Colmeia inspira muro de arrimo com blocos de concreto
Estruturas inventadas na Coreia do Sul lembram casulos, que, encaixados uns nos outros, podem conter barreiras e atender outros tipos de obras
Por: Altair Santos
Blocos de concreto pré-fabricados, inspirados nos favos das colmeias produzidas pelas abelhas, formam um sistema inovador para a construção de muros de arrimo e outras estruturas de contenção. Encaixadas umas nas outras, as peças distribuem o empuxo gerado pela terra na parede construída. O peso exercido reforça as conexões e garante estabilidade à construção. Trazida da Coreia do Sul, a tecnologia foi apresentada ao mercado brasileiro pela Ecounion, durante a Feicon 2015. O tipo de obra dispensa argamassa para assentamento e não requer reforços em aço ou concreto. “Esta talvez seja a maior inovação do sistema. O bloqueio das peças é resultado da forma curvada assumida pelo sólido geométrico. É como se fosse girada uma chave e ela travasse”, resume Mauro S. Igarashi, diretor-executivo da Ecounion. “Por isso, o sistema não utiliza qualquer tipo de argamassa ou concreto”, completa.
Exceto a tecnologia de encaixe das peças, a produção dos blocos de concreto, batizados de HexBlock – por causa de seu formato hexagonal -, não tem nenhum segredo. “O concreto utilizado é o convencional, com resistência entre 20 MPa e 25 MPa. Nossa pesquisa trabalha na direção de utilizar agregados reciclados na confecção destes produtos. A meta é entregar um produto de preço menor, com as mesmas características do concreto convencional. Os resultados obtidos até agora são muito bons”, diz Mauro S. Igarashi. No Brasil, o que a Ecounion chama de obras-protótipos estão localizadas na região da cidade de São Paulo. A princípio, no país, a construção se limita a muros de arrimo de até 12 metros de altura. Na Coreia do Sul, no entanto, os HexBlocks já têm sido usados para recuperação de encostas de rodovias, reforços de leito de rios e barreiras de orla marítima.
Em busca de parcerias
Para produzir os HexBlocks, a EcoUnion tem parceria com fábricas de artefatos de concreto. “Nossa proposta é transferir tecnologia para a fabricação das peças, procurando ganhar margem por oferecer produtos não convencionais que possibilitem a entrega de uma solução ao cliente final. Conhecemos com muita profundidade o mercado dos fabricantes de artefatos de concreto no Brasil. Atualmente, acreditamos que o país tem cerca de 80.000
fabricantes, que estão em diferentes níveis tecnológicos. No modelo de negócio intencionado pela EcoUnion, o objetivo é estabelecer sinergia com os pequenos fabricantes, aqueles que têm produtividade mínima de 300 m³ de concreto por mês. A grande maioria de nossas fábricas parceiras possui duas máquinas com produtividade que varia de 700 m³ a 1.150 m³ de concreto por mês”, explica o dirigente da empresa.
Outra preocupação dos detentores da tecnologia no Brasil é com a formação da mão de obra. Eles asseguram que um montador bem treinado consegue erguer um muro de 10 metros de comprimento por 4 metros de altura em um dia de trabalho. Para uma obra deste tamanho são usados 430 blocos. “Mas a solução que entendo que merece maior destaque é a utilização de mão de obra não-qualificada. Após a construção da base, qualquer pessoa pode seguir com a montagem do muro até o seu final”, destaca Mauro S. Igarashi. Isso, segundo o especialista, cria mais um nicho de mercado para o Brasil: a construção de muros residenciais a baixo custo, e do tipo “faça você mesmo”.
Entrevistado
Mauro S. Igarashi, diretor-executivo da Ecounion no Brasil e tecnólogo da construção civil, com 30 anos de experiência no setor
Contatos
mauro.igarashi@ecounion.com.br
www.ecounion.com.br
Créditos fotos: Divulgação/Ecounion
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Conceito de apartamentos com “quintal” ganha adesões
Edifício 360°, na cidade de São Paulo, e Mandala, em Curitiba, se inspiram em arquiteturas que valorizam grandes varandas e fachadas assimétricas
Por: Altair Santos
O Edifício 360°, que teve a execução concluída em 2013, na cidade de São Paulo, lançou o conceito de fachada assimétrica no Brasil. Ele repaginou as plantas das unidades, valorizando as varandas, transformando-as em verdadeiros quintais. A ideia do projeto é de que cada apartamento funcione como uma casa suspensa. Deu tão certo que o prédio ganhou o Mipim Future Projects Awards, oferecido pela The Architectural Review – uma das mais respeitadas publicações europeias sobre arquitetura. O sucesso desencadeou projetos semelhantes no país. Em Curitiba, por exemplo, a Thá constrói o Mandala.
Fora do país são cada vez mais comuns projetos com esse perfil. Em Miami, nos Estados Unidos, e em balneários da Itália e da França tornaram-se uma tendência na arquitetura local. Em comum, eles têm o objetivo de atender um público que busca segurança, sem abrir mão do espaço e da privacidade que uma casa oferece. No Brasil, não é diferente. “Pessoas que compram um apartamento com esse diferencial não estão comprando o primeiro imóvel e querem investir em uma moradia mais luxuosa. O mercado imobiliário tem nichos de públicos diferentes”, explica a engenheira civil Cássia Santos Assumpção, gerente de incorporações da AG7 Realty, que está à frente do edifício Mandala.
Esta edificação em construção em Curitiba, com previsão de entrega em janeiro de 2017, resume os desafios arquitetônicos e de engenharia impostos por prédios com essas características. “Como não há andares com repetições, conhecidos no meio técnico como ‘andar tipo’, cada andar exige uma solução diferente. A continuação vertical de todas as instalações sofre desvios, o tratamento acústico é diferenciado entre as unidades e a exclusividade do produto também gera uma engenharia de soluções complexa. Por exemplo, as varandas precisam ser projetadas estruturalmente, utilizando tecnologia para grandes vãos e grandes balanços”, explica Cássia Santos Assumpção.
Apartamentos pré-fabricados
Isay Weinfeld, arquiteto que projetou o Edifício 360° revela que ficou um ano e meio desenvolvendo soluções para viabilizar a obra. A saída foi investir em estruturas pré-fabricadas para construir as caixas que formam os apartamentos, em vez de concretá-las diretamente na estrutura. Isso, segundo ele, ajudou a baratear o custo e a encurtar o cronograma da obra. Outra solução foi usar parede em drywall com tratamento acústico nas áreas internas, reduzindo a carga sobre pilares e vigas e proporcionando maior flexibilidade nas plantas. “Esta tecnologia construtiva também tem a vantagem de ser mais sustentável e ter mais velocidade de produção no canteiro de obras”, reconhece a engenheira da AG7 Realty, que adotou tecnologia similar no Mandala.
No prédio com fachadas assimétricas em construção em Curitiba estima-se que serão empregados 10.500 m³ de concreto. Já no Edifício 360°, a torre de 22 pavimentos consumiu perto de 80 mil m³ de concreto. O know how adquirido por essas construtoras já as estimula a empreender em novos projetos com características semelhantes. AG7 Realty, por exemplo, está à frente do Igloo Curitiba. O empreendimento de apartamentos compactos terá grandes varandas com churrasqueiras, com ampla relação entre a área a externa e a área interna. Os quintais, definitivamente, chegaram aos prédios habitacionais.
Entrevistados
Engenheira civil Cássia Santos Assumpção, gerente de incorporações da AG7 Realty
Arquiteto Isay Weinfeld (via assessoria de imprensa)
Contatos
info@isayweinfeld.com
www.ag7partners.com.br/contato/
Créditos Fotos: Divulgação e Divulgação/ AG7 Realty
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Plaenge especializa-se em selo LEED para indústrias
Divisão industrial da construtora é referência em viabilizar estruturas com desempenho hídrico e energético, comprometidas com a sustentabilidade
Por: Altair Santos
Pela quarta vez, a Plaenge Industrial obteve a certificação LEED para um de seus empreendimentos. Desta vez, quem foi contemplado com o selo de “prédio verde” foi a fábrica da Coca-Cola, na cidade de Maringá-PR. Isso fez com que a GBC Brasil, que concede a certificação no país, reconheça a construtora como referência no segmento de edificações sustentáveis. Com foco na redução dos custos operacionais e na eficiência energética, a fábrica construída pela empresa alcançou a economia de 64% de água e 21% de energia nos processos industriais. Isso foi resultado direto dos diferenciais sustentáveis aplicados no projeto e na execução da obra.
Para a gerente de novos negócios da Plaenge Industrial, Stella Boiça, esse tipo de projeto é o caminho futuro para a engenharia civil. “Conseguir uma certificação LEED é um processo trabalhoso e muito gratificante. O cliente percebe valor na sustentabilidade quando conseguimos mensurar a economia de energia, que se reflete na redução do custo operacional”, diz. A análise é avalizada pelo diretor da Green Building Council Brasil (GBC Brasil), Felipe Faria, que é quem credencia a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) no país. “Algumas construtoras brasileiras destacam-se pelo envolvimento com projetos diferenciais, a fim de obter a certificação internacional. Em matéria de plantas industriais, a Plaenge é, sem dúvida, um dos destaques”, confirma.
A fábrica da Coca-Cola FEMSA Brasil, construída em Maringá, fez com que a Plaenge Industrial recebesse a certificação LEED NC Gold, no que tange a área de escritórios, e LEED NC Silver, na edificação destinada à produção. Isso fez com que a unidade da multinacional, localizada na região noroeste do Paraná, fosse eleita como fábrica-modelo para as demais plantas em operação no país. “A Coca Cola possui um projeto de certificar todas suas indústrias no Brasil. Ela já tem 16 registros entre edificações corporativas e plantas industriais, sendo 9 certificações e 7 empreendimentos em processo. Trata-se da primeira grande corporação a anunciar um projeto audacioso, influenciando positivamente a indústria nacional pela construção sustentável”, revela Felipe Faria.
No Brasil, 235 obras têm selo LEED
A eficiência da unidade construída pela Plaenge Industrial é que estimula a surgirem outras fábricas sustentáveis. A edificação da Coca-Cola FEMSA Brasil em Maringá gera economia energética que equivale ao que consomem 2.700 casas com quatro pessoas, durante o período de um ano. São 5.400.000 kWh, representando uma redução total de 21%. Já a economia de água chega a 26,8 milhões de litros/ano. O projeto agrega características como a captação de água da chuva, telhado verde, 39% de área verde, bicicletário, vaga para carro de baixa emissão, vaga para carona solidária e proteção da radiação solar nas janelas. Os dados foram fornecidos pela GBC Brasil.
Hoje, os selos LEED estão em 235 obras no país, incluindo edificações residenciais (94), comerciais (102) e industriais (39). Há outros 966 projetos em busca da credencial LEED no Brasil. Destes, 191 são plantas industriais. A intensa busca está relacionada às vantagens que uma fábrica ganha ao operar de acordo com princípios de sustentabilidade. Além da comprovada economia de energia e de consumo de água, há também redução nos custos operacionais da edificação, que podem chegar a 85%. Eles vão desde a redução no prêmio do seguro até ao aumento da produtividade nas instalações.
Entrevistados
Advogado Felipe Faria, diretor do Green Building Council Brasil
Engenheira civil Stella Boiça, gerente de novos negócios da Plaenge Industrial
Contatos
s.boiça@plaenge.com.br
ffaria@gbcbrasil.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/Plaenge
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Na Bahia, teatro em pré-fabricado vira atração mundial
Construção monolítica tem estrutura mista, com fachada recoberta por concreto projetado. Local abriga dois espaços culturais, em Trancoso
Por: Altair Santos
O teatro ao ar livre de Trancoso, em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia, tornou-se referência em arquitetura e, recentemente, ganhou citação em uma das principais publicações europeias: a Architizer. Chama a atenção, a construção com estruturas pré-fabricadas de concreto e o conceito da edificação, que abriga dois teatros em um só complexo.
Projetado pelo arquiteto François Valentiny, de Luxemburgo, o prédio tem um espaço ao ar livre e outro coberto. Cada um possui capacidade para receber 1.100 espectadores. Localizado dentro de um condomínio de alto luxo, a obra foi bancada por empresários europeus, que têm casas no local. Desde 2014, a edificação sedia o festival Música em Trancoso.
A área construída do teatro a céu aberto é de 2.750 m², enquanto a do espaço fechado atinge 1.375 m². Para viabilizar a obra, o arquiteto projetou uma estrutura mista de aço e concreto pré-fabricado. Ao final da montagem, a edificação recebeu revestimento em concreto projetado. O empreendimento resultou no consumo de cerca de 8 mil m³ de concreto.
Para alcançar desempenho acústico, François Valentiny importou tecnologia europeia, adaptada às normas brasileiras. “A solução encontrada foi o uso do concreto projetado sobre revestimento de madeira tratada, cujos ensaios mostraram ser um bom isolante acústico”, diz o arquiteto. Além disso, as estruturas triangulares dos contornos vazados que circundam o teatro a céu aberto ajudam na reverberação do som. “Essa ideia foi tirada dos antigos diapasões para afinar instrumentos”, confessa o Valentiny.
Construção sustentável
Por Trancoso estar inserida em uma área de preservação ambiental, o empreendimento também precisou levar em conta o compromisso com a sustentabilidade. “Tivemos que pensar em um sistema construtivo que não gerasse tanto entulho no canteiro de obras e também nos ganhos de produtividade”, revela François Valentiny.
O arquiteto conta que a maior dificuldade foi encontrar mão de obra especializada e familiarizada com instalações de construções mistas. “O maior tempo gasto foi para ter um grupo de trabalhadores preparados e instalados no canteiro de obras. Isso custou ter de trazer gente de fora para treinar o pessoal local que foi contratado”, completou. A construção levou dois anos para ficar pronta. Começou em 2012 e foi inaugurada em 2014.
François Valentiny, que projetou também a Sala de Concerto de Saarbrücken, na Alemanha, e a Casa de Mozart, na Áustria, além do Pavilhão Expo 2010, em Xangai, na China, afirma que a obra do Teatro de Trancoso é o seu projeto mais ousado. “Digo que é o mais relevante, por que é único, construído em uma área de exuberante beleza e que, graças à arquitetura, foi incorporado pela natureza. Quem chega ao local, imagina que aquela construção monolítica sempre existiu naquele lugar”, exalta.
Entrevistado
Arquiteto François Valentiny (via assessoria de imprensa)
Contato: office@hvp.lu
Créditos fotos: Divulgação/Architizer/Musica em Trancoso/Architizer/Terra Vista Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Meritocracia retém talentos (Podcast)
Empresas que desenvolvem programas de gestão de jovens profissionais buscam retê-los valorizando as competências
Por: Altair Santos
Entrevistado
Eduardo Carmello é professor da FGV-SP no MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Pessoas. Atua como consultor organizacional, diretor da Entheusiasmos Consultoria em Talentos Humanos e é autor do livro Gestão da Singularidade: alta performance para equipes e líderes diferenciados
Contato
faleconosco@entheusiasmos.com.br
Crédito foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.
Construtoras passam a processar resíduos da construção
Empresas utilizam produtos recicláveis em suas obras e transformam coleta, separação e transformação de entulhos em um novo nicho de negócio
Por: Altair Santos
Elementos de concreto não-estruturante, fabricados a partir de resíduos da construção civil, estão cada vez mais frequentes nos canteiros de obras. A novidade é que as construtoras passaram a atuar no processo de reciclagem destes materiais. Empreiteiras de maior porte enxergaram até um novo nicho de negócio. Como a Odebrecht, que criou uma unidade que transforma entulhos em agregados reciclados. A UVR Grajaú, localizada na região metropolitana de São Paulo, é a maior central de tratamento da América Latina. Tem capacidade para triturar, separar, classificar e armazenar cerca de 40 mil toneladas por mês, transformando entulhos em insumos.
A Odebrecht Ambiental é quem faz a gestão da UVR (Unidade de Valorização de Resíduos da Construção Civil). A coleta dos entulhos não é realizada diretamente nas construções. A captação se dá por meio da operação de um aterro licenciado, que funciona ao lado da recicladora de Grajaú, onde são recebidos materiais de clientes públicos e privados para tratamento e beneficiamento. Os agregados são destinados a obras de infraestrutura, como pavimentação, guias e sarjetas, recomposição de pátios de estacionamento e calçamento, além de serem encaminhados para obras civis em forma de artefatos de cimento, como pisos intertravados, blocos de alvenaria e muros de fechamento.
Faltam marcos legais
No Brasil, não há normalização para o uso de insumos reciclados na produção de concreto estruturante. Por isso, a Odebrecht Ambiental e outras construtoras que atuam no reaproveitamento de entulhos avaliam que é preciso fortalecer os marcos legais do setor, para que ele possa expandir. “Temos planos para implantar novas Unidades de Valorização de Resíduos, mas isso só ocorrerá de acordo com a resposta do mercado e do fortalecimento dos marcos legais para o uso de insumos reciclados na construção civil”, diz a empresa, através de sua assessoria de imprensa. Atualmente, duas normas técnicas, além da Resolução nº 307 do CONAMA, estabelecem procedimentos para o uso de agregados reciclados: ABNT NBR 15115 e ABNT NBR 15116 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil.
Mesmo construtoras que ainda não utilizam agregados reciclados em suas obras já estão comprometidas em selecionar os entulhos e encaminhá-los para reaproveitamento. É o caso da CMO, de Goiânia, que adotou uma política de separação dos resíduos. “Separamos os materiais recicláveis por classes e destinamos para as empresas habilitadas, responsáveis pelo reaproveitamento e pelo reprocessamento”, explica a gerente de planejamento da CMO Construtora, Mariana Cátima Queiroz e Silva. A engenheira civil explicou que a empresa também atua no controle de resíduos gerados em suas obras, buscando reduzir o volume de acordo com a área construída. No Paraná, a Hestia Construções foi pioneira em implantar um programa contínuo de gestão de resíduos sólidos com o objetivo de dar destinação aos entulhos e encaminhá-los à reciclagem.
Entrevistados
Odebrecht Ambiental (via assessoria de imprensa) e engenheira civil Mariana Cátima Queiroz e Silva, gerente de planejamento da Construtora CMO
Contatos
http://www.odebrechtambiental.com/contato
mariana.catima@cmoconstrutora.com.br
engenharia@cmoconstrutora.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/ Odebrecht Ambiental
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Placas cimentícias evoluem e chegam ao banheiro
Elementos são fabricados a partir de cimento, celulose e agregados, permitindo que as áreas úmidas da casa se beneficiem da construção a seco
Por: Altair Santos
Banheiros construídos inteiramente com placas cimentícias já são viáveis. Valendo-se da construção a seco, o sistema elimina custos com fundações e pode receber ligações hidráulicas e revestimentos de diferentes tipos. Isso se deve à evolução das placas cimentícias, fabricadas com nova tecnologia em fibrocimento, que utiliza cimento e celulose como matérias-primas, dispensando fibras minerais e sintéticas. A construção se mostra eficiente para hotéis, hospitais e shopping centers, mas tem também aplicabilidade em empreendimentos residenciais. “O sistema é adaptável a qualquer tipo de obra, mas é importante que seja prevista essa questão no projeto”, diz a engenheira civil Thaís Helena Martinetti, especialista em soluções com placas cimentícias NTF.
NTF (Nova Tecnologia em Fibrocimento) é a sigla que define as novas placas cimentícias que incorporam tecnologia capaz de resistir às ações da água, como paredes exteriores e áreas molhadas (cozinha, banheiro e lavanderias). “Desde que a execução atenda aos requisitos de projeto, a durabilidade dos produtos aplicados nesse ambiente pode ser até superior ao sistema convencional”, diz Thaís Helena Martinetti. “Essas placas recebem tratamento específico contra o acesso da água, o que permite a passagem do vapor, porém impede o acesso da água por sua superfície. Isso auxilia na garantia da estanqueidade do banheiro”, completa a engenheira.
As placas cimentícias seguem a norma técnica ABNT NBR 15498 - Placa de fibrocimento sem amianto – Requisitos e métodos de ensaio. Diz a norma que, para estes produtos, os materiais a serem utilizados para assentamento de revestimentos cerâmicos ou argamassa devem ser compatíveis com o processo de construção a seco (steel framing + placas cimentícias) devido ao comportamento da estrutura. “Esses materiais são facilmente encontrados no mercado e os fabricantes possuem seus fornecedores homologados, para evitar uso de materiais inadequados e patologias”, explica Thaís Helena Martinetti.
Foco nas construções habitacionais
Para adequar as placas cimentícias em áreas úmidas é preciso construir a estrutura em steel framing para fixação das placas cimentícias (parafusadas). Essa estrutura é fixada na alvenaria por meio de ancoradores. Elas podem substituir a argamassa e possibilitam uma parede com elevada planicidade, reduzindo o consumo de materiais de acabamento. “Há estudos de eliminação da estrutura de aço por assentamento das placas cimentícias com argamassa específica para este fim”, afirma a especialista, que ajudou a montar um modelo de banheiro com NTF na recente edição da Feicon (Feira Internacional da Construção) no estande da Infibra.
O protótipo pode ser montado fora da obra e vir completo para ser instalado, diminuindo o impacto no cronograma e gerando desperdício zero de materiais. Por isso, empresas especializadas em construir hotéis são os principais clientes deste tipo de tecnologia. No entanto, o setor fabricante de placas cimentícias quer conquistar espaço nas construções residenciais de múltiplos pavimentos. “O banheiro proposto na Feicon foi idealizado para apartamentos”, confirma Thaís Helena Martinetti. O próximo passo dos fabricantes é viabilizar banheiros com placas cimentícias para obras em reforma. Por enquanto, explica a engenheira, para substituir um banheiro convencional em reforma por um com placas cimentícias é necessário consultar um profissional experiente da área, que irá verificar a possibilidade de adequação para cada situação de projeto.
Outro diferencial do material é a variedade de espessuras, que vão de 5 mm a 30 mm, cada uma adequada a um tipo de aplicação. “As de 8 mm são ideais para interiores, enquanto que placas de 10 mm e 12 mm seriam para situações exteriores, com tratamento de juntas. Já as placas de 14 mm a 20 mm são ideais para fachadas de edificações, lojas,hospitais e shopping centers, podendo ser aplicadas com ou sem tratamento de juntas expostas às intempéries. Placas acima de 22 mm são recomendadas para uso em pisos. Elas são utilizadas como base para pisos ou mesmo como piso acabado”, conclui Thaís Helena Martinetti.
Entrevistada
Thaís Helena Martinetti é engenheira civil, com mestrado pela UFSCar. Atua como engenheira de novos produtos na Infibra, principalmente em soluções com placas cimentícias NTF
Contato: thaishm@infibra.com.br
Créditos Fotos: Divulgação/Infibra
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Ranking ITC mostra as 100 construtoras de 2014
Grupos Plaenge e Thá são eleitos os melhores do sul em construções residenciais e comerciais; Matec vence no segmento construção industrial
Por: Altair Santos
Cinco construtoras paranaenses se destacaram na 11ª edição do Ranking ITC, que anualmente aponta as 100 construtoras que mais empreenderam no país - de acordo com o volume de m² ativos de 2014. Duas delas foram eleitas as melhores da região sul, nos segmentos construções residenciais e construções comerciais. São os grupos Plaenge e Thá. Já em área total construída, a Casa Alta, que atua principalmente nos interiores do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, apareceu na 5ª colocação geral, com 3.233.536,47 m² de obras produzidas em 2014. A empresa superou gigantes como Rossi e Gafisa. As outras paranaenses bem posicionadas no ranking (estão entre as 50 melhores) foram a A. Yoshi, de Maringá, e a Construtora JL, de Cascavel.
Apontado como um dos principais termômetros de desempenho pelas construtoras, o Ranking ITC teve a sua 11ª edição divulgada no dia 4 de março, durante a Expo Revestir, que aconteceu na cidade de São Paulo. Repetindo anos anteriores, o prêmio contemplou empresas nas seguintes categorias: residencial, comercial e industrial, todas subdivididas pelas regiões do país (sul, sudeste, norte, nordeste e centro-oeste). O ITC também premiou construtoras que se destacaram nas seguintes categorias: residências populares, mais lançamentos e mais obras entregues. Pela soma de todos os itens, a mineira MRV ganhou o prêmio Top ITC, por empreender 8.707.012 m² de obras em 2014.
Plaenge e Thá
No ranking geral, os grupos Plaenge e Thá apareceram, respectivamente, nas 14ª e 22ª colocações. No entanto, se destacaram regionalmente pela qualidade de seus empreendimentos. “Este prêmio mostra nossa consolidação no mercado do sul do país”, comemora Gilberto Kaminski, diretor de planejamento e controle da produção do grupo Thá, que recebeu o prêmio regional sul pela produção da empresa no segmento de edifícios comerciais. Já o grupo Plaenge ganhou pelo seu desempenho regional na construção de prédios residenciais. A construtora atua no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Em 2014, entregou 1.529.367,43 m² de área total construída, segundo o Ranking ITC. Ainda na região sul, no segmento obras industriais, a premiada foi a Matec. Fundada em São Paulo, a empresa consolidou subsidiárias que atuam fortemente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O Ranking ITC mostrou que, em comparação com 2012 e 2013, em 2014 houve um incremento expressivo do setor imobiliário na área comercial. Em 2012, o segmento recebeu US$ 40,70 bilhões (R$ 126 bilhões); em 2013, US$ 44,47 bilhões (R$ 136,92 bilhões) e em 2014, US$ 171,20 bilhões (R$ 530,7 bilhões). Neste mesmo período de 2014, a área industrial recebeu US$ 104,47 bilhões (R$ 323,85 bilhões) e a residencial US$ 12,32 bilhões (R$ 38,19 bilhões). Quanto ao número de obras, o destaque ficou com o segmento residencial. Foram 2.191 empreendimentos entregues em 2012; 1.529 em 2013, e 3.882 em 2014. Juntas, as regiões norte e nordeste viabilizaram 844 obras residenciais em 2014. Já o centro-oeste teve 258, o sul 769 e o sudeste 2.011. Segundo especialistas, esse número significativo de obras residenciais entregues no ano passado tem relação com empreendimentos iniciados durante o boom imobiliário experimentado no Brasil entre 2009 e 2012.
Confira o ranking ITC
Entrevistado
Inteligência Empresarial da Construção (ITC) (via assessoria de imprensa)
Contato: ranking@itc.etc.br
Créditos Fotos: Divulgação/ITC
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Fachadas de concreto colorido propagam-se pelo mundo
Quinze casos, considerados emblemáticos, foram mostrados em fórum internacional que aconteceu na cidade de Recife-PE
Por: Altair Santos
Pela primeira vez, o Brasil sediou um fórum internacional sobre concreto colorido. O evento ocorreu na cidade do Recife-PE, no final de 2014, quando foram apresentados os 15 casos mais bem sucedidos quanto à aplicação deste material. Destacam-se obras na Espanha (2), na Polônia, na Holanda (2), na Colômbia, na Coreia (2), no Chile, nos Emirados Árabes, na Suécia, na África do Sul, na Áustria, em Portugal e no Brasil, com o projeto Praça das Artes, em São Paulo.
A um custo que pode ser até três vezes maior do que o m³ do concreto convencional, o concreto colorido é obtido através da adição de pigmentos diretamente à mistura, o que, geralmente, é feito quando o material está no caminhão-betoneira, logo após a dosagem de outros materiais. Além de ser aplicado para dar melhor efeito arquitetônico, é usado também em grandes obras para associar uma cor a uma peça em processo de concretagem, minimizando o risco de uma estrutura ser montada de forma errada.
Nos 15 cases apresentados no 7º Fórum Colored Concrete Works, o concreto colorido foi usado para atingir objetivos arquitetônicos e estéticos, e também para prevenir patologias. Na Praça das Artes, em São Paulo, cuja obra foi finalizada em novembro de 2012, o material destacou-se pela sua alta resistência à poluição e o baixo custo de manutenção. As cores em tom madeira e vermelho-ocre também serviram para demarcar os edifícios do complexo cultural. A edificação consumiu aproximadamente 10.000 m³ de concreto.
Na Holanda, sete pequenas pontes construídas sobre o canal Het Len, em Roterdã, procuraram demarcar a ligação com o novo bairro construído no entorno da cidade: o Spijkenisse. Cada travessia recebeu um tom de concreto colorido e estilo arquitetônico que imita as pontes presentes nas notas de 5, 10 e 50 euros. Houve uma busca estética na execução, mas também a preocupação em proteger as estruturas contra patologias. Cada obra recebeu, em média, 20 m³ de concreto colorido.
Na ilha de Jeju, na Coreia do Sul, o material foi empregado na construção da sede da Daum - uma das principais empresas de TI (Tecnologia da Informação) do país. O imponente prédio de 132 mil m² simula tábuas corridas de madeira. Para atender esse conceito estético, foram utilizados 6 mil m³ de concreto colorido.
Maior obra em consumo de concreto colorido na Europa – foram empregados 240 mil m³ do material -, a Cidade da Justiça, em Barcelona, envolve um complexo de nove edifícios de até 14 andares. Cada prédio tem um tom diferente. Os pigmentos foram agregados diretamente nos caminhões-betoneira. O mesmo processo foi usado para construir o conjunto de torres erguido em Bogotá, na Colômbia, para a nova sede da Aliança Francesa. Na obra, foram consumidos 5.300 m³ de concreto.
De prédios culturais a hotéis de luxo
Muito empregado em projetos voltados para casas de cultura, o concreto colorido viabilizou em Cascais, na Costa do Estoril, em Portugal, o museu da artista plástica Paula Rego. Consumiu 750 m³ do material e é apontado como uma das mais arrojadas obras da recente arquitetura portuguesa. Em Cracóvia, na Polônia, o Museu da Aviação Lotnictwa Polskiego tem uma arquitetura que lembra um origami (arte com dobraduras de papel) e também se valeu do concreto colorido para se viabilizar. Foram pigmentados 3.500 m³ do material. Já a Vila das Artes, em Heiry, na Coreia do Sul, tem vários pequenos edifícios - cada um de uma cor -, usados para oficinas de arte e como espaço para eventos de artistas populares.
Para mostrar a versatilidade do concreto colorido, o fórum internacional escolheu o teleférico Ahornbahn, na Áustria, e o estádio Soccer City, na África do Sul, onde placas do material revestem as obras. Conceito semelhante foi usado na reconstrução do prédio da prefeitura de Middelburg, capital da província holandesa de Zeeland. O material foi escolhido também para revestir as salas de envelhecimento de vinho na adega Antión, em La Rioja, na Espanha. Utilizou-se cerca de 12.000 m³ de concreto colorido na obra, assim como para construir o hotel ESO, no Chile.
Porém, dos 15 cases mostrados no fórum, dois são emblemáticos: a Ponte Arsta, em Estocolmo, e o hotel Emirates Palace, em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos). O primeiro, por que exigiu ações inovadoras para o bombeamento do concreto colorido em uma estrutura de 19,5 metros de largura, 26 metros de altura e 993 metros de comprimento. Foram empregados 6 mil m³ do material na ponte que desafogou o sistema ferroviário da capital sueca. No outro caso relevante, impressiona o volume de concreto colorido usado. O edifício, cuja arquitetura lembra um palácio, é atualmente o maior do mundo no uso do material, consumindo 243 mil m³.
Veja as 15 obras mais importantes no uso do concreto colorido
http://www.forumcoloredconcreteworks.com/downloads.asp
Entrevistado
Conteúdo com informações do relatório sobre os casos estudados no fórum
Créditos Fotos:Divulgação/Fórum do Concreto Colorido
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Pesquisa consolida bambu como parceiro do concreto
Alguns tipos da planta, denominada de “aço verde” ou “madeira do futuro”, têm resistência de até 100 MPa e podem atuar como elemento estruturante
Por: Altair Santos
Na Índia, Indonésia e China, e em países sul-americanos, como Colômbia, Peru e Equador, o emprego do bambu em substituição ao aço, junto a estruturas de concreto armado, já é realidade. Há mais de um século, a engenharia civil destas nações incorpora a planta à construção de casas populares e prédios habitacionais com até quatro pavimentos. Os bons resultados estimulam o Brasil a começar a testar essa tecnologia. “Dependendo da espécie, maturidade, tratamento e teor de umidade, o bambu pode ser empregado com eficiência como elemento de colunas e vigas estruturais, suportando cargas bem altas”, explica Vitor Hugo Silva Marçal, secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (APROBAMBU).
O engenheiro civil cita que na Colômbia há casas de bambu estrutural revestido de concreto que possuem mais de 100 anos e continuam íntegras e funcionais. Atualmente, no Brasil, universidades e grupos de pesquisa passaram a desenvolver projetos utilizando a planta, a fim de diminuir os gastos energéticos e aumentar a sustentabilidade das construções. Estudos mostram que o bambu pode sim ser utilizado no lugar do aço, já que sua resistência à tração e à compressão atinge valores médios de 100 MPa e 40 MPa, respectivamente. Segundo Vitor Marçal, a planta no formato roliço se adapta muito bem a sistemas construtivos pré-fabricados, pois ajuda a produzir peças eficientes sob o ponto de vista de leveza e eficiência térmica.
Norma técnica
UnB (Universidade de Brasília), Unicamp (Universidade de Campinas) e PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) já possuem núcleos em seus departamentos de engenharia civil para estudar o bambu e os tipos da planta que melhor se adaptam à construção civil (há variedades que funcionam melhor para a fabricação de
laminados e aglomerados de madeira). Mas o que leva as universidades a pesquisar o material está relacionado ao seu grau de resistência a patologias, quando aplicado ao concreto. “Muitas das patologias encontradas até o momento estão relacionadas ao mau dimensionamento das peças e à utilização de material com pouca qualidade, imaturo e com teor de umidade inadequado”, diz o secretário-executivo da APROBAMBU.
As universidades que pesquisam o bambu como elemento-estruturante também atuam para que o material possua norma técnica, junto à ABNT, a fim de que possa ser usado na construção civil brasileira. Só assim, ele poderá ser incorporado, por exemplo, em sistemas construtivos credenciados para o programa Minha Casa Minha Vida. Como material de construção, o bambu precisa estar maduro, ser cortado da forma correta, passar por tratamento adequado, secar de forma progressiva e ser bem armazenado. Outro fator importante é a capacitação e o conhecimento da mão de obra que trabalha com o bambu. “Na Colômbia, onde a planta tem normalização, ela é adotada em programas de habitação popular para edificações de até dois pavimentos. Na Índia, existem estruturas construídas com quatro pavimentos”, exemplifica Vitor Marçal, apostando que o “aço verde” e a “madeira do futuro” ainda irão revolucionar a construção civil brasileira.
Entrevistado
Engenheiro civil Vitor Hugo Silva Marçal, secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (APROBAMBU)
Contatos
vitormarcal@projetobambu.com
vitor_vhsm@hotmail.com
www.projetobambu.com
Créditos Fotos: Divulgação/ APROBAMBU