Mundo se divide em a.C e d.C: antes e depois do concreto
Professor Paulo Helene mostra como emprego do material com armadura de aço, a partir do início do século 20, mudou edificações e cidades
Por: Altair Santos
O professor-doutor Paulo Helene, titular da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) sustenta a tese de que o melhor amigo do homem não é o cachorro - como se convencionou popularmente -, mas o concreto. Ele mostrou o porquê no seminário sobre patologias na construção, promovido entre os dias 18 e 22 de maio pelo departamento de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR). No evento, o especialista discorreu sobre a história das construções e a evolução das estruturas. Também abordou a mudança pela qual passou a humanidade entre o antes e o depois da invenção do concreto armado.
O material foi patenteado em 1892 na Suíça. É a partir deste ano que o concreto passou a se incorporar às cidades, propiciando transformações na engenharia e na arquitetura, e mudanças radicais na cena urbana. “O concreto criou a arte de projetar e construir estruturas. As obras, antes limitadas à alvenaria estrutural, ganharam novas alternativas geradas pelo concreto armado. As estruturas passaram a não depender mais das paredes de vedação e isso mudou o curso da história. Vieram os prédios com vários pavimentos - isso após a invenção do elevador - e uma série de outras transformações. O concreto armado é umas das grandes invenções que transformaram o século 20”, avalia Paulo Helene.
O professor-doutor da USP afirma também que o concreto armado qualificou a engenharia civil. “Foi na Roma antiga, por volta de mil anos antes de Cristo (1.000 a.C) que nasceu o termo engenheiro. Antes, só havia o arquiteto. E esse profissional, o arquiteto, sempre esteve mais valorizado que o engenheiro, até o surgimento do concreto armado. O concreto passou a exigir especializações da engenharia, para conseguir trabalhar com suas várias resistências, suas várias massas específicas, seus vários módulos. Isso ficou ainda mais evidente após a invenção do concreto protendido, a partir de 1928”, ensina Paulo Helene.
Concreto protendido
O conceituado engenheiro na área de patologias e estruturas entende que o concreto protendido revolucionou o mundo, pois permitiu criar obras para a posteridade. “Se constrói hoje para 200 anos de duração. Por isso que costumo dizer que o concreto é o melhor amigo do homem”, destaca Paulo Helene, que prendeu a atenção dos estudantes de engenharia civil da UFPR ao mostrar todo o seu conhecimento histórico sobre a evolução das construções. “Durante quatro mil anos a humanidade só conheceu madeira, argila, rocha e concreto simples. Esse material, que usava cimento simples, à base de cal e pozolana, foi criado na Roma Antiga e sua obra mais emblemática é o Panteão de Roma”, descreve.
Em sua palestra, Paulo Helene também mostrou que a primeira grande mudança na forma de se construir surgiu em 1750, na época da revolução industrial, quando se começou a usar o aço. “Por quase 150 anos, o aço foi o principal elemento para a construção de prédios, pontes e monumentos, como a Torre Eiffel. Os Estados Unidos, com a Escola de Chicago e o edifício Empire State Building, construído em 1931, foram os grandes propulsores deste modelo construtivo. Já países sul-americanos, que não possuíam siderurgias antes da Segunda Grande Guerra, tiveram que investir no concreto armado para construir os primeiros prédios altos. Por isso, o Uruguai ergueu, em 1925, o primeiro edifício a atingir os 100 metros de altura. Em seguida, no Brasil, o Edifício Martinelli, inaugurado em 1929, alcançou 103 metros. A partir daí, o concreto se transformou no segundo material mais consumido no planeta, depois da água”, resume.
Entrevistado
Engenheiro civil Paulo Roberto do Lago Helene, professor titular da Poli-USP, consultor e diretor da PhD Engenharia
Contato
paulo.helene@poli.usp.br
www.concretophd.com.br
Crédito Foto: Divulgação/PetCivil-UFPR
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Crise faz construção civil retroceder 12 anos
Paralisação de projetos, por causa da conjuntura econômica, leva entidades de classe do setor a prever crescimento negativo de 5,5% em 2015
Por: Altair Santos
A construção civil vive seu pior momento, desde 2003. Os números do setor retrocedem a níveis de 12 anos atrás. A conjuntura econômica, que paralisa obras de infraestrutura, aliada à escassez de recursos para o financiamento habitacional, leva o segmento a prever crescimento negativo de 5,5% em 2015. Para especialistas, o cenário só muda se o governo federal conseguir viabilizar a terceira etapa do Minha Casa Minha Vida 3, que prevê 3 milhões de moradias até 2018, e tiver sucesso em conter o volume de saques da caderneta de poupança e do FGTS, o que já vem afetando o volume de recursos voltados especificamente para a construção habitacional.
Por enquanto, ninguém das principais entidades de classe da construção civil vê com otimismo o cenário que se desenha até o final do ano. Para a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV (Fundação Getúlio Vargas), se as medidas que estão sendo tomadas em 2015 tivessem sido antecipadas para 2013, o impacto no setor seria menor. “Agora, com o cenário econômico mais complicado, o impacto do ajuste será maior no setor”, estima. A previsão nada otimista é confirmada pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins. Para ele, o nível de emprego no setor vem se deteriorando muito rapidamente. “A maior preocupação é restabelecer a plena atividade do setor e estancar a perda de empregos”, avisa.
A redução de postos de trabalho formais na construção civil não para de cair. O movimento iniciado em outubro de 2014 já acumula perda de 290 mil vagas, segundo dados até abril de 2015 (os números de maio ainda não foram divulgados). “A CBIC está fazendo o esforço necessário para impedir o fechamento destas vagas”, diz José Carlos Martins, completando: "Chegamos ao fundo do poço”.
Na mais recente reunião de conjuntura realizada mensalmente pelo SindusCon-SP, o palestrante convidado - o economista e professor da FGV, Robson Gonçalves - compara a situação atual a uma armadilha econômica. “Criou-se um círculo vicioso: a economia em recessão provoca queda na arrecadação, o que leva a cortes e contingenciamento de gastos públicos, sacrificando o investimento. Com isso, continuam as restrições sobre a oferta de produtos e serviços, o que por sua vez mantém a inflação elevada. Para combatê-la, o governo eleva os juros, o que por sua vez realimenta a recessão econômica”, disse, em encontro ocorrido dia 5 de maio de 2015.
Medidas
Depois de autorizar a Caixa Econômica Federal a subir por duas vezes os juros dos financiamentos habitacionais, o que impactou ainda mais o setor, o governo federal decidiu tomar medidas que buscam reestimular a construção civil. Em uma delas, o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) autorizou a ampliação de mais R$ 4,9 bilhões ao programa que destina financiamentos imobiliários a trabalhadores com contas do FGTS de renda mais alta. O aumento dos recursos tem a finalidade de atender a demanda por crédito, diante dos saques recordes dos recursos das cadernetas de poupança. Ainda no final de maio de 2015, o Conselho Monetário Nacional (CMN) remanejou R$ 22,5 bilhões para o crédito imobiliário, a fim de impedir que o setor entre em colapso.
No entanto, os empresários ainda aguardam novas medidas. Entre elas, o lançamento da etapa 3 do programa Minha Casa Minha Vida, além do lançamento de um pacote de concessões para reestruturar rodovias e construir ferrovias no país, além de viabilizar portos e aeroportos. Pode ser a luz no final do túnel, e o sinal para a retomada de um crescimento em ritmo chinês que a construção civil brasileira experimentou entre 2007 e 2012. Neste período, enquanto o PIB nacional avançou 19%, o da construção registrou crescimento de 41%.
Entrevistados
Economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV (Fundação Getúlio Vargas)
Engenheiro civil José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
Contatos
sindusconsp@sindusconsp.com.br
comunica@cbic.org.br
Créditos fotos: AENotícias/SindusCon-SP/CBIC/Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Gestão de compras em momentos de crise: como agir?
Na construção civil, é hora de adquirir materiais de qualidade, gerenciando inflação, limitações de caixa, frete caro e dificuldades de crédito
Por: Altair Santos
A engenheira civil Rosana Leal, consultora especializada em gestão de compras na construção civil, avalia que o momento da economia brasileira é uma grande oportunidade para que departamentos de compras das empresas estabeleçam relações ganha-ganha com os fornecedores. “O cenário atual normalizou a relação, onde um quer comprar e o outro quer vender. Antes, principalmente entre 2007 e 2012, vimos um clima de euforia descambando para um clima de gincana, em que havia uma demanda forte para comprar, e que levou os fornecedores a escolher para quem queriam vender. Então, o que hoje chamam de crise, nada mais é do que o estabelecimento da normalidade, gerando um momento bom para fidelizar, firmar parcerias e aprofundar uma relação ganha-ganha”, diz.
A especialista fez sua análise no Web Seminário “Gestão de compras em momento de crise”, realizado em 13 de maio de 2015. No encontro, ela sublinhou várias vezes que a cadeia produtiva da construção civil - sobretudo as construtoras - não está vivendo uma crise, mas um realinhamento em seus negócios. “É o ônus por desfrutar do bônus. Por que hoje há escassez de projetos? Por que no passado recente houve um grande volume de obras concentrado em um período curto de tempo. Chegamos ao ponto de faltar mão de obra, faltar equipamentos, faltar insumos e faltar até energia elétrica. Isso gerou um enorme estoque de imóveis. Por isso, experimenta-se hoje uma queda acentuada nas vendas e nos negócios”, explica. “Isso está mais para uma readequação de modelos de gestão do que uma crise”, completa.
Estocar não é a solução
Para Rosana Leal, crise foi o que o país viveu nos anos 1980 e 1990. “Naquele período, a construção civil experimentou períodos recorrentes de depressão. Vimos a extinção do BNH (Banco Nacional de Habitação), o que deixou o país sem um programa habitacional, taxas de inflação superiores a 2.700% ao ano, como a de 1993, e índices de desemprego beirando os 40%. Aquilo sim pode ser definido como crise”, cita. Segundo a engenheira civil, as dificuldades atuais ocorrem também pelo motivo que boa parte das construtoras não fez a lição de casa, ou seja, não desenvolveu um sistema eficiente de controle de compras. Em pesquisa que ela coordenou na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), apenas 5% das empresas consultadas disseram realizar gestão de compras de materiais.
O mau gerenciamento desta área, segundo a especialista, resulta em comprar mal. “Existem muitas empresas que realizam compras desnecessárias. Agora, com a volta da inflação, há quem entenda que a solução é estocar. Mas estoque não é solução. Quem faz gestão de materiais sabe que não é interessante estocar revestimentos cerâmicos e outros produtos de acabamento, por exemplo. Para esses casos, é melhor ter gestão de compras do que administrar estoque. E é aí que entra a negociação ganha-ganha com o fornecedor. Se ele cumpre prazos, armazena a compra até entregar no local da obra e faz a gestão do transporte, não há por que estocar”, define. Rosana Leal realça que momentos como o atual exigem gestão. “Não é hora do jeitinho brasileiro”, recomenda.
Clique aqui e assista à palestra da consultora Rosana Leal.
Entrevistada
Engenheira civil Rosana Leal, professora na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e consultora especializada em gestão de compras na construção civil
Contato
contato@rosanalealconsultoria.com
www.rosanalealconsultoria.com
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Internet mudou vendas (Podcast)
Consultor Marcelo Ortega afirma que tecnologias mudaram o comportamento do consumidor e passaram a exigir novo perfil do vendedor
Por: Altair Santos
Entrevistado
Marcelo Ortega é treinador especialista no desenvolvimento de técnicas e atitudes que determinam crescimento, lucratividade e aumento de produtividade dos vendedores e áreas afins como marketing, atendimento, suporte ao cliente, contact center, pós-venda e relacionamento com clientes internos e externos. É autor dos livros "Sucesso em Vendas" e "Inteligência em Vendas".
Contato
vendas@marceloortega.com.br
www.marceloortega.com.br
Crédito foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.
América Central e Caribe viram eldorado do concreto
Região consome atualmente alguns milhares de m³ do material. Além da expansão do Canal do Panamá, há metrôs, rodovias e hidrelétricas em obras
Por: Altair Santos
Além da expansão do Canal do Panamá - obra que, sozinha, está consumindo mais de 1,5 milhão de m³ de concreto -, a América Central e o Caribe reúnem um conjunto de empreendimentos que transformam a região na que mais consome cimento no continente americano atualmente. Honduras, Guatemala, Costa Rica, El Salvador e Nicarágua viabilizam desde linhas de metrô até rodovias, passando por hidrelétricas e construções para melhorar a mobilidade de suas principais cidades. Nestes países também avançam as chamadas carreteras - rodovias para alto tráfego -, boa parte delas construídas com pavimento rígido.
No Brasil, segundo dados da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), há 165 mil quilômetros de estradas pavimentadas, dos quais 2% revestidos em concreto. Significa que o pavimento rígido predomina em 3.300 quilômetros no país. Só El Salvador conta atualmente com 6.700 quilômetros de rodovias concretadas. Na Costa Rica, são 7.800 quilômetros. Entre eles, inclui-se a carretera entre Cañas e Libéria, considerada uma das obras rodoviárias mais modernas atualmente em construção.
A estrada recebe quase R$ 600 milhões de investimento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e a opção pelo pavimento rígido se deu quando especialistas em geologia e geotecnia comprovaram, através de um equipamento desenvolvido na Universidade da Costa Rica - o Simulador Pesado de Veículos -, que só o revestimento em concreto suportaria o tráfego pesado de caminhões. O projeto da rodovia prevê que ela só irá precisar de manutenção daqui a 20 anos.
Atraindo investimentos
Em Honduras - um dos países mais pobres da região - existem 700 quilômetros de estradas com pavimento rígido. Na Nicarágua, entre 2007 e 2014, foram construídos mil quilômetros por ano de estradas revestidas pelo concreto, ou seja, atualmente a malha rodoviária mais resistente passa de 7 mil quilômetros. Na Guatemala, o grande empreendimento rodoviário está em obra: é a Red Vial. Trata-se de um grande anel viário com 1.500 quilômetros de extensão, que circunda a Cidade da Guatemala – capital do país. A pista é inovadora, pois utiliza concreto de alta resistência de quase 200 MPa.
Somada a quilometragem de pavimento rígido em todos os 20 países que formam a América Central e o Caribe, ela passa de 42 mil quilômetros. Se depender dos recursos para construir principalmente estradas, esse número tende a aumentar. Pesquisa encomendada pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), em conjunto com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), mostra que cinco países da região têm a preferência dos investidores internacionais, quando o assunto é injetar dinheiro em obras de infraestrutura. São eles: Panamá, Guatemala, Costa Rica, El Salvador e Honduras. No mesmo estudo, que envolve 20 nações latino-americanas, o Brasil aparece na 13ª posição.
Entrevistados
CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) - (via assessorias de imprensa dos escritórios dos organismos no Brasil)
Contato
oecddirect@oecd.org
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Fabricon propõe quebra de juros altos na construção civil
Evento realizado recentemente em Blumenau-SC discutiu rompimento com paradigma econômico para que setor volte a crescer no Brasil
Por: Altair Santos
A Feira Brasileira de Fabricantes da Construção Civil (Fabricon), realizada entre 20 e 24 de maio em Blumenau-SC, confirmou uma tendência que se consolida em eventos deste porte: a de que os expositores querem atrair o público certo, para fechar negócios. “Diante da crise, as feiras têm sido usadas como ferramentas de venda e não de marketing institucional, para reafirmar a marca. Assim, o objetivo é mobilizar quem realmente quer comprar e, dentro do evento, realizar promoções que, de fato, concretizem negócios”, afirma Júlio César de Oliveira, diretor da Via Ápia Eventos - empresa promotora da Fabricon e da Fenahabit.
O evento em Blumenau mostrou a disposição dos expositores em baixar preços. Para vendas realizadas dentro da feira, fabricantes de maquinários e fornecedores de serviços e produtos conseguiram linhas de crédito mais baratas e ofereceram descontos entre 10% a 15% para quem comprasse à vista. “Este ano, as feiras envolvendo a cadeia produtiva da construção civil terão essa tendência: a de criar um viés contrário ao dos juros e dos preços altos. Isso é uma forma, mesmo que limitada ao ambiente da feira, de demonstrar que é possível propor uma quebra nos juros altos, através de linhas de crédito alternativas”, explica Júlio César de Oliveira.
Esse modelo fez com que a Fabricon fechasse negócios na ordem de R$ 120 milhões. O valor superou em 20% a expectativa inicial. Durante os cinco dias da feira, 86 expositores de mais de 150 marcas receberam 21.900 visitantes. “É a demonstração de uma nova tendência das feiras em períodos de crise. Elas investem no credenciamento online, direcionando o foco para especialistas, corpos técnicos e áreas comerciais das empresas, que são realmente os que fecham negócio. Isso, combinado com um ambiente favorável para comprar, através de promoções e linhas de crédito mais baratas, ainda que momentâneas, tende a fazer das feiras um ambiente com menos público, mas com mais negócios fechados”, avalia o promotor da Fabricon.
Inovações
Em 2015, as feiras - em especial as relacionadas com a cadeia produtiva da construção civil – tendem a investir maciçamente em inovações. “No caso da Fabricon, tudo que gerasse mais produtividade e menor tempo para a conclusão da obra atraiu mais interessados. Os construtores estão em busca de soluções tecnológicas que os façam ganhar tempo e reduzir custos. Isso também é uma forma de baratear o preço final e fugir dos juros altos”, entende Júlio César de Oliveira.
Entre os produtos expostos na Fabricon, os que obtiveram maior volume de venda foram argamassas de secagem rápida e para acabamento – boa parte delas produzidas em fábricas instaladas em Santa Catarina. À base de cimento, combinado com aditivos que aceleram a evaporação da água, o material serve tanto para assentar tijolos cerâmicos e blocos de concreto quanto para fazer o reboco e o acabamento final de paredes de vedação.
Foram expostas três linhas de produtos. A mais potente é recomendada para fixar portas e janelas, grades, motores de portões, ganchos e suporte de máquinas elétricas. Uma segunda linha é indicada para tampar furos originários de quadros afixados em paredes e recuperar quinas danificadas ou fissuras. Outro tipo de produto é usado para preencher buracos em ambientes internos e externos, fixar eletrodutos e canos hidráulicos e ainda se mostra eficiente para fixação de buchas.
Entrevistado
Júlio César de Oliveira, diretor da Via Ápia Eventos - empresa promotora da Fabricon e da Fenahabit
Contato
www.viaapiaeventos.com.br/feirafabricon
www.facebook.com/fenahabitfabricon
@Fenahabit
Créditos fotos: Divulgação/Fabricon
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Ferramenta BIM protagoniza disciplina na Poli-USP
Essencial à nova engenharia, ainda são poucas as universidades brasileiras que ensinam graduandos a elaborar projetos usando o software
Por: Altair Santos
Contam-se nos dedos das mãos o número de escolas de engenharia e de arquitetura espalhadas pelo Brasil que possuem em sua grade curricular uma disciplina que ensine a realizar projetos com o software BIM (Building Information Modeling). A ferramenta permite visualizar, em uma plataforma virtual em 3D (tridimensional), os principais projetos de uma obra: arquitetônico, estrutural, hidrossanitário e elétrico. São atualmente nove universidades preocupadas em ensinar seus alunos pelo menos os princípios básicos de operação do BIM. Entre elas, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a Poli-USP.
O núcleo à frente da disciplina, chamada de Introdução ao Projeto na Engenharia, além de formar novos engenheiros civis com noções básicas sobre a ferramenta, também desenvolverá outras ações para promover o uso do BIM no Brasil. Entre elas, a orientação de alunos de mestrado e doutorado e a coordenação da comissão da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que irá criar normas para a plataforma. “Hoje há dificuldade para encontrar fornecedores de serviços experientes com o BIM, o que eleva o custo da implantação, o custo do software e prejudica também o treinamento da equipe”, cita o professor-doutor Eduardo Toledo Santos, do Departamento de Engenharia de Construção Civil (PCC) da USP.
É ele quem está à frente da nova disciplina da universidade, e que procura já envolver os graduandos desde o início do curso. “A matéria começa para alunos do segundo período”. Portanto, ainda sem nenhum conhecimento técnico de engenharia. Dessa forma, trata-se de uma disciplina introdutória, onde os alunos aprendem os conceitos básicos de BIM e a fazer a leitura de projetos (arquitetônicos, de estruturas e de instalações hidrossanitárias e elétricas) e sua modelagem em aplicativos BIM. Também trabalham com a interoperabilidade entre aplicativos. Essa primeira disciplina vai preparar os alunos para usar o BIM em disciplinas de projetos que eles terão adiante no curso”, explica Eduardo Toledo Santos.
Faltam professores
No Brasil, o BIM tem um campo consolidado no estado de São Paulo e busca espaço em outras regiões do país. Tende a avançar, a partir do momento em que organismos governamentais, como o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre), passaram a exigir projetos em BIM em suas licitações. “Grandes obras envolvem orçamentos maiores e grandes quantidades de serviços e materiais. Portanto, erros de projeto ou de planejamento nesse tipo de obra (infraestrutura) trazem consequências. A aplicação do BIM gera economia, pois em uma obra rodoviária, por exemplo, pode reduzir o volume de movimentação de terra”, relata o professor da USP.
Ainda que bem aplicada barateie obras, a tecnologia BIM no Brasil não se compara ao estágio em que ela se encontra em nações como Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, países nórdicos e Singapura. Parte deste relativo atraso se deve à demora do software ser estudado nas universidades. “A grande dificuldade é que o corpo docente geralmente não está preparado para ministrar esse novo conceito, nem sabe exatamente como implementá-lo no curso”, finaliza Eduardo Toledo Santos.
Entrevistado
Professor-doutor Eduardo Toledo Santos, do departamento de engenharia de construção civil da Escola Politécnica da USP
Contato
eduardo.toledo@poli.usp.br
Crédito fotos: Divulgação/USP/Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Itambé lança aplicativo Cimento Certo e site na versão mobile
Novas ferramentas surgem para propagar conhecimento e reforçar compromisso de oferecer mais serviços e conveniências
Por: Altair Santos
Qual o cimento certo? Esse é um dilema mais comum do que se imagina no ambiente da construção civil. A fim de responder a essa pergunta, que influencia diretamente na qualidade da construção, a Cia. de Cimento Itambé oferece uma nova ferramenta. Trata-se do aplicativo Cimento Certo para computadores desktop e notebook. A novidade vem conectada a outro serviço: a versão mobile do site da empresa e também da revista digital Massa Cinzenta, permitindo o acesso ao conhecimento tecnológico que envolve a engenharia e a construção civil através de smartphones.
Segundo Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé, tanto o aplicativo Cimento Certo quanto a versão mobile do site da empresa, reforçam o compromisso de oferecer mais serviços, mais informações e mais conveniências. “O objetivo da Itambé é ser muito mais que cimento”, diz. Atualmente, além das novas ferramentas, a Itambé disponibiliza vídeos sobre o processo de fabricação do cimento e sobre ensaios de cimento e concreto. O serviço de assessoria técnica aos Clientes e outros aplicativos, como o que orienta sobre os tipos de cimento e o que explica as patologias do concreto, fornecem dados importantes para os usuários do cimento.
Sobre o Cimento Certo, Rodrigo Turra, CEO da Redirect - responsável pelas ações da Cia. de Cimento Itambé no ambiente online e offline -, destaca a funcionalidade do aplicativo. “Em uma única tela, sem necessitar navegar por páginas diferentes, o cliente encontra a descrição detalhada e a melhor aplicação dos produtos Itambé na obra. Também é possível comparar os vários tipos de cimento e encontrar de forma simples e descomplicada a escolha certa”, explica.
O desenvolvimento do aplicativo foi realizado com a ajuda da assessoria técnica da Cia. de Cimento Itambé. Ele leva em consideração as normas técnicas da ABNT, as principais características de cada tipo de cimento, as aplicações mais adequadas, além de relatórios de ensaios realizados nos laboratórios da empresa. A ferramenta é um complemento da assessoria técnica que a Itambé presta diretamente aos clientes dos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Sobre a versão mobile para o site da empresa, Turra entende que a Itambé se antecipa a uma tendência de mercado. “Devido ao grande crescimento da base de smartphones no Brasil, e o crescente acesso à internet por meio desses dispositivos, a empresa criou uma nova solução para seu site e para a revista digital Massa Cinzenta. Assim, usuários que buscam conteúdo no site da Itambé irão fazê-lo por uma nova interface, com navegação e arquitetura de informação próprias, e que privilegiam o acesso aos serviços da empresa”, destaca.
Conheça o aplicativo Cimento Certo
www.cimentoitambe.com.br/cimento-certo
Entrevistados
Lycio Vellozo, diretor comercial da Cia. de Cimento Itambé
Rodrigo Turra, CEO da Redirect
Contato
www.cimentoitambe.com.br
www.redirectdigital.com.br
Créditos fotos: Divulgação/Divulgação/Itambé/Divulgação/Redirect
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Impermeabilização deve vir contemplada no projeto
Infiltrações, carbonatações e desplacamentos estão entre as patologias mais comuns quando o isolamento de paredes e lajes apresenta problemas
Por: Altair Santos
Patologias com origem em erros no projeto de impermeabilização são mais comuns do que se imagina. Quem garante é a engenheira civil Virginia Pezzolo, com vasta experiência no assunto e que recentemente participou do webseminário organizado pela e-Construmarket, intitulado “Patologias decorrentes de falhas na impermeabilização”. “Vários fatores influenciam na impermeabilização. Desde climáticos e ambientais, passando por outros projetos envolvidos na construção, como o arquitetônico, o hidráulico e o elétrico. O paisagismo também tem grande influência”, resume.
Infiltrações, carbonatações e desplacamentos estão entre as patologias mais comuns quando a impermeabilização apresenta problemas. Por isso, em sua palestra, Virginia Pezzolo listou os cuidados que se deve ter para que o projeto não deixe espaço para falhas. “Ele precisa resistir às degradações devidas às influências climáticas, térmicas, químicas e biológicas; resistir às pressões hidrostáticas de percolação, coluna d’água, gases ou atmosféricas; apresentar aderência, flexibilidade, resistência, estabilidade físico-mecânica e vida útil compatíveis com as solicitações previstas no projeto, além de atender premissas da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) e de certificações Acqua e LEED, se assim for requerido”, explica.
A primeira norma de impermeabilização no Brasil surgiu em 1975, motivada pelas obras do metrô de São Paulo. Atualmente, os projetos devem seguir a ABNT NBR 9575/10 (Impermeabilização – Seleção e Projeto). A norma interage com outras normas técnicas, principalmente nos quesitos que envolvem projetos hidráulicos e elétricos. Também precisa levar em consideração os sistemas construtivos da obra. “A estrutura influencia diretamente no projeto de impermeabilização. Alvenaria convencional, concreto ou drywall pedem projetos diferenciados”, diz Virginia Pezzolo.
Pontos críticos
A engenheira civil revela que há também projetos especiais que exigem impermeabilizações específicas. “Em uma cozinha industrial, onde o piso ficará exposto a ácidos láticos e gorduras, o projeto precisa atender a resistência química à ação destes elementos altamente corrosivos. Da mesma forma, em uma cidade como São Paulo, onde a chuva tem acidez por causa da poluição, os revestimentos também exigem impermeabilização diferenciada”, afirma. Incluem-se no rol de projetos especiais de impermeabilização obras como câmaras frigoríficas, lagoas de efluentes industriais, caixas d’água, heliportos, áreas industriais sujeitas a derramamento de produtos químicos e áreas expostas às ações de ozônio ou gases.
As normas técnicas brasileiras de impermeabilização, incluindo os produtos impermeabilizantes, são regidas pelo CB-22 da ABNT. No entanto, quando usados materiais importados sem norma vigente no país, Virginia Pezzolo comenta que não há empecilho em se utilizar normas internacionais. Atualmente, além de materiais cada vez mais eficientes, há equipamentos que detectam patologias provenientes de problemas com a impermeabilização. Juntas de dilatação, ralos, ar-condicionado e áreas com paisagismo estão entre os pontos frágeis e mais propensos a patologias. “Um ralo com falhas na impermeabilização para escoar a água é um caminho livre para a carbonatação, mesmo em obras jovens”, alerta a engenheira.
Assista a palestra de Virginia Pezzolo
Patologias decorrentes de falhas na impermeabilização
Entrevistada
Engenheira civil Virginia Pezzolo, graduada pela Escola de Engenharia Mauá-SP e sócia-gerente e responsável técnica da Proassp Assessoria
Contato
proassp@proassp.com.br
Créditos fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Soft-skills e hard-skills: como eles mudam a empresa?
Trata-se de habilidades interpessoais, que, bem utilizadas, podem agilizar negociações, facilitar gerenciamento de conflitos e gerar motivação
Por: Altair Santos
A importância de procedimentos e ferramentas para auxiliar o gerenciamento de projetos não pode sobrepor o fator humano. Equipes de alto desempenho ainda são relevantes, sobretudo por causa das relações interpessoais que elas estabelecem. Estes colaboradores se dividem em dois tipos de gestão: soft-skills e hard-skills. Para o especialista Vitor Luiz Massari, os modelos são complementares. “As duas gestões se completam. Elas aliam alto conhecimento técnico com fortes habilidades interpessoais. Isso traz grandes benefícios para a empresa, pois teremos indivíduos motivados e com conhecimento técnico para ajudar a companhia a atingir seus objetivos estratégicos”, define.
Os profissionais soft-skills possuem habilidades que podem ser utilizadas em negociações, gerenciamento de conflitos, resolução de problemas e motivação de equipes. Já os hard-skills dominam as habilidades técnicas dentro do seu campo de atuação. São exemplos clássicos os especialistas em TI (Tecnologia de Informação) e os engenheiros. “Tradicionalmente, os hard-skills são maioria em empresas tecnológicas ou ligadas à construção civil. Creio que o grande desafio deles é alinhar conhecimento técnico com habilidades de comunicação, relacionamento interpessoal, liderança e motivação”, avalia Vitor Luiz Massari.
Termo surgiu nas forças armadas dos EUA
O especialista aponta também que esse equilíbrio deve ser perseguido não só por engenheiros, mas por todos os profissionais. “A busca deve ser pelo equilíbrio entre hard-skills e soft-skills. Mas não é fácil, principalmente para o hard-skills adquirir virtudes do soft-skills. O soft-skill é mais intuitivo. Neste ponto é que o gestor e o departamento de RH (recursos humanos) podem ajudar. De que forma? Oferecendo cursos e promovendo palestras que incentivem o desenvolvimento das habilidades interpessoais e técnicas de cada colaborador”, aponta Vitor Luiz Massari.
Os termos soft-skills e hard-skills surgiram em 1972, em manuais de treinamento das forças armadas dos Estados Unidos. O objetivo era humanizar os militares, fazendo com que eles prestassem serviço com foco no cidadão, fossem mais maleáveis e promovessem uma gestão mais agradável. Transportado para as empresas, os conceitos agregaram habilidades de comunicação, habilidades interpessoais, qualidades pessoais, ética e habilidades cognitivas. Atualmente, algumas companhias definem contratações com base nestes modelos. “Soft-skills e hard-skills andam lado a lado. Um profissional somente técnico (hard-skills), mas que não sabe se relacionar, pode ter dificuldades no mercado. Assim como um profissional extremamente habilidoso no trato com pessoas (soft-skills) não se sustenta sem conhecimento técnico”, explica o especialista.
No Brasil, as empresas conhecidas como startups – voltadas para tecnologia e inovação – são as que mais adotam as gestões soft-skills e hard-skills para realinhar seus quadros de colaboradores.
Entrevistado
Vitor Luiz Massari, graduado em matemática e sócio-diretor da Hiflex Consultoria. Ministra palestras e treinamentos voltados para gerenciamento ágil de projetos e soft-skills. É autor do livro Gerenciamento Ágil de Projetos, lançado pela Editora Brasport
Contato
contato@hiflex.com.br
Crédito foto: Divulgação