Invento permite reúso de água residual do concreto

Conhecida como planta medicinal nas regiões norte, nordeste e centro-oeste do Brasil, moringa oleifera é a base da pesquisa desenvolvida na UFG

Por: Altair Santos

A moringa oleifera é tratada em regiões mais pobres do Brasil como uma planta quase milagrosa. O poder nutricional das folhas e da vagem ajuda no combate à fome em estados do norte, nordeste e centro-oeste do país. Além disso, o caule é usado para a produção de artefatos de madeira, entre eles baquetas para instrumentos musicais. Mas é na semente que se concentra a fama da árvore de operar milagres. Mergulhada na água barrenta, ela consegue decantar as impurezas e tornar o líquido potável. Essa propriedade inspirou uma pesquisa na Universidade Federal de Goiás (UFG), que utiliza a moringa oleifera como coagulante para tratar a água residual do concreto.

Professor Heber Martins de Paula, do campus da UFG, em Catalão-GO: sementes da moringa oleifera agem como coagulantes naturais para decantar a água dos resíduos do concreto
Professor Heber Martins de Paula, do campus da UFG, em Catalão-GO: sementes da moringa oleifera agem como coagulantes naturais para decantar a água dos resíduos do concreto

Desenvolvido originalmente como tese de doutorado pelo engenheiro civil e professor da UFG, Heber Martins de Paula, o invento permite o reúso da água utilizada na lavagem dos caminhões-betoneira e de outras ações para se produzir concreto. “A pesquisa surgiu após visita a uma usina de concreto em Catalão-GO. O objetivo inicial era fazer a gestão da água, mas descobriu-se que o maior desafio seria tratar o grande volume de água residual, que chegava a 50% do que era efetivamente gasto para produzir concreto”, explica o especialista. Para otimizar o processo, Heber de Paula chegou a uma fórmula que utiliza coagulantes químicos associados a um coagulante natural, no caso a semente da moringa oleifera.

O tratamento remove até 99% da turbidez da água residual. Boa parte desta purificação se deve às reações causadas por elementos contidos na planta. “Existe uma proteína dentro da semente da moringa oleifera que consegue aglutinar partículas sólidas e formar flocos passíveis de sedimentação. A partir daí, consegue-se remover estes sólidos por propensão. O coagulante químico potencializa a ação da proteína contida na semente”, revela o professor da UFG. A experiência mostrou ainda que quanto maior a presença de resíduos na água mais eficiência tem o tratamento proposto pelo invento. Já o tempo de sedimentação pode variar de 15 minutos a 30 minutos, dependendo do grau de turbidez.

Sementes da moringa oleifera: árvore milagrosa também viabiliza práticas sustentáveis na construção civil
Sementes da moringa oleifera: árvore milagrosa também viabiliza práticas sustentáveis na construção civil

Pesquisa premiada pela CBIC
Foram usados, junto com as sementes da planta, o sulfato de alumínio e o cloreto férrico - dois coagulantes comumente utilizados no tratamento de águas superficiais para o consumo humano. “Quando entram em contato com a proteína produzida pela moringa oleifera, esses dois agentes conseguem potencializar a capacidade dela de realizar a coagulação dos resíduos presentes na água usada na produção do concreto”, diz Heber de Paula, cujo trabalho rendeu o 1º lugar, na categoria pesquisa, durante a 20ª edição do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade (promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Realizado em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde Heber de Paula concretizou seu doutorado, a pesquisa envolveu a participação de dez pessoas, entre professores, alunos e funcionários da usina de concreto de Catalão-GO - a Brasmix. Agora o estudo entra em uma nova fase. O objetivo é que o resíduo sólido gerado pelo tratamento da água possa ser utilizado como agregado na produção de blocos de concreto para fins não estruturais. “Além das descobertas práticas, a pesquisa serviu para mostrar que a universidade é um lugar ideal para se desenvolver estudos que levem a práticas sustentáveis dentro da indústria da construção civil”, conclui o professor da UFG.

Entrevistado
Engenheiro civil Heber Martins de Paula, professor-adjunto do curso de engenharia civil da Universidade Federal de Goiás, no campus de Catalão-GO

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heberdepaula@ufg.br

Créditos Fotos: Divulgação/UFG

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Nanotecnologia do concreto ganha impulso no Brasil

Novo centro de pesquisa inaugurado recentemente no Coppe/UFRJ permitirá desenvolver agregados que tornem o material mais resistente e sustentável

Por: Altair Santos

Presente em várias inovações ligadas ao concreto, a nanotecnologia tem a oportunidade de ganhar um forte impulso no Brasil. Um passo importante nesta direção foi dado em 14 de setembro de 2015, quando o Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) inaugurou o Núcleo de Microscopia Eletrônica. O centro de pesquisa ganhou o mais moderno microscópio eletrônico em operação no Brasil. Com resolução atômica, o equipamento permite aumentar o tamanho de partículas 800 mil vezes. É o que faltava para o país avançar em pesquisas químicas para produzir novos materiais, catalisadores, polímeros e medicamentos.

Professor Martin Schmal:  Núcleo de Microscopia Eletrônica do Coppe/UFRJ trará avanços para as pesquisas no país, incluindo as voltadas para materiais como o concreto
Professor Martin Schmal: Núcleo de Microscopia Eletrônica do Coppe/UFRJ trará avanços para as pesquisas no país, incluindo as voltadas para materiais como o concreto

Segundo o professor emérito da UFRJ, e doutor em engenharia química, Martin Schmal, o concreto está entre os materiais que irão se beneficiar das novas tecnologias disponíveis. “A meta é conseguir modificar o concreto, através das nanoestruturas, para otimizar comportamento e desempenho, aumentando as propriedades mecânicas, a durabilidade e a sustentabilidade do material”, diz Schmal, que completa: usando a nanotecnologia, será possível criar um concreto mais resistente, com volumes menores. “As pesquisas permitirão produzir nanomateriais que, futuramente, poderão substituir alguns agregados que hoje são usados na produção do concreto”, afirma.

A partir de um concreto mais resistente e durável, o professor da UFRJ entende que o Brasil poderá entrar no mercado das superconstruções, fornecendo matéria-prima para erguer arranha-céus que ultrapassem os 100 pavimentos ou pontes com vãos maiores. “O primeiro passo é fabricar os materiais; o segundo, conhecer todas estas propriedades. Nestes quesitos, a microscopia eletrônica de alta resolução é muito importante. Sem dúvida, as pesquisas desenvolvidas no país poderão viabilizar materiais para superconstruções”, avalia Martin Schmal.

Engenheiros-pesquisadores

Microscópio eletrônico do centro de pesquisa do Coppe/UFRJ permite aumentar o tamanho de partículas 800 mil vezes
Microscópio eletrônico do centro de pesquisa do Coppe/UFRJ permite aumentar o tamanho de partículas 800 mil vezes

O novo laboratório do Coppe/UFRJ também vai permitir mapeamentos em alta velocidade. Uma análise, que hoje leva 1h54, baixará para 115 segundos. Em termos práticos, significa que será possível alcançar precisão ultramicroscópica para diferenciar as nanoestruturas dentro do material. O equipamento também abre a possibilidade de detectar fissuras e patologias, que, com microscópios menos potentes, são invisíveis. Assim, as certificações se tornarão mais rigorosas.

O Núcleo de Microscopia Eletrônica também será uma nova porta para a formação de pesquisadores mais qualificados. “Dentro do laboratório teremos condições de capacitar engenheiros com profundo conhecimento nas diferentes tecnologias ligadas à nano, tanto na síntese como na caracterização dos materiais. Antes, precisávamos importar especialistas. Hoje, já existem profissionais interagindo com grupos internacionais, como o Max-Planck, da Alemanha, o CNRS, da França, e várias universidades norte-americanas ou europeias. Esta formação é feita com pessoal preparado, com pós-graduação, doutorado e intercâmbio no exterior”, afirma o professor emérito da UFRJ, prevendo que o Brasil definitivamente entrou na era da nanotecnologia.

Entrevistado
Professor-doutor em engenharia química, Martin Schmal, emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor dos seguintes livros: Cinética Homogênea e reatores (1982), Cinética e Reatores (2010) e Catálise Heterogênea (2011)

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Créditos Fotos: Divulgação/Coppe/UFRJ

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Escolas públicas de engenharia ainda são as melhores

Entre as dez mais bem-conceituadas do Brasil, só uma é particular; na região sul, UFRGS e UFSC lideram edição 2015 do Ranking Universitário Folha

Por: Altair Santos

A edição 2015 do Ranking Universitário Folha (RUF), elaborado pelo jornal Folha de S. Paulo, tem se tornado referência para mostrar onde estão os melhores cursos do país. No caso da engenharia civil, a lista incluiu 424 graduações, com destaque para as escolas públicas. Entre as dez melhores, nove são federais ou estaduais. Na edição deste ano - a 4ª desde que o RUF foi elaborado -, a Poli-USP foi eleita a melhor, seguida do curso da UFRJ e da Unicamp. No sul, os melhores cursos de engenharia civil estão, pela ordem, na UFRGS, na UFSC e na UEM (Universidade Estadual de Maringá).

Foram avaliadas 424 graduações de engenharia civil em todo o país: Paraná tem seis entre as 40 melhores
Foram avaliadas 424 graduações de engenharia civil em todo o país: Paraná tem seis entre as 40 melhores

O ranking segue dois critérios principais: avaliação da universidade no mercado, ou seja, como as empresas veem os graduandos que se formam nas instituições, e qualidade de ensino dos cursos, a qual considera a formação dos professores e as avaliações do MEC (ministério da Educação). Tanto no quesito mercado quanto ensino, a USP mantém-se como primeira colocada. Já a UFRJ, que é 2ª em qualidade de ensino, desponta na 5ª posição em reconhecimento do mercado. O inverso ocorre com a Universidade Presbiteriana Mackenzie – 11ª em qualidade de ensino e muito bem avaliada pelo mercado.

Para posicionar as universidades, e seus respectivos cursos, o ranking faz uma média entre os dois quesitos (mercado e qualidade de ensino). Assim, as dez melhores graduações de engenharia civil em 2015 são:
1º Universidade de São Paulo (USP)
2º Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
3º Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
4º Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
5º Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
6º Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
7º Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
8º Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
9º Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE)
10º Universidade Federal do Ceará (UFC)

Pelos mesmos critérios, o Ranking Universitário Folha também aponta os cursos de engenharia civil com as piores avaliações e, coincidentemente, todas são particulares:
415º Faculdades Integradas dos Campos Gerais (CESCAGE)-PR
416º Escola Superior de Criciúma (ESUCRI)-SC
417º Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas Santo Agostinho (FACET)-MG
418º Faculdade Evangélica de Goianésia-GO
419º Faculdade Metropolitana de Guaramirim (FAMEG)-SC
420º Faculdade Anhangüera de São José-SP
421º Faculdade Anhanguera de Taubaté-SP
422º Faculdade Finom de Patos de Minas (FINOM)-MG
423º Faculdade Anhanguera de São Caetano (Fasc)-SP
424º Faculdade Anhanguera de Cuiabá (FAC)-MT

Na região Sul
Ainda que a UFRGS e a UFSC despontem como as universidades do sul do país com os melhores cursos de engenharia civil, o estado do Paraná é o que tem o maior número de graduações melhor ranqueadas na região. Além da UEM, UFPR, UTFPR, PUCPR, UNICESUMAR e Universidade Positivo aparecem entre as 40 melhores do país. Pelo Ranking Universitário Folha, os dez melhores cursos de engenharia civil no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná são os seguintes:
1º Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (5ª no ranking geral)
2º Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)(6ª no ranking geral)
3º Universidade Estadual de Maringá (UEM)(11º no ranking geral)
4º Universidade Federal do Paraná (UFPR) (13ª no ranking geral)
5º Universidade do Vale do Rio Dos Sinos (UNISINOS) (15ª no ranking geral)
6º Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) (25º no ranking geral)
7º Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) (28º no ranking geral)
8º Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR) (35º no ranking geral)
9º Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) (36ª no ranking geral)
10º Universidade Positivo (UP)(37º no ranking geral)

De todas as universidades da região sul, a que mais deu um salto no ranking, de 2014 para 2015, foi a Universidade Federal de Santa Catarina. Para a reitora Roselane Neckel, é a prova de que a UFSC tem professores e estudantes comprometidos com a instituição. “Ser uma das melhores universidades do país em qualidade de ensino, além de subir posições nos quesitos pesquisa e mercado, é um orgulho para todos nós. Agradecemos esta conquista e parabenizamos a comunidade universitária”, disse.

Confira aqui a lista completa do RUF para engenharia civil.

Entrevistado
Com base em ranking divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, na edição de 14 de setembro de 2015
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Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Reuniões vão aumentar em 2016, mas virtualmente

Ferramentas que permitem encontros via internet estão cada vez mais sofisticadas e garantindo maior produtividade para as empresas

Por: Altair Santos

A necessidade de as empresas aprimorarem seus sistemas para enfrentar melhor a concorrência leva à convicção de que o número de reuniões corporativas deve continuar a crescer. É o que aponta estudo da LogMeIn, empresa global de TI. Nos países onde a pesquisa foi realizada, 90% dos entrevistados esperam maior número de reuniões nos próximos anos. Para suprir a demanda, as corporações estão apostando cada vez mais nas reuniões virtuais. Nas nações mais desenvolvidas, elas já representam 33% dos encontros. No Brasil, estão na faixa dos 25%. Entre as que aderem a este movimento estão as construtoras. É o que revela Gustavo Boyde, gerente de marketing da LogMeIn para a América Latina. Confira:

É possível mensurar o quanto as empresas ganham em tempo e recursos ao substituir as reuniões presenciais por reuniões virtuais?
Uma reunião virtual não tem o tempo de deslocamento de um local para outro. Se ganha tempo e se poupa recursos. A reunião virtual ajuda muito na questão da produtividade, principalmente quando são usadas as ferramentas adequadas. Uma reunião virtual também pode ter um custo elevado se feita por telefone, por causa dos interurbanos e das chamadas internacionais. Então, o uso da tecnologia certa pode fazer um executivo até dobrar o número de reuniões por dia, otimizando os negócios.

Ferramentas como Skype e Webex são as mais usadas em reuniões virtuais?
No Brasil, estes são, sim, dois nomes muito fortes para reuniões virtuais. Existem outras ferramentas além destas que são utilizadas, dependendo do tamanho da empresa. O mercado para reuniões virtuais é bastante amplo e tem diversas e diferentes ferramentas destinadas a necessidades diferentes. O Skype é muito utilizado para pessoa física e pequenas empresas. Já o Webex e ferramentas como o Join Me são utilizados para grandes empresas e para o ambiente corporativo, que exige mais segurança. Então, diria que sim, Skype e Webex são as mais conhecidas e as mais usadas no mercado.

O setor da construção civil é um dos que mais utiliza reuniões virtuais?
A construção civil atua em vários locais. Uma empresa tem canteiros de obras em diferentes cidades e as reuniões virtuais dão agilidade ao andamento do cronograma. O único empecilho é que, em certas ocasiões, o local da obra é remoto e impede o uso de ferramentas para reuniões virtuais. Mas não tenho dúvidas em afirmar que a construção civil é um dos setores que mais se beneficia desta tecnologia.

No Brasil, a internet já favorece as reuniões virtuais sem risco de cair a conexão?
O Brasil ainda está atrás de alguns países em termos de internet. Em algumas regiões do país as conexões ainda são instáveis. No sul e sudeste, tem uma maior cobertura de internet. Mas de certa forma, o Brasil já está preparado. Praticamente, qualquer centro urbano, qualquer cidade tem internet. Também existem ferramentas que utilizam bandas menores. Além disso, o datacenter destas ferramentas também é decisivo para a boa conexão.

Em comparação a outros países, como está o Brasil no volume de reuniões virtuais?
Hoje, 25% das reuniões do Brasil já são virtuais. Em termos globais, são 33%. Então, o país está um pouco abaixo da média de reuniões virtuais on-line, mas ele está quase lá.

Quais os setores econômicos que mais realizam reuniões virtuais no Brasil?
Depende muito da maturidade da indústria. A gente enxerga que empresas de tecnologia geralmente estão mais acostumadas às novas ferramentas e geralmente elas são as pioneiras. Empresas de tecnologia, empresas de marketing e vendas são as que mais utilizam as reuniões on-line. Mas em geral, temos percebido que todos os segmentos estão se abrindo a essa tendência. Principalmente, as corporações com jovens executivos entre 26 anos e 35 anos. Mas as ferramentas estão disponíveis a todos e a todas as áreas. Depende muito mais dos profissionais envolvidos do que do perfil da empresa.

Com as reuniões virtuais ocupando mais espaço nas corporações, as reuniões presenciais serão usadas para quais finalidades?
A tendência é que uma reunião virtual possa substituir todas as reuniões. Claro que ela não tem o contato humano, mas com os recursos disponíveis é possível compartilhar telas, trocar informações e fazer anotações de forma até mais eficaz do que uma reunião presencial.

As reuniões virtuais são mais produtivas?
Ao se evitar o deslocamento já se ganha em produtividade. Além disso, a reunião virtual praticamente elimina as conversas laterais, tornando o encontro mais objetivo. Isso torna a reunião virtual mais eficaz, e com um tempo menor que a reunião presencial. Na reunião presencial, existem os atrasos causados pelo trânsito e outros imprevistos. Além disso, existe a transição da informalidade para o aspecto formal da reunião, ou seja, as pessoas chegam batem papo e depois tratam dos assuntos da reunião. No encontro virtual, se vai direto ao ponto, aos objetivos do encontro. Então, sim, as reuniões virtuais são mais produtivas.

As reuniões virtuais se dão mais por desktops, notebooks, tablets ou smartphones?
Hoje, reuniões virtuais se dão mais por desktops e notebooks. Mas já existem tablets e smartphones adaptados para essas ferramentas, onde é possível falar por voz, compartilhar a tela, ver a tela de outra pessoa. A única diferença é que as telas são menores e as pessoas tendem, nas reuniões virtuais, a preferir telas maiores.

Os colaboradores gostam de participar de reuniões, sejam elas presenciais ou virtuais?
Em geral, os colaboradores não gostam de participar de reuniões. Na nossa pesquisa, dois terços deles (em torno de 66%) acham que as reuniões são improdutivas. Na mesma pesquisa, porém, 90% dos entrevistados avaliam que em 2016 o número de reuniões vai aumentar. Então, essas ferramentas vêm para ajudar, para tornar as reuniões mais produtivas e mais práticas. Mas em geral, a satisfação das pessoas com reuniões não são muito boas. Uma das dicas é reduzir o número de pessoas nos encontros, para que eles se tornem mais curtos e produtivos. Algumas corporações têm optado pelas reuniões chamadas de “um-para-um”. Aí, quando todas as definições já estão praticamente certas é que se faz uma reunião maior apenas para fechar a questão. Óbvio, isso precisa de um bom mediador para encaminhar os assuntos das reuniões.

Entrevistado
Gustavo Boyde, graduado em marketing pela UFRGS e com MBA em marketing digital pela ESPM. Atualmente é o gerente de marketing da LogMeIn para a América Latina
Contato: logmein@singcomunica.com.br

Créditos Fotos: Divulgação/LogMeIn

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

CT Paralímpico une melhores conceitos de mobilidade

Construções pré-fabricadas permitem atender atletas de 15 modalidades, os quais representarão o Brasil nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro

Por: Altair Santos

Os melhores atletas paralímpicos do Brasil ganham até o final de 2015 um completo centro de treinamentos, a fim de intensificar os preparativos para os jogos de 2016, no Rio de Janeiro. A área construída de 94 mil m² vai atender 15 modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, golbol, halterofilismo, judô, natação, rúgbi, tênis, tênis em cadeira de rodas, triatlo e voleibol sentado. O complexo é uma referência mundial, pois une os melhores conceitos de mobilidade para pessoas com necessidades especiais.

Localizado na cidade de São Paulo, Centro Paralímpico está com 97% da execução das obras concluída
Localizado na cidade de São Paulo, Centro Paralímpico está com 97% da execução das obras concluída

Projetado pela LM+Gets e executado pela BF Construtora, a obra é dividida em cinco setores. O primeiro engloba a recepção principal, as garagens e as quadras de tênis em cadeira de rodas. O segundo é destinado ao treinamento de vôlei, basquete, rúgbi e futebol de 5, enquanto o terceiro é o do parque aquático. No setor 4, fica o ginásio, onde será praticado judô, esgrima, bocha, golbol, tênis de mesa e futebol de 7. Já no setor 5 ficará o centro de pesquisa e medicina do esporte, áreas de fitness e de ensino, além de uma pista de atletismo.

Para atender os paratletas, não existem escadas no centro de treinamentos. Os acessos são por rampas e elevadores, e cumprem a ABNT NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, vias públicas e sistemas de transporte coletivo. O projeto é da LM+Gets, especializada em construções hospitalares e em ambientes de alta complexidade. Já a execução da obra está a cargo da GBF Construtora, que considera o empreendimento um legado para os portadores de necessidades especiais. Após os jogos paralímpicos, o CT será transformado em um centro de pesquisa e de reabilitação.

Estruturas pré-fabricadas

Com 97% das obras concluídas, o CT Paralímpico, localizado no Parque Fontes do Ipiranga, na cidade de São Paulo, é uma parceria entre governo do estado de São Paulo e governo federal. O local será o principal centro de excelência do Brasil e da América Latina e tem a pretensão de ser um dos quatro melhores do mundo. Só Ucrânia, China e Coreia do Sul têm estruturas semelhantes. O centro agrupará treinamento de paratletas de alto nível, formação de técnicos, árbitros e gestores, desenvolvimento das ciências do esporte e atuação interdisciplinar em medicina, fisioterapia, psicologia, fisiologia, biomecânica, nutrição e metodologias do treinamento.

Projeção de como ficará o Centro de Treinamento Paralímpico, quando concluído
Projeção de como ficará o Centro de Treinamento Paralímpico, quando concluído

Literalmente, o que sustenta toda essa estrutura é o concreto. Elementos pré-fabricados, por exemplo, dão apoio à pista de atletismo, assim como as instalações esportivas indoor e outdoor. Os sistemas construtivos à base de pré-moldados permitiram também erguer uma área residencial composta por alojamentos para 280 pessoas, refeitório e lavanderia, além de um centro de medicina e ciências do esporte, incluindo academia, vestiários e outros espaços de apoio. O volume de concreto usado na obra ultrapassa os 150 mil m³. O custo do empreendimento é de R$ 288,700 milhões.

Entrevistados

Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência do estado de São Paulo (via assessoria de imprensa)
Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) (via assessoria de imprensa)

Contatos:
imprensa@sedpcd.sp.gov.br
imprensa@cpb.org.br

Crédito Foto: Divulgação/Brasil2016.gov.br/CPB

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Perna mecânica é opção para obras de acabamento

Equipamento é aliado tanto na segurança quanto nas metas para elevar produtividade. Pode ser usado diretamente na obra e no estoque de materiais

Por: Altair Santos

A tecnologia não é apenas concorrente da mão de obra na construção civil. Ela pode também ser aliada na segurança e na conquista de mais produtividade. Um exemplo é a perna mecânica, que já é realidade em construtoras que atuam em obras de edifícios corporativos, onde os cronogramas estão cada vez mais apertados. O equipamento dispensa andaimes para o acabamento interno, como aplicação de reboco, gesso, drywall e arremates.

Perna mecânica é recomendada para o acabamento fino no teto e no alto das paredes
Perna mecânica é recomendada para o acabamento fino no teto e no alto das paredes

Quem já usou garante que o acessório permite maior mobilidade e estabilidade, visto que os pés da perna mecânica são emborrachados e impedem que o operário escorregue, minimizando o risco de acidentes. “Só o fato de a perna mecânica dispensar o uso de escadas, que é um grande foco de acidentes de trabalho em canteiros de obras, já reduz consideravelmente a exposição dos operários ao perigo de cair”, atesta Haroldo Izareli, gerente de novos negócios da Walsywa, uma das fabricantes de pernas mecânicas no Brasil.

Com um estande na recente edição do Concrete Show 2015, o fabricante foi um dos que mais atraiu público. Com os equipamentos expostos, não faltaram trabalhadores da construção civil para testá-los. “Nos Estados Unidos, na etapa de acabamento interno das obras, a perna mecânica já é o equipamento mais usado. Aqui no Brasil, a crise não nos atingiu. As vendas estão em escala exponencial. Quando o construtor confere suas vantagens, opta por essa solução”, completa Haroldo Izareli.

O ganho de produtividade é uma das vantagens da perna mecânica em canteiros de obras. Ela dispensa a montagem de andaimes e o sobe-desce de escadas. O cálculo é que, a cada 1 m² coberto com escada ou andaime, o equipamento consegue cobrir 3 m². Também é adaptável para obras com pé-direito entre 2,5 m a 4 m de altura. Os fabricantes asseguram que o uso da perna mecânica não requer treinamento e só há duas restrições: para trabalhadores que sofrem de labirintite e que estão acima do peso. O produto, fabricado essencialmente em alumínio, suporta até 102 quilos de peso.

Equipamento pode ser usado também na movimentação dos materiais estocados
Equipamento pode ser usado também na movimentação dos materiais estocados

No mercado, há equipamentos de fabricação nacional e importados. Em média, um par de pernas mecânicas custa aproximadamente R$ 1 mil. Quem vende, afirma que o custo-benefício compensa a diferença entre o aluguel de um andaime e o preço de uma escada. Além da utilização em canteiros de obras, o produto é recomendado também para a movimentação de materiais estocados, auxiliando no carregamento e no descarregamento de caminhões.

Entrevistado
Haroldo Izareli
, gerente de novos negócios da Walsywa

Contatos:
vendas@walsywa.com.br
www.walsywa.com.br
www.fb.com/walsywa

Versátil, perna mecânica requer treinamento básico e suporta até 102 quilos
Versátil, perna mecânica requer treinamento básico e suporta até 102 quilos

Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Nova norma para cidades mede qualidade de vida

ISO 37120:2014 já é requerida por cidades como Toronto, Barcelona e Londres. No Brasil, ABNT cria comissão para adaptá-la à realidade nacional

Por: Altair Santos

A ISO 37120:2014 é a primeira norma ISO voltada para as cidades. Entre suas abrangências, estão economia, educação, energia, ambiente, finanças, serviços de emergência, saúde, lazer, segurança, resíduos, transportes e água. A 37120 estabelece definições e metodologias para um conjunto de indicadores, no sentido de orientar e medir o desempenho dos serviços da cidade, tornando mensurável a qualidade de vida que ela proporciona aos seus cidadãos e o potencial de suas obras públicas. Lançada em maio de 2014, só agora a norma começa a ser avaliada no Brasil. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) criou recentemente uma comissão para adequar a ISO 37120:2014 à realidade brasileira. Entre os integrantes deste comitê está a engenheira civil e professora Iara Negreiros, que explica quais benefícios a norma pode trazer às cidades que decidirem implantá-la. Confira:

Cidade de Toronto, no Canadá: uma das primeiras a viabilizar a implantação da ISO 37120:2014
Cidade de Toronto, no Canadá: uma das primeiras a viabilizar a implantação da ISO 37120:2014

Qual o objetivo da ISO 37120:2014?
A ISO 37120:2014 – Sustainable development of communities – Indicators for city services and quality of life (Desenvolvimento sustentável das comunidades - Indicadores de serviços da cidade e qualidade de vida) é a primeira norma internacional ISO (International Organization for Standardization) para indicadores de cidades. Ela está sendo desenvolvida como parte de um conjunto integrado de normas para o desenvolvimento sustentável nas comunidades. Segundo o próprio documento ISO 37120:2014, a norma define e estabelece metodologias para um conjunto de indicadores, a fim de guiar e medir a performance de serviços urbanos e qualidade de vida. Ela segue princípios estabelecidos e pode ser utilizada em conjunto com a ISO 37101 – Sustainable development in communities – Management systems (O desenvolvimento sustentável em comunidades - Sistemas de gestão). A ISO 37120:2014 é aplicável a qualquer cidade, municipalidade ou governo local que intencione medir sua performance de uma forma comparável e verificável, independentemente do tamanho e da localização.

Essa ISO pode ser entendida como uma certificação ou como uma norma?
É necessário enfatizar que o processo de normalização é diferente de certificação. Deve-se separar os conceitos entre a criação e a publicação de uma norma – a normalização – e a aplicação e certificação por uma norma. Segundo a ABNT, certificação é um processo no qual uma entidade de terceira parte avalia se determinado produto atende às normas técnicas. Portanto, para existir um processo de certificação é primeiro necessário a publicação de normas técnicas nacionais. Neste caso, estamos nos deparando pela primeira vez com a publicação de uma norma de referência para as cidades, que é o primeiro passo para o processo de normalização, que é anterior à certificação.

Lançada em maio de 2014, já existem cidades que tenham requerido essa ISO?
Internacionalmente, acessamos dados da aplicação desta norma (ISO 37120:2014) em 20 cidades-piloto, tais como Toronto, Barcelona e Londres, com detalhes dos resultados, quando disponíveis, para cada um dos 100 indicadores da norma (46 essenciais + 54 de apoio), além dos 39 indicadores de perfil. Fora estas 20 cidades, desconheço dados de indicadores ISO 37120 de outras, bem como de alguma cidade brasileira.

Engenheira e professora Iara Medeiros: integrante da comissão ABNT/CEE-268, que estuda uma versão brasileira para a ISO 37120:2014
Engenheira e professora Iara Negreiros: integrante da comissão ABNT/CEE-268, que estuda uma versão brasileira para a ISO 37120:2014

Existe um comitê no Brasil para a implantação desta ISO?
A ABNT, recentemente, criou a ABNT/CEE-268 - Comissão de Estudos Especial Desenvolvimento Sustentável em Comunidades, cujo âmbito de atuação é a normalização no campo de desenvolvimento sustentável em comunidades, compreendendo qualidade de vida, infraestrutura e serviços públicos, no que concerne à terminologia, requisitos e procedimentos. Esta comissão é espelho do ISO/TC 268, Sustainable development in communities (Desenvolvimento sustentável em comunidades), que publicou, entre outros documentos, a norma ISO 37120, e está elaborando outras normas ISO para cidades, como a já citada ISO 37101.

E como está a implantação desta ISO no país?
A comissão ABNT/CEE-268 estudará a internalização destas normas do ISO/TC 268 à realidade brasileira, que é o primeiríssimo passo para pensarmos em qualquer processo de implantação. É uma comissão aberta a todos que se interessem em participar.

A senhora atua de que forma para a implantação da ISO no Brasil?
Participo desta comissão ABNT/CEE-268 e do Comitê Temático Urbano do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável). Tenho particular interesse acadêmico em indicadores de sustentabilidade urbana por conta de minha pesquisa de mestrado (defendido em 2009) e de doutorado, em andamento, cujo tema é retrofit urbano. Venho há alguns anos estudando indicadores de sustentabilidade urbana, em conjunto com o professor-doutor Alex Abiko, e já identificamos 185 sistemas de indicadores aplicáveis a cidades, anteriores a ISO 37120, como ele próprio mencionou na Sessão Urbana do 8º SBCS (Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, realizado dia 22 de setembro de 2015).

Recentemente, a senhora palestrou no 8º Simpósio Brasileiro sobre Construção Sustentável exatamente sobre a ISO 37120:2014. Como foi a receptividade do público especializado em relação à implantação da ISO no Brasil?
Ao final da própria sessão urbana do 8º SBCS houve o lançamento da comissão ABNT/CEE-268, convidando à participação da primeira reunião. Por conta disso, muitos profissionais interessados, representantes dos mais diversos stakeholders das cidades, participaram da reunião da comissão ABNT/CEE-268, em que o professor-doutor Alex Abiko foi eleito como coordenador.

Alguma capital brasileira conseguiria cumprir o grau de exigência da ISO para obter a certificação?
Ainda não há definição de processos de certificação pela ISO 37120:2014 no país, nem mesmo a publicação de uma norma brasileira que reflita esta ISO, que seria um passo anterior a qualquer processo de implantação. Porém, a meu ver, os 100 indicadores da norma (46 essenciais + 54 de apoio) e os 39 indicadores de perfil são, na maioria, simples e factíveis. Como mencionei na minha palestra no 8º SBCS, aproximadamente 30% destes indicadores já são mensurados e disponibilizados por outras instituições, tais como IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) e, no caso do estado de São Paulo, Fundação SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados).

O município de Sorocaba, no interior de São Paulo, seria o primeiro a se candidatar para obter essa certificação no país?
Sorocaba foi simplesmente escolhida pelo CT Urbano do CBCS pelos motivos que mencionei em minha palestra: é um município de grande porte, com vários indicadores já publicados em outras plataformas, próximo à cidade de São Paulo (aproximadamente 100 quilômetros de distância) e onde o CT Urbano se reúne. Além disso, resido há dois anos em Sorocaba, portanto tenho mais facilidade de acesso aos números. Neste levantamento de dados de Sorocaba, ainda em andamento, já obtive 60 dos 100 indicadores da norma, e 34 dos 39 indicadores de perfil, em parceria com instituições locais, tais como Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo), Prefeitura de Sorocaba, Urbes - Trânsito e Transportes - e SAAE Sorocaba (Serviço Autônomo de Água e Esgoto).

Quais vantagens uma cidade obtém ao seguir a norma ISO 37120:2014?
O próprio documento ISO 37120:2014 cita que cidades necessitam de indicadores para medir sua performance. Porém, indicadores existentes geralmente não são padronizados, consistentes e comparáveis no tempo ou entre cidades. Segundo nota informativa da norma ISO 37120:2014, seu uso ajudará os gestores municipais, políticos, pesquisadores, empresários, urbanistas, designers, engenheiros civis e outros profissionais a se concentrarem em questões-chave, além de pôr em prática políticas mais habitáveis, tolerantes, sustentáveis, resilientes, economicamente atraentes e prósperas para as cidades. Os indicadores incluídos na ISO 37120:2014 poderão ajudar as cidades a avaliar o seu desempenho e medir o seu progresso gradativamente, com o objetivo final de melhorar a qualidade de vida e a sustentabilidade. A abordagem uniforme da norma permitirá que as cidades comparem perfeitamente onde estão em relação a outras cidades. Esta informação pode, por sua vez, ser usada para identificar as melhores práticas, para o aprendizado de uma cidade com outra.

Quais os principais entraves para que uma ISO dessas possa ganhar adesões no Brasil?
Particularmente, não visualizo entraves. Talvez existam algumas dificuldades em adotar indicadores ou adaptar a metodologia de mensuração de alguns indicadores existentes ao método descrito na norma, o que faz parte de qualquer processo de padronização.

Para adquirir a norma ISO 37120:2014 – Sustainable development of communities – Indicators for city services and quality of life, acesse aqui.

Veja aqui as cidades que já requereram a ISO 37120:2014.

Informe-se mais sobre a comissão formada para adaptar a ISO 37120:2014 à realidade brasileira:
http://www.abnt.org.br/abnt-cee-268-desenvolvimento-sustentavel-em-comunidades

Entrevistada
Engenheira Civil Iara Negreiros. Possui mestrado em engenharia e planejamento urbano pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e atualmente é doutoranda também pela Politécnica USP. Atuou como professora-substituta na Universidade Federal do Amazonas e professora horista em faculdades particulares

Contatos
iara.fioravanti.sampaio@gmail.com
comunicacao@cbcs.org.br

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Maior túnel do mundo é aberto entre Suíça e Itália

Megaobra tem 57 quilômetros e será percorrida por um trem de alta velocidade que, a partir de 2016, unirá as cidades de Zurique e Milão

Por: Altair Santos

Até o começo de 2016, toda a linha férrea que cruza o túnel de Gothard, nos Alpes Suíços, estará concluída. São 57 quilômetros cortando a cadeia de montanhas que é um símbolo da Europa. A perfuração das rochas começou em 2000 e foi concluída em 2011. Em 80% dela foram usados escavadores gigantes e em 20% utilizou-se o método tradicional com explosivos. Conforme o túnel foi avançando, o revestimento das paredes e o radier, ambos em concreto, deram forma ao túnel.

Após vencer última barreira de rocha, túnel entra na fase final da execução
Após vencer última barreira de rocha, túnel entra na fase final da execução

Quando estiver totalmente concluído, o Gothard terá consumido 1,3 milhão de m³ de concreto e 440 mil toneladas de cimento. Com o túnel, a travessia em trem de alta velocidade entre as cidades de Zurique, na Suíça, e Milão, na Itália, será feita em cerca de duas horas. Bem-sucedida desde a etapa de projeto, que começou a ser concebido em 1996, passando pela execução de longo prazo (16 anos), a megaobra já serve de inspiração para outros empreendimentos. Também já foram iniciados projetos para viabilizar um túel ligando Lyon (França) a Turim (Itália) e outro substituindo o túnel Brenner, entre Áustria e Itália – todos cortando os Alpes.

Os 57 quilômetros do Gothard são insuperáveis. Trata-se do maior túnel do mundo. Ultrapassa em extensão o Túnel Seikan, no Japão, que mede 53,85 quilômetros e liga as ilhas de Honshu e Hokkaido. Também é maior que o Eurotúnel, que liga França e Inglaterra, atravessando o Canal da Mancha, e que tem um percurso de 50,5 quilômetros. Para superar os 57 quilômetros, foram extraídos 12 milhões de toneladas de rocha, dos quais 2 milhões de toneladas foram transformados em agregados (brita e areia de brita) para a composição do concreto. Já os resíduos de rocha inadequados para usar como agregados foram utilizados em aterros.

Lado suíço do túnel já está finalizado e pronto para a inauguração em 2016
Lado suíço do túnel já está finalizado e pronto para a inauguração em 2016

Cura do concreto a 20 °C

Duas usinas capazes de produzir 120 m³ de concreto por hora foram instaladas em cada uma das extremidades do túnel, para fornecer material para o revestimento das paredes e a construção do radier que suporta os trilhos. Os agregados chegavam às usinas transportados por trens. Uma megaobra desta envergadura, obviamente, não sai barato. O custo está estimado em 10,1 bilhões de francos suíços - o equivalente a quase 40 bilhões de reais, já considerando a desvalorização da moeda brasileira.

Em termos de uso de tecnologias inovadoras, o Gothard não as poupou. Por ser construído em uma região de baixas temperaturas em boa parte do ano, foi necessário que a engenharia projetasse grandes aquecedores para manter a temperatura entre 20 °C e 25 °C nos trechos concretados do túnel. Com isso, se atingiu a cura ideal do material, dando-lhe uma aparência de concreto envernizado. Além disso, atingida a resistência ideal do concreto, cumpre-se o que determina o projeto: megaobra com ciclo de vida útil superior a 100 anos.

Com a concretagem 100% concluída e os trilhos 94% instalados, começam os testes com os trens
Com a concretagem 100% concluída e os trilhos 94% instalados, começam os testes com os trens

Com a concretagem concluída, e 94% dos trilhos instalados, no dia 1º de outubro de 2015 começaram os primeiros testes com os trens. Esse período deverá se estender até junho de 2016. No segundo semestre do ano que vem haverá as primeiras viagens com trens cargas. Em seguida, virão os testes com passageiros. “Também testaremos a ventilação e o sistema de evacuação de passageiros, em caso de incêndio. Após a abertura, queremos ter o túnel mais seguro da Europa”, diz Renzo Simoni, CEO da AlpTransit Gotthard - consórcio responsável pela construção. A megaobra envolveu dois mil operários no ápice do empreendimento, sendo que nove morreram nas escavações.

Entrevistado
Consórcio AlpTransit Gotthard (via assessoria de imprensa)
Contato: info@alptransit.ch

Créditos Fotos: Divulgação/AlpTransit Gotthard

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Depois dos tetos verdes, a vez dos paredões verdes

Edifícios com fachadas cobertas por plantas ajudam meio ambiente e minimizam danos da poluição sonora nos grandes centros urbanos

Por: Altair Santos

O teto verde não é a única intervenção construtiva sustentável que está transformando as metrópoles brasileiras. Estimuladas por incentivos fiscais dados pelas prefeituras, como descontos no IPTU, as fachadas verdes também passaram a ser incorporadas à cena urbana.

Paredes sem janelas, conhecidas como empenas cegas, são as ideais para receber fachadas verdes
Paredes sem janelas, conhecidas como empenas cegas, são as ideais para receber fachadas verdes

Neste caso, os jardins verticais são planejados para ocupar as empenas cegas de edifícios, que são as paredes sem janelas, normalmente encontradas em prédios antigos. Esses projetos paisagísticos transformam as edificações em gigantescos “aparelhos de ar-condicionado” ao ar livre. Também minimizam os efeitos da poluição sonora, pois as plantas funcionam como um colchão que impede a reverberação do som.

O impacto ambiental positivo que as paredes verdes causam levou ao surgimento do Movimento 90°, liderado por moradores de prédios que ocupam o entorno do viaduto mais polêmico da cidade de São Paulo: o Elevado Costa e Silva, popularmente conhecido como Minhocão.

A intenção deles é que a prefeitura da capital paulista estimule intervenções paisagísticas nas 140 empenas cegas presentes nos edifícios ao longo do viaduto, a fim de reduzir, principalmente, a poluição sonora. Para o arquiteto Guilherme Wisnick, as cidades precisam pensar em alternativas para enfrentar o que ele denomina de “rodoviarismo”, que foi o que predominou nas metrópoles brasileiras nos anos 1960, 1970, 1980 e 1990, e que privilegiou os veículos automotores.

Área do Minhocão, na cidade de São Paulo: 140 paredões à espera de jardins verticais
Área do Minhocão, na cidade de São Paulo: 140 paredões à espera de jardins verticais

Técnicas de instalação
Para o especialista, os paredões verdes podem ser o começo de um novo modelo de cidade. ”O rodoviarismo sacrificou os espaços públicos e as áreas verdes. Então, os paredões verdes cobrindo as empenas cegas dos edifícios que cercam o Minhocão são de um simbolismo forte para a cidade”, diz. Para estimular o projeto paisagístico, o Movimento 90° desenvolveu uma técnica para instalar a vegetação nas paredes.

Ela utiliza vasos de feltros, sistema de irrigação que capta água da chuva e uma chapa impermeável feita de materiais recicláveis, que funciona como isolante para que a parede não receba a umidade gerada pelas plantas. O procedimento acaba contribuindo também para que o prédio se adapte à Norma de Desempenho.

Dois dos principais requisitos da ABNT NBR 15575 estão ligados ao desempenho térmico e ao desempenho acústico da edificação, o que os paredões verdes ajudam a cumprir. Nos edifícios que já possuem fachadas sustentáveis, a temperatura interna nos apartamentos e nas salas comerciais cai, em média 8 °C. Já os ruídos ficam em torno de 25 decibéis menores.

Esses valores podem variar se o isolamento das empenas cegas utilizar materiais com melhor desempenho termoacústico. O tipo de vegetação também influencia no desempenho dos jardins verticais. Isso, se o edifício a sofrer a intervenção não tiver patologias. Neste caso, o recomendável é promover um retrofit no prédio para depois instalar o jardim vertical.

Em boa parte das 140 empenas cegas que envolvem o Minhocão há patologias como eflorescências, causadas por infiltrações, fissuras e trincas. Os engenheiros civis e arquitetos envolvidos com o Movimento 90° atuam na recuperação destes paredões antes de transformá-los em jardins verticais.

Veja vídeos que mostram como se instala e quais as vantagens dos paredões verdes

https://youtu.be/DQFpkgJh3_Q

https://youtu.be/zdyFbHFw6Bk

Entrevistado
Movimento 90° (via assessoria de imprensa)
Contatos
contato@movimento90.com
www.movimento90.com

Créditos Fotos: Divulgação/Movimento 90°

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Varejo da construção deve oferecer produtos e soluções

Novo modelo de venda não envolve apenas a entrega do material, mas a oferta de serviços acoplados a ele, e que facilitem a vida do consumidor

Por: Altair Santos

Como o varejo da construção civil deve se preparar para atrair um consumidor cada vez mais cético e disposto a não gastar? Foi essa a pergunta que a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) e o Sebrae (Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas) procuram responder em um workshop que tem percorrido as principais cidades brasileiras, em parceria com as Acomacs, que são as associações regionais de comerciantes de material de construção. O objetivo é orientar o lojista a capacitar e a investir no atendimento e na conquista do cliente.

Consumidor que vai ao balcão da loja de material de construção busca também respostas para suas dúvidas
Consumidor que vai ao balcão da loja de material de construção busca também respostas para suas dúvidas

Em uma loja de varejo, é preciso saber trabalhar desde a emoção do cliente até a forma como o material será entregue na casa do consumidor. “O empresário tem que viver a loja e ouvir o cliente. Um dos segredos é provocar a emoção, para motivá-lo a comprar. O consumidor não compra a tinta apenas para pintar a parede. Ele quer deixar a casa dele bonita, e muitas vezes mais bonita que a do vizinho”, diz Mauro Tadeu Florio, diretor de comunicação da Anamaco.

Já Paulo Henrique Bueno Tavares, consultor de projetos do Sebrae-SP, cita que existem uma série de processos que precisam ser bem avaliados, mesmo em uma loja de bairro. “O empresário precisa acompanhar desde a encomenda até a chegada do material, passando pela armazenagem no estoque, a expedição correta depois da venda, o carregamento e o transporte até o cliente. Nestes processos sempre existem pontos de desperdício, e é preciso estancá-los”, afirma.

Inovar no formato da venda também é relevante, citam os especialistas. Segundo Adriano Augusto Campos, consultor de Inovação do Sebrae-SP, hoje não basta apenas ter o produto na prateleira, é preciso oferecer soluções para o cliente. “Em vez de ofertar apenas materiais de construção isoladamente, com suas funcionalidades conhecidas, o varejista pode oferecer pacotes que ajudem a dar qualidade à obra. Por exemplo, em vez do tijolo, que tal um conjunto completo para erguer a parede? Em vez da telha, que tal o telhado já instalado, e com isolamento térmico. O importante é que os produtos sempre tragam conveniência, customização e agilidade para os consumidores”, afirma.

Menos custo, mais tecnologia

Segundo levantamento do Sebrae, as revendas que adotam esses procedimentos têm conseguido aumento de faturamento. O comprador - apontam estudos - procura sempre a diminuição do custo total da obra, mas quer também os melhores componentes e tecnologias disponíveis. Assim empresas devem introduzir melhorias que as diferenciem da concorrência perante seus clientes, tais como:

- Entrega agregada de produtos e serviços no prazo (agilidade)
- Entrega de produtos pré-fabricados que contribuam para a industrialização da obra
- Economia pela redução de estoques e redução da mão de obra
- Produtos e soluções sustentáveis que, por exemplo, diminuam a geração de resíduos na obra
- Customização conforme exigências do cliente, de acordo com as especificações do projeto
- Conveniência e comodidade na compra de produtos e serviços
- Treinamento constante de equipes de venda e atendimento
Adriano Augusto Campos destaca ainda que a inovação no comércio varejista não significa, necessariamente, introduzir novidades, mas melhorar algo que já existe. Para isso, lembra, a empresa precisa se preocupar com os seguintes aspectos:
- Analisar a concorrência
- Estar sempre atenta a novos produtos e serviços
- Aproximar-se da cadeia produtiva que compõe seu mercado (fabricantes, clientes, universidades, outras empresas parceiras)
- Conhecer bem e manter um bom relacionamento com os clientes
- Avaliar o impacto das mudanças e corrigir os problemas quando as ideias não forem realizáveis.

Entrevistados
- Adriano Augusto Campos, consultor de Inovação do Sebrae-SP
- Paulo Henrique Bueno Tavares, consultor de projetos do Sebrae-SP
- Mauro Tadeu Florio, diretor de comunicação da Anamaco
Contatos
www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/Contato
dir.mktnovosnegocios@anamaco.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330