Governo regulariza atrasos do Minha Casa Minha Vida
Compromisso assumido promete zerar estoque em 10 meses. Desde 2015, havia mais de 110 mil unidades paralisadas por falta de pagamento
Por: Altair Santos
Em encontro com o setor da construção civil, no dia 11 de agosto de 2016, o governo federal, através do ministério das Cidades, anunciou ter zerado todos os déficits com as construtoras que atuam no programa Minha Casa Minha Vida. “Nesses 90 dias de gestão, o governo Temer regularizou os pagamentos e não deve mais nenhum real aos parceiros do programa. Credibilidade é absolutamente essencial para essa crença que os senhores depositam, hoje, no governo do presidente Temer”, garantiu o ministro Bruno Araújo.
Desde 2015 em atraso, o governo federal devia pouco mais de R$ 3 bilhões às empresas atuantes no Minha Casa Minha Vida, além de outros R$ 4 bilhões às empreiteiras envolvidas com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A quitação das dívidas do PAC está em curso. O primeiro passo foi realizar novas medições das obras. Outra meta é definir prioridades. No encontro com o setor, o ministro Bruno Araújo destacou que, em 2017, serão viabilizadas todas as obras de até R$ 10 milhões pelo Brasil.
No que tange ao Minha Casa Minha Vida, o compromisso do governo federal é retomar as obras imediatamente. Só na faixa 1, havia mais de 110 mil unidades paralisadas. O objetivo é zerar esse estoque em 10 meses. Nas faixas 2 e 3 serão contratadas ainda neste ano cerca de 400 mil unidades habitacionais. O governo federal assumiu também o compromisso de acrescentar ao orçamento da habitação de 2017 uma suplementação de investimento de R$ 7 bilhões, oriundos de recursos do FGTS.
Faixa 1,5 sai do papel
Também foi fixada como meta para o próximo ano a contratação de 600 mil novas unidades. Junto, também houve o anúncio de uma novidade no Minha Casa Minha Vida, que é a faixa 1,5, para atender famílias com renda até R$ 2.350,00. Para o presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção), Walter Cover, as medidas mostraram a força do setor. “Os eventos foram importantes para encaminhar os pleitos prioritários e pressionar para que houvesse anúncios favoráveis”, disse.
Walter Cover revelou que foi criado um fórum permanente para que, a cada 45 dias, haja reuniões com o governo federal, a fim de acompanhar o andamento e o cumprimento das reivindicações. O presidente da ABRAMAT lembrou que partiu do próprio presidente da República em exercício, Michel Temer, essa proposta de fórum permanente. “Sem construção não há progresso. Na área da construção civil é onde mais se verifica a possibilidade da difusão do emprego”, ressaltou Temer, ao repactuar o governo com o setor.
O encontro de 11 de agosto levou ao Palácio do Planalto integrantes de toda a cadeia produtiva da construção civil (construtores, mercado imobiliário, fabricantes de material de construção, lojistas, projetistas, arquitetos, engenheiros, trabalhadores e prestadores de serviço). Além da ABRAMAT, o grupo contou com dirigentes e associados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco) e do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco). “Foi um encontro representativo e muito importante para demonstrar a coesão do nosso setor, cujas lideranças têm trabalhado em nome dos interesses comuns”, afirmou José Carlos Martins, presidente da CBIC.
Entrevistados
Ministério das Cidades (via assessoria de comunicação)
Walter Cover, engenheiro agrônomo, Ph.D em economia agrícola e presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
Engenheiro civil José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
Contatos
ascom@cidades.gov.br
abramat@abramat.org.br
comunica@cbic.org.br
Crédito Fotos: Divulgação/CBIC
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Erro executivo causa maioria dos problemas em fachadas
Para especialista, falhas na aderência do reboco e do emboço sobre regiões de estruturas têm resultado em uma rotina de desplacamentos
Por: Altair Santos
Professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), na disciplina materiais de construção e processo construtivo, o engenheiro civil Nielsen José Dias Alves tornou-se um caçador de problemas em fachadas de edificações. No Brasil, o volume de casos com desplacamento de cerâmicas, grafiatos e até tintas convencionais tem chamado a atenção, principalmente em prédios com mais de cinco pavimentos. Para o especialista, que recentemente palestrou no webseminário “Manifestações patológicas em revestimentos de fachadas”, a causa principal desta disseminação está nos erros de execução. “No período em que a construção civil brasileira viveu aquela profusão de obras, uma combinação de mão de obra sem a devida qualificação com pressa em concluir os empreendimentos desencadeou esse problema que vemos com frequência atualmente”, diz.
Nielsen José Dias Alves detectou em suas consultorias para solucionar problemas em fachadas que boa parte dos problemas está no reboco e no emboço, principalmente nas regiões fronteiriças com as estruturas de concreto. “Muitos casos não se referem à qualidade dos materiais e nem ao tipo de argamassa, seja a virada em obra, industrializada ou usinada. Quando começamos a investigar observamos que a patologia estava no substrato. Detectamos que se criou uma artimanha nos canteiros de obras, para acelerar o acabamento do reboco, que é a ‘capinha do reboco’. O que é isso? Em vez de fazer o acabamento, eles deixavam o reboco inacabado e iam alisar no dia seguinte, já com o reboco seco. Esse acabamento era feito com uma fina camada, de 1 mm a 3 mm, usando nata de argamassa ou de cimento. Isso é a ‘capinha do reboco’”, explica.
Norma de Desempenho
Sem resistência mecânica, a ‘capinha do reboco’ rompe e leva à queda do revestimento. “Por isso temos detectado também o desplacamento de grafiatos e de acabamentos com tinta convencional”, afirma o professor da UCB, lembrando que tudo isso passa por falta de controle de revestimentos. “As empresas aprenderam a fazer o controle perfeito do concreto, mas dos revestimentos não. Algumas fazem ensaios apenas no primeiro andar e acham que a verificação vale para todo o prédio. Não é bem assim”, alerta Nielsen José Dias Alves. O especialista completa: “É preciso fazer o controle da fachada, pois a mão de obra, se não for fiscalizada, vai relaxar e assentar cerâmicas sobre superfícies ocas ou sem resistência mecânica para suportar a carga dos revestimentos.” O ensaio de percussão - popularmente conhecido como “bate-choco” - é o tipo de controle mais comum, porém existem investigações mais tecnológicas, como a termografia de infravermelho.
Nielsen José Dias Alves lembra que, felizmente, a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) trará um impacto positivo na questão das fachadas. Primeiro, de acordo com ele, no que diz respeito aos prazos mínimos e máximos de garantia; segundo, quanto à qualidade dos materiais e das instalações. “A norma, em seu anexo D, aborda o sistema de fachadas, definindo prazos de garantia para reboco, quanto a fissuras, estanqueidade e aderência. Também esclarece as garantias para revestimentos cerâmicos, quanto a infiltrações e queda, assim como para o descascamento da pintura externa. Ela é esclarecedora e esperamos que influencie, também, na qualidade das fachadas”, finaliza.
Entrevistado
Engenheiro civil Nielsen José Dias Alves, professor e chefe do laboratório de materiais de construção da Universidade Católica de Brasília (UCB)
Contato
nielsen@ucb.br
Crédito Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mercado pede conhecimento específico, diz pesquisa
Candidato a trainee já deve ter alguma experiência, além de familiaridade com áreas que ajudem a empresa a melhorar processos de produção
Por: Altair Santos
Qual o perfil dos jovens profissionais da engenharia que as empresas buscam neste momento da economia brasileira? Foi essa pergunta que a pesquisa da consultoria Page Talent procurou responder, após ouvir de construtoras a montadoras de automóveis, passando por bancos e companhias especializadas em logística. A conclusão é que o momento exige profissionais com mais expertise e conhecimento específico. Também se observou que as grandes corporações estão procurando investir em jovens talentos que já tenham experiência em empresas menores, mesmo para vagas de trainee. “As empresas têm feito essa opção no recrutamento para agilizar seus processos de produção”, avalia a consultora Manoela Costa, gerente-executiva da Page Talent.
Segundo a especialista, há quatro tendências já constatadas nos processos de recrutamento em 2016, e que devem prevalecer para 2017: opção por candidatos mais sênior, habilidades em segmentos específicos, adaptação a processos mais dinâmicos e domínio das tecnologias high-tech. “Em tempos de dificuldades e incertezas, é importante recrutar pessoas que possam lidar com situações adversas e ter a habilidade necessária em assuntos mais técnicos”, revela Manoela Costa, completando que até a forma de realizar o recrutamento muda. “Como esse público está conectado ao mundo digital, é natural que a gestão do recrutamento também utilize as redes sociais para chegar aos candidatos que mais se adaptem ao perfil que as empresas buscam”, reafirma.
Sobre cada uma das tendências, a gerente-executiva da Page Talent faz a seguinte análise pontual:
Candidato mais sênior
As empresas estão de olho em profissionais mais experientes, capazes de enfrentar situações adversas com serenidade. O cenário mudou um pouco. Antes, os mais jovens dominavam esse tipo de vagas. Agora, as companhias querem pessoas com poder de análise e resolução. A experiência conta muito agora, mesmo para vagas de trainee.
Habilidades em segmentos específicos
Outra demanda que o mercado tem solicitado com mais frequência, sobretudo de candidatos a uma vaga de trainee, é que essa pessoa tenha conhecimento de uma área específica. Essa habilidade é um diferencial. O candidato que já tiver conhecimento e experiência em um setor é avaliado de outra forma. Ter o domínio de um mercado ajuda na hora em que esse profissional começar a trabalhar com as rotinas e especificidades da companhia em que irá atuar.
Processos mais dinâmicos
Além da experiência solicitada pela empresa, o candidato a trainee encontrará algumas etapas um pouco diferentes em relação aos anos anteriores, durante seu processo de desenvolvimento dentro da empresa. Verificou-se que os programas de trainee atraem muitas pessoas, mas um número pequeno é contratado para seguir se desenvolvendo dentro da companhia. Então, o que as empresas estão fazendo é transformar o treinamento em uma grande oportunidade de aprendizagem. Assim, passaram a investir em workshops, palestras e outras atividades para qualificar melhor o trainee e poder contratá-lo.
Tecnologias high-tech
A utilização de ferramentas tecnológicas é cada vez mais intensa. As empresas estão em busca de candidatos que estejam conectados com essas tecnologias, e que ajudem as corporações a utilizá-las em seu dia a dia. O objetivo é que o trainee diga: "olha, esse trabalho a empresa faz assim, mas com esta tecnologia é possível minimizar tempo e custos fazendo assim".
Entrevistada
Psicóloga Manoela Costa, especialista em gestão estratégica de pessoas e gerente-executiva da Page Talent
Contato
recrutamento@michaelpage.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Contra tornados, EUA investem em casas de concreto
Organismo ligado a seguradoras desenvolve programa para a construção de residências mais resistentes a fenômenos climáticos
Por: Altair Santos
A temporada de tornados nos Estados Unidos, que sempre acontece no período da primavera no hemisfério norte, está mudando o mercado de pequenas construtoras do país, e que se dedicam a edificações com custo de até US$ 200 mil (aproximadamente R$ 650 mil). Casas neste patamar de preço são as mais vendidas no país e costumam ser construídas através do sistema conhecido como Wood Frame, que utiliza estruturas de madeira. O problema é que são habitações que não suportam os fortes ventos causados por tornados e furacões, obrigando que sejam 100% reconstruídas quando atingidas por esses fenômenos climáticos.
Pesquisa do Instituto para Negócios & Segurança Habitacional (IBHS, do inglês Institute for Business & Home Safety) mostra que casas construídas em Wood Frame não resistem nem a tornados F-0 e F-1, os menores na escala de 0 a 6, e que abrangem vendavais entre 117 km/h e 180 km/h. Em documento publicado em março de 2016, contando com a assessoria técnica do ACI (American Concrete Institute), a IBHS passou a defender a construção de casas com paredes de concreto, assentadas sobre radiers reforçados para suportar tornados. “Estamos em campanha por construções mais fortes, principalmente no Tornado Alley”, diz a IBHS.
O Tornado Alley, ou Alameda dos Tornados, engloba Oklahoma, Kansas, Arkansas, Iowa e Missouri. Para estes estados, e também para os que formam o Golfo do México – propensos a furacões –, a IBHS recomenda estruturas que possam suportar ventos de até 234 km/h. Para isso, o instituto lançou o programa Fortified (Fortificado), para conscientizar os construtores. “Nosso esforço é para propagar melhores métodos de construção. Hoje, estamos convictos de que casas que utilizam estruturas de concreto são muito mais seguras”, diz Chuck Miccolis, engenheiro-sênior e gestor do programa Fortified, que é financiado por mais de 200 seguradoras dos Estados Unidos.
Apólices somam US$ 8,3 bi por ano
Boa parte destas empresas está colocando obstáculos para aceitar seguros de casas em Wood Frame, sob a alegação de que são “construções frágeis”. “Com o Fortified queremos certificar casas bem construídas e que tenham estruturas para suportar ventos até 20 Mph (32 km/h) maiores que o limite médio”, explica Chuck Miccolis. Ou seja, se determinada região registra ventos médios de 100 km/h, as construções devem suportar fenômenos de 132 km/h. Para o gestor do programa, existe também a questão do custo. “O sistema que indicamos permite construir casas cerca de 30% mais baratas, mais seguras e igualmente confortáveis”, diz. Anualmente, as seguradoras dos Estados Unidos são obrigadas a pagar US$ 8,3 bilhões (mais de R$ 25 bilhões) por danos em residências, causados por fenômenos climáticos.
As construções sugeridas pelo programa Fortified utilizam fôrmas que internamente recebem revestimento em EPS (poliestireno expandido) para garantir desempenho térmico e acústico. O preenchimento com concreto é in loco. Tanto projetos para residências quanto para edifícios de até cinco pavimentos podem utilizar o mesmo sistema. A iniciativa da IBHS conta com a certificação da Insulating Concrete Form Association (ICFA) (Associação de Fôrmas e Isolamentos para Paredes de Concreto) e da Portland Cement Association (PCA) (Associação de Cimento Portland) - ambas dos Estados Unidos -, além do apoio técnico da ACI (American Concrete Institute).
Veja vídeo sobre construção de casa com paredes de concreto nos EUA
Entrevistado
Chuck Miccolis, engenheiro-sênior e gestor do programa Fortified do IBHS (Institute for Business & Home Safety) (via assessoria de imprensa)
Contatos
info@ibhs.org
www.disastersafety.org
Crédito Fotos: IBHS/PCA
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Nem pedra nem paver: a vez é das calçadas de concreto
Tendência vem dos EUA, onde engenheiros dos departamentos de obras das prefeituras buscam melhores soluções de mobilidade para os pedestres
Por: Altair Santos
As calçadas de concreto, montadas sobre armações de ferro, estão voltando a ganhar espaço nas cidades. Não no Brasil, mas nos Estados Unidos. Engenheiros dos departamentos de obras das prefeituras norte-americanas se uniram em um congresso para debater a qualidade das calçadas no país. O resultado é que os passeios construídos em concreto saíram fortalecidos do encontro. Por dois motivos: são mais baratos, desde que construídos com mão de obra qualificada, e duram mais, desde que bem projetados e executados. “O consenso que se criou na reunião entre chefes de departamentos de obras das prefeituras é que economizaríamos muito em manutenção se tivéssemos calçadas de concreto bem construídas”, disse David Earle, gerente de projetos da prefeitura de Tallahassee, na Flórida-EUA.
O que faltava era criar um padrão. Não só sob o aspecto construtivo, mas também para ajustar os projetos a elementos novos das cidades, como normas de mobilidade. “Nosso encontro ocorreu em 2014. Depois dele, levamos um ano para treinar nossa mão de obra e chegar a um consenso sobre métodos construtivos. As primeiras calçadas começaram a ser substituídas no segundo semestre de 2015”, completa Earle. Entre as principais preocupações com o projeto estavam textura do concreto, para que os pedestres não escorregassem; nivelamento, para evitar poças, e um design que funcionasse também como junta de dilatação e reduzisse o risco de o concreto apresentar fissuras ou quebrar em pontos críticos, como rebaixamento de guias.
Selo de qualidade
Para esse trabalho, grupos de arquitetos e engenheiros civis prestaram assessoria. “Lógico que, além das preocupações construtivas, o desafio era criar uma calçada original, atraente e que fizesse a população das cidades se sentir motivada a trocar os passeios antigos pelos novos”, disse David Earle. Outro obstáculo a ser vencido foi a legislação. Algumas prefeituras não tinham regulamentação sobre calçadas, deixando o projeto a cargo do dono do imóvel, enquanto outras possuíam regras mais restritivas. No caso de Tallahassee, a solução foi treinar pequenas empreiteiras e credenciá-las para prestar serviço. Quando o proprietário é notificado para trocar a calçada, ele tem a opção de escolher uma das empresas credenciadas.
A revitalização de calçadas com concreto armado recebeu o selo de qualidade do Americans with Disabilities Act (ADA). O organismo é voltado para os direitos civis das minorias nos Estados Unidos e é vigilante com relação à mobilidade urbana das cidades para pessoas com problemas de locomoção. Criada em 1990, a ADA tem um código para construção de calçadas, que foi atendido pelos departamentos de obras das prefeituras norte-americanas. Tecnicamente, as calçadas são construídas com 10 centímetros de espessura - podem chegar a 12 centímetros em áreas com guia rebaixada e que recebem o tráfego de veículos. O concreto é dosado em central, assentado sob armadura de ferro, e as juntas de dilatação são colocadas a cada 9 metros - a distância pode ser reduzida em áreas de esquina ou onde a topografia não é plana.
Entrevistado
Engenheiro civil David Earle, gerente de projetos da prefeitura de Tallahassee, na Flórida-EUA
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David.Earle@talgov.com
Crédito Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Maior parte das obras residenciais está abandonada
Nas principais capitais do Brasil, 84% das construções ou reformas foram paralisadas momentaneamente. O principal motivo é a falta de dinheiro
Por: Altair Santos
Estudo da Plataforma de Inteligência de Mercado, realizado em 12 grandes centros urbanos do Brasil, mostra que 84,3% das obras residenciais foram paralisadas momentaneamente. Entre os principais motivos, a maior parte (61,8%) interrompeu por “falta de dinheiro”, seguido por “queda na renda” (28,4%), “incertezas em relação ao futuro da economia” (15,5%) e “problemas com mão de obra” (15%).
Segundo o gestor da Plataforma de Inteligência, Newton Guimarães, a paralisação das obras está diretamente ligada ao ambiente macroeconômico recessivo. Porém, ele ressalta que vale refletir em relação aos que responderam ter interrompido por problemas com mão de obra. “Este é um entrave em que as empresas do setor devem atuar diretamente, pois ele pode ser minimizado através de parcerias para qualificação de pintores, pedreiros, eletricistas, encanadores e azulejistas”, diz.
Entre os que responderam que vão continuar a investir em obras em suas residências, 51,5% disseram que “por necessidade, vão reduzir o orçamento”. Já 34,9% alegaram que gastarão “o que for justo na continuidade da obra”, enquanto 13,6% responderam que “estimam investir mais que o planejado na continuidade da obra”. “Para reverter esse quadro de enxugamento dos gastos, mesmo com as obras em andamento, existe a expectativa de que fornecedores e varejistas reajam no segundo semestre de 2016, principalmente com promoções”, estima Newton Guimarães.
O estudo, intitulado Desenvolvimento de Novos Mercados nas Perspectivas dos Consumidores que Reformaram ou Construíram, dividiu a pesquisa em tipos de obras já feitas e por fazer. Entre os entrevistados, 62,9% responderam ter realizado obras de acabamento e 66,7% disseram manter a intenção de realizar novas obras de acabamento na continuidade da reforma ou construção.
Cresce venda pela internet
Dos canais utilizados para as compras de materiais de construção, que vão de cimento a tomadas e acessórios para banheiro, 52,3% afirmaram preferir comprar em lojas de bairros, enquanto 50,8% optam por home centers. Já 4,3% disseram ter a intenção de comprar via e-commerce. “No que tange a compras de materiais de construção pela internet, esse percentual demonstra um ponto positivo em relação à mudança de comportamento do consumidor”, avalia o gestor da Plataforma de Inteligência.
Quando dividida por estados, a pesquisa mostra que os consumidores de Minas Gerais são os que mais sentiram o impacto da crise durante a obra (59,4%), seguidos dos cariocas (55,5%). Para atenuar os efeitos da atual recessão, e conseguir continuar com as reformas ou construções, 88,9% dos entrevistados afirmaram estar passando mais tempo dentro de seus lares, cortando gastos com lazer e refeições fora de casa.
A pesquisa finaliza perguntando se as reformas ocorrem dentro dos ambientes já construídos ou se envolvem novas áreas. Para 36,5%, a intenção é realizar obras externas, como calçamento, muros, varandas, garagens ou coberturas para veículos. Já 36,1% afirmaram que pretendem construir um ou mais cômodos anexos à casa. Os demais 27,4% pretendem realizar reformas em áreas já construídas.
Entrevistado
Newton Guimarães, gestor da Plataforma de Inteligência
Contato
newton.guimaraes@revenda.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Como micromomentos influenciam mercado imobiliário
Segundo Igor Lima, Head of Industry do Google Brasil, setor começa a encontrar uma nova fronteira para atrair clientes e vender imóveis
Por: Altair Santos
Em média, o brasileiro consulta o smartphone 80 vezes por dia. A busca por informações representa 40% desses acessos. Quando navega via celular, o usuário se defronta pelo menos oito vezes com dados relacionados ao mercado imobiliário. São insights que o Google renomeou de micromomentos, como define Igor Lima, Head of Industry do Google Brasil. É através deles que o setor começa a encontrar uma nova fronteira, tanto para atrair clientes quanto para reaprender a vender imóveis.
Segundo o especialista do Google, o usuário de smartphones está cada vez mais envolvido com micromomentos em seu dia a dia. “Os micromomentos estão relacionados diretamente com o smartphone. São as buscas que as pessoas fazem, via celular, para realizar pesquisas, buscar informações, acessar vídeos, verificar as redes sociais, procurar locais, o que fazer, como fazer. Detectamos que esses micromomentos estão mudando a forma como o consumidor recebe e reage às ações de marketing”, explica Igor Lima.
O Head of Industry do Google Brasil revela que esse comportamento acaba funcionando para o mercado imobiliário. “O consumidor também usa esses micromomentos para saber se vale a pena investir em imóveis, como financiar, como chegar no endereço do imóvel ou visitar um estande. Isso vale ainda para quem pensa em reformar, pois ele acaba buscando vídeos sobre soluções construtivas e materiais, além de pesquisar sobre onde comprar”, completa.
Consultar imóveis pelo smartphone já não é mais um ponto fora da curva. Pelo contrário, diz Igor Lima, a tendência é de viés de alta. “Hoje, 40% das pessoas que buscam por imóveis realizam pesquisa via smartphone, seja para comprar ou para alugar. É um numero que está crescendo, e que existe a expectativa de que essa chave vire a partir de 2017”, avalia Igor Lima, cuja palestra na Conecta Imobi - maior evento de marketing imobiliário do Brasil - foi uma das mais concorridas.
Empoderamento do consumidor
Segundo o especialista, essa nova realidade que se vislumbra no mercado imobiliário é desafiadora para os corretores, pois eles vão receber um cliente cheio de informações. “É o empoderamento do consumidor. Agora, o corretor não precisa só saber do imóvel, mas do entorno do imóvel. Ele também tem que entender como o empreendimento foi construído, além de estudar soluções decorativas para o tamanho da unidade que quer vender”, assegura.
Igor Lima faz ver que os micromomentos não são apenas uma janela de oportunidades para o consumidor, mas também para quem atua no mercado imobiliário. “O corretor tem à disposição novos recursos que permitem impactar esse público online e medir os resultados das ações de forma muito mais assertiva. Os vídeos no YouTube, por exemplo, são uma excelente alternativa, pois permitem mais sobre os imóveis ou mesmo sobre a atuação do corretor, sem que haja necessidade de grandes investimentos. É possível ainda explorar o uso de redes sociais. Outro ponto muito importante é contar com ferramentas responsivas, que se adaptam para ser visualizadas no smartphone”, recomenda.
Entrevistado
Igor Lima, Head of Industry do Google Brasil
Contato
contato@conectaimobi.com.br
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Medidas simples ajudam varejo a vender mais na crise
Especialistas em marketing e consultoria de vendas parecem convictos de que conceitos que investem no ganha-ganha atraem mais clientes
Por: Altair Santos
Pesquisa realizada pelo Ibope, em parceria com o fórum World Wide Independent Network of Market Research, que atua em 25 países, concluiu que o consumidor mudou. Desde a crise de 2008, nos Estados Unidos, e que refletiu na economia mundial, a predisposição para gastar está mais contida. Segundo o levantamento, 52% dos entrevistados suspenderam compras supérfluas e concentraram as despesas em alimentação, habitação e educação.
Com base no resultado da pesquisa, a consultoria Observatório de Sinais realizou o estudo intitulado “Consumo em tempos de crise”, no qual detecta mudanças de comportamento do consumidor também no Brasil. A avaliação revela o surgimento de uma nova “ética capitalista”. “De modo geral, há uma desafeição pelo consumo. O que se evidencia é uma tendência a repensar posições e limites. Capitalismo sim, consumo moderado pode ser, ganância não”, resume Dario Caldas, diretor do Instituto Observatório de Sinais.
Por conta destas mudanças, empreendedores do varejo e especialistas em marketing e consultorias de venda se uniram para elaborar um guia resumido de como atrair o cliente. O consenso entre eles é de que a simplicidade é a melhor ferramenta para conseguir mobilizar o consumidor. Conceitos que investem no ganha-ganha também estão entre as dicas fundamentais.
Segundos os autores, o conjunto de dicas vale para todo tipo de varejo, incluindo o de materiais para construção. Neste segmento, a palavra sustentabilidade passou a ter um significado ainda mais relevante para o consumidor. Com base no estudo “Consumo em tempos de crise”, 92% dos clientes buscam produtos com ciclo de vida mais longo. “As pessoas estão indo comprar com a expectativa de que o produto que buscam exceda suas expectativas”, resume o especialista em estratégias, Marcos Morita.
Medidas que levam a oportunidades
Com base nessas ideias, o varejo consegue vender mais na crise se adotar as seguintes medidas:
- Expor produtos sem ostentação
- Adotar bom humor no marketing
- Eliminar barreiras físicas entre consumidor e produtos
- Fazer promoções
- Ter mercadorias que atraiam os públicos feminino e masculino
- Possuir linhas de produtos que ofereçam um plano b ao consumidor e permitam a ele gastar menos
- Flexibilizar horários para atender o consumidor
- Transmitir informações dos clientes aos fornecedores
- Estar pronto para atender a urgência do cliente
- Oferecer vantagens para fidelizar, apostando no conceito ganha-ganha
- Surpreender o cliente
- Fazer o pós-venda
- Investir nas redes sociais
- Interagir com o cliente
- Ter sempre preços competitivos
Com base nessas 15 dicas, Marcos Morita sugere que o momento exige visão para as oportunidades. “É importante lembrar que a palavra crise, em chinês, é composta pelos ideogramas WEI e JI, que significam perigo e oportunidade. Mas é preciso ter planejamento para vislumbrar oportunidades. Por isso, quem atua no varejo deve sempre analisar os três pilares que envolvem seu negócio: fornecedores, concorrentes e consumidores. É preciso também estar atento ao comportamento do mercado. Às vezes, se o produto principal tem baixa demanda, um complementar ou substituto pode ser mais consumido. A oportunidade pode estar aí”, alerta Marcos Morita.
Entrevistados
Consultoria Observatório de Sinais
Marcos Morita, professor da universidade Mackenzie e especialista em estratégias
Contatos
observatorio@observatoriodesinais.com.br
professor@marcosmorita.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Nova York abriga os mais caros apartamentos do mundo
Imóveis com preço entre 1,7 milhão a 70 milhões de dólares fazem parte da lista e levam a assinatura de alguns dos mais renomados arquitetos
Por: Altair Santos
Apartamentos custando entre 1,7 milhão a 70 milhões de dólares fazem parte da lista dos 20 imóveis mais caros do mundo, e que têm um endereço em comum: a ilha de Manhattan, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Além da localização, os prédios que abrigam esses apartamentos acrescentaram uma palavra-chave aos seus respectivos projetos: luxo. Boa parte das plantas tem terraços externos, piscinas privadas, um clube à disposição no condomínio e comodidades que abrangem de lavanderia a serviço de concierge.
Os empreendimentos levam a assinatura de alguns dos mais renomados arquitetos do mundo e possuem plantas exclusivas. Como o One West End, projetado pelo arquiteto Pelli Clarke. O prédio combina fachada de vidro e mármore indiana. São duas torres com 154 metros de altura e 246 unidades – cada uma com 114 m2. As mais baratas custam 1,7 milhão de dólares e as mais caras US$ 8 milhões. São preços “modestos”, comparados com as unidades do Carlton House, que variam entre US$ 8 milhões e US$ 22 milhões.
O prédio, projetado pelo escritório Beyer Blinder Belle, tem uma arquitetura retrô e mereceu um artigo no jornal New York Times, com o título “Inovação em embalagem de edifício antigo”. O que chamou a atenção do NYT foi o acabamento interno, com materiais importados da Alemanha. “Por dentro, as unidades são um mundo novo, com tudo o que há de mais moderno na construção civil atual. Por fora, a arquitetura da fachada remete ao mundo velho e a uma Nova York que não existe mais”, diz o artigo.
Oásis em NY
O Carlton House tem uma concepção bem diferente do 70 Charlton, localizado no West Soho. O projeto do prédio tem a pretensão de ser um oásis em New York. A concepção arquitetônica também é do escritório Beyer Blinder Belle, mas busca conceitos bem diferentes do Carlton House. O 70 Charlton é um prédio tecnológico e que utiliza ao máximo as práticas de sustentabilidade. Com unidades com um, dois, três e quatro quartos, o edifício tem uma fachada que expõe sua estrutura mista de aço e concreto.
Entre os prédios com apartamentos mais caros de Nova York, nenhum supera o 50 United Nations Plaza. O edifício de 40 andares tem unidades que podem chegar a 70 milhões de dólares e um vizinho ilustre: a sede da Organização das Nações Unidas. O projeto é do renomado escritório Foster + Partners, que assina obras que vão de pontes a aeroportos. A fachada resume o estilo do empreendimento e une vidro com aço inoxidável. “O objetivo é fazer com que o 50 United Nations Plaza reluza imponentemente em Nova York”, afirmou o arquiteto Lord Foster, sem nenhuma modéstia, como são, aliás, os luxuosos prédios nova-iorquinos.
Na lista dos 20 apartamentos mais glamorosos de Nova York incluem-se o The Bryant (com unidades de US$ 2,5 milhões a US$ 6,5 milhões); o 443 Greenwich (com unidades de US$ 7,5 milhões a US$ 27,5 milhões); o One57 (com unidades de US$ 18 milhões a US$ 58 milhões); o 88 & 90 Lex Sales Gallery (com unidades de US$ 1,8 milhão a US$ 5,1 milhões); o 20 East And Avenue (com unidades de US$ 4,5 milhões a US$ 35 milhões); o One Riverside Park (com unidades de US$ 7 milhões a US$ 28 milhões); o The Astor (com unidades de US$ 1,7 milhão a US$ 7,5 milhões) e o 55 West 17th Street (com unidades de US$ 4,5 milhões). A contrapartida de tanto luxo é que os construtores impõem algumas exigências para a venda. A principal delas é que o comprador tenha fortuna equivalente a dez vezes o valor do imóvel de seus sonhos.
Entrevistados
Escritórios de arquitetura Beyer Blinder Belle, Pelli Clarke e Foster + Partners (via assessorias de imprensa)
Contatos
info@bbbarch.com
press@fosterandpartners.com
contact@pcparch.com
Créditos Fotos: Divulgação/Beyer Blinder Belle, Pelli Clarke, Foster + Partners
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mata Atlântica terá estrada de baixo impacto ambiental
Novo traçado vai ligar o porto de Antonina à BR-277, no litoral paranaense, e terá ponte com mais de dois quilômetros de extensão
Por: Altair Santos
O trecho de 10,3 quilômetros da PR-340, que ligará a BR-277 ao município de Antonina, no litoral paranaense, tem um projeto ambicioso: quer ser a estrada brasileira com o menor impacto ambiental. O traçado cortará a Mata Atlântica em uma de suas áreas mais preservadas. Por isso, todo o plano passa por um rigoroso estudo ambiental, assim como os sistemas construtivos que estejam em sintonia com a proposta. “Como passará por uma área rica em biodiversidade, o objetivo é causar o mínimo impacto ambiental possível com a construção do novo acesso”, afirma o coordenador-técnico do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), Glauco Tavares Luiz Lobo.
Para garantir a preservação da fauna e da flora, está prevista uma ponte com 2,1 quilômetros de extensão, que será construída com as tecnologias empregadas no Rodoanel que contorna a cidade de São Paulo e no trecho da rodovia Régis Bittencourt que corta a serra do Cafezal. A obra é considerada estratégica para tornar o porto de Antonina competitivo. “A técnica proposta para a construção desta nova ponte é a cantitraveller. A tecnologia permite que a ponte seja construída sem a necessidade de as máquinas entrarem nas áreas de mangue. A obra avança conforme as estacas são fixadas e as peças encaixadas como um Lego”, explica o coordenador-técnico do DER-PR.
A rodovia é necessária para atender o aumento de demanda do porto e, consequentemente, fortalecer a economia dos municípios de Antonina e Morretes. De 2010 a 2015, o terminal triplicou sua movimentação, chegando a 1.500 toneladas anuais. Em 2016, o crescimento do fluxo de cargas tem se mantido com a retomada das exportações de farelo de soja - no primeiro trimestre a movimentação cresceu 130% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2015, o porto retomou as atividades de embarque de açúcar, o que também aumentou o fluxo de veículos pesados. O movimento de 400 caminhões/dia tende a crescer para mais de 1.000/dia.
Obra deve custar R$ 170 milhões
Segundo o DER-PR, com o novo trecho da PR-340 será possível também retirar os veículos pesados das regiões centrais das cidades históricas de Morretes e Antonina. "Hoje, a rodovia que liga Morretes e Antonina está sobrecarregada, recebe tráfego pesado e tráfego de longa distância, além de apresentar conflitos de uso entre pedestres e ciclistas", relata Glauco Tavares Luiz Lobo. Ele também menciona dados da Polícia Rodoviária Estadual, que apontam a ocorrência de 428 acidentes e 370 feridos no local, entre 2004 e o final do primeiro semestre de 2016. Por isso, ao longo de todos os 10,3 quilômetros do traçado a ser construído haverá calçamento e ciclovia.
O investimento previsto é de R$ 170 milhões e o projeto encontra-se, atualmente, na fase de audiências públicas para a apresentação do traçado e do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Após as audiências, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vai avaliar a emissão da licença prévia para a obra. Assim, o DER-PR estará apto a contratar o projeto de engenharia para a construção do novo acesso. A expectativa é de que as obras possam ser autorizadas a começar entre o segundo semestre de 2017 e o primeiro semestre de 2018.
O EIA/RIMA sobre o novo acesso pode ser consultado aqui.
Entrevistado
Engenheiro civil Glauco Tavares Luiz Lobo, coordenador técnico do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR)
Contato
glaucolobo@der.pr.gov.br
Créditos Fotos: João Luís da Conceição/A2 Comunicação, Divulgação/DER-PR