Bridges 2015 destaca monitoramento de pontes via satélite

Tradicional congresso britânico mostra avanços para medir efeitos dos ventos, das marés e até da rotação do planeta sobre estruturas elevadas

Por: Altair Santos

O congresso internacional Bridges 2015, que aconteceu dia 25 de março de 2015, em Manchester, na Inglaterra, apresentou uma série de inovações em relação à construção e à manutenção de pontes. Entre os trabalhos mostrados por especialistas europeus e norte-americanos, o que mais chama a atenção é o que permite o monitoramento de estruturas elevadas via satélite.

Forth Road Bridge, na Escócia: ponte de 50 anos é a primeira a ser monitorada por satélite

O sistema já é realidade para pelo menos uma ponte: a Forth Bridge Road, na Escócia. Construída há mais de 50 anos, a obra é monitorada pela Agência Espacial Europeia (ESA, da sigla em inglês) desde setembro de 2014. Em parceria com a Universidade de Nottingham, um equipamento chamado GNSS & Earth Observation foi instalado nas estruturas da ponte, que é o principal acesso para quem vem do norte escocês para a capital Edimburgo. São quatro receptores GNSS de alta sensibilidade, e dois anemômetros, que conseguem captar até minúsculos movimentos.

Os sinais são transmitidos para o satélite Copernicus, que capta dados não apenas da ponte, mas também dos efeitos dos ventos, da maré e até da rotação da Terra sobre as estruturas da Forth Bridge Road. “Com base em nossas experiências com o Forth Bridge Road, descobrimos que o monitoramento via satélite é uma poderosa ferramenta para avaliar componentes de grandes estruturas", disse Barry Colford, líder da GeoSHM Xiaolin Meng – empresa líder do consórcio que detém os direitos sobre a tecnologia.

Rumo à China
O pesquisador, que palestrou na Bridge 2015, disse estar impressionado com o potencial do equipamento. "Isso nos permite fechar a ponte em condições climáticas adversas, com base em informações precisas. Por exemplo, eu sabia que a ponte pode mover-se de forma significativa sob alta carga de vento, mas pela primeira vez soube que ela move-se 3,5 metros lateralmente e 1,83 metros verticalmente, sob velocidade do vento de 41 m/s. Assim, temos parâmetros precisos para emitir alarmes de segurança", completa.

Conferência Bridges 2015 atraiu engenheiros especialistas em ponte, vindos de diversos países

O monitoramento da Forth Bridge Road também demoveu o governo escocês de pôr abaixo a velha estrutura e construir outra – mais moderna – em seu lugar. Os dados fornecidos pelo satélite comprovam que a ponte pênsil de 2,5 quilômetros, e com vão livre de 1.006 metros, suporta ainda mais algumas décadas de uso. A estrutura chega a suportar um tráfego de 2,5 milhões de veículos por mês. Durante sua construção, entre 1957 e 1964, ela recebeu 39 mil toneladas de aço e 125 mil m³ de concreto.

Com a comprovada precisão do GNSS & Earth Observation, o próximo passo será levar o sistema para algumas das mais longas pontes chinesas. “Vemos um enorme potencial para a implantação destes recursos espaciais neste tipo de monitoramento de estruturas mistas ou construídas apenas em concreto ou aço”, avalia Beatrice Barresi, engenheira de telecomunicações da ESA, que também falou sobre a tecnologia na Bridges 2015.

 

Entrevistado
Assessoria de imprensa da Bridges 2015 (via e-mail)

Contatos
conferences@hgluk.com
info@forthroadbridge.org

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Rua mais bonita do mundo clama por reurbanização

Gonçalo de Carvalho é considerada “túnel verde” de Porto Alegre, mas ONG luta por calçada com blocos permeáveis de concreto para preservar árvores 

Por: Altair Santos

Há dez anos, o projeto para construir um edifício-garagem na Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre-RS, tornou a rua conhecida mundialmente. Mais do que isso: a fez ganhar o título de “rua mais bonita do mundo”. A obra, que acabou não se concretizando, por conta da pressão dos moradores, iria derrubar árvores do principal “túnel verde” da capital gaúcha. O apelo da comunidade caiu nas redes sociais e o blog catalão Amics arbres (Amigos das árvores) o propagou mundo afora. Foi a senha para que o blog português A Sombra Verde desse à Gonçalo de Carvalho o título de “a rua mais bonita do mundo”.

Rua Gonçalo de Carvalho: referência mundial de rua arborizada, mas carente de modernas intervenções urbanas

Um ano depois, em 2006, a prefeitura de Porto Alegre decretou a rua como patrimônio histórico, cultural, ecológico e ambiental do município. As árvores foram catalogadas e descobriu-se que nove espécies formam o “túnel verde”: tipuana, chuva-de-ouro, cerejeira-do-mato, jacarandá, chal-chal, pitangueira, paineira, ligustro e uva-do-japão. Nasceu também uma ONG (Organização Não-Governamental) - Amigos da Gonçalo de Carvalho -, que reivindica uma atuação mais efetiva do poder público junto à rua. A principal delas, é de que o espaço ganhe uma urbanização adequada.

Segundo o arquiteto Marcelo Ruas, que é o porta-voz da ONG, um dos apelos é que as calçadas sejam adequadas às necessidades das árvores. “Existe a ditadura do calçamento com pedras de basalto, ainda que a legislação aceite blocos de concreto permeáveis. Porém, isso não é incentivado na cidade. É necessário que se adapte o calçamento às necessidades da vegetação”, defende. Através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a prefeitura defende que a calçada e a rua com paralelepípedos ajuda a não impermeabilizar o terreno, contribuindo com a preservação das árvores.

Potencial turístico
Outra reivindicação da ONG é que a prefeitura explore o potencial turístico da Gonçalo de Carvalho. Estima-se que 40% dos que visitam Porto Alegre anualmente passam pelo local, desde que ela foi intitulada a “rua mais bonita do mundo”. “Ela poderia receber cafés e pontos de encontro, mas isso infelizmente não é incentivado. A linha de ônibus turístico, por exemplo, não passa pela rua, apesar de já termos solicitado isso à prefeitura inúmeras vezes”, diz Marcelo Ruas.

Prefeitura de Porto Alegre afirma que análises técnicas estimulam a manutenção do pavimento com pedras de basalto

Mais um apelo é de que o poder público autorize que a iniciativa privada adote as árvores, promovendo a poda, o tratamento contra plantas parasitas e a reurbanização do calçamento. A Gonçalo de Carvalho tem um percurso de 500 metros e fica no bairro Independência, na capital gaúcha. Ainda que paisagistas e arquitetos defendam a reurbanização, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente defende que análises técnicas mostram que o calçamento e o pavimento da rua são compatíveis com as características do solo da região e sua respectiva permeabilidade.

Entrevistados
- Arquiteto Marcelo Ruas, porta voz da ONG Amigos da Gonçalo de Carvalho
- Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre (via assessoria de imprensa)
Contatos
imprensa@smam.prefpoa.com.br
goncalodecarvalho@yahoo.com.br
mruas149@hotmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Placas de concreto pré-fabricadas agilizam conclusão do Rodoanel

Trecho norte da megaobra utiliza 51 mil lajes em seus 44 quilômetros. Tecnologia atende demandas ambientais impostas ao projeto

Por: Altair Santos

O emprego de tecnologias inovadoras já é uma marca registrada do Rodoanel – obra que envolve o entorno da cidade de São Paulo. Foi assim nos trechos sul, leste e oeste, e não é diferente na etapa norte. Prevista para ser inaugurada em 2017, está é considerada a fase mais desafiadora do megraempreendimento. Sua construção envolve restrições ambientais e, por isso, requer a execução de número significativo de obras de arte sem que haja a instalação de grandes canteiros no local. Uma das soluções foi produzir placas pré-fabricadas de concreto armado para compor os tabuleiros das pontes.

Os quatro trechos do Rodoanel que circunda a cidade de São Paulo agregam tecnologias inovadoras da construção civil

Por causa das limitações impostas por licenças ambientais, essa tecnologia está cada vez mais frequente em obras. Também conhecida como pré-lajes para tabuleiros, o sistema conquista projetistas por que otimiza processos. As placas são autoportantes e eliminam o serviço de cimbramento e de madeiramento. Também agilizam a armação e a concretagem, pois os operários podem se locomover sobre elas durante a execução. Além disso, as placas pré-fabricadas podem receber a concretagem complementar diretamente e, em seguida, a pavimentação.

No caso do trecho norte do Rodoanel, cuja extensão é de 44 quilômetros, a empresa M3SP Engenharia industrializou 51 mil peças de pré-lajes. O desafio foi imposto pela contratante - a DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa vinculada ao governo do Estado de São Paulo) -, que exigiu placas com geometrias específicas, o que levou à execução de formas especiais. Cada pré-laje foi confeccionada com 50 centímetros de largura, 7 centímetros de espessura e 2 metros de comprimento. Entre a fábrica e o local da obra, as peças percorreram 70 quilômetros.

Cimento CP V-ARI
Outra característica peculiar das pré-lajes diz respeito aos agregados que as compõem. Eles foram selecionados de acordo com elementos menos propensos a causar reações álcali-agregado e, consequentemente, proteger as placas de patologias do concreto. Para a fabricação das lajes usou-se cimento CP V-ARI. Segundo a M3SP, foram consumidos 43 mil m³ de concreto. “O cimento escolhido tem alta resistência inicial, ideal para a fabricação de elementos pré-moldados em concreto, que exigem rápido manuseio”, disse o corpo técnico da empresa, através de sua assessoria de comunicação.

Para atender a demanda no trecho norte do Rodoanel, a M3SP Engenharia produziu peças de pré-lajes sob medida

Quanto à armação, as placas receberam aço positivo de tração incorporado às peças, com armações treliçadas para estabilizá-las. Também foram fixadas alças para facilitar o içamento através de gruas. “O sistema elimina etapas de escoramento e de armação de grande parte do aço positivo, pois todas essas fases estão incorporadas às pré-lajes. Isso eleva também o compromisso com a sustentabilidade, assumida pela obra, além de minimizar atrasos no cronograma e exigir menos mão de obra no canteiro”, complementa a M3SP.

Entrevistado
Corpo técnico da M3SP Engenharia (via assessoria de comunicação)
Contato: marketing@m3sp.com.br

Créditos Fotos: Edson Lopes Jr./DERSA e Divulgação/M3SP

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Mercado imobiliário investe em venda de estoque

Comprador pode obter até 30% de desconto por esse tipo de unidade, que em tempos de crise se transforma em protagonista nas cidades do país

Por: Altair Santos

Sabe aquelas unidades que sobram em um prédio recentemente construído, e pronto para ser entregue aos proprietários? São elas que o mercado imobiliário chama de estoque. Normalmente, trata-se de apartamentos no nível térreo, próximos da porta de entrada ou da área de lazer; ou então aqueles com pouca insolação ou com defeitos de acabamento. Há ainda os que foram alvo de distrato, quando o primeiro comprador desiste do negócio antes mesmo de tomar posse do imóvel. Antes, eram unidades rejeitadas. Hoje, se transformaram em protagonistas em tempos de crise.

Nos estandes, imóveis em estoque chamam a atenção tanto de quem compra quanto de quem vende

Para vendê-las, construtoras e incorporadoras estão dispostas a dar até 30% de desconto. Isso torna esse tipo de negócio bom para quem busca um imóvel para morar e para quem pretende investir. “Se bem escolhido, pode ser um ótimo negócio para todas as pontas do mercado. O investidor tende a garantir uma liquidez maior, dependendo da localização e do que há no entorno do empreendimento”, explica Rogério Santos, diretor da RealtON – empresa com expertise em outlet de imóveis em estoque. O especialista ressalta ainda que essa é uma tendência verificada principalmente nas capitais brasileiras. São Paulo, por exemplo, fechou 2014 com 27 mil unidades em estoque.

Diferentemente do que ocorreu entre 2009 e 2013, durante os anos em que mais se vendeu imóveis no Brasil, os prédios prontos passaram a ter mais unidades em estoque. Isso, de acordo com Rogério Santos, é bom por que permite ao comprador ver fisicamente o que está em negociação. “O estoque que temos hoje conta com um número maior de imóveis prontos, já entregues. Assim, o comprador pode visitar a unidade, verificar acabamento e outros itens. Também permite ter maior poder para negociar valores e formas de pagamento”, afirma, lembrando que o comprador de imóvel em estoque não costuma comprar por impulso.

Cuidados na compra
Normalmente, o que seduz esse consumidor é o preço. Porém, Rogério Santos alerta que é preciso estar atento aos mitos que envolvem os imóveis em estoque para não realizar maus negócios. “Descontos muito acima da média devem ser vistos com desconfiança pelo consumidor”, garante. Entre os principais cuidados que se deve ter ao comprar um imóvel em estoque, o especialista destaca três: desconfiar de descontos impossíveis; visitar a unidade, se o imóvel estiver pronto, e verificar a documentação para saber se há impedimentos quanto à escritura definitiva.

Rogério Santos: consumidor de imóvel em estoque não compra por impulso

Com a demanda maior por apartamentos compactos - entre um e dois quartos -, os imóveis com três quartos também passaram a entrar em estoque. Pelo menos essa é uma tendência que se verifica em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o número de compradores que moram sozinhos os faz descartar empreendimentos com muitos cômodos. “Cada empreendimento tem, pela sua conjuntura, um tipo de imóvel que desperta menor interesse. Hoje, os de três quartos estão neste grupo”, avalia Rogério Santos, convicto de que esse será o ano do imóvel em estoque. “Arriscaria dizer que este é um dos momentos mais propícios para o consumidor. Quem tiver recursos para uma boa entrada fará excelentes negócios”, finaliza.

Entrevistado
Rogério Santos, CEO da RealtON. Graduado em marketing, é especialista em venda de imóveis em ponta de estoque

 

Contatos
contato@realton.com.br
www.realton.com.br

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sistemas construtivos sustentáveis viram estrelas na FEICON

Abramat estimula uso de componentes pré-fabricados, a fim de que obras ganhem velocidade e ajudem o setor a cumprir metas de produtividade

Por: Altair Santos

Construções a seco, canteiro de obras enxuto, aumento de produtividade e o conceito “faça você mesmo” levaram a Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) e a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) a concentrar esforços em torno de sistemas construtivos industrializados na recente edição da FEICON BATIMAT- Salão Internacional da Construção.

Walter Cover, presidente da Abramat: feira procurou aprofundar conhecimento técnico sobre produtos pré-fabricados

O evento, que de 10 a 14 de março de 2015 atraiu 118 mil pessoas e gerou R$ 600 milhões em negócios, contou até com um espaço exclusivo para mostrar as novidades do segmento: a Ilha da Industrialização na Construção. “Por um lado, quisemos romper uma barreira cultural que existe no Brasil contra os sistemas construtivos industrializados. Isso começa na própria tributação que recai sobre esse modelo. Além disso, o momento é uma oportunidade para o país subir um degrau e acelerar a construção de casas populares”, diz Walter Cover, presidente da Abramat.

O dirigente avalia que só com a ajuda da construção industrializada será possível duplicar a produção anual do Minha Casa, Minha Vida – hoje em torno de 450 mil unidades por ano. “Para que o país enfrente mesmo o déficit habitacional, o MCMV precisa pelo menos dobrar sua produção. E esses sistemas se encaixam nesta meta. Outra questão que nos faz incentivar a industrialização é a sustentabilidade. Os pré-fabricados de concreto, aço, madeira e gesso geram baixíssimos níveis de resíduos no canteiro de obras e também economizam no consumo de água”, afirma Cover.

Ano das reformas
O presidente da Abramat ressaltou que o avanço tecnológico dos produtos industrializados já permite, em alguns casos, construções muito melhores do que as de alvenaria – sistema convencional que predomina no Brasil. “As paredes externas em concreto pré-fabricado e as paredes internas em drywall possibilitam obras muito mais rápidas”, garante, lembrando ainda que a questão da acessibilidade também incentiva trabalhar com produtos pré-fabricados. “Eles podem ser de grande valia em calçadas e em banheiros”, completa.

Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco: expectativa é de que busca por baixo consumo de água e de
energia estimule reformas e faça setor crescer em 2015

Endossando o comentário de Walter Cover, o presidente da Anamaco, Cláudio Elias Conz, cita que o conceito do “faça você mesmo” também compartilha da industrialização. “Nestes tempos de estresse econômico, as pessoas podem querer elas mesmas promover a reforma da casa. Para isso, já existem itens que saem prontos do fabricante para serem instalados. Eles vão desde argamassas prontas até elementos de acabamento”, reforça.

Cláudio Conz destaca ainda que o setor de comerciantes de material de construção espera fechar o 1º trimestre com crescimento de 3% em relação ao mesmo período de 2014. Segundo ele, a crise hídrica e o aumento do custo da energia elétrica são as alavancas para essa previsão. “Tem havido muitas reformas em fiações e em pontos elétricos nas casas, assim como a revisão de encanamentos e a troca ou a incorporação de novas caixas d’água. E uma reforma, quando começa, sempre chama outras reformas. Acredito que as reformas é que vão impulsionar nosso setor em 2015”, ressalta.

 

Entrevistados
- Walter Cover, Engenheiro agrônomo, Ph.D em economia agrícola e presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
- Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)
Contatos
abramat@abramat.org.br
presidencia@anamaco.com.br

Créditos Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Energia solar torna-se parceira da cura do concreto

Procedimento levado das universidades para o mercado procura garantir mais sustentabilidade à fabricação de artefatos à base de cimento

Por: Altair Santos

Pelo menos três universidades brasileiras se dedicam a estudos que procuram consolidar tecnologias que associem o uso de energia solar à cura do concreto. A pioneira foi a UFRGS, no Rio Grande do Sul, seguida do Centro de Tecnologia SENAI Ambiental, no Rio de Janeiro-RJ, e da Universidade de Federal de Goiás (UFG), em Goiânia-GO.

Nos EUA, parceria entre tecnologia da energia solar e construção civil industrializada já é realidade

A pesquisa no departamento de engenharia civil da universidade gaúcha teve como coordenador o engenheiro José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard. Ocorreu no começo da década passada e se inspirou no sistema dos radiadores dos veículos automotores. Os painéis solares alimentam uma bomba hidráulica e transferem calor para a água que circula por tubos de cobre. O líquido é levado a uma câmara, onde as peças de concreto são curadas.

Conforme a água contida na câmara evapora, novas remessas de líquido aquecido chegam ao local de cura dos artefatos. O processo de cura solar se aproxima da técnica conhecida como cura a vapor. “O modelo solar desenvolvido foi baseado nas definições e princípios da cura a vapor”, admite José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard.

Na cura solar, no entanto, o sistema depende de dias ensolarados. “O experimento simula a utilização para dias típicos de verão e dias típicos de inverno. No caso de condições climáticas não favoráveis, ele pode fazer o aporte de outro tipo de energia, como a elétrica”, diz o engenheiro.

Tecnologia em desenvolvimento
No Rio Grande do Sul não houve aplicabilidade prática da cura solar, pois o invento não despertou o interesse do mercado local que fabrica artefatos de concreto. No entanto, no Rio de Janeiro, o Centro de Tecnologia SENAI Ambiental, em parceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), conseguiu levar a tecnologia a sete empresas. Entre 2011 e 2012 - período em que foi testada -, a cura solar obteve êxito. Principalmente ao conquistar um ganho de 6 horas em relação aos processos convencionais de cura.

José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard: pioneiro ao pesquisar a cura solar no Brasil

Além disso, evoluiu em relação ao projeto desenvolvido na UFRGS. O experimento fluminense utiliza água da chuva e em períodos de baixa insolação se mantém ativo usando gás natural como combustível. Porém, um dos desafios da tecnologia, que ainda segue em desenvolvimento, é conseguir manter a água que entra na câmara de cura a 60°C, já que, acima desta temperatura, constatou-se que os blocos de concreto perdem resistência e apresentam microfissuras.

É este avanço que está se tentando também na Universidade Federal de Goiás. Além disso, na UFG, os pesquisadores buscam desenvolver um sistema que armazene a energia solar, fazendo que o equipamento não dependa de outras fontes, como energia elétrica e combustível fóssil, em dias em que não haja insolação para abastecer os painéis.

Essa tecnologia já opera fora do país. Nos Estados Unidos, por exemplo, a energia solar é usada, durante o inverno, para ajudar na cura de grandes peças pré-fabricadas de concreto. O mesmo ocorre na Alemanha – nação que tem batido recordes mundiais de produção de energia solar. Atualmente, durante o verão, o sistema alemão consegue produzir diariamente até 22 gigawatts de eletricidade usando apenas a luz do sol.

Confira os estudos desenvolvidos na UFRGS e no Centro de Tecnologia SENAI Ambiental
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2118/000314558.pdf?sequence=1
http://www.advancesincleanerproduction.net/fourth/files/sessoes/4B/2/oestreich_et_al_report.pdf

Entrevistados
- José Luís Rodrigues de Freitas Iserhard, engenheiro civil, com mestrado e doutorado, e professor da UFRGS
- Centro de Tecnologia SENAI Ambiental (via assessoria de imprensa)

Contatos
jl_iserhard@hotmail.com
cts.ambiental@firjan.org.br

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Novo concreto tende a tornar pontes imunes a patologias

Inovação desenvolvida na Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos EUA, dá resistência à prova d’água e durabilidade superior a 100 anos ao material

Por: Altair Santos

Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Milwaukee (UWM) desenvolveram um concreto de alto desempenho que possui característica de resistência à água superior a outros materiais. O estudo conseguiu alterar o nível molecular do concreto, agregando compostos impermeáveis, como fibras polivinílicas e aditivos. Com isso, criou-se uma superfície microscópica pontiaguda que, quando em contato com a água a faz rolar para fora da placa de concreto, em vez de acomodá-la em cavidades e, posteriormente, ser absorvida pelo concreto.

Pesquisador Konstantin Sobolev (dir.) e estudante de doutorado Scott Muzenski, ambos da UWM, testam placa do concreto que repele água

Chamado de Compósito Cimentício Super-hidrofóbico (SECC, na sigla em inglês) o material da pesquisa ainda passa por testes. Uma laje do concreto foi instalada em uma estrada interna da UWM e, abaixo dela, foram incorporados eletrodos que estão ligados a um sistema de captura de dados sobre o comportamento da placa. "Isso vai nos dizer se a água está entrando no material e a qual profundidade ela vai. Os sensores também podem detectar íons de cloreto no interior do material, responsável por boa parte das patologias que afetam o concreto”, diz Scott Muzenski, precursor da pesquisa.

Muzenski ainda era estudante de pós-graduação de engenharia civil quando uma trinca na estrada de concreto dentro da Universidade de Wisconsin-Milwaukee o estimulou a iniciar a pesquisa. O objetivo era encontrar um material impermeável, que impedisse a penetração da água e reduzisse parcial ou completamente o risco de patologias. Dez anos depois, a tese de Scott Muzenski – que hoje finaliza seu doutorado na UWM - materializou-se pelas mãos do professor Konstantin Sobolev. “Dados preliminares apontam que desenvolvemos um concreto capaz de durar até 120 anos sem precisar de reparos”, avalia Sobolev.

Ideal para pontes e viadutos
Para comparar, a vida útil das estradas de concreto em Wisconsin está entre 40 anos e 50 anos. Já os tabuleiros das pontes de concreto armado necessitam de reposição depois de 30 anos. Esses períodos são específicos para uma região com inverno rigoroso e onde as placas de concreto são submetidas constantemente a ciclos de congelamento e descongelamento. Por isso, o SECC desenvolvido na UWM tem uma ductilidade maior que o concreto convencional, o que permite que ele resista mais a dilatações e a contrações. Isso, segundo Sobolev, recomenda que o material possa vir a ser aplicado em construções de cabeceiras de pontes. "A ponte e a estrada não são projetadas para trabalhar em conjunto. É necessário algo entre elas que trabalhe esse estresse entre os materiais”, afirma.

Laje com o concreto desenvolvido na UWM é testada durante inverno rigoroso para que se verifique suas reações ao frio extremo

O professor da UWM avalia ainda que o material possa vir a ser usado na construção de estradas de concreto e em obras de usinas nucleares. “Com a tecnologia de monitoramento deste tipo de concreto será possível detectar vazamentos e atuar de forma mais eficaz na recuperação das usinas danificadas”, diz. O pesquisador também afirma que o custo do SECC – na fase de pesquisa sua produção requer desembolso 12 vezes maior por metro cúbico, em comparação ao concreto convencional – pode ser compensado pela redução de gastos com manutenção e reparos.

Veja vídeo com o experimento do concreto impermeável
https://youtu.be/5vvOKCyYQM8

 

 

 

Entrevistado
Konstantin Sobolev, engenheiro civil, Ph.D em estruturas de concreto e professor do departamento de engenharia civil e mecânica da Universidade de Wisconsin-Milwaukee
Contato: sobolev@uwm.edu

Créditos Fotos: Troye Fox/UWM

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Fachadas ventiladas vão além da função estética

Norma de Desempenho impulsiona sistema construtivo vinculado a construções industrializadas e faz grandes grupos investirem em tecnologias

Por: Altair Santos

Criadas nos países da Escandinávia, nos anos 1940, as fachadas ventiladas surgiram para cumprir desempenho térmico. O objetivo era conter os ventos gelados do rigoroso inverno sueco, dinamarquês e norueguês. Nos anos 1980, os ingleses lhes deram função estética e incorporaram também qualidade acústica. No Reino Unido, as fachadas ventiladas agregaram novos conceitos e fizeram dos britânicos os maiores exportadores desta tecnologia construtiva. Parte desta evolução pode ser vista na 13ª edição da Expo Revestir, realizada na primeira semana de março de 2015, na cidade de São Paulo, durante a palestra do arquiteto Brian G. Newell.

Brian G. Newell: Brasil começa a acompanhar as tendências internacionais

Criador de inovações, o especialista surpreendeu-se com os mais recentes projetos de fachadas ventiladas executados no Brasil. “Pelos cases apresentados no evento, percebo que engenheiros, projetistas e arquitetos brasileiros estão acompanhando as tendências internacionais. Também agradou as tecnologias desenvolvidas no país”, disse Brian G. Newell. O que impulsiona o uso deste sistema, principalmente em edifícios corporativos recentemente construídos, é a Norma de Desempenho. Os procedimentos da ABNT NBR 15575 - Edificações Habitacionais – Desempenho -, adequados às fachadas ventiladas tornaram exemplares construções como o shopping JK Iguatemi e o Edifício Odebrecht, ambos na cidade de São Paulo, assim como o prédio central do Sesc, em Goiânia-GO.

Em comum, essas edificações investiram em construções industrializadas do concreto ou em elementos mistos (concreto e aço ou aço e alvenaria). As obras, que foram executadas entre 2012 e 2013, também buscaram o selo de “prédio verde”. Por isso, além de requinte, as fachadas precisaram assegurar sustentabilidade aos empreendimentos. Para atingir os níveis exigidos, tanto o Edifício Odebrechet quanto o shopping JK Iguatemi apostaram em elementos de vitrocerâmica, os quais usam placas de crystalato importadas do Japão pela Eliane. “A vantagem deste material em relação ao vidro é que ele tem baixíssima absorção de água, não altera a cor por causa de raios UV (ultravioleta) e resiste a pichações”, explica Karina Campos, gerente da Eliane Técnica.

Insertada não é ventilada
Outra empresa que tem atuado na fabricação de produtos para fachadas ventiladas é a Portobello. Desde 2013, Luiz Henrique Manetti gerencia a Portobello Técnica, a qual atua em parceria com a espanhola Favenk. “Quando decidimos criar a Portobello Técnica, já vínhamos de doze anos de desenvolvimento de elementos específicos para atender o mercado nacional de fachadas ventiladas. Considero que, antes dos cases citados neste fórum, 80% das fachadas que se dizem fachadas ventiladas no Brasil são, na verdade, fachadas insertadas, ou seja, fixadas diretamente na alvenaria. Isso traz problemas de desnivelamento, qualidade e segurança. Há muitos relatos de fachadas insertadas caindo semanalmente no país”, relata Manetti.

A Portobello Técnica atuou na fachada do prédio do Sesc, em Goiânia. Para Luiz Henrique Manetti, há um imenso mercado a ser conquistado no Brasil no que se refere a aliar fachadas ventiladas a construções industrializadas. O engenheiro, que é um dos integrantes da ABNT/CB-2 - comitê responsável pela elaboração da Norma de Desempenho -, avalia que a NBR 15575 tende a promover o crescimento deste tipo de sistema construtivo no país, mas ainda há obstáculos a serem superados. Entre eles, a falta de normas específicas para fachadas ventiladas e a pouca nacionalização de componentes. Mesmo assim, o vice-presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, estima que as crises hídricas e energéticas também servirão de estímulo ao avanço das fachadas ventiladas no Brasil. “Além de combinar funções estéticas com bom desempenho, elas contribuem para reduzir cargas de condicionamento de ar, um fator importante a ser levado em consideração em tempos de crise hídrica e energética”, finaliza.

Entrevistados
- Engenheiro civil Luiz Henrique Manetti, gerente da Portobello Técnica
- Engenheira civil Karina Campos, gerente da Eliane Técnica
Arquiteto Brian G. Newell, fundador e CEO da Shackerley e membro do British Standards Institute B539 Committee
Contatos
info@exporevestir.com.br
http://www.eliane.com/engenharia
http://www.portobello.com.br/contactForm
http://www.shackerley.com/contact-technical.asp

Créditos Fotos: Divulgação e Divulgação/Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sistema de paredes de concreto chega ao 20º andar

Método construtivo, aplicado na cidade de Barueri-SP, é utilizado pela primeira vez no Brasil para erguer torres com mais de dez pavimentos

Por: Altair Santos

Consagrado em obras do Minha Casa Minha Vida, para edifícios com até cinco pavimentos, o sistema construtivo de paredes de concreto é usado pela primeira vez no país para erguer torres com mais de dez andares. A iniciativa está a cargo da RICAM Incorporações e Empreendimentos Imobiliários, que em Barueri, na região metropolitana da cidade de São Paulo, constrói dois prédios – um com 20 e outro com 17 pavimentos.

Tecnologia de paredes de concreto gerou ganho de seis meses no cronograma da obra

O cronograma apertado e a racionalização do canteiro de obras é que levou a construtora a adotar esse modelo. “Entre as variáveis, pesaram rapidez de execução; diminuição do efetivo de funcionários; intenção da empresa em aprimorar e repetir as mesmas tipologias de plantas dos pavimentos; supressão de etapas consecutivas à estrutura, como revestimentos internos e externos, e diminuição de consumo de água na obra e também da quantidade de entulhos”, explica o engenheiro civil Paulo Cezar de Oliveira Marra, gerente de obras da construtora.

Para executar a obra, foram necessários superar desafios e contar com o apoio técnico da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). “Tivemos a ajuda da ABCP, através workshops e cursos sobre o tema paredes de concreto. Hoje, nosso empreendimento virou case e já foi visitado por cerca de 40 empresas da região de Recife e Belo Horizonte”, revela Paulo Marra, relacionando os principais obstáculos no canteiro de obras:

- Contratar mão de obra especializada para executar e fiscalizar a implementação do sistema construtivo.
- Desenvolvimento de um traço específico para o concreto.
- Criar interface para que o sistema recebesse paredes de dry wall, caixilhos de alumínio e instalações elétrica e hidráulica.

Concreto autoadensável
De acordo com o gerente de obras da RICAM, a solução para a mão de obra foi contratar empresas terceirizadas especializadas em atuar com o sistema construtivo de paredes de concreto. Quanto ao concreto, chegou-se a um consumo de 6.700 m³, utilizando material autoadensável e com resistência variando entre 30 MPa e 40 MPa. “Com as soluções encontradas, ganhamos aproximadamente seis meses no cronograma de obras, em relação à alvenaria convencional”, diz Paulo Marra.

Prédio Vista Bella: consumo de 6.700 m³ de concreto autoadensável

Para viabilizar as torres do Vista Bella Residencial Club, a construtora utilizou formas de alumínio que não possuem nem rebites nem emendas na face que faz contato com o concreto. Além disso, elas eram mais leves que as formas convencionais - pesando menos de 18 kg/m² -, e já vinham com vãos para janelas e portas. A tecnologia permitiu executar, em média, um pavimento a cada quatro dias.

Outra característica do empreendimento é que ele utiliza um sistema misto, entre autoportante e com pilares e

estacas. “Nosso projeto é interpretado de forma autoportante, mas existem vários pontos da estrutura onde a armação é mais densa, por meio de armadura dupla, o que a deixa parecido com uma região de pilar”, relata Paulo Marra.

Com 294 apartamentos, todos com área útil de 53 e 55 m2 e dois dormitórios, as torres erguidas através do sistema de paredes de concreto serão concluídas no primeiro semestre de 2015.

Torres com 20 e 17 pavimentos transformaram-se em case para workshops da ABCP

Entrevistado
Engenheiro civil Paulo Cezar de Oliveira Marra, gerente de obras da RICAM Incorporações e Empreendimentos Imobiliários
Contato: paulomarra@ricam.com

Créditos Fotos: Divulgação/RICAM

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Até 2022, Brasil precisa de R$ 4,5 trilhões em obras

Demandas do país para os próximos sete anos foram elencadas no Construbusiness 2015. O fórum também realizou balanço do setor entre 2007 e 2014

Por: Altair Santos

Em sua 11ª edição, o Construbusiness fez um aceno para os governos, principalmente o federal, de que a retomada do crescimento passa, impreterivelmente, pela manutenção de estímulos à cadeia produtiva da construção civil. No relatório do fórum, intitulado de “Antecipando o Futuro”, o Departamento da Indústria da Construção (Deconcic), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostrou uma projeção de quanto o país precisa investir, até 2022, para manter programas como Minha Casa Minha Vida e PAC, além de implementar novos empreendimentos. Pelos dados do organismo, nos próximos sete anos será necessário um desembolso de R$ 4,5 trilhões, além de um novo modelo de gestão de obras públicas.

Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic: caminhos para que a cadeia da construção civil tenha crescimento sustentável até 2022

Segundo Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic, tanto a nível federal, quanto estadual e municipal, os empreendimentos vinculados à construção civil precisam estar centrados em quatro eixos: gestão, tributação, financiamento e cadeia produtiva. “Só com esses quatro pilares teremos um setor mais competitivo e inovador, e pronto para garantir um fluxo contínuo de obras. Por isso, é necessário planejamento, investimento, previsibilidade e respeito ao meio ambiente. Essas são ações urgentes, que envolvem os governos federal, estaduais e municipais, a fim de que a construção civil brasileira consiga manter o que a move, que é obra rodando”, diz Auricchio.

O diretor do Deconcic elencou os setores em que o país precisa de obras: transporte e logística, saneamento, mobilidade urbana, telecomunicações, energia e habitação. “Com investimentos nestas áreas, a construção civil fará sua parte na economia brasileira, que é participar com 9,8% no PIB nacional, empregar 13% da força de trabalho do país e devolver, para cada real aplicado, R$ 1,38 aos cofres públicos”, afirma, alertando que o ciclo virtuoso iniciado em 2007 se encerrou. “Para iniciarmos um novo ciclo, é preciso antecipar o futuro. Para isso, temos que aproveitar as boas experiências e aprimorar os projetos que deram certo”, completa Carlos Eduardo Auricchio.

 

Paulo Skaf, presidente da Fiesp e da Ciesp: não serão com mais impostos que se farão bem ao Brasil

Agenda positiva
O dirigente aproveitou o Construbusiness para fazer um balanço do setor entre 2007 e 2014. “Neste período, a construção civil aumentou em mais de 20% sua participação no PIB nacional, indo de 7,7% para 9,6%. Saiu de quatro milhões de carteiras assinadas para seis milhões. A média de remuneração no setor foi 11% maior que outros segmentos da economia, o que contribuiu para importantes conquistas sociais. Além disso, ajudou a modernizar os sistemas de financiamento. Em 2007, o setor habitacional era 85% dependente de recursos do FGTS e da poupança. Hoje, a diversificação dos fundos fez esse percentual cair para 49%”, assegura, pintando, no entanto, um cenário diferente para 2015.

De acordo com Carlos Eduardo Auricchio, o setor vive um momento de “crise de confiança” e de “desemprego”. “Construtoras e incorporadoras já fecharam 175 mil vagas. A indústria de materiais de construção eliminou 152 mil empregos e escritórios de engenharia e arquitetura perderam 13 mil postos de trabalho. Temos um portentoso acúmulo de capacidade indutora de crescimento, e precisamos retomar isso”, discursa o diretor do Deconcic, reforçado pelo presidente da Fiesp e da Ciesp, Paulo Skaf. “Não aceitamos que empresas da construção sejam mais oneradas do que já são. Não se pode matar a galinha dos ovos de ouro. Não será com mais impostos que se fará bem ao Brasil”, garante, defendendo que se crie uma agenda positiva para o setor, a partir dos dados apresentados no Construbusiness.

Entrevistados
- Carlos Eduardo Auricchio, diretor do Deconcic (Departamento da Indústria da Construção) da Fiesp
- Paulo Skaf, presidente da Federação e da Confederação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp)
Contato: deconcic@fiesp.com

Créditos Fotos: Divulgação/Fiesp e Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330