Informalidade na construção custa R$ 1,8 bi por ano

Valor engloba mão de obra sem carteira assinada, materiais sem nota fiscal, sonegação tributária e obras sem alvará, alertam organismos ligados ao setor

Por: Altair Santos

A informalidade é um dos principais desafios dos setores produtivos, em todo o Brasil. Para driblar esse gargalo, a indústria da construção civil desenvolve uma série de ações. No Paraná, foi constituído há 14 anos o Comitê de Incentivo à Formalidade - uma ação do SindusCon-PR, em parceria com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e outros 20 organismos ligados direta ou indiretamente ao setor. A boa iniciativa se propaga por outros sete estados e já ajudou a regularizar a situação de 500 mil trabalhadores.

Reunião do Comitê de Incentivo à Formalidade: no Brasil, pode haver 3 milhões de trabalhadores atuando sem registro na construção civil

Mas ainda há muito trabalho a ser feito. Para o coordenador do comitê paranaense, e vice-presidente do Sinduscon-PR, Euclésio Finatti, a informalidade deve envolver atualmente, no país, 3 milhões de trabalhadores. Mas ela não está apenas na regularização da mão de obra, ramificando-se por outras vertentes da atividade empresarial, como compra de materiais sem nota fiscal, sonegação tributária, obras sem alvará e a ausência de segurança do trabalho. Somente no que se refere aos trabalhadores na informalidade, o Brasil deixa de arrecadar anualmente R$ 1,8 bilhão.

A carga tributária é responsabilizada por esse quadro. O comitê usa o exemplo da construção de uma casa popular do programa Minha Casa Minha Vida para demonstrar o “custo Brasil”. Do valor total pago para viabilizar a obra, 45% são convertidos em impostos e contribuições sociais. Isso resulta em um círculo vicioso, que afeta desde a qualidade do empreendimento até a saúde e a segurança do trabalho, influenciando nos índices de sonegação e de acidentes. “Por isso, o Comitê de Incentivo à Formalidade age para diminuir a precarização do trabalho na construção civil”, ressalta o presidente do SindusCon-PR, José Eugenio Gizzi.

Paraná é modelo
Desde o período em que o comitê está em atuação, a informalidade no Paraná caiu de 55% para 39%. Em Curitiba, os números são ainda melhores: de 45% para 25%. “Nós não podemos afirmar categoricamente que se trata de uma ação exclusiva do comitê. Mas uma atuação forte do programa em todo o Paraná, durante esses 14 anos, contribuiu para que a realidade melhorasse, ou seja, o nosso trabalho formiguinha colaborou para estimular a formalização”, reforça Euclésio Finatti.

Além do planejamento periódico de ações, o Comitê de Incentivo à Formalidade atua com visitas técnicas por meio de um representante do CREA-PR, um do SindusCon-PR e um dos trabalhadores, que vão até as obras para orientar quanto à saúde, segurança do trabalho e para exigir um responsável técnico na obra. “A ação propaga a conscientização e a necessidade de mudanças”, afirma Finatti.

Com apoio governamental, o comitê estima que conseguiria formalizar anualmente cerca de 22 mil trabalhadores por ano no Paraná, aumentando a arrecadação estadual em aproximadamente R$ 75 milhões.

Entrevistado
Comitê de Incentivo à Formalidade, durante palestra concedida dia 6 de abril na sede da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná)
Contato: imprensa@sindusconpr.com.br

Crédito Foto: Divulgação/Fiep

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Norma das reformas faz um ano, mas enfrenta descaso

Para organismos envolvidos com a ABNT NBR 16280, como a AsBEA, a falta de divulgação impede que ela se popularize e chegue aos condomínios

Por: Altair Santos

Dia 18 de abril de 2014 entrou em vigor a ABNT NBR 16280 - Reformas em edificações. A norma técnica define procedimentos para que o proprietário viabilize obras em seu imóvel, assim como estabelece limites para intervenções nas áreas externas de um edifício sob o regime de condomínio. Entre as diretrizes, a NBR 16280 vincula-se ao Código Civil Brasileiro para responsabilizar civil e criminalmente, síndico e proprietário, caso a reforma cause danos ao prédio.

Keiro Yamawaki, presidente da AsBEA-PR: escritórios de arquitetura esperavam maior volume de projetos com a ABNT NBR 16.280

Mesmo carregada de relevância, a norma técnica completa um ano enfrentando descaso. Principalmente, por causa da desinformação de síndicos, administradoras de condomínios e proprietários sobre os riscos a que estão sujeitas reformas sem assessoria técnica. Mal realizadas, elas podem danificar estruturas, trazer problemas hidráulicos, gerar sobrecarga elétrica, comprometer a impermeabilização e afetar a termoacústica das edificações. “Por isso, o pleno acompanhamento de um arquiteto ou de um engenheiro civil evita riscos à obra”, explica Keiro Yamawaki, presidente da AsBEA-PR.

Arquiteto e urbanista, Yamawaki entende que o problema da ABNT NBR 16280 é de comunicação. “Neste primeiro ano, observo que a norma ainda não pegou completamente. Na AsBEA, entendemos que ela deve ser mais divulgada e vista como um avanço para o cidadão comum. Hoje, ela só é lembrada quando acontecem fatalidades, ainda que o número de síndicos que tomam conhecimento da norma aumente significativamente”, destaca.

Por conta da indiferença à norma, as projeções feitas por arquitetos e engenheiros que atuam com reformas de imóveis não se confirmou. “A entrada em vigor da norma nos fez criar a expectativa de que haveria um aumento mais acentuado de consultorias e contratações de projetos, mas isso ainda não se confirmou”, avalia o presidente da AsBEA-PR.

Cinco passos básicos

Norma das reformas exige contratação de mão de obra especializada e acompanhamento técnico

A norma das reformas não interfere em obras que não representem risco à segurança do prédio, como pinturas, por exemplo. No entanto, orienta que o síndico esteja à par de qualquer procedimento, por mais simples que ele seja. Já as seguintes intervenções precisam seguir trâmites técnicos. A saber:

1) Alterações que afetem estruturas e paredes de vedação deverão possuir um responsável técnico (engenheiro civil ou arquiteto) e a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT). Caso contrário, qualquer cidadão que se sinta prejudicado pela obra pode requerer o embargo através de denúncia ao CREA e ao CAU.

2) O síndico deve ser comunicado antecipadamente sobre a obra e submetê-la à análise de um responsável técnico de confiança do condomínio. Dependendo do parecer, ele poderá autorizá-la ou rejeitá-la.

3) A reforma precisa que seu cronograma seja comunicado ao condomínio e não poderá ferir o regulamento do condomínio, como horários para obras, lei do silêncio, etc.

4) O síndico deve também controlar a entrada de materiais de construção e mão de obra especializada no local da obra.

5) Todos os documentos ligados à reforma devem ser arquivados pelo condomínio.

Entrevistado
Arquiteto e urbanista Keiro Yamawaki, presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) na gestão 2014-2016
Contato: asbea@asbea-pr.org.br

Créditos Fotos: Divulgação/AsBEA-PR e Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

E-commerce: mercado da construção está pronto para ele?

Segundo especialista, setor precisa se preparar para atender as próximas gerações, cujo hábito de consumo estará calcado na internet

Por: Altair Santos

Em 2014, o comércio eletrônico obteve crescimento de 21% em comparação a 2013. De acordo com dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), são 63 milhões de brasileiros que utilizam a internet para comprar eletrodomésticos, vestuários, calçados e perfumaria. Na construção civil, no entanto, o e-commerce engatinha. Mesmo na área de varejo, as redes que vendem material de construção não abrem mão da venda física. Por quê? A alegação é que a especificidade dos produtos limita a venda on-line. Há analistas, no entanto, que veem certo conservadorismo no setor ou que o próprio mercado ainda não está pronto para o e-commerce. Essa e outras teses são analisadas pelo especialista em marketing digital e e-commerce, Márcio Eugênio. Confira a entrevista:

Márcio Eugênio: frete é um grande desafio para o e-commerce na construção civil

O comércio digital só faz crescer. No entanto, a construção civil parece alheia a isso e praticamente não adere ao e-commerce. Há uma explicação para isso?
Existe uma explicação. Primeiro, são os hábitos de consumo. Muitas pessoas têm o hábito de ver os produtos, de ir até o local para analisar o produto e comprar. Segundo, que muitos dos produtos da área da construção civil têm a questão do frete que, dependendo do tamanho e do volume, inviabiliza a questão de atendimento para todo o território nacional. O frete é um grande desafio para toda a construção civil.

Mesmo grandes redes de varejo da construção civil, apesar de detalharem seus produtos em seus sites, preferem a venda física. Será que material de construção não tem comprador na web?
Acredito que tenha, mas é preciso trabalhar melhor a questão de hábitos de consumo. O público atual está acostumado a ir até o local para comprar os produtos, mas acho que conforme as próximas gerações forem entrando no mercado, forem ficando mais maduras, elas tendem a utilizar, junto aos materiais de construção, os mesmos hábitos que têm hoje para consumir outros produtos. Os varejistas do setor precisam estar alinhados e preparados para essa mudança.

O conservadorismo do setor pesa na hora de o e-commerce ser incorporado ao negócio?
Sim, pesa porque muitas vezes o pessoal desta área está acostumado a fazer negócio de um jeito tradicional. Isso ainda não é um grande problema para eles, por que a maioria dos consumidores deste tipo de material ainda é conservadora. Então, há tempo para aprender, se adaptar e para um novo tipo de público que virá.

A especificidade dos produtos que a construção civil vende atrapalha para que sejam negociados via e-commerce?
Bem pelo contrário, facilita. É muito mais fácil ter uma especificação de um produto e localizá-lo pelo sistema eletrônico, através de um Google ou através de uma busca dentro de um site, do que você ter que sair numa loja física com milhares de produtos e tentar localizá-lo. Então, para as pessoas que têm o hábito de consumo, mas não gostam de fazer compra no varejo, a especificação através da internet facilita o consumo.

O senhor sabe se essa restrição da construção civil ao e-commerce é uma característica do mercado brasileiro ou fora do país também é assim?
Fora do Brasil existem redes de varejo que tem uma atuação muito forte na internet. Eu vi uma campanha de uma rede americana, voltada para donos de casas no estilo colonial, que mostrava produtos da loja virtual apenas para quem utiliza esse tipo de construção. Era uma campanha em vídeo, extremamente interativa e muito mais envolvente que um e-mail com promoções tipo “Tá barato!”, “Quer comprar?”. Esse tipo de segmentação funciona muito bem para produtos relacionados à construção civil.

A tendência é a construção se render ao e-commerce? Caso sim, de que forma isso deve ocorrer?
Não acredito que isso possa acontecer no curto prazo. Hoje, quem consome produtos da construção civil não está 100% adaptada a compras através da internet. É um público um pouco mais velho. Mas nos próximos anos, acredito que isso vai ser uma necessidade. Quem se posicionar primeiro, quem estiver atuando e conseguir resolver os desafios do comércio eletrônico para este tipo de venda vai se destacar e vai ter muito sucesso.

Por outro lado, o e-commerce para venda de imóveis parece já funcionar a pleno vapor?
Sim, existem construtoras com ações incríveis para fazer venda pela internet. Elas têm muito a ensinar a quem atua no varejo e no atacado da construção civil. O e-commerce está aí para ajudar os donos de empresas deste setor a ter resultados nas vendas on-line.

Entrevistado
Márcio Eugênio é especialista em e-commerce, fornecedor de plataformas de lojas virtuais para empresas e consultor em comércio eletrônico

Contatos
marcio.eugenio@dlojavirtual.com
www.dlojavirtual.com

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

EAD é temerário (Podcast)

Ensino a distância não propicia práticas laboratoriais e limita desenvolvimento da liderança, diz presidente da ABENC, Francisco José Teixeira Coelho Ladaga

Por: Altair Santos
Francisco José Teixeira Coelho Ladaga (dir.): Brasil não tem sequer internet de qualidade para aplicar ensino a distância na área de engenharia.

Entrevistado
Engenheiro civil Francisco José Teixeira Coelho Ladaga, presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Civis

Contato
presidente@abenc.org.br

Crédito foto: Divulgação/ABENC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.

 


Tecnologias aprimoram manutenção de pontes e viadutos

Na Road Expo 2015, presidente do IBRACON, Túlio Nogueira Bittencourt, destaca novas ferramentas que serão incorporadas na revisão da ABNT NBR 9452

Por: Altair Santos

Na recente edição da Brazil Road Expo, especialistas debateram a manutenção de estruturas em concreto convencional e pré-fabricado. No encontro, o presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) Túlio Nogueira Bittencourt, destacou que atualmente há uma série de ferramentas modernas e eficientes para executar a manutenção de pontes e viadutos. Segundo o engenheiro civil, e professor da Poli-USP, há instrumentos que indicam, inclusive, quando agir na estrutura. “Com essas tecnologias, que fornecem não apenas uma visão global das estruturas, mas também elementos para uma análise local, envolvendo detalhes de juntas e ligações, é possível perceber níveis de deterioração provocada pela ação do tempo, intempéries e também das cargas às quais a ponte é submetida, além de detectar danos como trincas e fissuras”, afirma.

Modelos computacionais possibilitam análises dinâmicas entre veículos, vias e pontes

Para Túlio Nogueira Bittencourt, que palestrou no II Seminário Abcic/IBRACON de Infraestrutura Viária e Mobilidade Urbana, organizado pelo IBRACON em parceria com a Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), essas novas tecnologias colocam o setor diante de uma nova realidade. “Há soluções sofisticadas, baseadas em modelos computacionais e sistemas de monitoramento, que possibilitam identificar deformações e fazer análises não-lineares ou dinâmicas, inclusive calculando a interação entre veículo, via e ponte. São modelos que desenvolvem cargas móveis realistas, compatíveis com as condições reais de tráfego e, finalmente, incorporam esses resultados para melhor avaliar as condições de segurança e desempenho das estruturas, ao longo do tempo”, diz.

O presidente do IBRACON salientou, no entanto, que para se conseguir o resultado esperado pelos profissionais da área é imprescindível que se tenha parâmetros históricos sobre o uso das pontes. “Temos casos de estruturas e de pontes, das quais não se encontra sequer o projeto quanto mais um histórico com as ocorrências, as cargas e as manutenções realizadas ao longo do tempo. Ressalto, porém, que essa falta de histórico não é uma característica apenas do Brasil. Ele lembra que, em recente viagem à Alemanha, ouviu de colegas engenheiros alemães a mesma queixa sobre falta dos projetos originais”, comenta.

Julio Timermann, coordenador da revisão da ABNT NBR 9452: inspeções rotineiras em pontes e viadutos terão prazo de execução

Revisão da ABNT NBR 9452
Tanto a inclusão de novas tecnologias quanto a preservação de documentos e projetos estão contempladas na revisão da ABNT NBR 9452 – Inspeção de Pontes, Viadutos e Passarelas de Concreto. De acordo com o engenheiro civil Julio Timermann, vice-presidente do IBRACON e coordenador da Comissão de Estudos de Inspeção de Estruturas de Concreto da ABNT/CB-18, a atualização da norma técnica prioriza tipos de inspeção e critérios de classificação das obras. Aprovada consensualmente entre os envolvidos na cadeia produtiva, incluindo organismos governamentais, a NBR 9452 já está com o texto-base concluído e passa agora por formatação na ABNT para entrar em consulta pública ainda neste semestre.

Segundo Timermann, a norma revisada prevê quatro tipos de inspeção: cadastral, rotineira, especial e extraordinária. Além disso, sugere prazos para a execução das inspeções rotineiras (não superior a um ano) e especial (de cinco a oito anos, dependendo da classificação da obra). “Há ainda um anexo para a realização de inspeção subaquática, já que existem fissuras que aparecem por questões como a erosão”, aponta.

Outra mudança importante realizada no novo texto da NBR 9452 é a inclusão de critérios de classificação das obras, que considera parâmetros estruturais, funcionais e de durabilidade. A partir daí, são atribuídas notas de 1 a 5 para cada parâmetro, refletindo a maior ou menor gravidade dos problemas detectados, e classificando as obras por níveis. “Nosso objetivo é fornecer subsídios para entidades que administram rodovias, a fim de que elas realizem manutenção e inspeção de pontes de maneira eficiente e segura”, finaliza.

Entrevistados
Engenheiros civis Túlio Nogueira Bittencourt e Julio Timermann, presidente e vice-presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto)
Contato: qualificacao@ibracon.org.br

Créditos Fotos: Divulgação/Dnit e Brazil Road Expo

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Expectativa do mercado imobiliário é crescer 6% em 2015

Nova presidente da Ademi-PR avalia que, apesar das indefinições da macroeconomia, quem aliar conhecimento com criatividade tende a manter vendas

Por: Altair Santos

A engenheira civil e diretora de marketing da Construtora San Remo, Aline Perussolo Soares, é a primeira mulher a assumir a presidência da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) - entidade que representa as construtoras e incorporadoras no Estado. Empossada em 24 de fevereiro de 2015, a empresária afirma que o objetivo de sua gestão (2015-2016) é trabalhar para que as empresas do setor mantenham a produtividade, a fim de que o lançamento de unidades novas cresça 6% em relação a 2014. Esta estimativa e outras análises estão na entrevista a seguir. Confira:

Aline Perussolo Soares: primeira mulher a presidir a Ademi-PR

Em um ano de estresse econômico, quais são os desafios para as construtoras e incorporadoras paranaenses?
O atual momento é de indefinições quanto às diretrizes da política econômica nacional. As construtoras e incorporadoras têm de esperar o cenário se estabilizar, especialmente quanto à opção que será feita pela equipe de governo: se por investimento ou por corte de custeio, para concluir o seu planejamento em definitivo. Na área empresarial, especificamente quanto ao mercado imobiliário, o desafio é as empresas manterem a produtividade ante a uma economia que se encontra em ritmo mais lento. Ainda assim, estamos numa situação mais favorável do que em épocas anteriores, marcadas por mudanças de planos econômicos, congelamentos, oferta de crédito restritiva, inflação descontrolada e em níveis estratosféricos. Além disso, se o momento apresenta desafios, também oferece oportunidades para as empresas usarem a criatividade e o conhecimento construído ao longo dos anos para buscar novas soluções, fazer diferente, inovar, sem desconsiderar as experiências anteriores, elevando a qualidade dos produtos e serviços colocados no mercado.

O setor de construção imobiliária no Paraná projeta crescimento para 2015, em relação a 2014?
Em função das indefinições da macroeconomia, nesse momento, é difícil elaborar previsões. É preciso que o cenário se estabilize para fazermos projeções mais alinhadas com a realidade do mercado. Entretanto, estamos otimistas, e acreditamos que o número de unidades lançadas em Curitiba nesse ano seja, no mínimo, 6% superior ao ano de 2014. Além disso, o imóvel novo tende a continuar em valorização, com índices muito próximos da inflação.

Sob o ponto de vista de ganhos de produtividade das construtoras, a senhora acredita que elas estão preparadas para obter ganhos nesta área?
Acreditamos, sim, que as construtoras e incorporadoras podem garantir produtividade nesse ano. Em alguns segmentos, como o da habitação econômica, isso se dará em termos de aumento de lançamentos, visto que esse é um setor em que a demanda é latente. No Paraná, muitas empresas diversificaram seus negócios nos últimos anos, inclusive expandindo a sua atuação para cidades do interior do Estado, que ainda não chegaram à fase de “pós-boom” imobiliário, o que, no conjunto das receitas apuradas, deve garantir o faturamento. O segmento de alto padrão e luxo é, naturalmente, mais estável quanto à relação oferta e demanda, visto que se trata de um nicho de mercado para atendimento das altas rendas da cidade, e deve-se manter constante. Já para as habitações de padrão standard, com preço de R$ 250 mil a R$ 400 mil, que atende a classe média e, proporcionalmente aos demais setores, ele apresenta maior concorrência. As oportunidades estão no desenvolvimento de projetos exclusivos, com menos unidades e com diferenciais que garantam maior valor agregado para a venda.

Em sua posse, a senhora disse que uma de suas metas é contribuir para que as associadas da Ademi-PR conquistem desenvolvimento técnico e profissional. A senhora poderia explicar melhor esse ponto?
A nova gestão da Ademi-PR pretende ampliar a qualificação técnica de seus dirigentes e profissionais do mercado de incorporação imobiliária, por meio de uma agenda de capacitação, que compreende a promoção de cursos e palestras exclusivos e periódicos aos associados. Na área estratégica, nosso objetivo é ampliar o escopo da pesquisa de mercado que é realizada pela entidade de classe, agregando novas categorias de monitoramento como, por exemplo, sobre a oferta e os preços dos terrenos comercializados na capital paranaense, otimizando o uso desse levantamento enquanto ferramenta de planejamento e de venda pelas empresas associadas.

Hoje é sabido que sistemas construtivos industrializados estão cada vez mais confiáveis e mostrando ser bem competitivos. A Ademi-PR pretende estimular que as empresas invistam em sistemas que garantem obras com cronogramas mais enxutos?
A construção civil brasileira avançou muito nos últimos anos em tecnologia, no que se refere a sistemas construtivos. Entretanto, é importante destacar que muitos deles ainda estão em processo de certificação junto aos organismos responsáveis, e até mesmo a agentes financeiros, para a concessão de crédito imobiliário, assim como alguns funcionam em caráter de projeto-piloto. O mesmo vale para os materiais empregados na construção. Ao mesmo tempo em que a nova Norma de Desempenho das Edificações aumentou as exigências de qualidade desses insumos na obra, também obriga que os materiais passem por ensaios laboratoriais ou contem com certificação por organismo autorizado para uso nas habitações, o que ainda está em processo de adequação pelos fornecedores. Esses avanços são altamente relevantes e terão uma participação cada vez maior no setor nos próximos anos. De modo geral, a construção civil no país ainda é bastante artesanal, não apenas em função do custo de incorporação das novas tecnologias, mas também por esses processos de certificação de qualidade. Enquanto entidade de classe, somos apoiadores e incentivadores das novas tecnologias na construção civil, desde que conjuguem produtividade e qualidade, sem onerar empreendedores e compradores, e na medida em que não gerem impactos sociais bruscos quanto à geração de emprego e renda no setor.

Com relação a itens como sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, como sua gestão pretende atuar?
Buscar alternativas para diminuir os impactos da construção civil no meio ambiente já é prioridade na gestão das construtoras e incorporadoras. Não apenas pela implantação de procedimentos e práticas menos agressivas no canteiro de obras, como otimização de uso e reaproveitamento dos materiais, mas também em sistemas inteligentes quanto à utilização dos recursos naturais nos empreendimentos, como captação da água da chuva, sensores de iluminação e placas de captação da energia solar para aquecimento da água. Do mesmo modo, a descoberta e o repasse de informações sobre técnicas mais sustentáveis na construção civil estão entre as prioridades da nossa gestão. Inicialmente, vamos subsidiar a disseminação e adesão a esse conceito por meio da realização de ações, junto aos associados, que permitam o conhecimento e o intercâmbio de experiências sobre as novas soluções e tecnologias utilizadas no setor. Nosso intuito é que esse trabalho seja realizado em parceria com outras entidades representativas do setor, como SindusCon-PR, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e as demais Ademis do Brasil.

Em que patamar as construtoras e incorporadoras paranaenses encontram-se hoje, sob o aspecto de volume de obras e solidez nos negócios, em relação a outros estados?
Essa avaliação depende do referencial para comparação, que pode ser tanto uma cidade como São Paulo quanto Porto Alegre, que estão em situações bastante diversas. De modo geral, é possível afirmar que o mercado imobiliário paranaense, especialmente em Curitiba, atingiu a sua maturidade e encontra-se numa fase de adequação entre oferta e demanda, com a redução das unidades em estoque. Os dados mostram um salto na participação da incorporação imobiliária formal, ou seja, obras realizadas por construtoras e incorporadoras. Em 2007, um terço das unidades residenciais foi licenciada por meio da incorporação formal. No ano passado, metade das unidades residenciais foi licenciada pelas construtoras e incorporadoras, o que indica maior profissionalização do setor e mais qualidade técnica e confiabilidade dos empreendimentos imobiliários. Quanto aos preços, os dados mostram que os imóveis novos continuam a valorizar na capital paranaense, dentro de um patamar de regularidade.

Hoje, com quantos associados conta a Ademi-PR e com que áreas eles estão relacionados?
Atualmente, a Ademi-PR conta com aproximadamente 50 associados, entre construtoras, incorporadoras, imobiliárias e empresas com atuação diretamente relacionada ao mercado imobiliário do Paraná, sendo que a maioria das empresas está situada em Curitiba e região metropolitana. Entre os objetivos dessa nova gestão, está a ampliação do quadro associativo, inclusive com a adesão de construtoras e incorporadoras do interior do Paraná.

Ainda compensa investir em imóveis?
Adquirir um imóvel para investimento sempre é um bom negócio porque, mais do que uma alternativa de diversificar as aplicações financeiras, trata-se da constituição de um patrimônio. Mas é importante atentar-se que, somado ao seu baixo risco, é uma operação com resultados no longo prazo. O momento também é bastante favorável para quem busca um imóvel para moradia, pois, o mercado oferece uma gama ampla de opções, com condições de pagamento atrativas.

Veja como ficou a nova diretoria da Ademi-PR

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrevistada
Engenheira civil Aline Perussolo Soares, com pós-graduação em marketing, presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) e diretora de marketing na Construtora San Remo
Contato: ademipr@ademipr.com.br

Crédito Foto: Divulgação/ Carol Sábio

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sistema protendido e concreto autoadensável dominam pré-fabricado

Pesquisa divulgada pela ABCIC mostra que setor aprimora suas linhas de produção, tanto no que se refere a materiais quanto a equipamentos

Por: Altair Santos

Recente balanço divulgado pela ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), intitulado “Sondagem de Expectativas da Indústria de Pré-fabricados de Concreto”, revela que sistemas protendidos de concreto e o concreto autoadensável passaram a dominar a linha de produção das empresas que atuam no setor. Em 2014, 59,5% das peças produzidas consumiram concreto com protensão e 58,1% utilizaram autoadensável como matéria-prima. Já o concreto armado foi usado por 40,5%. O estudo, organizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) revela ainda que, no ano passado, o segmento da construção industrializada absorveu 407 mil toneladas de cimento e produziu 1,063 milhão de m3 em estruturas pré-moldadas.

Em 2014, construção industrializada consumiu 407 mil toneladas de cimento e produziu 1,063 milhão de m³ em estruturas pré-moldadas

Os ganhos de produtividade é que passaram a dar protagonismo aos sistemas protendidos e ao concreto autoadensável dentro da indústria de pré-fabricados. No caso da técnica com protensão, ela oferece menor risco de fissuras, a possibilidade de construir peças mais esbeltas e resistentes e a oportunidade de vencer vãos maiores do que com o concreto armado convencional. Já o concreto autoadensável reduz custos por m³, garante melhor acabamento e permite bombeamentos à longa distância, além de otimizar a mão de obra.

O estudo revela ainda que 18,6% das indústrias do segmento já implantaram em suas fábricas a ferramenta BIM (Building Information Modeling). Em relação às empresas que conhecem, e que pretendem implantar o sistema nos próximos anos, o percentual é de 27,9% - um pouco abaixo dos 31,2% registrado no levantamento anterior. Somando quem já utiliza e quem planeja adotar o BIM nos próximos dois anos, o total já equivale a 46,5%. Tal percentual, ao lado do maior uso de sistemas protendidos de concreto e do concreto autoadensável, confirma maior consonância do segmento com preceitos de sustentabilidade e do intenso desenvolvimento tecnológico do setor.

Outro dado relevante mostrado na pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas está no fato de que 44% das empresas do segmento de pré-fabricados de concreto investiram em 2014 mais do que em 2013. Deste percentual, 78% responderam que destinaram os recursos para a compra de equipamentos para produção; 53,7% disseram ter ampliado suas áreas de produção; 41,5% aplicaram em infraestrutura de equipamentos em geral; 36,6% expandiram as áreas de estocagem e 34,1% investiram em galpões e obras civis. O levantamento apurou ainda que 31,1% das empresas do segmento planejam investir mais em 2015 do que investiram no ano passado.

Shopping centers lideram
A sondagem da FGV também levantou os segmentos da construção civil onde mais foram utilizadas estruturas pré-fabricadas de concreto em 2014. Houve alterações no ranking, em comparação com 2013. A área de shopping centers assumiu a liderança, seguida de indústrias, área de infraestrutura e obras especiais, conforme atesta a maior presença do segmento na viabilização de obras em aeroportos e também em estádios. O ranking de 2014 é completado ainda por centros de distribuição e logística, edifícios comerciais, obras para a área de varejo e, por último, o segmento habitacional.

No que diz respeito ao nível de emprego gerado pelo segmento de pré-fabricado, a sondagem da FGV registrou, com base em dados de 2013, que a indústria empregava 12.066 pessoas, ou seja, 1,5% do contingente da indústria da construção civil e 9,2% do segmento de fabricação de artefatos de concreto. Na comparação com o ano anterior, houve uma queda de 9% no número de trabalhadores por empresa. Na média, 33% das empresas possuíam até 100 empregados; 53% delas registravam entre 101 e 500 trabalhadores, e 14% contavam com mais de 500 funcionários.

O estudo da FGV revelou ainda dados sobre o perfil de produção das empresas do segmento. Mostrou, por exemplo, que aumentou significativamente o percentual de pré-fabricadores que processam anualmente um volume entre 30,1 mil m3 a 100 mil m3 de estruturas. Esse percentual era de apenas 6,4% em 2012 e saltou para 16,3%, em 2013. A pesquisa, que teve a coordenação da economista Ana Maria Castelo, foi realizada entre os meses de agosto a novembro de 2014 e ouviu 45 das 53 empresas associadas da ABCIC. Esta foi a segunda edição do estudo voltado exclusivamente para o setor de pré-fabricados de concreto.

Entrevistado
ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) (via assessoria de imprensa)
Contato: meccanica@meccanica.com.br

Crédito Foto: Divulgação/ABCIC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Minha Casa Minha Vida 3 valoriza arquitetura e urbanística

Nova etapa do programa habitacional quer destacar sistemas construtivos inovadores e incorporar construções de unidades de saúde e escolas ao projeto

Por: Altair Santos

Ao participar do Construbusiness 2015, a secretária nacional de habitação, Inês Magalhães, afirmou que a terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) procurará avançar nos projetos arquitetônicos e nos projetos urbanísticos, ou seja, terá como meta atender a Norma de Desempenho, incorporando sistemas construtivos inovadores e que garantam ganhos de produtividade.

Inês Magalhães: secretária mantém meta do MCMV3, que é construir 3 milhões de unidades até o final de 2018

Além disso, a representante do governo federal afirma que o programa passará a priorizar questões urbanísticas, como a implantação de comércio nos núcleos dos empreendimentos e a contratação de unidades de saúde e de educação junto com as unidades habitacionais, além de obras de mobilidade. No fórum que debateu o ambiente econômico da construção civil, Inês Magalhães assegurou também que a etapa 3 do MCMV entrará em operação ainda em 2015.

A meta do governo é construir três milhões de unidades em quatro anos, assegurando que os recursos estão garantidos para as famílias com renda até R$ 5.400,00 por mês, através do FGTS e da caderneta de poupança. O objetivo é lançar a nova etapa ainda neste semestre. “Não nos faltam recursos, que estão reservados, mas a nova etapa do Minha Casa Minha Vida nos permitirá corrigir rotas para imprimir uma nova modelagem ao programa”, diz Inês Magalhães.

Entre as novidades que o MCMV 3 trará, está o vínculo de empreendimentos comerciais acoplados a conjuntos habitacionais, assim como o compromisso do poder púbico municipal em instalar equipamentos básicos de saúde e de educação. “Aprendemos com as fases 1 e 2 que não pode haver esse descasamento. Então, na fase 3, uma das novidades será a previsão de comércio básico junto às unidades (pequenos comércios, farmácia, padaria e minimercados) ainda na etapa de contratação do projeto. Da mesma forma, serão incluídos postos de saúde, escolas e creches”, afirma a secretária nacional de habitação.

Pagamentos dilatados
A etapa 3 do MCMV também terá a preocupação com a arquitetura de casas e blocos habitacionais. “Queremos melhorias arquitetônicas e concepções urbanísticas que livrem o Minha Casa Minha Vida dos conceitos de caixotes ou de depósitos de gente. Para isso, seremos rigorosos também quanto ao cumprimento da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575 - Edificações habitacionais – Desempenho), principalmente no que concerne aos desempenhos acústico e térmico”, completa Inês Magalhães.

Casas do MCMV: nova etapa do programa quer corrigir falhas detectadas nas fases 1 e 2

Do lado do setor privado da construção civil que atua no Minha Casa Minha Vida, os representantes que estiveram no Construbusiness reivindicaram realinhamento dos valores pagos atualmente pela Caixa Econômica Federal, que é o agente financeiro que banca quase integralmente o programa, e também a volta dos pagamentos em dia. Quanto ao reajuste, Inês Magalhães assegurou que isso será feito, mas admitiu que haverá uma dilatação dos pagamentos. “O Minha Casa Minha Vida já pagou R$ 10,4 bilhões. O programa vinha adotando como regra o prazo de D+2 (apresenta fatura e recebe em dois dias). Agora, quem apresenta a fatura recebe entre 15 e 30 dias, em um prazo médio de 20 dias”, comenta.

O vice-presidente de Assuntos Legislativos e Urbanismo Metropolitano do Secovi-SP, Ricardo Yazbek, contestou a secretária, afirmando que atualmente há um déficit de pagamento muito alto, da ordem de R$ 900 milhões, do governo federal para com as empresas do setor. “Isso está asfixiando, principalmente, as pequenas e médias construtoras que atuam no programa. Aguardamos o anúncio da terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, mas é melhor que o governo acerte as fases anteriores”, cobra.

Entrevistada
Inês Magalhães, secretária nacional da habitação.
Contato: snh@cidades.gov.br

Créditos Fotos: Divulgação/Cia. de Cimento Itambé e Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Sai falta de mão de obra, entra falta de demanda

Entre 2008 e 2013, construção civil procurou enfrentar o dilema da escassez de profissionais para atuar no canteiro de obra. Agora, cenário inverte

Por: Altair Santos

Induzido pelos números recentes da economia, o discurso dos empresários ligados à cadeia produtiva da construção civil brasileira mudou. Se antes pregava a busca de mão de obra qualificada para atender as vagas em aberto, atualmente a demanda é por obras. “Não podemos nos acomodar com o crescimento quase zero do PIB. A situação é grave, e se o governo não reagir, estimulando setores que impulsionam o desenvolvimento como o da construção, ela pode se agravar mais ainda”, afirma o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto.

Paralisia e falta de contratação de obras, principalmente no setor público, preocupa organismos da construção civil

O dirigente reverbera opiniões de vários segmentos, além de cobrar o pagamento de obras atrasadas e o lançamento de empreendimentos prometidos – tanto no âmbito federal quanto estadual e municipal. “Os governos precisam acabar com os atrasos dos pagamentos das obras de infraestrutura e habitação popular, colocar em dia os cronogramas de execução que foram adiados e retomar a concessão de financiamentos. O mesmo vale para o programa Minha Casa Minha Vida, que ainda não iniciou a contratação das prometidas 350 mil unidades habitacionais da fase 2 nem iniciou a fase 3”, reitera.

O vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, avalia que a retomada das obras passa por concessões de obras públicas e PPPs (Parcerias Público-Privadas) desde que ofereçam contratos atrativos e segurança jurídica, além de procedimentos que estimulem a economia. “Precisamos destravar tudo o que bloqueia o aumento da produtividade, como o excesso de burocracia em aprovações de empreendimentos imobiliários, dificuldades nos registros de imóveis e falta de flexibilidade na legislação trabalhista”, opina.

Queda nos insumos
A constatação de que “mão de obra” foi substituída por “demanda por obras” se confirma nos dados recentemente apresentados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). No estudo “Construção civil: desempenho e perspectivas” detecta-se queda de 5,73% no volume de insumos, como cimento, areia, pedra brita e blocos, impactados, obviamente, pela baixa contratação de fundações e de estruturas. Para 2015, estima a análise, essa queda tende a se acentuar. Porém, a FGV vê crescimento nos insumos que envolvem a etapa do acabamento, haja vista que existem muitos empreendimentos iniciados em 2013, e que deverão ser entregues no primeiro semestre de 2015.

Obviamente, os reflexos da menor contratação de obras impactam no emprego. De acordo com os números levantados pela FGV, somando todos os segmentos, a redução de vagas na construção civil será de 6,47%. A maior queda, aponta o estudo, ficará com a infraestrutura, que deverá contratar 14,09% a menos, seguido do setor imobiliário, que tende a cair 7%. “Os dados que apontam queda nos setores imobiliários e de infraestrutura deixam evidentes que a preocupação futura dos empresários passou a ser a falta de demanda, superando os problemas com falta de mão de obra”, atesta Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV.

Confira a íntegra do estudo da FGV
http://www.sindusconsp.com.br/envios/2015/docs/conjuntura_1002.pdf

Entrevistados
Presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto; vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan e coordenadora de projetos da construção da FGV, Ana Maria Castelo
Contato: sindusconsp@sindusconsp.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Barreiras New Jersey: garantia de segurança nas estradas

No Brasil, artefatos de concreto predominam nas rodovias pedagiadas e atuam com mais eficiência contra acidentes, se comparadas às defensas metálicas

Por: Altair Santos

Estudo do LabTrans (Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina) revela que as barreiras New Jersey, usadas tanto para dividir vias quanto para definir barreiras laterais em pistas, pontes e viadutos, devem prevalecer nas rodovias brasileiras por uma razão primordial: a segurança. Artefatos pré-fabricados de concreto, elas atuam com mais eficiência em acidentes, se comparadas com as defensas metálicas, que ainda predominam em algumas estradas do país, principalmente as não pedagiadas.

Blocos têm medida padrão, com 6 metros de comprimento e 1 metro de altura, e cada um consome 1,5 m³ de concreto

A própria norma 109/2009 - PRO, do DNIT, ressalta a capacidade de impedir acidentes mais graves, proporcionadas pelas barreiras New Jersey. “Trata-se de dispositivo de proteção, rígido e contínuo, implantado ao longo das rodovias, com forma, resistência e dimensões capazes de fazer com que veículos desgovernados sejam reconduzidos à pista, sem brusca redução de velocidade nem perda de direção, causando o mínimo de danos ao veículo, seus ocupantes e ao próprio dispositivo, de modo que os acidentes não sejam agravados por fatores como, por exemplo, saídas de pista, colisão com objetos fixos (árvores, postes, pilares etc.) e colisão frontal com veículos trafegando na pista de fluxo oposto”, diz a norma.

Pré-fabricadas, as barreiras New Jersey normalmente são produzidas em indústrias específicas. No entanto, nos casos em que a logística encarece o transporte, elas podem ser fabricadas in loco, através de formas móveis montadas próximas da obra. “Com o avanço das tecnologias que chegaram ao Brasil nos últimos anos, as concessionárias e os organismos públicos estão migrando para os dispositivos pré-moldados, por causa de seu maior benefício na questão segurança”, explica Marco Biscaro, diretor da Segurvia, com sede em Florianópolis.

Normas europeia e brasileira
As barreiras New Jersey, que têm este nome por terem sido inventadas no estado de New Jersey, nos Estados Unidos, são produzidas no Brasil seguindo o padrão europeu estipulado pela norma UNI EN1317/98-2001. São artefatos com a resistência mínima de fck – 40 MPa, em conjunto com uma armadura de 105 kg de aço CA-50, distribuída em uma peça com 6 metros de comprimento e 1 metro de altura. Para fabricar barreiras com essas dimensões são consumidos 1,5 m³ de concreto por unidade.

Barreiras New Jersey: norma do DNIT as qualifica como mais seguras que as defensas metálicas

Além da UNI EN1317/98-2001, a produção de barreiras New Jersey no Brasil também segue a ABNT NBR 15486/2007 - Segurança no tráfego - Dispositivos de contenção viária – Diretrizes, que se baseia na norma europeia. “Atualmente, a norma da ABNT está em processo de revisão, a fim de melhorar os itens que preveem apresentação de certificados de homologação por meio de crash tests”, ressalta Marco Biscaro.

Quando não são moldadas in loco, as barreiras New Jersey chegam ao local transportadas por caminhões-munck - equipados com guindaste - e, normalmente, dois operadores treinados conseguem instalar até 500 metros por dia. No Brasil, os modelos mais usados em rodovias são os centrais-laterais, para a divisão do fluxo de veículos ou para proteger a lateral de pista, ou o borda-ponte, específico para pontes e viadutos. As instalações devem sempre seguir as indicações pré-determinadas pelo projetista da obra.

Veja estudo detalhado sobre barreiras New Jersey
http://www.labtrans.ufsc.br/psr/file.axd?file=2010/12/barreiras+new+jersey.pdf

Entrevistados
- LabTrans (Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina) (via assessoria de imprensa)
- Marco Biscaro, diretor da Segurvia

Contatos
segurvia@gmail.com
contato@labtrans.ufsc.br
comunicacao@labtrans.ufsc.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330