Georecrutamento começa a pesar mais que currículo
Endereço do candidato a uma vaga é decisivo para as empresas, a fim de que elas minimizem risco de turnover causado por problemas de mobilidade urbana
Por: Altair Santos
O turnover pode causar perdas de até 10% no faturamento anual de uma empresa, dependendo de seu ramo de atividade. Esse custo é gerado pelo impacto do contrata-demite, o que leva a mais gastos com treinamento e redução na produtividade. Entre os motivos que estimulam à rotatividade de mão de obra está a dificuldade do colaborador em se deslocar de sua casa até a empresa, por conta das carências de mobilidade urbana.
Detectado o problema, as empresas passaram a acrescentar mais um critério para a contratação, além da análise do currículo e do perfil psicológico do candidato. É o georecrutamento. A ferramenta leva em conta a proximidade entre a residência do contratado e o endereço em que irá trabalhar, e pode ser decisiva quando dois concorrentes se mostram igualmente qualificados para a vaga.
Jacob Rosenbloom, CEO da Emprego Ligado - empresa que detém no Brasil a tecnologia do georecrutamento – explica por que morar perto do trabalho passou a ser um critério de contratação. “O funcionário que mora distante do trabalho se atrasa mais e falta mais. Por causa da rotina de passar horas no transporte público, ele acaba tendo uma maior propensão a sair do trabalho”, diz.
Ao mesmo tempo, Rosenbloom mostra como a geolocalização pode minimizar ou até estancar a rotatividade na empresa. “O turnover diminui, pois o funcionário que reside perto da empresa se atrasa menos, falta menos, trabalha mais disposto e tem uma menor predisposição para deixar o emprego. Dessa forma, a empresa consegue diminuir consideravelmente sua taxa de contrata-demite”, afirma.
Qualidade de vida
Além da má qualidade do transporte público, o custo do deslocamento também tem levado o trabalhador a preferir um emprego perto de sua residência. “Quem busca emprego hoje tem muito interesse em trabalhar perto de casa. O candidato quer uma melhor qualidade de vida e morar perto do trabalho é uma excelente solução para chegar nesse resultado”, avalia o especialista, garantindo que o georecrutamento é bom tanto para a empresa quanto para o colaborador.
A ferramenta mapeia as alternativas que o candidato tem para chegar ao trabalho. Se uma linha de metrô o liga diretamente ao trabalho, é ponto positivo. Porém, se ele depende apenas de ônibus, e precisa fazer duas ou mais conexões, o pretendente fica mais distante da vaga. Idem no caso de se deslocar com veículo próprio, mas as alternativas no trânsito vivem congestionadas.
Na cidade de São Paulo, o georecrutamento já é uma realidade. “O trânsito exerce um papel limitador na mobilidade urbana, que acaba complicando o cenário das empresas. Porém, em cidades menores, a geolocalização também pode ser usada e tem o mesmo efeito de diminuição da rotatividade”, cita Jacob Rosenbloom, lembrando tratar-se de uma tendência global. “Em grandes metrópoles do mundo, as empresas já entenderam que ter um funcionário que reside próximo ajuda a melhorar a produtividade e a diminuir o turnover”, finaliza.
Entrevistado
Engenheiro de produção Jacob Rosenbloom, um dos fundadores do Emprego Ligado
Contato: bruno.soares@fticonsulting.com (assessoria de imprensa)
Crédito foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Empire State Building adota “retrofit infinito”
Desde 2009, ícone da arquitetura e da engenharia está em constante processo de atualização para se adequar aos conceitos de obra sustentável
Por: Altair Santos
Ícone da reação econômica dos Estados Unidos contra a grande depressão de 1929, o edifício Empire State Building foi inaugurado em 1931. Portanto, há 84 anos é referência para a arquitetura e a engenharia civil. Mas como uma edificação a caminho dos 100 anos consegue se manter contemporâneo e com suas estruturas muito bem conservadas? O segredo está na gestão de retrofit adotada pelo condomínio. Trata-se de um processo que, desde 2009, não para. A meta é manter o Empire State Building sempre atualizado com as mais modernas tendências arquitetônicas.
O resultado é que a edificação tem se tornado cada vez mais eficiente sob o ponto de vista de consumo de recursos como água e energia elétrica. Transformou-se em um prédio verde por excelência, e em constante evolução. Hoje, é o retrofit com a maior pontuação da certificação LEED, alcançando nível gold. Para atingir o grau de excelência, precisou de investimentos que já somam US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 1,75 bilhão). Os recursos foram para a troca de todas as instalações elétricas e hidráulicas do edifício e à substituição das 6.514 janelas por equipamentos com desempenho térmico e acústico, além dos elevadores.
O prédio também ganhou sistemas inteligentes para controlar a ventilação. Todo esse compromisso com a sustentabilidade e com o conforto resulta em eficiência energética. Resultado: o Empire State Building fechou 2014 economizando US$ 2,8 milhões (quase R$ 10 milhões) e consumo de água e de energia. "O projeto de retrofit do edifício ultrapassou drasticamente nossas projeções de economia", diz Anthony E. Malkin, presidente da Empire State Realty Trust, que administra o condomínio do prédio de 102 andares e 381 metros de altura, incluindo a antena localizada em seu topo. O prédio foi o primeiro arranha-céu do mundo a usar estruturas mistas de aço e concreto.
Modelo de retrofit
O retrofit do Empire State foi proposto em 2009 pela C40 Cities Climate Leadership Group, do qual a Fundação Bill Clinton (criada pelo ex-presidente dos Estados Unidos) é um dos líderes. A C40 conseguiu uma coalizão de organismos para viabilizar um projeto que preservasse e, ao mesmo tempo, modernizasse um dos símbolos de Nova York. “O projeto de retrofit do edifício é um exemplo do que a sociedade organizada, sem precisar do poder público, pode fazer pelas cidades”, cita Mark Watts, diretor-executivo do C40. Toda a gestão do prédio é feita de forma transparente e pode ser acompanhada por qualquer cidadão pelo site www.esbsustainability.com.
Uma das preocupações do C40 é com a quantidade de energia gasta pelos prédios nos Estados Unidos. O país tem 120 milhões de edificações, que consomem 42% da eletricidade gerada e da água tratada para abastecer os norte-americanos. “É preciso acelerar a tomada de medidas que minimizem esse consumo e uma solução eficiente é promover o retrofit de edificações com mais de 20 anos. Para isso, o Empire State Building é um exemplo a ser replicado", afirma Amory Lovins, cofundador da organização Chief Scientist. Entre 1931 e 1973, o edifício nova- iorquino reinou soberano como o prédio mais alto do mundo.
Entrevistados
C40 Cities Climate Leadership Group e Empire State Realty Trust (via assessorias de imprensa)
Contatos
mmarinello@c40.org
www.c40.org
www.empirestaterealtytrust.com
www.clintonfoundation.org
www.empirestatebuilding.com
www.facebook.com/empirestatebuilding
www.instagram.com/empirestatebldg
www.youtube.com/esbnyc
www.pinterest.com/empirestatebldg/
Créditos fotos: publicdomainpictures.net
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Microcimento decorativo desafia revestimentos
Produto pode substituir cerâmicas e porcelanatos em piscinas e áreas úmidas de residências, com a vantagem de oferecer desempenho térmico
Por: Altair Santos
Absolutos no mercado de revestimento, porcelanatos e cerâmicas ganharam um concorrente oriundo da Europa: o microcimento. O produto une elementos polímeros com material cimentício (cimento branco estrutural), criando uma pasta que é aplicada sobre paredes e pisos - sempre com espessura máxima de 3 milímetros. Instalada por mão de obra especializada, a fina camada adere sobre a superfície, gerando acabamento liso, brilhante e em cores que podem ir do branco a tons mais vivos, ou em sua pigmentação original: o cimento queimado.
Apresentado como produto inovador na 2ª Feira do Construtor, que aconteceu em Curitiba-PR, de 29 a 31 de julho, a palestra sobre microcimento atraiu um bom número de decoradores de interior e arquitetos. A dúvida maior era quanto à resistência e as vantagens do produto, em relação a cerâmicas e porcelanatos. “O produto tem 100% de impermeabilidade, dispensa juntas de dilatação e rejuntes, o que elimina o risco de infiltrações, além de ter como característica única o desempenho térmico. Por ter polímeros em sua composição, ele não é frio como os tradicionais revestimentos usados em áreas úmidas”, destaca Ronaldo Martins dos Santos, sócio da Fullcover - empresa do Rio de Janeiro-RJ convidada pela feira para apresentar o microcimento ao mercado paranaense.
Custo elevado
Na Europa, o revestimento já está consolidado há mais de 10 anos. Em países como Portugal e Espanha, ele predomina na área interna das piscinas de concreto armado, substituindo as pastilhas, e em paredes internas para ajudar as casas e apartamentos a terem desempenho térmico durante o inverno. “Uma parede bem recoberta com microcimento, desde que a mão de obra seja qualificada e os produtos sejam de qualidade, suporta de cinco a dez anos sem manutenção”, resume Ronaldo Martins.
O microcimento funciona bem para revestir blocos de concreto e paredes de drywall. No caso dos elementos pré-fabricados, o produto exige que as peças tenham boa qualidade e estejam bem alinhadas. “Trabalhamos na Cidade Olímpica, com paredes de blocos de concreto muito bem construídas, e o resultado foi ótimo”, diz o especialista. No caso, o microcimento substituiu o reboco, criando uma camada de 2 milímetros sobre as peças pré-fabricadas e uma estrutura mais leve.
Apesar da versatilidade e das boas soluções que oferece, o microcimento tem um obstáculo a vencer, para se tornar de fato competitivo: o preço. Como parte de seus componentes é importada, o m² varia entre R$ 170 a R$ 300, já incluindo o custo da mão de obra.
Entrevistado
Engenheiro mecânico Ronaldo Martins dos Santos, sócio da Fullcover, empresa especializada em aplicação de microcimento
Contato: rms.74@bol.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Fullcover/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Pavimento intertravado vira “asfalto ecológico”
Peças pré-fabricadas suportam rolamento de veículos e têm a vantagem de ser permeáveis e com custo mais baixo que o derivado de petróleo
Por: Altair Santos
A evolução do paver pré-fabricado de concreto já permite que o produto deixe as calçadas e ganhe as ruas, competindo com o asfalto na forma de pavimento intertravado. Quando bem instalado, com o assentamento e as contenções feitas corretamente, o material alcança um dimensionamento semelhante ao do revestimento derivado de petróleo, ou seja, resiste a movimentos verticais, horizontais e de rotação, distribuindo as cargas uniformemente e suportando veículos leves e pesados.
Na 2ª Feira do Construtor, realizada de 29 a 31 de julho em Curitiba, o engenheiro civil Alexsander Maschio, gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), expôs como o paver pré-fabricado de concreto tem conseguido competir com o asfalto, principalmente para pavimentar estradas vicinais e urbanizar áreas vulneráveis a enchentes. “Além de ter um desempenho mecânico até melhor que o asfalto, o produto tem um processo de execução mais rápido. Ele chega pronto no local da obra”, explica.
Outra vantagem do paver pré-fabricado de concreto como pavimento é que a mecanização já permite que ele avance etapas com mais rapidez do que o asfalto. “Existem máquinas que instalam blocos em uma área de sete metros de largura por cem metros de comprimento (dimensão de uma quadra) durante um dia de produção”, diz Maschio, ressaltando, porém, que o produto só consegue competir com o asfalto se sua fabricação seguir a normalização vigente, com a garantia do selo de qualidade da ABCP, e obedecer corretamente os processos de instalação.
Sustentabilidade
A opção pelo paver pré-fabricado de concreto traz também ganhos ambientais, quando comparado com o concreto. Seu processo de fabricação consome menos energia que o derivado de petróleo, além de a permeabilidade do material possibilitar maior rapidez no escoamento da água da chuva para o solo. Isso minimiza o risco de veículos aquaplanarem e de ocorrer acúmulo de água na pista. Mais um ponto favorável é que a capacidade de reflexão de luz do pavimento intertravado permite também que ele poupe a iluminação pública. “Sem dúvida, o produto é uma solução muito mais sustentável do que o asfalto”, avalia o gerente regional da ABCP.
O pavimento com peças pré-fabricadas de concreto ainda gera economia de recursos quando a rua ou a estrada precisam passar por manutenção ou por alguma intervenção que exija a passagem de tubulações de água ou cabos elétricos. Neste caso, o paver pode ser removido e reinstalado sem a necessidade de quebra do piso, o que evita a geração de resíduos sólidos e economiza insumos para sua recomposição. Além disso, o piso intertravado é o único que permite a liberação imediata do tráfego depois de instalado ou reinstalado.
Em sua palestra, Alex Maschio ressaltou também que o pavimento intertravado acrescenta elementos de segurança quando usado em ruas em que não se pode trafegar acima de 60 km/h. “Na Europa e nos Estados Unidos, o ruído que o piso gera, em contato com os pneus, é visto como um aspecto positivo. Quanto mais rápido o veículo estiver, mais ruído ele gera, e isso ajuda a sinalizar que a velocidade máxima permitida está no limite. Há ainda a questão da frenagem. No asfalto, um carro a 60 km/h percorre 26,5 metros para parar, enquanto no paver ele percorre 21,3 metros”, ressalta o engenheiro civil, sobre as vantagens do “asfalto ecológico”.
Entrevistado
Engenheiro civil Alexsander Maschio, gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
Contato: alexsander.maschio@abcp.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Em 10 anos, arquitetura sustentável dá salto de qualidade
No Brasil, primeira obra a seguir conceitos de “prédio verde” foi construída em 2005. De lá para cá, certificações impulsionaram esse tipo de edificação
Por: Altair Santos
A arquitetura sustentável está completando 10 anos no Brasil. A primeira construção a obter a certificação LEED no país foi a agência do banco Real – instituição financeira absorvida pelo Santander, em 2008 -, na cidade paulista de Cotia. A equipe de engenheiros e arquitetos que atuou na obra projetou o prédio com base em referências internacionais, pois não havia nenhuma publicação nacional sobre o tema. O profissional que esteve à frente do empreendimento foi o arquiteto Roberto Oranje.
Para se chegar ao nível exigido pela certificação LEED, que foi criada em 1998 nos Estados Unidos, a obra do prédio bancário impôs uma série de retrabalhos. Isso encareceu a construção em 30%, se comparada a um procedimento convencional da época. Porém, o grande legado foram as lições que ela deixou, e que impulsionaram a arquitetura sustentável no Brasil. Atualmente, o país conta com 115 certificações e 783 projetos requerendo registro.
Nestes dez anos, a arquitetura sustentável deu um salto de qualidade. O Brasil trabalha atualmente com todas as certificações reconhecidas internacionalmente. Entre elas, a francesa HQE - adaptada para o país como AQUA -, além de BREEAM e SKA RATING – ambas do Reino Unido -, DGNB (Alemanha), CASBEE (Japão) e LEED (Estados Unidos). Há ainda os selos nacionais: FSC, PROCEL, A3P (para o setor público) e Selo Azul da Caixa Econômica Federal. A mais recente a ser implantada no Brasil foi a alemã DGNB.
Avaliação do Ciclo de Vida
Para a arquiteta Vânia Deeke, professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), de todos os selos de arquitetura sustentável disponíveis no Brasil o mais interessante é o PROCEL Edificações, criado em 2014. “Toda a edificação sustentável pode requerer a certificação. É um selo semelhante ao que acompanha os eletrodomésticos, e é concedido a construções com eficiência energética, ou seja, que através de sua arquitetura sejam capazes de poupar energia elétrica. Pesam o uso da iluminação natural e da ventilação natural, assim como o desempenho térmico”, explica.
A palestrante, que é especialista na área de arquitetura sustentável, esteve na 2ª Feira do Construtor, que aconteceu em Curitiba-PR, de 29 a 31 de julho. Ela ressaltou que hoje as certificações estão dando uma importância maior aos procedimentos de manutenção dos prédios verdes, não se limitando apenas a avalizar projetos e processos nas fases de construção. Trata-se da chamada Avaliação do Ciclo de Vida. “Como disse Stewart Brand, edificação não é algo que se conclui. Uma edificação é algo que se inicia. Quer dizer, a partir do momento em que nasce o projeto de uma obra sustentável, ela deve se manter assim ao longo de todo o seu ciclo de vida”, ressalta.
Entrevistada
Arquiteta Vânia Deeke, professora de disciplinas voltadas para a construção sustentável em universidades como UTFPR, Positivo, Uniandrade e INBEC-UNIP, com credencial da GBC Brasil
Contato: vania.deeke@gmail.com
Créditos Fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Na crise, quem tem know-how faz a diferença
Empresas da construção civil precisam desenvolver processos que as diferenciem no mercado, eliminando desperdícios e ganhando produtividade
Por: Altair Santos
Ainda que o mercado imobiliário esteja em retração, não significa que deixem de existir oportunidades de negócios. O que muda é que o processo de seleção está mais competitivo. Tendem a prosperar as empresas que tiverem know-how. A tese é do especialista em processos corporativos, Júlio Datílio, que palestrou na 2ª Feira do Construtor, realizada de 29 a 31 de julho de 2015, em Curitiba-PR. “Know-how, neste caso, é conhecimento, experiência de mercado e capacidade de organização”, diz o especialista.
Datílio avalia que as empresas que tenham usado o bom momento da economia brasileira para implantar processos de gestão saem na frente. “Quem investiu em racionalização da obra, em ganho de produtividade, qualificação da mão de obra e sistemas de combate ao desperdício de materiais tem mais chance de prospectar negócios na crise”, entende.
O especialista, no entanto, descarta a hipótese de que companhias do setor que não tenham adotado tais procedimentos estejam fadadas a fracassar. Pelo contrário. Segundo Júlio Datílio, a baixa atividade econômica abre espaço para que as empresas invistam em reestruturações departamentais. “Neste momento, as corporações tiram o pé do acelerador e isso abre espaço para reestruturações. Diante deste cenário, algumas dicas podem ajudar os gestores a mapear processos que as tornem mais competitivas”, afirma.
Entre elas, Júlio Datílio elenca algumas:
1. Estar atento
Um gestor precavido não deve esperar a ocorrência de algum evento negativo em sua companhia para acender a luz vermelha e correr atrás do prejuízo. É na iminência da crise que surgem as soluções internas para alavancar o crescimento.
2. Ter estratégia
Incluir o mapeamento dos processos empresariais no planejamento estratégico e alinhá-lo com os orçamentos disponíveis. Nada de fazer dívidas. Programar-se é uma palavra de ordem.
3. Saber montar sua equipe
É extremamente importante quebrar paradigmas e contratar profissionais capacitados no mercado, com o objetivo de replicar os conceitos de processos e metodologias assertivas para a obtenção de ganhos operacionais.
4. Apresentar concentração
Manter o foco resulta no aperfeiçoamento dos processos.
5. Demonstrar união
Uma vez internalizado o conceito de processos, é necessário definir os responsáveis por manter a metodologia atualizada e, junto com a equipe, buscar por resultados satisfatórios para a empresa.
Com processos bem desenhados e políticas internas estruturadas, é possível blindar a segurança corporativa em momentos de crise e torna-se mais fácil sobreviver a cenários imprevisíveis com menor impacto nos resultados internos. É o que ensina Datílio, que finaliza com um conselho: “Com uma base bem estruturada, as organizações não apenas sobrevivem diante das crises, como também ganham uma importante vantagem competitiva no mercado. Isso, independentemente do setor em que atuem”.
Entrevistado
Julio Datílio, graduado em comércio exterior, pós-graduado em logística e coordenador da Trinus Consultoria Organizacional, empresa do Grupo Mega Sistemas Corporativos
Contatos
julio.datilio@trinusconsultoria.com.br
www.trinusconsultoria.com.br
Crédito Foto: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Dissertação de Mestrado
Produção de Painéis de Cimento Portland Reforçados com Fibra de Curauá
Confira a dissertação de mestrado.
Geólogos se especializam em localizar fóssil em obras
Grupo da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba, intensifica descobertas. A mais recente tem idade estimada de 80 milhões de anos
Por: Altair Santos
Cresce o volume de fósseis descobertos em canteiros de obras no Brasil. Os geólogos, os arqueólogos, os paleontólogos e os biólogos têm papel determinante neste novo cenário. Além de aprimorar a prospecção de áreas com chances de abrigar ossadas de milhões de anos e objetos de culturas antigas, eles criaram uma rede de informações capaz de apontar vestígios em praticamente todas as regiões do país. Ainda contribui para essa guinada histórica a mudança de comportamento das construtoras. Apesar de a maioria ainda esconder as descobertas, é crescente o número de empresas que se tornam parceiras da arqueologia.
Mas em nenhuma outra região do Brasil a descoberta de fósseis em obras está tão aprimorada quanto no Triângulo Mineiro, sobretudo na cidade de Uberaba. Graças ao grupo que atua no Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, ligado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), e que é formado por geólogos, paleontólogos e técnicos especializados na identificação e coleta de fósseis. “É um caso único no Brasil, já que em outras localidades o trabalho é realizado por paleontólogos engajados em consultorias ambientais esporádicas”, diz Thiago da Silva Marinho, paleontólogo e professor-adjunto da UFTM.
Liderado pelo geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, recentemente o centro de pesquisa da universidade descobriu em um canteiro de obras localizado na cidade de Uberaba aquilo que pode ser uma nova espécie de dinossauro, com aproximadamente 80 milhões de anos. O fóssil estava em uma área em que a Quanta Empreendimentos Imobiliários viabiliza um condomínio residencial. A empresa facilitou ao máximo as escavações. “A postura da construtora foi a melhor possível em relação à preservação do patrimônio paleontológico de Uberaba. Por isso, reforço: é mito acreditar que retirada de fóssil de canteiro de obras paralisa construções”, afirma Thiago da Silva Marinho.
Os acordos entre construtoras e paleontólogos são sempre bem-vindos, mas existem leis federais que consideram os fósseis como bens da União e, portanto, não podem ser comercializados ou destruídos. Assim, caso haja a presença de fósseis em uma escavação, eles devem ser coletados por uma equipe especializada e depositados em uma instituição de pesquisas paleontológicas com reconhecimento do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Uberaba, no entanto, é o único município em que a prefeitura local criou uma lei que obriga a avaliação paleontológica dos empreendimentos que venham a interferir em rochas fossilíferas.
Outra descoberta
Uberaba, no entanto, não é a única localidade fértil para a paleontologia. O Rio de Janeiro também tem se revelado riquíssimo em descobertas, principalmente no que se refere a vestígios de civilizações antigas. Recentemente, escavações na Linha 4 do Metrô, na região central da capital fluminense - mais especificamente no bairro Leopoldina -, trouxeram à tona restos de um sambaqui (resquícios de ocupações de povos primitivos). Os objetos encontrados no local têm entre três mil e quatro mil anos. São pelo menos 50 artefatos de pedra pertencentes a grupos nômades, e que estão em fase de catalogação pelo arqueólogo Claudio Prado de Mello.
Entre os itens encontrados no terreno do metrô estão pontas de lanças de caça, raspadores usados para cortar a carne do animal, machadinhas e batedores (que funcionavam como martelos primitivos). No mesmo local, onde já funcionaram uma estação de trem (Alfredo Maia) e o Matadouro Imperial, também foram encontrados materiais usados pela família imperial, como porcelanas, cachimbos e até uma escova de dente que teria pertencido ao imperador Dom Pedro II.
Entrevistado
Biólogo, geólogo e professor-adjunto da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Thiago da Silva Marinho. Também é supervisor do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, ligado à UFTM.
Contato: tsmarinho@gmail.com
Crédito Foto: Luís Adolfo/UFTM/Divulgação/Consórcio Linha 4 Sul
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mestre de obras: ele ainda é imprescindível
Entre 2009 e 2013 havia falta deste profissional no mercado, o que elevou a média salarial. Hoje, um especialista ganha entre R$ 3 mil e R$ 10 mil
Por: Altair Santos
Imaginou-se que os novos sistemas construtivos pudessem substituí-los. Mas os mestres de obras estão mais imprescindíveis que nunca. Principalmente nas construtoras que prezam pela qualidade do empreendimento e pela organização no canteiro de obras. É aí que a experiência destes profissionais faz a diferença, pois são eles os encarregados pela leitura da planta e pela administração do pessoal da obra, além de ter a visão global do que está em construção. Depois do engenheiro-responsável, o mestre de obras é a figura mais importante no canteiro. Afinal, ele é quem comanda a execução do trabalho.
Entre 2008 e 2013, quando a construção civil esteve com atividade intensa, os mestres de obras se tornaram escassos. Consequentemente, os salários dos profissionais disponíveis no mercado se valorizaram. Atualmente, o especialista recebe entre R$ 3 mil e R$ 10 mil, dependendo da região do país em que trabalhe, do tempo de experiência e de suas especialidades. Não é à toa que muitos operários que têm entre três e cinco anos atuando em canteiros de obras passaram a buscar escolas que formam mestres de obras. “O curso tem duração aproximada de 14 meses e conta com aulas teóricas e práticas. O conteúdo envolve várias áreas de conhecimento específico, que vão desde a alvenaria até a hidráulica e a elétrica”, explica Evandro Pinotti, CEO do grupo Resolve Franchising, detentor da marca Instituto da Construção.
Informalidade
Como o curso está concentrado em atividades práticas, Evandro Pinotti afirma que os novos mestres de obras não deixam de ter o respeito da equipe por serem novatos. “O respeito da equipe vem na demonstração do conhecimento. Somado a isso, é muito importante desenvolver habilidades de comunicação e de relacionamento com os demais profissionais envolvidos na obra, como engenheiros e arquitetos, além de ter um olhar atento e cuidadoso aos detalhes e à estética do que é construído. Isso garante qualidade, sem desperdício de materiais”, resume Pinotti, que lembra que entre os seus alunos há estudantes de engenharia e de arquitetura. “Eles buscam aulas práticas e como aprender a se relacionar com os operários e os demais mestres de obras”, explica.
Não existe uma regulamentação para a profissão de mestres de obras. Há muitos práticos no mercado - aqueles que aprenderam a profissão dentro do canteiro de obras. Por isso, o índice de informalidade no setor é grande, o que gera dificuldade até no levantamento de estatísticas sobre a quantidade de profissionais que atuam no Brasil. Recentemente, também por causa da escassez de profissionais no mercado, as construtoras passaram a contratar técnicos em edificação para as vagas de mestre de obras. Principalmente, as empresas que investiram em novos sistemas construtivos, mecanização, ganho de produtividade e redução de mão de obra. Mesmo assim, os mestres de obras estão longe de serem extintos. “Ele é imprescindível, sobretudo se tiver mais de cinco anos de experiência, independentemente das técnicas adotadas no canteiro de obras”, finaliza Evandro Pinotti.
Entrevistado
Evandro Pinotti, CEO do grupo Resolve Franchising, detentor da marca Instituto da Construção
Contato: sp.cidadeademarcomercial@institutodaconstrucao.com.br
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Dinamismo dos negócios exige inteligência de mercado
Processo permite que empresas se antecipem às mudanças de humor do mercado, analisando tendências para se posicionar à frente dos concorrentes
Por: Altair Santos
A mudança de humor do mercado requer velocidade nas definições estratégicas. Quando essas alterações acontecem, até as marcas consolidadas precisam corrigir rotas. O importante é saber qual o caminho a ser escolhido. Por isso, decisões devem ser balizadas por informações precisas, a fim de gerar oportunidades de negócio, viabilizar inovações e abrir espaço para o crescimento. Entre as ferramentas adequadas para fazer esse diagnóstico está a Inteligência de Mercado. Ela permite procedimentos que geram receitas, minimizam custos, elevam o Market Share, aumentam a eficácia comercial, conquistam a fidelidade dos clientes e ensinam a empresa a se posicionar perante a concorrência. Para entender melhor o que é Inteligência de Mercado, confira a entrevista com o especialista Rafael Scucuglia, professor do Ibramerc (Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado).
Qual a melhor definição para Inteligência de Mercado?
Gosto muito da definição de Humbert Lesca, importante pesquisador francês: “Inteligência de Mercado é um processo coletivo, pró-ativo e contínuo, pelo qual os membros da empresa coletam e utilizam informações pertinentes relativas ao seu ambiente e às mudanças que podem nele ocorrer, visando criar oportunidades de negócios, inovar, adaptar-se (e mesmo antecipar-se) à evolução do ambiente, evitar surpresas estratégicas desagradáveis e reduzir riscos e incerteza em geral”.
Existem ferramentas, como softwares, que ajudam a implantar Inteligência de Mercado?
Em termos conceituais, a implantação de Inteligência de Mercado (IM) não depende de nenhum tipo de software. Esse tipo de confusão é muito comum em IM: achar que sua implantação depende necessariamente da Tecnologia da Informação. O que não é exclusividade nossa, já que outras áreas da gestão caem na mesma armadilha, como CRM (Customer Relationship Management) e BPM (Business Process Management). Muitas das técnicas de coleta e análise frequentemente conduzidas por especialistas em IM se baseiam em modelos desenvolvidos em Excel, ou mesmo em templates off-line. Todavia, muitos tipos de soluções tecnológicas agregam valor ao processo de IM, dependendo do tipo de estudo a ser desenvolvido. Entre eles, destacam-se soluções de BI (Business Intelligence), de geomarketing e pacotes estatísticos.
Qual profissional está preparado para conduzir um processo de Inteligência de Mercado: administrador, engenheiro, advogado ou especialista em marketing?
Não enxergo predominância de uma ou outra formação acadêmica. As nossas turmas de MBA em Inteligência de Mercado são bem ecléticas em relação a isso, e não observamos qualquer tipo de relação entre a formação, bom aproveitamento e aplicação bem-sucedida das técnicas debatidas. O nosso rol de professores, inclusive, é bastante heterogêneo. Temos professores estatísticos, administradores, engenheiros e matemáticos, entre outros.
Implantar o processo de Inteligência de Mercado muda de empresa para empresa?
A composição da área de inteligência deve se basear nas características da cultura organizacional interna e da complexidade do mercado competitivo. Obviamente, uma empresa de médio porte, atuante em um mercado pouco competitivo (como concessionárias de serviço público, por exemplo) demanda uma estrutura de inteligência diferente de empresas de grande porte atuantes em mercados altamente competitivos (como bens de consumo, por exemplo). A IM também é completamente aplicável em micro e pequenas empresas, e é claro que a estrutura será diferente neste caso. Entretanto, o processo de Inteligência de Mercado será sempre o mesmo. De forma geral, ele é composto por cinco etapas: planejamento, coleta, análise, disseminação e mensuração. É o que chamamos de ciclo de inteligência, que será sempre o mesmo, independentemente das características da empresa.
Como funciona a implantação, por exemplo, em empresas ligadas à cadeia produtiva da construção civil?
Como eu disse anteriormente, o processo de inteligência é o mesmo para qualquer tipo de segmento em que a empresa atue. Implantar IM consiste em rodar o ciclo (planejamento, coleta, análise, disseminação e mensuração), executando estudos que visem resolver problemas de negócio específicos, tais como maximizar posição competitiva da empresa frente aos concorrentes, maximizar satisfação dos clientes, gerar fidelidade, reduzir churn rate (métrica para retenção de clientes), planejar e desdobrar a estratégia e diagnosticar movimentos dos concorrentes ou mudanças no ambiente de forma antecipada.
Diante da competitividade e das mudanças comportamentais dos consumidores, a Inteligência de Mercado se tornou imprescindível às empresas?
A palavra imprescindível é forte. Se existem empresas de sucesso sem processos formais de Inteligência de Mercado, significa que a IM não é, necessariamente, imprescindível. Todavia, tenho absoluta convicção de que a Inteligência de Mercado tornou-se absolutamente importante para atuar em mercados cada vez mais competitivos. As sucessivas experiências nos dá esta certeza, seja pela intervenção em consultorias, seja pela implantação de trabalhos reais por parte dos nossos alunos, seja pelos depoimentos que temos continuamente debatido em nossos fóruns. São resultados efetivos, materializados em aumento de receita, aumento de Market Share, redução de custos, aumento de eficácia comercial, aumento de fidelidade de clientes e melhoria no posicionamento competitivo.
No Brasil, a Inteligência de Mercado está bem difundida entre as corporações?
Estamos crescendo. O Ibramerc conduz, atualmente, o maior fórum de Inteligência de Mercado com o maior número de participantes. Empresas dos mais variados segmentos e portes, multinacionais ou não, estão aplicando os conceitos fundamentais de IM.
Quais segmentos da economia do país melhor utilizam essa estratégia?
Alguns segmentos já possuem maior maturidade na aplicação de IM por terem começado antes. Por isso, têm maior facilidade cultural em desenvolver os estudos. Pela minha experiência pessoal, posso citar segmentos como o farmacêutico, de higiene e beleza, home care e alimentos. Mas tenho visto aplicações muito interessantes em outros setores, como o imobiliário, indústria, varejo e serviços.
Fora do Brasil, como ela é usada? Quais países começaram a implantar primeiramente a Inteligência de Mercado?
Duas correntes são proeminentes: a escola francesa, com uma visão mais soft de inteligência, desenvolve uma visão mais abstrata e qualitativa na aplicação de IM. Já a norte-americana publica teorias com uma visão mais hard, com relevância para métodos objetivos e quantitativos. As primeiras aplicações de Inteligência de Mercado se inspiraram nos métodos adotados pelas agências de inteligência dos Estados Unidos, adaptando conceitos para o mundo dos negócios. Por exemplo, o NIT (National Intelligence Topic) foi batizando de KIT (Key Intelligence Topic), mas possui a mesma intenção utilizada por tais agências.
Entrevistado
Estatístico Rafael Scucuglia, professor universitário para cursos de pós-graduação e MBA, professor do Ibramerc e especialista em Inteligência de Mercado
Contato: rafael.scucuglia@ibramerc.org.br
Crédito Foto: Divulgação