quem defendesse três apoios a partir de telhas com 1,83 metros de comprimento. Mas prevaleceu o que já existia, ou seja, manter os três apoios a partir das telhas com 2,13 metros.

Por quanto tempo a norma ficou em processo de revisão?
A revisão se estendeu por volta de 16 meses, sem contar o período de consulta pública, que durou mais 4 meses. O importante é que foram agregadas informações, tornando-a mais acessível a quem for utilizá-la. Antes, ela estava com uma linguagem muita técnica.

As telhas de fibrocimento ainda são bem consumidas no mercado da construção civil?
O consumo é bem significativo. Ela é uma telha mais barata e oferece economia na estrutura do telhado. Ao utilizar telhas de fibrocimento, a estrutura não tem necessidade de ser muito robusta, além de não absorver calor. Bem diferente do que ocorre quando são usadas telhas cerâmicas ou telhas de concreto.

A questão da proibição do amianto ainda afeta o mercado de telhas de fibrocimento?
Algumas instituições comentam a respeito do amianto e isso faz com que o consumidor fique confuso, vamos dizer assim. Na realidade, existe falta de informação. Com base em pesquisas, entendemos que o amianto, da forma como ele é utilizado na telha, não causa nenhum dano. O produto é amalgamado na telha e não tem como se soltar. O consumidor não possui esta informação.

Há algum outro material em desenvolvimento que venha a concorrer com as telhas de fibrocimento?
Hoje o que se coloca no mercado são as telhas com fibra de PVA (Polivinil Álcool) e de PP (Polipropileno). Elas aumentam o custo da fabricação e se tornam um pouco mais caras no mercado, em função da necessidade da aplicação de aditivos para que o material possa ser agregado à telha.

Para fabricar uma telha de fibrocimento quanto vai de cimento?
Em média, o cimento compõe 90% de uma telha de fibrocimento. O restante são as outras misturas, os aditivos, as fibras e o filler, que é um material que a gente normalmente reutiliza.

Entrevistado
Engenheiro eletricista Rosário Carvalho Jaques, coordenador de SAC (Serviço de Atendimento aos Clientes) e obras civis da Multilit. Atuou na comissão que revisou a ABNT NBR 7196
Contatos
rosariojaques@multilit.com.br
cb18@abcp.org.br

Créditos Fotos: Divulgação/Multilit

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Shopping em SP ganha principal prêmio da Abcic

Tietê Plaza foi eleito a obra do ano de 2014 em pré-fabricados de concreto. Empreendimento usou 25.000 m³ de estruturas, como vigas e lajes

Por: Altair Santos

O vencedor de 2014 do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto foi o Tietê Plaza Shopping. O empreendimento está localizado na zona oeste da cidade de São Paulo, com área total construída de 130.334 m². Na obra, foram utilizados aproximadamente 25.000 m³ de concreto pré-fabricado, considerando vigas, lajes alveolares, painéis arquitetônicos de fachada estruturais e não estruturais, além de escadas. A obra foi executada pela Racional Engenharia e contou com o projeto arquitetônico de Maria de Fátima Rodrigues Alves, além do projeto estrutural de Carlos Eduardo Melo. A Concrebem Pré-Moldados foi responsável por fornecer as estruturas de pré-fabricados.

Tietê Plaza Shopping: 25.000 m³ de concreto pré-fabricado

A comissão julgadora da Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) ainda conferiu menção honrosa a outros dois empreendimentos que se destacaram no uso de estruturas pré-fabricadas de concreto. O primeiro é o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragogipe-BA. Trata-se de um empreendimento cujas estruturas pré-fabricadas foram fornecidas pela T&A Pré-Fabricados, num total de 11.000 m³ de concreto pré-fabricado. Já a segunda menção honrosa foi concedida para a ampliação do Aeroporto Internacional de Brasília. A obra demandou um volume de 7.318 m³ de concreto e ocupa uma área total de 50.405 m².

Pré-fabricado na Copa
Também foram destacados na premiação da Abcic outros dois sistemas pré-fabricados que ficaram em evidência em 2014: a Arena Corinthians e o Monumento à Copa - um relógio com estrutura pré-fabricada, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, e que realizou a contagem regressiva até a abertura do evento, no dia 12 de junho. Para Íria Doniak, presidente executiva da Abcic, a diversificação de projetos reforça a aplicabilidade do pré-fabricado em diferentes segmentos. “Mesmo indicado para projetos modulares, nosso sistema tem vencido desafios e viabilizado distintos projetos, cumprindo ousados prazos de execução e agregando qualidade a diversos empreendimentos”, ressalta.

Em sua 4ª edição, o Prêmio Obra do Ano destacou projetos arquitetônicos e estruturais

O Prêmio Obra do Ano prestigia as empresas pré-fabricadoras e confere destaque aos arquitetos e engenheiros-projetistas que usam o sistema construtivo em seus projetos. Foi criado em 2011, no ano de comemoração de 10 anos de atividades da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto. A Abcic foi fundada com o objetivo de difundir e qualificar os pré-moldados de concreto destinados às estruturas, fachadas e fundações. Com mais de 100 associados, promove ações e iniciativas inéditas para o desenvolvimento do setor.

A premiação ainda conta com o apoio da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) e do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto).

 

Entrevistado
Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) (via assessoria de imprensa)
Contato: abcic@abcic.org.br

Créditos Fotos: Divulgação/Abcic

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Recursos hídricos nortearão nova construção civil

Estudo faz raio-x da demanda por água nas principais metrópoles do mundo e mostra inovações que devem reduzir o consumo e minimizar desperdícios

Por: Altair Santos

A Coreia do Sul será o país-sede do Fórum Mundial da Água, entre 12 e 17 de abril de 2015. No evento, haverá um congresso específico para debater o uso de recursos hídricos na construção civil. Os especialistas estimam que do encontro, que acontecerá nas cidades de Daegu e Gyeongbuk, sairão novas tendências tecnológicas, ambientais e econômicas para o setor. Antecipando-se, a Arup - multinacional especialista em projetos de engenharia - encomendou um estudo para entender como estará a gestão da água em 2040. O levantamento analisa o abastecimento de água nas principais cidades do mundo daqui a 25 anos, comparando-as com Sydney, na Austrália.

Escassez dos recursos hídricos exige inovações em todos os setores, incluindo a construção civil

A maior metrópole da Oceania serviu de referência por ter o melhor gerenciamento de seus recursos hídricos - entre as cidades pesquisadas - e por possuir políticas consolidadas de gestão da água, incluindo a usada na construção civil. Um exemplo: em canteiros de obras onde são detectados vazamentos ou desperdícios, o governo de Sydney aplica multas severas e, em alguns casos, interdita a construção. A produção de concreto é uma das áreas que têm controle rigoroso. O motivo, segundo o estudo da Arup, é que a concretagem pode absorver entre 39% e 68% de toda a água consumida em uma obra, dependendo do tamanho do empreendimento e da gestão hídrica adotada pela construtora responsável.

A percepção do estudo é de que a cada metro quadrado de área construída é consumido 0,25 m³ de água. Por isso, o relatório da Arup aposta que se tornarão cada vez mais intensos e relevantes os avanços tecnológicos que agregam nanotecnologia ao concreto, principalmente por que essa inovação demanda menor consumo de água para produzir a mesma quantidade de material. “Este estudo traz uma grande contribuição, no sentido de propor soluções criativas para uma gestão inovadora e eficiente de nossos recursos hídricos, orientando pesquisadores, empresas e o poder público a inovarem, planejarem e realizarem mudanças em escala local e global", avalia Ricardo Pittella, diretor da Arup no Brasil.

Tecnologia a favor da água
A previsão é de que as inovações atingirão também os materiais com que são fabricados os tubos por onde correm as águas para abastecimento, as pluviais (provenientes da chuva) e as águas para tratamento de esgoto. Concreto que se autorregenera e mantas de grafeno são as apostas dos pesquisadores para conseguir reduzir vazamentos neste tipo de tubulação. A ciência e a engenharia estimam ainda que será dominante o emprego de robôs nos canteiros de obras. Betoneiras que dosam o concreto sem manipulação humana e lançadores que detectam vazamento eletronicamente estão entres as máquinas que devem estar presentes no mercado da construção civil até 2040.

O estudo da Arup define que “novos materiais podem proporcionar menos gasto de água e menor consumo de energia, além de reduzir o custo da infraestrutura e da manutenção desta infraestrutura”. O documento ressalta, no entanto, que a construção civil usa bem menos água do que o setor agropecuário. Estima-se que 70% da água doce do mundo são consumidos para produzir alimentos. Segundo dados do Water Resources Group, mantido o ritmo atual, em 2030 essa demanda irá gerar um déficit de 40% na água própria para consumo humano. “Ainda dá tempo para reverter esse quadro, e a saída está nas novas tecnologias”, finaliza o relatório a ser apresentado no Fórum Mundial da Água.

Faça o download da íntegra do documento (em inglês)

Entrevistado
Engenheiro civil Ricardo Pittella, diretor da Arup no Brasil
Contato: americas@arup.com

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Usina Santo Antônio ganha prêmio de sustentabilidade

Reconhecimento foi da International Hydropower Association, cuja especialidade é medir projetos ambientais agregados a empreendimentos hidrelétricos

Por: Altair Santos

A hidrelétrica Santo Antônio, ainda em construção no trecho do rio Madeira que corta o estado de Rondônia, já opera com 31 turbinas das 44 previstas. As obras civis estão 95% concluídas e o consórcio Madeira Energia S.A, constituído por Furnas, Caixa FIP Amazônia Energia, Odebrecht Energia, Andrade Gutierrez e Cemig, estima que, em 2015, conclui um dos empreendimentos mais importantes financiados pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Usina Santo Antônio, no rio Madeira: 95% das obras civis estão prontas e 31, das 44 turbinas, já operam

Atualmente, o cronograma da hidrelétrica enfrenta seus maiores atrasos nas linhas de transmissão para distribuir a energia gerada por Santo Antônio. Com capacidade para colocar 3.568 megawatts no sistema nacional, a usina ganhou recentemente um importante prêmio: o de obra mais sustentável, concedido pela International Hydropower Association (IHA). O organismo é vinculado à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e sua especialidade é medir a sustentabilidade de empreendimentos hidrelétricos.

Santo Antônio foi premiada por atingir boas avaliações dentro de protocolos relevantes estabelecidos pela IHA. Entre eles, respeito aos direitos humanos, baixo impacto nas mudanças climáticas, baixa vulnerabilidade a atos de corrupção e procedimentos transparentes de gestão. Também contribuíram com a premiação o fato de consórcio seguir estritamente os princípios socioambientais estabelecidos pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A ponto de a usina ter sido definida como modelo para futuras hidrelétricas a serem construídas na região amazônica.

Segundo Ricardo Márcio Martins Alves, gerente de Sustentabilidade da Santo Antônio Energia, foram investidos R$ 1,2 bilhão para que a obra cumprisse com os protocolos de sustentabilidade. A usina tem 28 programas que cobrem os meios físico, biótico e socioeconômico. O consórcio teve que compensar os impactos construindo áreas de proteção permanente e reconstituindo reservas legais. Isso contabiliza uma área de 55 mil hectares, sendo 35 mil hectares de proteção ambiental e 20 mil hectares de reserva legal. Também foram investidos R$ 500 milhões no reassentamento de 1.621 famílias que residiam nas áreas afetadas pela construção da hidrelétrica.

Itaipu busca certificação
No pico das obras, Santo Antônio empregou 13 mil trabalhadores da construção civil. A obra também consumiu um volume de 3,2 milhões de m³ de concreto. A utilização de turbinas tipo bulbo permite que a usina produza mais energia com menos volume de água passando pela barragem. Outro projeto agregado à obra da hidrelétrica, e que contribuiu significativamente para que conquistasse a premiação da IHA, é o que interfere o mínimo possível na piscicultura local. Rios paralelos de concreto foram construídos no entorno da megaobra. Eles simulam o curso natural das águas do rio Madeira antes que a barragem fosse erguida. Isso manteve inalterada a piracema e preservou o fluxo de peixes na região.

A próxima hidrelétrica brasileira a reivindicar a certificação de sustentabilidade da International Hydropower Association será a Itaipu Binacional. Em outubro de 2014, a usina passou por sua primeira avaliação oficial. Dario Gonzalez Fiori, um dos coordenadores da aplicação do protocolo da IHA, disse que a recente visita vai ajudar Itaipu a se preparar para a avaliação, em 2015. "Os procedimentos para obter a certificação permitirão que identifiquemos nossos pontos fortes e fracos, e se for o caso, aplicar medidas corretivas", diz. Itaipu é o maior projeto hidrelétrico do mundo, em termos de energia gerada, e estabeleceu o recorde de 98.000 gigawatts em 2013.

Entrevistado
Santo Antônio Energia e International Hydropower Association (via assesoria de imprensa)
Contatos
comunicacao@santoantonioenergia.com.br
mt@hydropower.org

Crédito Foto: Cleriz Muniz

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Concreto consolida-se como pavimento urbano no Brasil

Disseminado pela ABCP, hoje não há uma metrópole do país que não tenha transporte público trafegando em corredores exclusivos de piso rígido

Por: Altair Santos

Em boa parte dos países desenvolvidos, o pavimento de concreto é usado para construir rodovias. No Brasil, o material consolida-se como pavimento urbano. Tornou-se a principal opção para corredores de ônibus em grande parte das capitais do país. Hoje não há uma metrópole que não tenha transporte público trafegando em corredores exclusivos de pavimento rígido. Trata-se de uma conquista da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) que há mais de uma década se empenha para disseminar a tecnologia, tanto em rodovias quanto em áreas urbanas.

BRT em Porto Alegre: ideia de corredores exclusivos se expande de norte a sul no país

Embora a obra mais relevante em pavimento rígido no Brasil seja a duplicação da BR-101 Nordeste, com mais de mil quilômetros em concreto, estima-se que a mesma quantidade de quilômetros já tenha sido construída nas capitais para o uso de BRTs (Bus Rapid Transit). Dentro do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) mais 500 quilômetros estão previstos para cidades do Norte e Nordeste do país. “O pavimento de concreto é a única solução para corredores exclusivos de ônibus, perimetrais urbanas e marginais”, define Hugo Rodrigues Filho, diretor de comunicação da ABCP.

Graças ao trabalho da Associação Brasileira de Cimento Portland, prefeituras e governos estaduais já estão convencidos de que o pavimento em concreto é mais sustentável e, portanto, um investimento com melhor custo-benefício para os cofres públicos. “Adota-se um modelo aqui no país que já é tradição no resto do mundo”, afirma Hugo Rodrigues. Um exemplo está em São Paulo, onde a prefeitura local irá expandir em 150 quilômetros os corredores de ônibus sobre piso rígido, até 2016. Atualmente, a capital paulista tem 11 frentes de trabalho atuando em obras de corredores para BRTs.

Belo Horizonte foi uma das capitais que mais investiu em BRT sobre pavimento rígido nesta década

Mais concreto em 2015

São Paulo segue o exemplo de cidades como Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e Curitiba, que há alguns anos já utilizam o pavimento urbano de concreto em grande escala e se tornaram modelo também para capitais como Porto Alegre e Florianópolis. Sem contar Recife, que tradicionalmente é conhecida como a “capital do pavimento de concreto”. Por isso, a ABCP se mostra otimista para 2015. “Apesar de toda crise política e econômica, a infraestrutura deve ser alavancada. A consciência da população quanto à necessidade de melhoria da mobilidade urbana também servirá de estímulo. Com isso, é positiva a expectativa quanto à construção de mais corredores exclusivos para BRTs, além de VLTs e metrôs”, avalia o diretor de comunicação da ABCP.

No entender da ABCP, a política de mobilidade urbana do governo federal também estimula o uso da tecnologia do pavimento rígido. “Basta apresentar um projeto economicamente consistente, e ecologicamente sustentável, típico dos pavimentos de concreto, que tem sido viável captar recursos para obras tão necessárias. Além disso, a evolução dos equipamentos e o aprendizado dos empreiteiros, graças aos treinamentos sistemáticos realizados pela ABCP, são igualmente importantes para o desenvolvimento da tecnologia, com base em modernas e comprovadas técnicas de projeto e de execução de obras”, completa Hugo Rodrigues.

Recife, conhecida como a capital do pavimento em concreto, também usa tecnologia em corredores de BRT
Curitiba foi pioneira na instalação de BRT e ajudou a propagar o pavimento rígido


Entrevistado

Engenheiro civil Hugo Rodrigues Filho, diretor de comunicação da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Contato:
hugo.rodrigues@abcp.org.br

Crédito Fotos: Joel Vargas/PMPA/João Marcos Rosa/ME/Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Manutenção do imóvel começa na limpeza do pós-obra

Empresas especializadas detectam eventuais defeitos em construções e ensinam os proprietários a se adequar à Norma de Desempenho

Por: Altair Santos

O prédio está pronto, mas para liberá-lo para os futuros moradores é preciso que a construtora promova a limpeza pós-obra em cada uma das unidades e nas áreas comuns da edificação. O procedimento correto abre caminho para que o ciclo de vida da construção comece dentro dos padrões definidos pela boa engenharia. Resíduos de argamassa na parede ou restos de cimento no contrapiso podem, por exemplo, comprometer pinturas ou a colocação de pisos de madeira, cerâmicas ou porcelanatos.

Valdenice Marçal: Norma de Desempenho abriu um novo nicho para empresas especializadas em limpeza pós-obra

Há casos também em que defeitos na obra são identificados somente depois da limpeza integral do prédio. “Não é incomum detectar problemas durante a limpeza pós-obra. Após a remoção de poeiras e entulhos alguns defeitos podem aparecer. Por isso, durante a operação, mantemos um supervisor operacional em período integral coordenando e direcionando o trabalho da equipe. Ele é treinado com noções de construção civil e orientado a relatar os defeitos ao engenheiro responsável”, explica Valdenice Marçal, dona da Líder Limpeza Pós-Obra.

A limpeza de um edifício de cinco a dez pavimentos leva, em média, de 10 a 15 dias para que toda operação pós-obra seja realizada. “Primeiro, é removida a poeira, seguida da remoção de respingos de tinta, de gesso e de cimento em pisos frios e vidros. Também são limpos janelas, caixilhos, portas e batentes. Em seguida, a lavagem e a desinfecção de sanitários. O cliente final recebe o imóvel sem nenhum resquício de obra”, diz a empresária.

Norma de desempenho

Para esse tipo de limpeza pesada existem equipamentos apropriados, como máquinas de lavagem a seco, lavadoras de alta pressão e enceradeiras industriais, além de instrumentos próprios para limpeza. “É preciso também o emprego de mão de obra treinada. Por isso, as construtoras hoje preferem contratar empresas especializadas”, diz Valdenice Marçal, completando que a limpeza pós-obra é diferente de limpeza e conservação de ambientes. “Por isso, se faz necessário oferecer treinamento específico aos colaboradores.”

Limpeza pós-obra exige equipamentos específicos e mão de obra qualificada

A ABNT NBR 15575: 2013 - Edificações habitacionais - Desempenho – também mudou os procedimentos na limpeza pós-obra. As empresas contratadas são estimuladas pelas construtoras a detectar problemas, principalmente em paredes, pisos e janelas, que estão diretamente ligados aos desempenhos térmico e acústico. Além disso, passaram a continuar na obra, mesmo quando os moradores já estão habitando as unidades. O objetivo das construtoras é usá-las para orientar os moradores a realizar a manutenção correta dos imóveis - um dos itens da norma técnica. “Isso abriu outro nicho de trabalho para quem realiza limpeza pós-obra”, finaliza a especialista.

Entrevistada
Valdenice Marçal, empresária e dona da Líder Limpeza Pós-Obra
Contato:
valdenice@liderlimpeza.com

Na limpeza pós-obra, trabalhadores são treinados para procurar defeitos na construção e comunicar engenheiro responsável

Crédito Fotos: Divulgação/Líder Limpeza

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Projetos de estádios brasileiros inspiram a Rússia

País-sede da Copa do Mundo de 2018 tem quatro planos arquitetônicos muito parecidos com as estruturas erguidas para as disputas do mundial de 2014

Por: Altair Santos

Não é apenas no número de estádios que a Rússia se assemelha ao Brasil na organização da Copa do Mundo. O país será a sede do torneio de 2018 e irá concentrar as partidas em 12 praças esportivas. Destas, quatro têm projetos arquitetônicos muito parecidos com as estruturas erguidas para o mundial de 2014. Um exemplo é o Nizhny Novgorod, quase uma cópia fiel do Mané Garrincha, em Brasília. Idem para a Sinara Arena, em Ecaterimburgo, que lembra a Arena Amazônia, e a Otkytie Arena, com design que se assemelha ao da Arena Pernambuco. Até o Maracanã inspira os russos. O estádio Lujniki, que receberá a final, tem uma arquitetura que segue a do tradicional estádio brasileiro.

Estádio Nizhny Novgorod: arquitetura semelhante ao Mané Garrincha, de Brasília

Além disso, outras copas também servem de referência para projetos russos. Como a da Alemanha, onde a Alianz Arena tem seus conceitos perseguidos pelo estádio de Yubileyniy, em construção na cidade de Saransk. Idem para o estádio olímpico de Fisht, em Sóshi. A obra já está pronta e sediou competições dos jogos olímpicos de inverno disputados em 2014. Sua arquitetura é muito semelhante ao do Sapporo Dome, no Japão, o qual recebeu partidas do mundial de 2002. Foi o primeiro estádio coberto, mas com grama natural, a ser usado em uma Copa do Mundo.

O fato de se inspirar em projetos de estádios de outros países-sede não significa que falta criatividade à arquitetura russa. Pelo contrário. O estádio em construção na cidade de Samara tem linhas futuristas e já é apontado como o mais bonito da Copa de 2018. Outra obra relevante é a que está em construção na cidade de Rostov do Don: a Levberdon Arena. A Rotor Arena, na cidade Volgogrado, também mostra todo o potencial da engenharia russa. Da mesma forma, impressiona o design da Arena Baltika, projetada para a cidade de Kaliningrado. Todas essas praças esportivas têm capacidade entre 44 mil e 47 mil lugares.

Tudo pronto até 2017
Só dois estádios para a Copa do Mundo de 2018 poderão receber mais de 50 mil pessoas: o Lujniki, de Moscou, com capacidade para 84.745 pessoas, e a Zenit Arena, em São Petersburgo, com 69.501 lugares. No caso do Lujniki, ele se assemelha muito ao Maracanã. Inaugurado em 1956, foi reformado para os jogos olímpicos de 1980. Agora, passará por nova modernização, a fim de receber a finalíssima do mundial. O governo russo promete entregar todos os 12 estádios até a Copa das Confederações de 2017.

Dos 12 palcos, três já estão prontos (Otkytie Arena, Kazan Arena e Olímpico de Fisht) e dois ficarão prontos em 2015: Zenit Arena e Levberdon Arena. A Rússia avalia em US$ 6 bilhões (R$ 16,5 bilhões) o custo com estádios. Outros US$ 20 bilhões (R$ 54 bilhões) serão gastos com obras de infraestrutura e mobilidade, sobretudo trens que interligarão as 11 cidades que sediarão os jogos. Estrategicamente, os russos procuraram concentrar a Copa do Mundo na parte europeia do país, a fim de diminuir as distâncias e reduzir despesas.

CONFIRA OS 12 ESTÁDIOS DA COPA NA RÚSSIA
ESTÁDIO CIDADE CAPACIDADE
Lujniki Moscou 84.745 lugares
Otkytie Arena Moscou 2 mil lugares
Zenit Arena São Petersburgo 69.501 lugares
Kazan Arena Kazan 45.105 lugares
Samara Samara 44 mil lugares
Yubileyniy Saransk 44 mil lugares
Levberdon Arena Rostov do Don 5.015 lugares
Olímpico de Fisht Sochi 47.659 lugares
Central Ecatirimburgo 44.130 lugares
Rotor Arena Volgogrado 45 mil lugares
Nizhny Novgorod Níji Novgorod 45 mil lugares
Arena Baltika Kaliningrado 45 mil lugares

 

Crédito Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Entrevistado
Comitê Russia World Cup e Russian Government
Contato: duty_press@aprf.gov.ru

 


Para SindusCon, “ano-novo” virá no 2º semestre de 2015

SindusCon-PR e SindusCon-SP projetam que os primeiros seis meses do próximo ano serão usados para absorver medidas econômicas “amargas” do governo

Por: Altair Santos

Há quase um consenso entre os vários sindicatos da indústria da construção civil espalhados pelo Brasil. Para as diretorias destes organismos, o primeiro semestre de 2015 não tende a ser de crescimento. Alguns preveem taxas bem pequenas, enquanto outros estimam que o avanço será zero. No caso do SindusCon-SP, um dos principais balizadores do setor, a expectativa é de que a taxa de crescimento seja zero durante todo o próximo ano. “Na comparação com 2014, a entidade estima, para 2015, crescimento zero no valor agregado das construtoras e queda de 2% no emprego da indústria da construção, além de declínio de 1,5% na produção de insumos e queda no comércio desses materiais”, prevê José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP.

José Romeu Ferraz Neto (dir.), ao lado de José Carlos Martins, presidente do CBIC: SindusCon-SP prevê crescimento zero em 2015

Avalizado por números levantados pela coordenadora de projetos da construção da Fundação Getúlio Vargas, Ana Maria Castelo, o SindusCon-SP entende que, diante do cenário econômico configurado, deverá existir muito esforço do governo federal para resgatar a confiança dos investidores. Assim, um eventual “ano-novo” para o segmento deverá vir apenas no segundo semestre de 2015. “O mercado imobiliário deverá prosseguir em fase de ajustes. A renda e o consumo das famílias deverão crescer menos e as contratações de obras relacionadas a novos investimentos ocorrerão com mais intensidade somente a partir do segundo semestre”, entende o vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan.

Para 2014, em comparação a 2013, a expectativa do sindicato paulista é de que a indústria da construção feche com crescimento entre 0% e 0,5% (anteriormente, estimava-se que seria possível crescer até 1%). Na mesma linha segue a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), que iniciou o ano esperando alta de 4,5% nas vendas e agora avalia que o setor terá crescimento negativo de 4%. "O resultado deste ano foi duramente afetado pelo pessimismo das famílias e dos empresários com relação à economia, reforçado pela perda de dias úteis em função da Copa e dos feriados, bem como pelo aumento nas importações", afirma o presidente da Abramat, Walter Cover.

Otimismo
Já a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), ainda que reveja seus índices de crescimento em 2014 - reduziu de 3,5% para 2% -, se mostra mais otimista em relação a 2015: espera um crescimento de 5,5% no próximo ano. “Nos últimos 20 anos, nosso setor tem sempre crescido mais que o PIB”, diz o presidente da Anamaco, Cláudio Conz, revelando de onde vem seu otimismo. “Acreditamos que a nova equipe econômica do governo federal fará os ajustes necessários, e de forma suave, para que a economia continue crescendo no ano que vem, e sem que ocorram maiores perdas de emprego e renda”, conclui.

José Eugênio Gizzi, presidente do SindusCon-PR: dúvida é se nova equipe econômica terá autonomia em 2015

Otimismo um pouco mais moderado se vê nos números do SindusCon-PR. O sindicato fez uma sondagem com 316 empresas filiadas, entre as quais 53% disseram que manterão o quadro de funcionários em 2015. Já 11% disseram que pretendem reduzir, enquanto 36% esperam aumentar. Esse percentual caiu em relação a 2014, quando 53% estimavam que contratariam mais mão de obra. Outro dado relevante do levantamento do SindusCon-PR é que 51% das empresas consultadas esperam aumentar a atividade no próximo ano, 42% manter o ritmo de 2014 e 7% diminuir. As que esperam crescer asseguram que investirão em produtividade e novas tecnologias.

Para o presidente do sindicato, José Eugênio Gizzi, o relativo otimismo está relacionado às mudanças de diretrizes econômicas do governo federal, porém, com ressalvas. “A dúvida é se a nova equipe econômica terá autonomia em 2015”, questiona. Vale lembrar que todos os números citados pelos organismos entrevistados tendem a ser oficializados apenas em janeiro, quando saem os números de dezembro 2014 e torna-se possível fechar o balanço dos 12 meses do ano.

Confira o balanço e perspectivas dos SindusCon-SP e SindusCon-PR.

Entrevistados
Engenheiro civil José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP
Engenheiro civil José Eugênio Gizzi, presidente do SindusCon-PR
Abramat e Anamaco (via assessoria de imprensa)

Contatos

abramat@abramat.org.br
presidencia@anamaco.com.br
sindusconsp@sindusconsp.com.br
sinduscon@sindusconpr.com.br

Crédito Fotos: Divulgação/SindusCon-SP

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

BlocoBrasil e ABCIC veem oportunidades na crise

Dois setores diretamente ligados com a industrialização e a melhoria da produtividade na construção civil enxergam possibilidades de crescer em 2015

Por: Altair Santos

As perspectivas para 2015, dentro da cadeia produtiva da construção civil, estão em viés de alta para setores mais diretamente ligados à industrialização e à melhoria da produtividade. São os casos das empresas representadas pela ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) e pela BlocoBrasil (Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto). Segundo avaliações, os dois segmentos têm condições de crescer em ambiente de crise, pois concentram investimentos em tecnologias e se vinculam mais à mão de obra qualificada.

Íria Doniak, presidente-executiva da ABCIC: só industrialização fará construção civil avançar

A constatação de que 2015 tende a ser o ano da industrialização na construção civil se deu no evento anual da ABCIC, quando ocorre a entrega do Prêmio Obra do Ano em Pré-Fabricados de Concreto, onde a economista Ana Maria Castelo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou um balanço do setor em 2014 e projeções para o ano que vem. A especialista avaliou que não será mais possível crescer apenas incorporando mão de obra. “Crescer, a partir de agora, somente através da industrialização na construção, fato que favorece os sistemas construtivos mais modernos, como o pré-fabricado de concreto”, comentou.

Ana Maria, que é coordenadora de projetos da construção da FGV, ressalta, no entanto, que caminhar rumo à industrialização demandará um grande esforço de toda a cadeia. “Empresas, governos e fornecedores precisam atuar conjuntamente com o intuito de melhorar a produtividade”, afirma. Já a presidente-executiva da ABCIC, a engenheira civil Íria Lícia Oliva Doniak, entende que esse é um caminho sem volta. “Sem industrialização não serão atendidas as demandas em obras de infraestrutura e de habitação, das quais tanto o país precisa”, disse, ao discursar no evento.

Maioria otimista

Para mais de 70% dos fabricantes de blocos e pavers de concreto, setor crescerá ou repetirá 2014

Entre os associados da BlocoBrasil, o otimismo está entre aqueles que reestruturaram suas fábricas com novos equipamentos, investiram em aumento da produtividade e em treinamento de mão de obra. Estes somam 49,65%, segundo pesquisa realizada em novembro de 2014. A principal pergunta feita para as empresas era sobre o que esperar de 2015. Diante da conjuntura econômica do país, 50% dos fabricantes filiados à BlocoBrasil afirmaram que esperam manter o nível de atividade alcançado em 2014. Já 22,91% têm uma expectativa positiva e preveem crescimento das atividades entre 10% e 20%.

Os otimistas e moderados somam quase 73% contra 27% que esperam queda nos negócios, entre os quais 14,5% dos empresários estimam redução das atividades em até 30%, pelo menos no primeiro semestre de 2015. Porém, para os que estão confiantes, o impulso ao mercado de blocos de concreto e pavers continuará vindo do setor imobiliário e do programa Minha Casa, Minha Vida – ambos responsáveis, segundo os entrevistados, por 47,91% e 33,33% da absorção dos materiais produzidos. A grande maioria se mostrou pouco confiante na capacidade das obras de infraestrutura de alavancar os negócios em 2015.

Entrevistados
ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) e BlocoBrasil (Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto) (via assessoria de imprensa)
Contatos
abcic@abcic.org.br
blocobrasil@blocobrasil.com.br

Crédito Fotos: Divulgação/ABCIC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Governo trava setor de tratores e outras máquinas

Estimativa era crescer 3%, mas ano termina com queda de 6% em comparação a 2013. Motivo: ministério do Desenvolvimento Agrário paralisou compras

Por: Altair Santos

Considerado um bom balizador sobre o desempenho econômico do país, o setor de equipamentos para a construção civil fecha 2014 com queda de 6% nas vendas, em relação a 2013. Foram 67,7 mil máquinas vendidas contra mais de 72 mil unidades comercializadas no ano anterior. A constatação é do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, elaborado pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração).

Brian Nicholson, consultor da Sobratema: previsão para 2015 é de queda de 5% nas vendas

A explicação para o menor desempenho está no fato de que, a partir do segundo semestre de 2014, o governo federal interrompeu a compra de máquinas, principalmente da linha amarela (terraplenagem e compactação). “No começo de 2014, as projeções eram de que haveria uma queda de 3% na linha amarela, principalmente retroescavadeiras. No entanto, o governo, que vinha adquirindo 62% das máquinas da linha amarela, simplesmente interrompeu as compras, através do ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Isso impactou nas vendas em geral, ainda que alguns segmentos tenham tido desempenho positivo”, explica Brian Nicholson, consultor da Sobratema.

Até meados de 2014, o ministério do Desenvolvimento Agrário mantinha demanda alta na aquisição de máquinas da linha amarela, a fim de repassá-las para municípios com até 50 mil habitantes, fora das principais regiões metropolitanas do país. O objetivo era estimular as prefeituras a promover uma série de obras, incluindo a recuperação de estradas vicinais. Como não há perspectivas de que essas compras sejam retomadas, a Sobratema projeta que, em 2015, a queda no setor de equipamentos para construção seja de 5% em relação a 2014, ainda que estime que o segmento de linha amarela tenha a tendência de se recuperar no segundo semestre. “Tudo vai depender de o índice de confiança do setor da construção civil se recuperar”, avalia Brian Nicholson.

Máquinas da linha amarela, distribuídas a municípios com menos de 50 mil habitantes, pararam de ser compradas pelo governo

Crescimento a partir de 2016
O Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção apresenta projeções para a venda de máquinas até 2019. A partir de 2016, a estimativa é de que o setor tenha uma retomada, dependendo, principalmente, dos investimentos em novas obras, principalmente infraestrutura, bem como o crescimento do setor imobiliário da construção civil. No caso da população de máquinas, aquelas com até 10 anos de uso continuarão a crescer com uma taxa entre 6% e 7% ao ano até 2019. Já para os equipamentos com até 4 anos de uso, a projeção é de que haverá retração até 2016 e retomada em 2017.

Em relação aos setores que utilizam máquinas pesadas, a área de infraestrutura responde pela maior parte dos equipamentos adquiridos em 2014, com 32 mil unidades, seguido pela construção civil, com 25 mil unidades. Os equipamentos com maior percentual de retração em 2014, em comparação com 2013, foram as retroescavadeiras (linha amarela), com uma queda na comercialização de 42,6%, seguida pelos guindastes, com 46,3%, e as plataformas aéreas, com 24,7%.

Entrevistado
Economista e jornalista Brian Nicholson, consultor da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração).
Contato: meccanica@meccanica.com.br

Crédito Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé/Agência Brasil

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330