Construção industrializada chega às paredes-diafragma
Estruturas pré-moldadas têm melhor controle de qualidade e estanqueidade mais eficiente do que as produzidas in loco, tradicionalmente usadas no Brasil
Por: Altair Santos
A escassez de terrenos, combinada com projetos de edifícios cada vez mais altos, tem aumentado a presença de paredes-diafragma em canteiros de obras. Elas são fundamentais para permitir escavações profundas e para conter deslizamentos que possam vir a prejudicar não só o empreendimento em construção, como prédios no entorno – em se tratando de obra em áreas urbanas.
O avanço tecnológico da construção industrializada trouxe mais agilidade ao processo de instalação das paredes-diafragma. Também agregou maior qualidade ao sistema, melhorando a segurança, o controle e reduzindo o emprego de mão de obra. Essa evolução, e outros benefícios acrescentados pelas paredes-diafragma pré-fabricadas, são analisadas pelo engenheiro civil, e especialista no tema, Luiz Antônio Naresi Júnior. Confira a entrevista a seguir:
Quais as vantagens de se usar paredes-diafragma pré-fabricadas em vez de paredes-diafragma construídas no local da obra?
A técnica de paredes-diafragma tem passado por constantes inovações. A mais importante atualmente refere-se à utilização de painéis pré-moldados de concreto armado ou protendido. O painel pré-moldado pode ter um recobrimento menor - normalmente 3 centímetros - e concreto com fck (resistência) superior a 25 MPa. A parede pré-moldada tem um controle de qualidade mais fácil de ser executado, pois é feita antes da introdução na escavação. Desta forma, a resistência estrutural é substancialmente superior a da moldada no local, que, por outro lado, tem um controle de qualidade e tecnológico mais difícil de ser acompanhado e demanda uma equipe maior para esta finalidade, principalmente junto à fiscalização. Além disso, a parede pré-moldada gera baixa perda de concreto, enquanto a moldada in loco tem muita perda, principalmente nas escavações onde existe solo de baixa resistência ou solo mole.
Fora do país, esta tecnologia parece ser bastante utilizada. E no Brasil?
A tecnologia de execução de parede-diafragma pré-moldada é utilizada em todo o mundo, porém no Brasil, apesar de termos uma defasagem de poucos anos em relação aos países desenvolvidos, onde esta técnica surgiu, estamos bem atualizados. Há, inclusive, empresas que possuem equipamentos modernos de fundação para esta finalidade. Porém, a complexidade para a execução de obras deste tipo é muito grande. Não são obras usuais e têm alto custo executivo. A geologia do terreno, o estudo de riscos e os custos com elaboração de cronogramas de obra é que influenciam na escolha desta técnica de execução. Escavações profundas, cortes verticais e aterros de grandes dimensões são cada vez mais importantes para a implantação de empreendimentos, especialmente em áreas urbanas, onde há escassez de terrenos para construir. Isso torna a etapa de execução de paredes-diafragma pré-moldadas uma das mais críticas durante a execução da obra. Vale lembrar que, em função dos riscos que a movimentação de terra envolve, erros de dimensionamento, de projeto e de execução podem ser fatais, em função da grandeza de equipamentos e guindastes envolvidos na obra.
Ao se optar pela construção de paredes-diafragma deve se levar em conta quais fatores?
É necessário fazer as seguintes análises: 1) Local e acesso à obra; 2) Resultados de ensaios de laboratórios de solos e rochas e interpretação do perfil geológico e geotécnico do terreno por meio de sondagens rotativas; 3) Tipo e tamanho dos terrenos e espaço físico da obra; 4) Estudo do fator de segurança e da estabilidade global da escavação subterrânea; 5) Fator de risco da segurança contra o colapso ou deslizamento sobre outras estruturas, com risco ao usuário final, seja em edificações, rodovias ou ferrovias; 6) Fator técnico-financeiro, estudo de viabilidade da parede diafragma pré-moldada, e 7) Impactos ambientais e de segurança do trabalho.
Com relação à evolução dos equipamentos e produtos, construir paredes-diafragma ficou menos perigoso?
Nos anos recentes, em resposta ao surgimento de projetos mais complexos e cronogramas mais enxutos, o segmento de execução de paredes diafragmas pré-moldadas evoluiu. Essa metodologia deu um salto com o avanço de maquinários como as hidrofresas, aposentando gradativamente o clam shell mecânico - convencionalmente utilizado no Brasil desde os anos 1960-1990. Assim, sem comprometer a segurança e a velocidade, e com relativa redução de ruído, aumentou- se a capacidade e a profundidade das escavações, incluindo a adoção de paredes mais espessas. A substituição da lama bentonítica por polímeros biodegradáveis, como fluídos estabilizantes, tem se firmado como tendência. Diferentemente da lama (coulis), os polímeros, por serem biodegradáveis, podem ser descartados em qualquer bota-fora ou até em galerias de águas pluviais, desde que não contenham sólidos em suspensão. As empresas também vêm investindo em tecnologias para diminuição do volume de bentonita e de resíduos gerados nas obras. A própria bentonita já pode ser tratada com uso de centrifugação, de sistema filtro prensa ou ainda tratamento químico.
A logística para o transporte das peças pré-fabricadas é um empecilho para seu uso ou normalmente as peças são moldadas no local da obra?
Geralmente as peças são montadas em locais de grande extensão e não nas obras. O grande inconveniente é o transporte em carretas, o que exige horários alternativos, normalmente os noturnos, e com apoio da polícia de trânsito. No canteiro de obras, elas devem ser movimentadas por meio de grandes guindastes. Recomenda-se sempre fazer um check-list para receber as paredes pré-moldadas:
• Avalie a experiência da empresa prestadora de serviços, a qualidade dos equipamentos e a especialização da equipe de transportes e da empresa especializada na aplicação das paredes pré-moldadas.
• Ofereça informações completas à contratada, quanto aos problemas que podem existir no terreno, como fundações antigas que podem atrapalhar o bom andamento da perfuração da lamela para aplicação da parede pré-moldada.
• Verifique se existe alguma restrição ao tráfego de caminhões ao programar a chegada e saída dos equipamentos e de caminhões de terra, que retiram o material proveniente das escavações da lamela.
• Prepare o canteiro de obras para receber as máquinas de grande porte e as carretas com as estacas pré-moldadas. Verifique se o terreno suporta equipamentos pesados, impedindo que os mesmos atolem ou afundem. Garanta o suporte de trabalho com cascalho ou bica corrida.
• Controle o andamento da obra verificando os boletins dos painéis diariamente.
Em comparação com o método tradicional de construir paredes-diafragmas, a pré-fabricada é mais rápida, mas também mais cara?
Sem dúvida, as paredes-diafragma pré-fabricadas agilizam o processo e evitam a existência de problemas comuns de ocorrer na concretagem submersa de paredes moldadas in loco, como falta de concreto, quebra de guindaste, falta de lama bentonita, quebra da tremonha, desarenação (remoção de areia e de outros detritos sólidos minerais), dificuldades com vazamento da lama, entre outros. Mas nem por isso ela é mais barata, pois depende de um controle de qualidade e logística mais apurado, o que a torna mais cara que a parede convencional.
Em termos de envolvimento de mão de obra, a parede-diafragma requer número menor de operários no canteiro?
Em função do processo ser basicamente mecanizado, a mão de obra é bem reduzida se comparada à execução da forma tradicional. No caso das paredes-diafragma pré-moldadas, a equipe mínima exigida é a seguinte: um engenheiro, um encarregado, um operador de diafragmadora, um operador de guindaste auxiliar e sete ajudantes. As atribuições de cada um são as seguintes:
• Engenheiro
- Responder, junto com o encarregado, pelo planejamento e implantação da obra
- Analisar, junto com o encarregado, as condições de vizinhança
- Analisar, junto com o encarregado, o perfil de sondagens
- Discutir com o encarregado as condições contratuais e as responsabilidades de ambas as partes
- Analisar, junto com o cliente e outros empreiteiros, as interfaces dos serviços
- Estabelecer, junto com o encarregado, a sequência executiva e o cronograma da obra
- Supervisionar o andamento dos serviços
- Analisar os boletins de execução da parede-diafragma
- Manter contato com os projetistas, clientes e gerenciadores
- Verificar o limite do terreno para execução da mureta guia
- Conferir a armação dos painéis
- Conferir as medições dos empreiteiros
- Calcular o volume do concreto para os painéis
- Verificar os resultados tecnológicos do aço e concreto
• Encarregado
- Responder, junto com o engenheiro, pelo planejamento e implantação da obra
- Estabelecer, junto com o engenheiro, o layout do canteiro, compreendendo disposição dos equipamentos, montagem da central de lama, pátio de armação, escritório da obra, sequência executiva dos painéis e verificar as condições e manutenções operacionais do canteiro
- Verificar a qualidade da mureta guia
- Receber e conferir os equipamentos, ferramentas e acessórios
- Acompanhar, orientar e supervisionar a execução de todos os procedimentos para a execução de paredes-diafragma
- Transmitir instruções aos subordinados quanto à segurança durante a execução dos serviços, os locais que a equipe pode ou não ter acesso
- Verificar se está livre o caminho do caminhão betoneira até o painel que vai ser concretado
- Participar da amostragem do concreto e da determinação do slump test
- Verificar a cota de arrasamento do concreto
- Preencher os boletins de execução e controle
- Registrar e relatar ao engenheiro qualquer anomalia
• Operador de diafragmadora
- Operar a diafragmadora
- Responder pela sua conservação
- Manter a diafragmadora limpa e lubrificada
- Informar a manutenção dos serviços necessários e programar com o encarregado quando fazê-la
- Responder pelo livro do equipamento e sua atualização
• Operador de guindaste auxiliar
- Operar o guindaste auxiliar
- Responder pela sua conservação
- Manter a diafragmadora limpa e lubrificada
- Informar a manutenção dos serviços necessários e programar com o encarregado quando fazê-la
- Responder pelo livro do equipamento e sua atualização
• Ajudantes
- Escavação
- Acompanhar a escavação dos painéis
- Verificar o prumo da ferramenta da escavação
- Orientar o operador da diafragmadora
- Comandar o fluxo de lama bentonítica para o interior da escavação mantendo o nível da mesma sempre nos limites da mureta guia
- Medir a profundidade do painel sempre que necessário
- Retirar amostra da lama bentonítica sempre que necessário
- Instalação das armaduras, juntas e chapas-espelho
- Orientar o operador do guindaste auxiliar, durante o içamento e colocação das armaduras, juntas e chapas espelho
- Participar das operações de fixação das armaduras à mureta guia e orientar os ajudantes
- Responder pelo untamento com graxa das juntas e chapas espelho
- Preparo da lama bentonítica e tratamento da lama bentonítica antes da concretagem
- Orientar e participar do preparo da lama bentonítica (dosagem e tempo de mistura)
- Retirar amostra para ensaio
- Realizar os ensaios da lama bentonítica
- Participar e orientar a operação de desarenação, como conexão das bombas da lama, conexão dos desarenadores e operação dos registros dos tanques de lama
- Concretagem
- Participar e orientar a montagem e desmontagem do tubo tremonha
- Comandar o fluxo de concreto para o interior do painel
- Medir a profundidade da superfície de concreto durante a concretagem
- Responder pela limpeza do funil e tubos tremonha após a concretagem
- Retirada das juntas e chapas espelho
- Orientar o operador do guindaste auxiliar na retirada das juntas e chapas espelhos
- Responder pela limpeza das juntas e chapas espelho
Qual a importância, para a estrutura da obra e o bom desenvolvimento de todo o projeto, que uma parede-diafragma seja bem construída?
A importância é vital para o sucesso do empreendimento. Observe. Vazamentos são problemas recorrentes em parede-diafragma. Se houver defeito nas juntas entre os painéis, pode acontecer de vazar água e outros materiais do terreno para dentro do subsolo escavado, o que pode criar um vazio no solo do edifício vizinho e até comprometer suas fundações. Outro problema acontece quando o painel desvia para dentro da obra, causando perda de área. Quando os painéis ficam com armadura exposta também é preciso consertar. Enfim, paredes-diafragma bem construídas estão diretamente ligadas ao sucesso da obra.
Existem engenheiros e projetistas especializados em construir paredes-diafragma? Como é essa especialização?
São os engenheiros de fundações e contenções. Este profissional é especializado em solos e baseia suas atividades em rigoroso trabalho de investigação de subsolos, através da realização de sondagens geológico-geotécnicas. Ele tem que saber trabalhar com as diversas condições impostas pela natureza, incluindo-as em cálculos estruturais e comportamento de estabilidade de taludes, entre outras especializações da engenharia geotécnica. Esse setor de engenheiros e projetistas especializados só expande quando o país cresce. Ela é desenvolvida através da especialização na área da engenharia geotécnica, através de mestrados e pós-graduações. O profissional que atua em obras de contenções e fundações agrega conhecimentos das áreas de mecânica dos solos, civil, estrutura e geotecnia. Apesar de as faculdades de engenharia abordarem de forma bastante eficiente os temas teóricos, no meio acadêmico o aluno tem acesso apenas a uma parte do que é necessário à formação de um bom engenheiro de fundações. Quando se fala em geotecnia, a vivência, prática em campo e o currículo em obras contam muito. O engenheiro de fundações e contenções interage em seu dia a dia com várias disciplinas, tais como estrutura, arquitetura, planejamento, geologia aplicada a engenharia, orçamento e custos e, até mesmo, com a área de instalações enterradas. O trabalho normalmente é realizado em meio período no escritório e a outra metade em campo. Por isso, a jornada de trabalho que, em princípio, é de até nove horas, pode se transformar em 12 horas. Em alguns casos, é necessário residir no local da construção atuando inclusive como fiscal, principalmente nos períodos de pico e no começo das obras, quando existe a necessidade de passar o projeto à equipe de execução contratada da obra.
Entrevistado
Engenheiro civil Luiz Antônio Naresi Júnior, especialista em engenharia geotécnica, fundação pesada, contenção de encostas, obras de artes especiais, infraestrutura ferroviária e rodoviária. Com 25 anos de experiência, atua na empresa PROGEO Engenharia Ltda. É um dos autores do livro Parede Diafragma Moldada "In Loco" com auxílio de Lama bentonítica
Contato
naresi@naresi.com
www.naresi.com
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Em plena era digital, mercado imobiliário sai na frente
Conecta Imobi mostra que setor antecipa tendências e explora ao máximo a tecnologia para ancorar seus negócios através da internet
Por: Altair Santos
Se há um setor que a era digital não irá pegar desprevenido, este é o do mercado imobiliário. O segmento atualiza-se como poucos, investindo principalmente em ferramentas de venda pela internet. A meta é acompanhar o ritmo de penetração das mídias digitais na vida do brasileiro. Segundo o Instituto Datapopular, especializado em medir tendências da nova classe C, a internet passa por um rápido processo de massificação no país. “A internet popularizou-se, e vai se popularizar ainda mais. O índice de penetração nas classes A e B já é de 70%. Na classe C, é de 47% e nas classes D e E atinge 31%. A projeção é que daqui a oito anos a internet na classe C terá penetração igual às das classes A e B, além de crescer significativamente nas classes D e E. Estima-se que na próxima década mais 34 milhões de brasileiros estarão conectados”, diz João Paulo Cunha, gerente de pesquisa do Instituto Datapopular.
A palestra do especialista e de outros profissionais do mercado imobiliário aconteceu no Conecta Imobi. Realizado de 12 a 13 de maio de 2015, em São Paulo, o evento foi inspirado nos principais congressos mundiais de tecnologia, inovação e vendas de imóveis. Entre os participantes, esteve Marcelo Dadian, diretor nacional de marketing da Rossi. A construtora e incorporadora, com obras em todas as regiões do país, tem ganhado sucessivos prêmios por disseminar inovações de venda no mercado imobiliário. O mais recente é o robot view. Trata-se de robô instalado em unidade decorada, e que o comprador pode conduzi-lo pelos cômodos, sem sair da sua casa. “Foi uma solução encontrada para atender quem vive nos grandes centros e não tem tempo a perder no trânsito. Através de agendamento, o cliente visita o apartamento sem deixar sua residência. Através de seu computador pessoal, ele opera remotamente o robô na unidade decorada do empreendimento que ele gostaria de visitar”, explica Dadian.
Mobile é o futuro
A Rossi tem investido também em parcerias com o Google. Recentemente, a empresa fez uso da ferramenta chamada Hangout para promover videoconferências entre seus corretores em todo o Brasil, e também desenvolver ações de marketing com clientes, através de transmissões ao vivo diretamente dos prédios em lançamento. “Queremos ir além do estande de vendas. O objetivo é tornar o processo de compra do apartamento mais rápido, desde a visitação até a finalização do negócio. Para isso, investimos em pessoas, tecnologia e processos de gestão para aprimorar a venda. Entendemos também que marketing, vendas e TI (Tecnologia da Informação) precisam andar juntos cada vez mais, pois os desafios tecnológicos impõem essa união. Enfim, as mídias de construtoras e incorporadoras mudaram muito. Saíram do anúncio em jornal para as mídias digitais”, avalia o diretor da Rossi.
As mídias digitais também estão migrando de vetores. Antes, eram pensadas para os desktops; depois, para os notebooks; agora, os protagonistas são os smartphones. Hoje, segundo dados apresentados na Conecta Imobi, de cada quatro pessoas que fazem busca na internet para encontrar imóvel, uma já o faz pelo smartphone.
“A internet é atualmente o meio de maior influência na decisão do consumidor em comprar imóvel. Por isso, construtoras e imobiliárias não podem abdicar de versões mobiles para seus sites. Algumas vão além, como a MRV. O marketing deles distribuiu, recentemente, cardboards para interessados em seus apartamentos. A ferramenta permite baixar um aplicativo e ver, através do smartphone, um filme do apartamento decorado em realidade virtual”, explica Igor Lima, head de mercado imobiliário do Google. Para ele, isso é só o começo. “Robôs, aplicativos, drones e outras ferramentas buscam um só objetivo: encontrar o consumidor, descobrir seus gostos e desejos e convencê-los a comprar”, finaliza.
Assista as palestras da Conecta Imobi (necessita de cadastramento e estarão disponíveis por 30 dias, a partir de 18/5/2015)
http://www.vivareal.com.br/conectaimobi/
Entrevistados
- João Paulo Cunha, gerente de pesquisa do Instituto Datapopular
- Marcelo Dadian, diretor nacional de marketing da Construtora e Incorporadora Rossi
- Igor Lima, head de mercado imobiliário do Google
Contato
contato@conectaimobi.com.br
Créditos fotos: Divulgação
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Terceirização promoverá “seleção natural” no mercado
Especialista em gestão de pessoas avalia que PL 4330 trará qualificação, produtividade e competição a setores da economia, como a construção civil
Por: Altair Santos
Para Alberto Roitman, consultor empresarial e especialista em gestão de pessoas, a possibilidade de surgir a Lei da Terceirização (PL 4330) deverá promover uma “seleção natural” no mercado de trabalho brasileiro. De que forma: "A terceirização das atividades fim vai aumentar a competitividade. Muitos profissionais sentem-se acomodados por estarem protegidos da terceirização. Isso acaba gerando uma acomodação natural e impacta na qualidade do trabalho, que cai", diz.
Segundo o especialista, quando aprovada integralmente, a nova Lei da Terceirização deve eliminar essa zona de conforto, o que resultaria em melhor produtividade e interesse do colaborador pelo negócio do qual faz parte. “Os bons colaboradores não têm com o que se preocupar”, afirma Alberto Roitman. Ele avalia que um dos setores que mais irá avançar com a terceirização será a construção civil. Na entrevista a seguir, Roitman analisa o PL 4330, que atualmente tramita no Senado Federal, e as mudanças causadas no mercado de trabalho, caso venha a virar lei. Confira:
Recentemente, o senhor escreveu um artigo sobre a seleção natural que a terceirização irá causar no mercado de trabalho. O que sustenta esta tese?
A minha tese é sustentada pelo fato de enxergar o posicionamento dos sindicatos de trabalhadores muito fundamentados na proteção dos requisitos legais de pagamentos de garantias trabalhistas. Em nenhum momento essa fundamentação está sustentada no aumento da qualidade do serviço prestado. Além disso, existe também um consenso no mercado no que diz respeito ao gerenciamento das atividades dos colaboradores, de que o patrão, o gestor ou o empresário buscam ampliar cada vez mais a qualidade da entrega por um custo justo, não por um custo mais barato. A maior parte dos trabalhadores que critica o projeto de lei vive numa zona de conforto sabendo que a atividade fim não seria terceirizada. Com a terceirização da atividade fim muitos deles vão perder esta zona de conforto. E isso acaba gerando desconforto, pelo fato de estarem mais propensos a serem demitidos e substituídos por empregados ou colaboradores que possam prestar um serviço melhor por um preço justo.
A seleção natural será apenas no mercado de trabalho para os profissionais empregados ou para as empresas também?
Com o projeto de lei 4330, a competitividade será maior. O que vai acontecer é uma lei de economia de mercado, de regra de mercado, de empresas terceirizadas que vão se preocupar em potencializar a qualidade do serviço prestado por um preço melhor. Desta forma, todos os ramos de atividade vão se beneficiar com esta inovação. Hoje em dia, apenas as atividades meio podem ser terceirizadas e as atividades fim sofreram muitos reveses qualitativos. Além disso, as atividades fim da maior parte das empresas são aquelas que mais repercutem na justiça do trabalho, através de processos trabalhistas. Acredito que os maiores beneficiados serão o mercado financeiro, a indústria automotiva, o setor de energia e de comunicações e a indústria de serviços, principalmente a hotelaria.
Hoje há um impasse no Congresso, com o projeto aprovado na Câmara podendo ser bastante modificado no Senado. Se a lei não sair, o senhor acredita que a economia do país tende a seguir patinando?
O projeto de lei, sendo aprovado, ajudaria muito a dinamizar a economia. Não sendo aprovado não vai prejudicar a economia, mas perderíamos uma oportunidade de dar um passo à frente.
Sob o ponto de vista da reciclagem profissional e do avanço na carreira, a lei da terceirização é benéfica?
Muito. Se olharmos outros países, as atividades fim das nações desenvolvidas são todas terceirizáveis. Se o Brasil quer ser grande precisa demonstrar com atitudes que quer ser grande. Quando você olha a inserção do jovem no mercado de trabalho, se a atividade fim for terceirizada o jovem terá muito mais, e melhores chances de conquistar o primeiro emprego. Na outra ponta, outro provável beneficiado serão os aposentados. Hoje, apenas 6% das vagas são direcionadas para profissionais acima de 40 anos e apenas 1% é direcionada a profissionais com mais de 55 anos de idade, ou seja, existe uma limitação no mercado para aqueles que já tenham idade avançada. Com a terceirização da atividade fim, os maiores beneficiados serão estudantes recém-lançados no mercado de trabalho, aposentados e profissionais em vias de se aposentar. Isso fará ingressar no mercado de trabalho uma nova força motriz de atividade e outros segmentos vão usufruir disto. Até por que, a economia gira mais facilmente quando você tem um número maior de empregados.
A lei da terceirização tende a gerar perdas aos profissionais, sob o ponto de vista de perda de garantias?
A má fé sempre vai existir no mercado de trabalho. A lei procura resguardar direitos de Fundo de Garantia, INSS, 13º salário e férias, prevendo isso no projeto. É bobagem imaginar que o trabalhador vai ter perdas, até por que, acredito, haverá fiscalização. No Brasil, se fala muito que a lei pega ou não pega. Entendo que no começo vá se precisar de uma fiscalização um pouco mais rigorosa para fazer com que a lei pegue, ou seja, que os direitos e garantias do trabalhador sejam preservados, mesmo que eles sejam terceirizados. Mas não vai ser um retrocesso como o governo diz, pelo contrário, vai ser um avanço. A gente tem um CLT de 1932 que foi formulado na Carta del Lavoro italiana. A Carta del Lavoro já foi atualizada quatro vezes e o Brasil ainda insiste em manter uma relação trabalhista ultrapassada e caduca. O país ainda resiste em imaginar um processo progressista para o mercado de trabalho brasileiro.
O projeto de lei da terceirização não atinge as atividades fins no funcionalismo público. É uma falha ou foi correto preservar o serviço público?
Esta observação do funcionalismo público mexeria com o artigo 5º da Constituição, que trata dos direitos e garantias individuais. Um projeto lei do ponto de vista constitucional, é menor do que uma constituição. Então, se ela estendesse a terceirização para o serviço público seria inócua. O artigo 5º fala que os direitos trabalhistas são garantidos e não é possível terceirizar o funcionalismo público. Então, é muito mais uma observação feita pela comissão de constituição e justiça do que uma vontade do legislador neste sentido de querer comprar uma briga que ele saberia que iria perder. Já a atividade privada precisa ter esta dinamização. A terceirização é fundamental para melhorar a qualidade e o dinamismo do mercado que hoje padece de qualidade e direcionamento qualitativo para fazer melhor as atividades. O funcionalismo público não entraria agora, pois antes é necessária uma reforma constitucional com o apoio de dois terços do congresso.
Especificamente, na construção civil, como a lei da terceirização deverá interferir?
A atividade da construção civil é uma das que mais vai se beneficiar com relação a isso, pois existe ainda um encargo trabalhista muito grande para as empresas na contratação de profissionais da construção civil. Acredito que o surgimento de empresas especializadas na contratação de profissionais de construção civil, que fomentem esses profissionais para as construtoras e para as empreiteiras, vai facilitar o mercado de construção civil. Principalmente, por que a terceirização vai agregar qualidade ao trabalho. Com isso, ganha o mercado de trabalho e ganha o consumidor final. Hoje há muitos atrasos na entrega, que estão vinculados a cronogramas de construção que não são cumpridos pelos mais variados fatores. Entre eles, um lapso muito grande das regras que deveriam ser seguidas pelos trabalhadores da construção civil. A terceirização tende a corrigir esse descompasso.
A construção civil se debate muito com a questão dos ganhos de produtividade. A lei tende a ajudar neste aspecto?
Sim. O ganho de produtividade está atrelado a bons profissionais. A saída da zona de conforto, causada pela terceirização, vai estimulá-los a se especializar, a adquirir novos comportamentos e novos conhecimentos, para realizar funções cada vez mais técnicas.
Com a terceirização, o empregador tende a investir mais na capacitação dos colaboradores?
O empresário vai acabar economizando em reclamação trabalhista e direcionar esta verba para capacitar melhor os colaboradores. Ele sabe que terá de entregar um serviço cada vez melhor. Assim, investirá na capacitação para oferecer um produto de qualidade e agregar valor a ele.
Qual o novo profissional que irá surgir, a partir da aprovação da lei da terceirização?
Um profissional mais preocupado com a capacitação, com a qualidade e com o respeito às regras. A competitividade é fundamental para se construir um setor voltado para a produtividade e para a qualidade da entrega.
Entrevistado
Alberto Roitman é graduado em direito e em administração, com especialidade nas áreas de recursos humanos, emprego, carreira e comportamento.
Contato
Asaul@overlap.net
alberto@albertoroitman.com
www.albertoroitman.com
Crédito foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Telhado verde passa a ser obrigatório no Recife
Capital pernambucana segue o Rio de Janeiro e cria lei municipal sobre o tema. Objetivo é diminuir concentração de calor em áreas da cidade
Por: Altair Santos
Recife começou 2015 aprovando uma lei inovadora, no que se refere a construções sustentáveis. Seguindo modelo já adotado na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura da capital pernambucana sancionou legislação que obriga a instalação de telhado verde em prédios residenciais com mais de quatro pavimentos e em casas com área coberta acima de 400 m². O objetivo, segundo o arquiteto e urbanista João Domingos Azevedo, é diminuir a concentração de calor em determinadas áreas da cidade. A lei prevê o plantio de gramas, hortaliças, arbustos e árvores de pequeno porte nas lajes dos edifícios.
Estudos que levaram Recife a adotar o telhado verde mostram que esse revestimento natural reduz em até 6°C a temperatura no entorno do prédio. “A estratégia dos telhados verdes está integrada ao plano municipal de ampliação da cobertura vegetal no território do Recife. Essas iniciativas perseguem a redução das temperaturas de superfície nos diversos ambientes da cidade e a menor emissão de carbono na atmosfera”, cita João Domingos Azevedo, que preside o Instituto da Cidade Pelópidas Silveira - organismo vinculado à secretaria de planejamento urbano da cidade do Recife, e que vai fiscalizar o cumprimento da legislação.
A lei é de caráter urbanístico. Portanto, não interfere na construção civil das edificações. “A técnica a ser usada para a construção da cobertura vegetal fica a cargo dos empreendedores que assinam os projetos construtivos”, explica João Domingos Azevedo. “A elaboração de projetos e execução de obras e serviços (implantação e manutenção) está dentro do escopo da construção civil, e sujeita aos registros e anotações de responsabilidades técnica junto aos conselhos de classe. Da mesma forma, os fornecedores de sistemas e de insumos que irão compor os telhados verdes”, completa.
Divergências e cuidados
Desde a implantação, a comunidade da construção civil do Recife tem feito críticas à lei, sob a alegação de que os projetos irão encarecer o custo da obra. A prefeitura da cidade, entretanto, acredita que isso não inviabilizará a legislação, e que o seu entendimento se dará no longo prazo. “Experiências como as dos telhados verdes passarão a ser entendidas pela sociedade quando estiverem consolidadas, tornando-se perceptíveis à avaliação do cidadão. Ao mesmo tempo, a classe técnica tem sido naturalmente crítica, mas provocado ricos debates sobre o tema. A busca é para tornar viável a implantação e manutenção dos telhados verdes no Recife”, diz o arquiteto.
No Brasil, prevalecem dois modelos de telhados verdes. Um, mais extensivo, projeta um tapete de vegetação rasteira sobre a laje do prédio, variando de 5 a 15 centímetros de espessura. Raramente exerce carga excessiva sobre a estrutura. O cuidado maior é com a impermeabilização da laje e com o escoamento da água acumulada pela vegetação. Já a intensiva funciona como um jardim suspenso, inclusive agregando árvores de pequeno porte. A espessura pode chegar a 50 centímetros e acarreta em sobrepeso estrutural. Neste caso, requer projeto paisagístico, acompanhado de plano arquitetônico e de avaliação de engenheiros civis – no caso do prédio estar construído. Em empreendimentos a serem viabilizados, o projeto deve contemplar o telhado verde.
Entrevistado
Arquiteto e urbanista João Domingos Azevedo, presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira - organismo vinculado à secretaria de planejamento urbano da prefeitura do Recife.
Contato
imprensa@recife.pe.gov.br
planejamentopcr@gmail.com
Créditos fotos: Daniel Tavares/Prefeitura do Recife e Lu Streithorst/Prefeitura do Recife
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Consumidor redescobre o silêncio nos andares altos
Tendência do mercado imobiliário prevalece principalmente nos grandes centros urbanos do país, onde proliferam prédios com mais de 20 pavimentos
Por: Altair Santos
Prédios altos, com mais de 20 pavimentos, tornaram-se comuns no Brasil. Isso ocorre por que a legislação de uso do solo nos principais centros urbanos adotou a norma conhecida como potencial construtivo. Em resumo, ela permite verticalizar ao máximo a construção, aproveitando amplamente o terreno. Com isso, está mudando também o comportamento do consumidor - principalmente o de alto poder aquisitivo. Esse cliente tem preferido comprar unidades nos andares mais altos, revelando uma nova tendência no mercado imobiliário. O motivo, explicam os especialistas, é fugir da poluição sonora e ir ao encontro da melhor insolação e da boa ventilação.
De fato, medições acústicas comprovam que o nível de ruído é menor quanto mais alto o andar. O próprio barulho do trânsito chega mais difuso nos pavimentos posicionados a partir do 20º andar – dependendo, obviamente, da localização do edifício. “O entorno das edificações certamente definirá estes fatores. No entanto, a partir de 20 pavimentos percebe-se, através de medições acústicas, que o nível de ruído nas regiões centrais das cidades - onde ele encontra-se próximo dos 75 decibéis (dB) ao nível do térreo - cai para 50, em média. Na escala acústica, estas reduções são extremamente significativas”, explica o arquiteto Ivan Luciano Lupion, coordenador de qualidade da Invespark Empreendimentos Imobiliários.
Normas para prédios altos
O preço de venda de uma unidade localizada em andares altos é, em média, 10% maior do que das unidades térreas. Mas o consumidor parece estar disposto a desembolsar mais pelo silêncio. E essa parece ser uma tendência mundial. Até cidades de países extremamente conservadores na arquitetura começam a se render às edificações mais esbeltas. “Um exemplo é a cidade de Zurique, na Suíça, onde em 2011 foi inaugurado um prédio com 36 pavimentos: o Prime Tower. Até então, a cidade só aceitava prédios com altura máxima de quatro, quando muito, seis pavimentos”, revela Luciano Lupion.
No Brasil, duas normas devem ser atendidas quando se busca conforto acústico em edificações altas. Uma é a ABNT NBR 15575 (Norma de Desempenho). Para cumpri-la, as construtoras recorrem a paredes e vidros com maior espessura nos andares altos, além de utilizar materiais alternativos como a borracha e o neoprene para qualificar a vedação. Outra norma imprescindível é a ABNT NBR 6123:1988 - Forças devido ao vento em edificações. Ela fornece procedimentos e coeficientes confiáveis para as construções com geometria em plantas quadradas ou retangulares. Os coeficientes apontados pela norma definem padrões de janelas, sistemas construtivos e materiais a serem aplicados na fachada, com o objetivo de minimizar os efeitos do vento e a redução de ruídos.
Entrevistado
Arquiteto, urbanista e economista Ivan Luciano Lupion, coordenador de qualidade da Invespark Empreendimentos Imobiliários Ltda., e que em Curitiba especializou-se em lançar prédios altos – tanto residenciais quanto comerciais.
Contato
ivan@lupion.com.br
Créditos fotos: Divulgação/Investpark
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Microapartamento pré-fabricado inova moradia em NY
Projeto executado em Manhattan propõe novo tipo de construção para prédios habitacionais, que se viabiliza através de linhas de montagem
Por: Altair Santos
O brinquedo Lego, que forma objetos através do encaixe de peças, inspirou a construção mais inovadora atualmente em Nova York (Estados Unidos). O canteiro de obras localiza-se em um dos cobiçados endereços de Manhattan: a 27th Street, em Kips Bay. É no local que está em execução o My MicroNY, um prédio com 55 apartamentos de 20 m² cada um, em que as unidades são montadas separadamente e depois fixadas uma a uma, dando forma ao edifício. Projetada pelo arquiteto Eric Bunge, a obra tem o incentivo da prefeitura de NY, que pretende usá-la como modelo para criar um novo programa habitacional na cidade.
A construção funciona como uma linha de montagem de automóveis. Em um galpão, os apartamentos são fabricados como se fossem contêineres de aço. Cada um recebe uma cozinha planejada, um closet e um banheiro com todas as instalações - de espelho a chuveiro e vaso sanitário. As conexões hidráulicas e elétricas também já saem prontas da linha de montagem, para compor com o sistema geral do edifício. No processo final, a estrutura em aço é revestida por paredes pré-fabricadas de concreto, já com os encaixes adequados para se acoplar às demais unidades.
Depois de pronto, cada microapartamento pré-fabricado é transportado por caminhão e erguido através de guindaste para ir dando forma ao prédio. “Conseguimos conceber um canteiro de obras seco e ajustado às rigorosas leis para construir edifícios, que vigoram em Nova York. Também pensamos no novo morador da cidade: jovem, com poucos recursos para investir em uma habitação e que prefere morar sozinho”, diz Eric Bunge. Por ser um protótipo, e estar localizado em uma área nobre de NY, os microapartamentos não são assim tão baratos. Quando prontos, serão colocados à venda por algo em torno de US$ 450 mil (cerca de R$ 1,350 milhão).
Projeto levou dois anos
A conclusão da obra do My MicroNY está programada para o verão de 2015, provavelmente em agosto. O canteiro de obras foi instalado em maio de 2014. “A rapidez da edificação está surpreendendo até nós mesmos”, afirma o arquiteto, relatando que a etapa mais demorada foi a do projeto. O planejamento da linha de montagem, a concepção das formas para receber o concreto e a logística para transportar as unidades e içá-las por guindaste em cada um dos andares do prédio levou cerca de dois anos. Esse trabalho envolveu aproximadamente 50 pessoas, entre arquitetos, engenheiros civis, projetistas e designers.
Quando pronto, o My MicroNY terá a aparência de um prédio comum. Revestido por pastilhas, aparentará ser uma construção monolítica. Quem ocupar cada unidade também não perceberá que habita um sistema construtivo inovador. As paredes de cada contêiner, revestidas com drywall, dão a aparência de um apartamento convencional, porém com melhor desempenho acústico e térmico. “Tudo foi pensado para oferecer conforto ao morador. É um prédio de habitação popular, mas com sofisticação”, finaliza Eric Bunge, cujo projeto ganhou o prêmio máximo do New Cities Summit de 2014, realizado na cidade de São Paulo, e que neste ano acontece em Jacarta, na Indonésia.
Entrevistado
Arquiteto Eric Bunge, professor-assistente do departamento de arquitetura da Universidade de Columbia, em Nova York (via assessoria de imprensa).
Contato
erb2147@columbia.edu
Créditos fotos: Divulgação/mir.no
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
100 empresas mais amadas por estudantes de engenharia
Consultoria Universum entrevistou 5 mil estudantes brasileiros de 130 cursos de graduação. Petrobras, Vale e Google foram as mais votadas
Por: Altair Santos
A Consultoria Universum divulgou um ranking que mostra as 100 empresas apontadas por estudantes de engenharia como as melhores do Brasil para trabalhar. Foram ouvidos cinco mil alunos de 130 cursos de graduação de engenharia – incluindo engenharia civil – e arquitetura. A empresa realiza essa pesquisa há 25 anos, nos cinco continentes. Desde 2013, ela passou a incluir o Brasil em lista. Petrobras, Vale, Google, Odebrecht e Apple ocuparam os cinco primeiros lugares do ranking.
As 100 empresas citadas na lista têm em comum o fato de serem referência em seus campos de atuação, oferecerem oportunidades de aprendizado, valorizarem a criatividade, terem líderes inspiradores, priorizarem a meritocracia, terem bons planos de carreira e pagarem salários compatíveis com as melhores do mercado. “Os jovens buscam empresas que os ajudem a se desenvolver e a se profissionalizarem na carreira. Os principais drivers para eles são as empresas que oferecem oportunidades de treinamento, plano de carreira estruturado e líderes que dão suporte ao desenvolvimento deles”, avalia André Valias Siqueira, responsável pela pesquisa no Brasil.
Para os estudantes de engenharia, a empresa que melhor agrega os valores idealizados por eles é a Petrobras. Quando a pesquisa foi realizada - no primeiro semestre de 2014 -, a principal companhia brasileira não estava mergulhada no escândalo trazido à tona pela operação Lava-Jato. Mesmo assim, André Valias Siqueira acredita que a parte da política da corporação não influencia na opção dos futuros engenheiros. “A Petrobras, por ser uma estatal, oferece atributos que são fortes motivadores na escolha de uma carreira. Entre eles, estabilidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, salário e benefícios competitivos. Além disso, a Petrobras possui uma forte estratégia de employer branding (sistema de ações que reforça a imagem da empresa como boa empregadora) pautada na inovação”, diz o analista.
Engenheiros civis dominam pesquisa
Entre os cinco mil estudantes de engenharia entrevistados, 21% cursavam engenharia civil quando a pesquisa ocorreu. Os alunos desta especialidade foram os mais participativos, seguidos dos que cursam engenharia de produção (12% das respostas) e arquitetura (12% das respostas). Não é sem razão que o interesse maior pelo estudo partiu dos estudantes de engenharia civil. De 2010 para cá, as vagas de trainees nas grandes corporações têm sido absorvidas por quem cursa essa especialidade. “O Brasil tem escassez de engenheiros e a construção civil disputa essa mão de obra com outros setores, como o financeiro, o de consultorias e o de bens de consumo”, afirma André Valias Siqueira.
O especialista sinaliza o caminho que o estudante de engenharia deve percorrer para conquistar uma vaga nas empresas que ocupam o topo do ranking. “Os programas de trainee estão extremamente competitivos, mas há uma alternativa que é aderir aos bancos de estágio. O estudante não terá o status de um trainee, mas acessa uma porta mais fácil e com menos pressão. Assim, o jovem pode conhecer melhor a empresa e saber se é o que ele realmente busca. Outra possibilidade é investir em especializações no exterior”, considera o consultor da Universum.
Além dos cinco mil estudantes de engenharia e arquitetura, a Consultoria Universum ouviu no Brasil outros 60 mil estudantes das seguintes áreas: humanas, educação, TI (Tecnologia da Informação), direito, medicina, ciências naturais, administração e economia. A Petrobras foi indicada a número 1 do ranking em seis destes grupos. Para os alunos de TI, a referência é o Google. Idem para quem atua no segmento de humanas.
Veja o ranking completo das 100 melhores empresas, segundo os estudantes de engenharia
http://universumglobal.com/rankings/brazil/student/2014/engineering/
Entrevistado
André Valias Siqueira é formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, expert em employer branding e responsável pela operação da Universum no Brasil, cuja matriz é em Estocolmo (Suécia)
Contato
andre.siqueira@universumglobal.com
andre.barreto@universumglobal.com
ricardo.maldonado@universumglobal.com
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Kit de obras atende construtoras de pequeno porte
Fabricantes de equipamentos priorizam empresas que atuam em microempreendimentos e lançam amplo portfólio de produtos a esse mercado
Por: Altair Santos
A construção civil leve, que engloba construtoras de pequeno porte e construtores autônomos, é um nicho cada vez mais explorado pelos fabricantes de equipamentos voltados ao setor. De balde metálico para concreto à minibetoneiras, esses produtos apostam no ganho de produtividade para conquistar mercado. Os fabricantes garantem que uma obra pode avançar até 30% em seu cronograma com o uso de máquinas voltadas para o pequeno construtor.
Segundo o gerente de marketing da CSM, Alexsandro Possani, além de gerar ganho de produtividade, os equipamentos melhoram a segurança nos canteiros de obras. “Os dispositivos que protegem o trabalhador são prioridade nestes produtos. Dessa forma, evita-se a exposição do operador a riscos de acidente”, afirma.
Os produtos são abrangentes e também ergonômicos. Há carrinhos apropriados para transportar betoneiras de até 400 litros e também veículos para facilitar a mobilidade de materiais no canteiro de obras, como as giricas. O equipamento é ideal para o transporte de concreto, argamassa e entulho. O que o diferencia de um carrinho de mão é que ele vem com sistema de içamento (por cabo basculante) para elevação por meio de guinchos de coluna ou guinchos de elevação com tripé.
Recicladores portáteis
Padiolas, caixas metálicas para massa e balde para concreto também se modernizaram para atender o mercado das pequenas construtoras. No caso das padiolas, a capacidade máxima vai de 36 quilos a 70 quilos. Independentemente do tamanho, esse é um equipamento de transporte que requer duas pessoas para carregá-lo. Além de facilitar o transporte de agregados, como pedra, areia e brita, a padiola é essencial para a medição de materiais e para determinar o traço do concreto. Já as caixas metálicas agora são fabricadas em aço e podem comportar volumes menores. Esse equipamento é bem útil em pequenas reformas, assim como o balde metálico. Com design novo, ele ganhou alça lateral para facilitar o manuseio. O acessório também vem com marcas para medir os materiais a serem aplicados em pequenas obras e reformas residenciais.
Até recicladores portáteis estão se incorporando aos equipamentos voltados para os pequenos construtores.Eles permitem a transformação de resíduos sólidos da construção, resultado de reformas e demolições, em agregados para projetos de calçadas e muros. Também servem como trituradores para que os entulhos sejam ensacados. Há municípios que permitem que os rejeitos de pequenas obras sejam acondicionados em sacos que comportam até 50 quilos. Assim, eles podem ser transportados pela coleta convencional (caminhões de lixo). Esse material não pode superar 1 m³. A cidade de São Paulo adotou essa flexibilidade. Já os trituradores portáteis disponíveis no mercado podem processar até 2 m³ por hora.
Entrevistado
Alexsandro Possani, especialista em administração de marketing e gerente de marketing da CSM
Contato: marketing@csm.ind.br
Créditos Fotos: Divulgação/CSM
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Infraestrutura do Paraná sai da inércia pelas rodovias
Diante da escassez de recursos estaduais e federais, PPPs tornam-se alternativas para viabilizar obras importantes no interior do estado
Por: Altair Santos
Contornos, viadutos, pontes, trincheiras e conclusões de trechos rodoviários movimentam a infraestrutura paranaense em 2015. Longe das grandes obras, o estado aposta em parcerias com o setor privado para alavancar projetos. É com base nas chamadas PPPs (Parcerias Público-Privadas) que ocorre a viabilização de um novo trecho da PR 340, a fim de ligá-la à BR 376, na região de Ortigueira. No município, a Klabin investe R$ 6,8 bilhões na implantação de uma nova fábrica de celulose e assumiu obras complementares de infraestrutura para escoar sua produção. O empreendimento envolve 37 quilômetros de pavimentação, além da construção de uma nova ponte sobre o rio Tibagi. O gasto estimado é de R$ 200 milhões.
Outra obra importante para a infraestrutura do Paraná, que atrai o interesse da iniciativa privada, é a viabilização do contorno norte de Ponta Grossa. O entroncamento ligará as BRs 376, 373 e 151, facilitando o escoamento da produção para Argentina, Paraguai, São Paulo e outros estados da região Sul. O projeto de 45 quilômetros prevê investimento de R$ 530 milhões. Para viabilizá-lo, dois parceiros privados, com plantas industriais nos Campos Gerais, estão dispostos a desembolsar recursos. Um é a Paccar, gigante norte-americana de caminhões, que recentemente instalou uma fábrica na região, e outro é a Ambev, considerada hoje a maior empresa da América Latina, e que está construindo uma unidade em Ponta Grossa.
Segundo recente estudo da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), o contorno norte de Ponta Grossa está entre as sete obras rodoviárias mais relevantes para o estado. As demais são as seguintes:
- Construção da segunda ponte sobre o Rio Paraná (Brasil-Paraguai), na BR 277
- Construção de trecho rodoviário entre Campo Mourão e Palmital, na BR 158
- Adequação do trecho rodoviário entre Toledo e Marechal Cândido Rondon, BR 163
- Adequação do trecho rodoviário entre Cascavel e Marmelândia, na BR 163
- Construção de trecho rodoviário entre Porto Camargo e Campo Mourão, na BR 487 (Estrada Boiadeira)
- Novo acesso rodoviário ao Porto de Paranaguá, na BR 277, com pavimentação de concreto
Federalização
O Paraná ainda viabiliza uma parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) na ordem de R$ 300 milhões para tirar do papel as construções de contornos rodoviários nas regiões de Wenceslau Braz e Castro. Os recursos internacionais também possibilitarão construir desvios nas cidades históricas de Antonina e Morretes. A nova ligação permitirá o acesso direto ao Porto de Antonina, retirando o tráfego de caminhões dos centros urbanos. Além disso, com recursos próprios, o governo estadual viabiliza a construção de 19 trincheiras e viadutos em trechos urbanos de cidades do interior cortados por rodovias. Esse é um projeto que movimenta a construção industrializada, pois boa parte das obras utiliza peças pré-fabricadas.
No entanto, sem recursos suficientes, o Paraná propôs recentemente a federalização de 190 quilômetros da rodovia PR 280. O trecho liga o oeste ao sudoeste do estado e comporta boa parte do escoamento de produtos vindo da região centro-oeste do Brasil, sem contar o tráfego que vem da Argentina e do Paraguai. São mais de seis mil veículos por dia, sendo 60% de caminhões. Em troca, o governo estadual quer assumir o controle da ferrovia Maracaju-Paranaguá para finalizar a Ferroeste. O objetivo é abrir concessões do trecho ferroviário para a iniciativa privada.
Entrevistados
Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR) e Secretaria de Infraestrutura e Logística do Paraná (via assessorias de imprensa)
Contato
der@der.pr.gov.br
infraestrutura@seil.pr.gov.br
Créditos Fotos: Jorge Woll/DER/Arnaldo Alves/ANPr
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Crise requer foco na gestão social corporativa
Especialista mostra fatores que podem ser o diferencial para que uma companhia chegue ao lucro econômico através de negócios de fim social
Por: Altair Santos
O escândalo em que se envolveu a Petrobras, trazido à tona pela operação Lava-Jato, fez com que temas como compliance fosse um dos mais buscados pelas empresas brasileiras nos primeiros meses de 2015. O termo inglês, sem uma tradução específica para o português, mostra a capacidade de uma companhia de seguir regras e leis, fazer direito, dentro dos prazos e de acordo com procedimentos éticos. É um conceito que deve vir complementado pela responsabilidade social corporativa. Neste caso, definido como a inserção da empresa perante os atores com quem ela interage, os stakeholders.
Para o mestre em administração, João Paulo Vergueiro, a adoção destas estratégias no modelo de gestão das empresas pode fazer a diferença, principalmente em tempos de crise. Em recente palestra no 1º Seminário de Gestão Empresarial Estratégica e Responsabilidade Social, promovido pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), em parceria com o SindusCon-PR, Vergueiro mostrou que gestão eficiente, governança e responsabilidade social fazem a diferença para as empresas, principalmente em meio às crises. Confira a entrevista:
Como uma empresa pode reagir à crise a partir de ações como responsabilidade social, governança e compliance?
Esses são conceitos que mostram que a empresa está inserida em um ambiente onde ela tem relacionamento com fornecedores, com trabalhadores, com o meio ambiente, com a mídia, com acionistas e com a comunidade no entorno dela. Há uma série de atores, que chamamos de stakeholders, que afetam a empresa e são impactados pela sua atuação. A esse conjunto, chama-se responsabilidade social corporativa. Trata-se de fatores que podem ser o diferencial de uma empresa em momentos de crise. Isso porque, a empresa socialmente responsável demonstra uma conduta diferenciada frente ao seu público de relacionamento, como acionistas, consumidores, funcionários e membros da comunidade.
Seria hora, então, de focar em outras formas de lucro, e não somente o lucro econômico?
Ela pode buscar não só o lucro econômico, mas o lucro social. De que forma? Adotando estratégias de responsabilidade social corporativa, adotando a prática como um negócio de fim social, ou seja, não só dar lucro, mas agregar valores éticos, sociais e ambientais. Não é só gerar valor para os acionistas. O novo negócio da empresa é gerar sustentabilidade para ela e seus stakeholders.
Como a empresa que ainda não tem esse tipo de visão pode começar a pensar em lucro social?
Ainda que as empresas possam trabalhar evolutivamente para buscar as certificações ISO 9000 e ISO 14000, que de certa forma englobam responsabilidade social corporativa, a ISO 26000 é mais envolvida com esse tipo de gestão. Ela apresenta para a sociedade o que o mundo entende como responsabilidade social corporativa. Consolidada em 2010, a norma trouxe para o debate os caminhos para a implementação de tais conceitos. Ela também tem uma diferença em relação às outras ISO: não certifica, é apenas um documento de autoavaliação para as empresas. A ISO 26000 é didática para as empresas e o caminho para quem quer começar.
N.R: a ISO 26000 é a primeira Norma Internacional de Responsabilidade Social Empresarial. Sua versão final foi publicada em 2010. O documento tem como objetivo traçar diretrizes para ajudar empresas de diferentes portes, origens e localidades, na implantação e desenvolvimento de políticas baseadas na sustentabilidade.
A CBIC pensa em alguma ação para disseminar a responsabilidade social corporativa entre as empresas do setor?
A ISO 26000 aborda sete temas: governança organizacional, direitos humanos, práticas de trabalho, meio ambiente, práticas de áreas de operação, consumidor e desenvolvimento da comunidade. Com base nestas premissas, a CBIC está classificando de que forma a indústria da construção civil se posiciona em relação a esses temas. Esse é um procedimento para que a CBIC, como um organismo de representação nacional, assine o pacto global de sustentabilidade e insira a construção civil brasileira em uma rede mundial de cidadania corporativa, liderada pela ONU (Organizações das Nações Unidas), onde prevalece o respeito aos direitos ambientais, aos direitos humanos e trabalhistas, assim como às normas vigentes.
De que forma todas essas ações irão se refletir no desempenho das empresas no mercado e em soluções para elas superarem a crise?
É simples. Quem não tiver plano de responsabilidade social corporativa estará fora do mercado. O valor ambiental, o valor social e o valor ético abrirão caminho para o valor econômico, e não o contrário.
Saiba mais sobre Responsabilidade Social Corporativa
http://www.cimentoitambe.com.br/wp-content/uploads/2015/05/Apresentacao-Seminario-Parana.pdf
Entrevistado
João Paulo Vergueiro, mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas e professor da FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) na cadeira de Responsabilidade Social Empresarial
Contato: jpverg@hotmail.com
Crédito Foto: Divulgação/SindusCon-PR