Mercado já rejeita engenheiro que não fale inglês
Não basta dominar termos técnicos. A nova realidade exige conversação fluente, apesar de apenas 5% dos brasileiros dominarem o idioma estrangeiro
Por: Altair Santos
A formação técnica do engenheiro está cada vez mais dependente da língua inglesa. Durante os cursos de graduação, compreender textos escritos em inglês faz a diferença para ter acesso a livros e artigos publicados fora do país, e que agregam conhecimento ao universo acadêmico. Para quem tem a pretensão de fazer mestrado e doutorado, o idioma se torna ainda mais indispensável.
Já no âmbito do mercado de trabalho, a língua estrangeira tornou-se imprescindível. Em boa parte das empresas, o domínio da língua inglesa não é mais visto como um plus curricular, mas uma obrigação do candidato. Alemão e espanhol, sim, são aceitos como uma diferenciação para quem busca vaga no mercado de trabalho.
No caso da engenharia civil e da arquitetura, a interação cada vez mais intensa com projetos elaborados por escritórios fora do país, além da perspectiva de que construtoras estrangeiras possam vir a atuar com mais intensidade no Brasil, mostra que não se restringir à língua portuguesa é importante.
Por essas novas nuances do mercado, deter conhecimento do que se convencionou chamar de “inglês técnico” - aptidão para entender termos restritos à área de atuação - já não é mais suficiente. A exigência, agora, está na conversação, o que, segundo headhunters, é a maior dificuldade dos profissionais brasileiros.
Estudo da Talenses - grupo especializado em recrutamento e consultoria – revela que, mesmo que os candidatos sejam capazes de compreender textos em inglês, apresentam defasagens quando precisam conversar na língua. Principalmente nas áreas comercial, de TI (Tecnologia da Informação) e de engenharia.
Maioria só domina inglês básico
De acordo com o levantamento da Talenses, feito com 1.423 entrevistados, 52% dos recrutados para cargos de média e alta gerência no país têm somente conhecimento de inglês básico. Profissionais com nível intermediário e avançado, somados, não passam de 10% dos analisados.
Outro dado é que apenas 30% dos candidatos que dizem dominar a língua inglesa em seus currículos de fato têm fluência no idioma. “É um fator preocupante. Muitos dos candidatos afirmam no currículo que têm nível intermediário, quando na verdade têm apenas o básico”, revela Felipe Brunieri, gerente da Talenses.
A análise da empresa especializada em recrutamento faz ainda a seguinte observação: “No caso do profissional de engenharia ainda há a crença de que o inglês técnico adequado para a leitura de manuais, ou até mesmo para envio de e-mails, é o suficiente. Mas este conceito está mais que ultrapassado.”
O problema, aponta a consultoria, está no ensino incipiente de língua estrangeira nas escolas e faculdades públicas do Brasil. Só aprende efetivamente quem busca um curso de idiomas. Mas é preciso também saber filtrar essas escolas, já que algumas ensinam um inglês muito pasteurizado. No entanto, é inegável que ganha pontos profissionalmente quem aprende o idioma.
Em universidades, o conhecimento de inglês abre oportunidades para intercâmbios e participação em programas importantes. Em 62% dos casos, mostra estudo do MEC (Ministério da Educação), costumam conquistar estas vagas aqueles que dominam um idioma estrangeiro. No Brasil, porém, segundo dados da British Council, apenas 5% da população sabe realmente falar inglês.
Entrevistado
Talenses, recrutamento e consultoria (via assessoria de imprensa)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Sem concreto, obras emblemáticas não sairiam do papel
Seminário no 58º Congresso Brasileiro do Concreto do Ibracon abrangeu construções que usam alta tecnologia em seus projetos estruturais
Por: Altair Santos
O 58º Congresso Brasileiro do Concreto do Ibracon, que neste ano aconteceu em Belo Horizonte-MG, de 11 a 14 de outubro, mostrou a importância do concreto para obras emblemáticas que estão em construção no Brasil. Engenheiros e projetistas que atuaram nos empreendimentos contaram os desafios para viabilizar construções como o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica da Marinha (LABGENE), em Iperó-SP, além do Museu do Amanhã, também no Rio; o Teatro Digital, em São Paulo, e um complexo de edifícios de alta performance, tanto na cidade do Rio de Janeiro quanto na cidade de São Paulo.
Em comum, boa parte das obras utilizou concreto autoadensável. No caso do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, o material foi usado para vencer um problema de taxa de armadura extremamente elevada, que chegava a 500 kg/m³, quando o usual é uma taxa de armadura de 100 kg/m³. Por ser um empreendimento com fachada em concreto aparente, e de frente para o mar, na Praia de Copacabana, era necessário também que o material tivesse resistência a patologias, o que fez com que se tornasse uma das primeiras obras no Brasil a conter elementos autocicatrizantes (que se auto regeneram) em sua estrutura. O prédio de sete pavimentos, no entanto, ainda não foi concluído. As obras iniciaram em 2011 e foram paralisadas por falta de recursos.
Para o centro tecnológico da Marinha, conhecido como LABGENE - ainda em construção -, o concreto autoadensável foi usado para pré-fabricar elementos estruturais de sacrifício (elementos utilizados para estudos). As peças envolverão o reator da turbina do primeiro submarino nuclear brasileiro. Neste tipo de material, a resistência à compressão se aproxima de 100 MPa e o risco de fissura deve ser zero. Por isso, foi usado gelo para diminuir a temperatura inicial de lançamento do concreto. Assim, foi possível reduzir as tensões de origem térmica da peça concretada, de modo a evitar sua elevação a uma intensidade que ultrapassasse o limite da capacidade de resistência e gerasse trincas, fissuras ou rachaduras que comprometessem a integridade estrutural.
Teatro Digital
Uma exceção ao uso do concreto autoadensável foi o material utilizado na construção do Museu do Amanhã. A edificação principal emprega estrutura de concreto armado e protendido para dar forma aos elementos curvos e inclinados da arquitetura, além de funcionar como suporte para a cobertura. Outra característica da obra é o uso de lajes nervuradas com 27 metros de vão e balanços de 15 metros. O projeto estrutural ficou a cargo da Engeti Consultoria e Engenharia. A obra demandou aproximadamente 55 mil toneladas de concreto, que dão sustentação a uma cobertura que pesa 3,8 mil toneladas.
Uma das obras emblemáticas mostradas no 58º Congresso Brasileiro do Concreto do Ibracon, o Teatro Digital teve uma das concretagens mais desafiadoras entre os cases apresentados. A cúpula em formato de concha foi construída com placas de cobre. Por cima desta estrutura esférica foi aplicada uma membrana em concreto de superfície corrugada. O objetivo era dar ao material uma textura semelhante ao das conchas. A solução foi lançar o concreto usando a técnica de jateamento sobre uma armadura de ferro que envolveu as placas de cobre. Em
seguida, foi aplicada uma camada protetora para impermeabilizar o concreto, sem prejuízo da textura desejada. O Teatro Digital faz parte do complexo conhecido como Praça Pamplona, que inclui ainda uma torre comercial, um edifício destinado a um centro de pesquisa e a restauração do prédio construído em 1950, e que foi a primeira sede do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Nos edifícios de alta performance, o que os caracteriza como obras emblemáticas é a precisão das estruturas mistas projetadas em BIM, que se encaixam milimetricamente no concreto. No caso das torres do complexo Pátio da Marítima, construído na região do Porto Maravilha, no Rio, foram usados materiais com três tipos diferentes de resistência nas estruturas dos pilares e do núcleo das torres (35, 50 e 80 MPa). Os dois edifícios consumiram 31 mil m³ de concreto. As torres exploraram ao máximo a industrialização na construção civil. Os mesmos conceitos serão usados na Brookfield Towers, em São Paulo, e que ainda estão em fase de projeto.
Entrevistados
Conteúdo com base nas palestras do seminário sobre obras emblemáticas no 58º Congresso Brasileiro do Concreto
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Créditos Fotos: Clarice Castro/GERJ e Divulgação/Marinha do Brasil/ PERI Brasil/ Kruchin Arquitetura/ JKMF
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Índia quer ser 1ª no ranking de pavimento em concreto
País adota programa para requalificar rodovias e prevê investimento inicial de US$ 3 bilhões, através de parcerias público-privadas
Por: Altair Santos
A Índia lançou em 2012 um programa de repavimentação de suas principais rodovias. O objetivo é que o asfalto seja integralmente substituído pelo concreto. Segundo Shri Nitin Gadkari, ministro de transporte e infraestrutura do país, o motivo é simples. “O asfalto não suporta mais de cinco anos sem manutenção. Já o concreto pode resistir até 100 anos”, diz. O primeiro projeto já está em obras e prevê a pavimentação de mil quilômetros, ligando as cidades sagradas de Yamunotri, Gangotri, Kedarnath e Badrinath. Quando pronta, a estrada vai se chamar Chaar Dhaam Yatra.
Dentro do programa indiano, duas rodovias já foram executadas com pavimento rígido: a Yamuna Expressway e a KMP Expressway (KMP, de Kundli Manesar Palwal), com 170 e 140 quilômetros de extensão, respectivamente. A meta do governo indiano é chegar a 15 mil quilômetros até 2022. Para isso, a National Highways Authority of India (Autoridade Nacional para Rodovias da Índia) lançou no final de setembro de 2016 uma série de concessões, a fim de atrair parcerias público-privadas. O plano é conseguir US$ 3 bilhões. Em troca, os investidores poderão explorar as estradas por 30 anos.
Alguns grupos já se interessaram pelos projetos. Entre eles, o fundo de pensão Canadian PSP, assim como o CLSA (Credit Lyonnais Securities Asia), além do Goldman Sachs e o Abu Dhabi Investment Authority (ADIA). O Goldman Sachs, por exemplo, já investiu US$ 220 milhões em rodovias indianas, assim como o Brookfield Asset Management do Canadá. A empresa privada Reliance Infrastructure de Anil Ambani - principal conglomerado da construção civil indiana - é outro que investe maciçamente no programa rodoviário do país. A exigência para todos os investidores é uma só: as estradas devem ser em concreto.
Para estimular rodovias em pavimento rígido, o governo indiano oferece subsídio para a compra de cimento, a fim de manter o preço do quilômetro construído tão competitivo quanto o asfalto. Além da durabilidade, o pavimento rígido tornou-se obsessão para as autoridades da Índia depois que um estudo mostrou que em uma década o país perdeu US$ 8 bilhões com o desperdício de cargas, seja por causa de acidentes ou devido ao atraso na entrega. Nos dois casos, as condições precárias das rodovias tiveram forte influência. A conclusão do governo indiano foi óbvia: as más condições das rodovias estavam custando mais caro que a implantação de um programa para recuperá-las.
Reconhecimento internacional
Para acelerar o investimento em estradas, a Índia destravou todos os empecilhos que poderiam atrasar as obras. Desde licenças ambientais até a autorização para a importação de equipamentos. O orçamento da National Highways Authority of India também foi valorizado e hoje representa 2% do PIB do país. O resultado é que as várias frentes de trabalho nas rodovias indianas têm conseguido construir 12 quilômetros de novas estradas por dia - a meta é chegar a 30 quilômetros por dia.
Tamanha disposição em revitalizar o sistema rodoviário fez com que a Índia fosse destaque na 11ª conferência internacional sobre pavimentos de concreto - reunião que acontece de quatro em quatro anos no Texas-EUA, e que é promovida pela ACPA (American Concrete Pavement Association). No encontro, autoridades do país apresentaram um projeto ousado: querem que a Índia se torne o primeiro em rodovias pavimentadas com concreto. Atualmente, os Estados Unidos são soberanos neste quesito.
Entrevistado
National Highways Authority of India (Autoridade Nacional para Rodovias da Índia) (via departamento de comunicação)
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secy-road@nic.in
Crédito Foto: Divulgação/NHAI (National Highways Authority of India)
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Torres mais altas elevam em 6 vezes potencial eólico
Estudo do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas revela que captar ventos a 100 metros de altura é o ideal
Por: Altair Santos
Revisão do potencial eólico do Brasil aponta que o país pode ter capacidade seis vezes maior de produzir energia a partir dos ventos que o estimado no levantamento de 2001, e registrado no Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. O estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-Clima), aponta que com o uso de torres mais altas é possível obter o aumento de geração de energia, captando ventos a uma velocidade de 7m/s.
Segundo o coordenador da pesquisa, Ênio Bueno Pereira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), quando o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro foi elaborado, estimava-se o uso de torres de 50 metros de altura. No entanto, a tecnologia para a fabricação de torres evoluiu e hoje é possível ter elementos de sustentação das pás rotatórias que chegam a mais de 150 metros. “Só elevando a altura, é viável ampliar o potencial de exploração de 143 gigawatt/ano para 880 gigawatt/ano”, diz.
A indústria brasileira de pré-fabricados de cimento já desenvolve torres com até 120 metros de altura. No Rio Grande do Norte, boa parte do parque eólico instalado no estado usa esses elementos. As peças são construídas com aço de protensão incorporado ao concreto. Com medidas menores, elas permitem uma logística mais adequada para o transporte rodoviário que os elementos em aço. Além disso, possibilitam a construção de torres com estruturas mistas - base e pedestal em concreto e demais componentes em aço.
No Brasil, o primeiro parque eólico foi construído em Osório-RS, cuja instalação começou em 1999. As 75 torres que compõem o empreendimento são em concreto e possuem 100 metros de altura. A produção de energia estimada é de 425 MW/ano. O Atlas do Potencial Eólico Brasileiro mostra que há atualmente no país 167 parques geradores de energia a partir do vento. O Rio Grande do Norte e a Bahia são os estados que mais produzem esse tipo de energia renovável.
Potencial para suprir a demanda nacional
Segundo o mais recente relatório sobre a capacidade instalada de geração eólica no Brasil, em julho de 2016 o país atingiu 9.265 MW, com crescimento de 44,1% em relação a julho de 2015. Com esse montante, a fonte eólica já representa 6,3% da capacidade total de geração de energia do país. Para os próximos anos, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), a capacidade instalada deve alcançar 24 mil MW até 2024, quando representará 11,6% da capacidade instalada total no país.
De acordo com o pesquisador Ênio Bueno Pereira, teoricamente fontes eólicas e solares já seriam capazes de suprir a demanda nacional. Contudo, ainda é necessário ultrapassar obstáculos financeiros e de conhecimento. “O problema do custo tem sido superado pela evolução tecnológica, tanto que esses dois tipos renováveis já são competitivos com a energia termelétrica. Já a barreira do conhecimento é aquela que ainda impede investidores de ter mais interesse na geração eólica e solar. Esse é nosso papel: investigar e disseminar os dados científicos sobre os verdadeiros potenciais dessas energias”, diz.
Entrevistado
- Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-Clima) (via assessoria de imprensa)
- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) (via assessoria de imprensa)
- Associação Brasileira de Energia Eólica ( ABEEólica) (via assessoria de imprensa)
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Crédito Foto: Divulgação e Heitor Carvalho Jorge/Agência Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Brasil fica na lanterna do BRICS em competitividade
Ranking mostra país atrás de China, Rússia, Índia e África do Sul, principalmente em infraestrutura e qualificação da mão de obra
Por: Altair Santos
Entre China, Rússia, Índia e África do Sul, o Brasil ocupa a lanterna dentro do grupo conhecido como BRICS, no que se refere à competitividade. É o que revela a mais recente edição do ranking elaborado desde 1997 pelo Fórum Econômico Mundial. No país, o levantamento dos dados é realizado em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), que aponta problemas na infraestrutura (portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias), junto com mão de obra pouco qualificada, como os principais entraves brasileiros.
Professor da FDC e coordenador da pesquisa no Brasil, Carlos Arruda faz a seguinte análise no relatório: "O Brasil tem marco regulatório atrasado, infraestrutura insuficiente e qualidade humana deficiente. Isso tudo gera perda de produtividade", diz. O país caiu para 81º lugar na lista, entre 138 nações. Trata-se da pior colocação desde que o ranking passou a ser divulgado. Desde os primeiros sinais da crise econômica, em 2012, o Brasil já despencou 33 posições. Naquele ano, obteve sua melhor colocação: 48º.
O ranking de competitividade se baseia em 12 pilares: 1. Desenvolvimento do mercado financeiro; 2. Sofisticação dos negócios; 3. Inovação; 4. Ambiente econômico; 5. Prontidão tecnológica; 6. Tamanho do mercado; 7. Educação superior e treinamento; 8. Eficiência do mercado de trabalho; 9. Saúde e educação primária; 10. Infraestrutura; 11. Instituições; 12. Eficiência do mercado de bens. Destes, o país caiu nos seis primeiros, manteve-se estável no 12º item e cresceu pouco nos demais, em relação ao ranking de 2015.
Recuperação leva 4 anos
No relatório feito ao Fórum Econômico Mundial, a Fundação Dom Cabral faz a seguinte observação: “Fatores da conjuntura presente, como a crise econômica e política que vem se deteriorando desde 2014, estão associados a fatores estruturais e sistêmicos, tais como: marcos regulatório e tributário inadequados, infraestrutura deficiente e baixa produtividade. São fatores que resultam em uma economia fragilizada e incapaz de promover avanços na competitividade interna e internacional, sem conseguir inserção no mercado mundial."
O levantamento de dados para o ranking de competitividade ocorreu antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Portanto, de acordo com o professor Carlos Arruda, as perspectivas para a edição 2017 tendem a melhorar para o Brasil. O especialista avalia que, se as medidas corretas forem tomadas, o país pode voltar ao patamar de 48º no ranking daqui a quatro anos, ou até melhorar. "Uma posição boa para o Brasil atualmente seria algo entre o 45º e o 55º lugar", avalia.
No topo do ranking de competitividade estão Suíça, Cingapura, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Suécia, Reino Unido, Japão, Hong Kong e Finlândia. Entre as características comuns dos países líderes do ranking, o relatório destaca a capacidade de se inserir na chamada quarta revolução industrial, caracterizada pelo desenvolvimento de tecnologias de fronteira como computação cognitiva, robótica, internet das coisas, biotecnologia e impressão 3D. Na América Latina, o melhor posicionado é o Chile, que ocupa a 33ª posição.
Confira o ranking completo!
Entrevistado
Carlos Arruda, doutor em administração internacional pela University of Bradford Inglaterra, e professor na área de Inovação e Competitividade e Gerente do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral
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carruda@gmail.com
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Crédito Foto: Agência Brasil
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
O Oscar dos arranha-céus vai para...
Prêmio concedido desde 2000 elege os melhores projetos arquitetônicos e executivos de prédios com mais de 100 metros de altura
Por: Altair Santos
Criado em 2000, o Emporis Award Skyscraper elege anualmente o edifício mais bem construído do mundo, sob o aspecto de engenharia, arquitetura e sustentabilidade. O troféu é concedido apenas a prédios com altura a partir de 100 metros, e que mostrem excelência em seus projetos. A eleição é feita por um corpo de jurados formado por arquitetos que não estejam concorrendo, jornalistas especializados em arquitetura e construtores.
A mais recente eleição escolheu o complexo de edifícios Wangjing SOHO, construído em Pequim (China), entre mais de 300 obras inscritas. Concebido por Zaha Hadid, foi o último projeto em vida da conceituada arquiteta, que morreu em março de 2016. Os três prédios que formam o Wangjing SOHO têm vários elementos que são marcas registradas de Hadid, como linhas curvas, fachadas em vidro e estruturas mistas em aço e concreto. As torres do complexo medem, respectivamente, 118, 127 e 200 metros.
O segundo colocado foi o Bosco Verticale (Floresta Vertical), construído em Milão, na Itália, pelo Boeri Studio. São duas torres - uma com 105 metros e outra com 78 -, consideradas um marco no campo da construção sustentável. A fachada e as varandas são cobertas por mais de 700 árvores e 90 espécies diferentes de plantas, que ajudam a atenuar o ruído e controlar a temperatura no interior dos apartamentos.
A medalha de bronze na eleição do Emporis Award Skyscraper ficou com o prédio Tour D2, construído em Courbevoie, na França. A torre de 171 metros tem formato que lembra um diamante, cuja fachada envidraçada faz com que brilhe como uma joia em dias ensolarados. Na cúpula do prédio corporativo foi construído um jardim com 500 m², que é aberto ao público. O projeto é do escritório francês Agence d'Architecture Anthony Béchu.
Prédios inteligentes
Além de altura superior a 100 metros, outra exigência para quem concorre ao Emporis Award Skyscraper é que a edificação esteja concluída pelo menos seis meses antes da votação. Em 15 edições, Estados Unidos, Inglaterra e Canadá foram os países que tiveram o maior número de edifícios eleitos. Já a cidade de Nova York é o endereço de três edifícios vencedores. Entre eles, o primeiro a ganhar o prêmio: o hotel Sofitel, com 109 metros de altura, em 2000.
Dos escritórios vencedores, o Foster+Partners é o único que conseguiu ganhar mais de uma vez. O arquiteto britânico levou os prêmios de 2003 e 2006. Em comum, os projetos contemplados possuem certificações de sustentabilidade e cronograma enxuto da obra. A maioria levou entre um ano e meio e dois anos para ser executada. Outra característica destes prédios está no uso de tecnologias de ponta da construção civil.
Aliás, destaca Daniel Schuldt, diretor do Emporis Award Skyscraper, os critérios sustentabilidade, eficiência na construção e design passaram a pesar mais nas indicações dos vencedores que a altura dos arranha-céus, propriamente dita. “Quando o prêmio foi criado, a altura tinha um peso significativo. Porém, de 2010 para cá, outros elementos ganharam mais importância na definição dos prédios vencedores. Diria que, quanto mais inteligente o prédio, mais ele tem chances de vencer”, afirma.
Entrevistado
Daniel Schuldt, diretor do Emporis Award Skyscraper (via departamento de imprensa)
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Crédito Fotos: Zaha Hadid Architects/Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Quem está comprando imóveis no Brasil, e como?
Mercado imobiliário do país tem um novo perfil de consumidor. Ele busca financiamentos menores e desiste de usar aquisição como investimento
Por: Altair Santos
O mercado imobiliário brasileiro tem um novo perfil de consumidor. Em função da crise econômica, o setor registra mudanças comportamentais. O primeiro sinal é de que a prioridade de quem procura imóvel, agora, é por moradia própria e não para investimento. Trata-se de uma fatia que abrangeu 87% das vendas realizadas até o primeiro semestre de 2016, segundo aponta a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi).
Quem está indo ao mercado tem entre 28 anos e 45 anos, possui de um a dois filhos, já é dono de um imóvel e busca outra residência com dois objetivos: quer uma moradia maior e melhor localizada. Boa parte destes compradores tem renda familiar entre R$ 9 mil e R$ 15 mil e dispõe, em média, de 45% do valor do imóvel para dar de entrada. O objetivo é reduzir o financiamento para, no máximo, 15 anos.
Outro dado coletado é que 10% dos compradores têm preferido fazer o pagamento à vista, para obter descontos. A preferência deste consumidor é por imóveis com padrão standard (de R$ 250.001,00 a R$ 400 mil), o que equivale a 28%, e por imóveis com padrão médio (de R$ 400.001,00 a R$ 700 mil), que responde por 19,8%. Isso tem ajudado a reduzir os estoques, principalmente nas capitais.
Em Curitiba, por exemplo, pesquisa encomendada à BRAIN Bureau de Inteligência Corporativa detectou 33.996 imóveis em oferta na cidade. Trata-se do menor volume registrado desde março de 2013, quando havia 33.981 unidades. Em julho do ano passado, a oferta de apartamentos residenciais novos na capital paranaense era 36.865 unidades. No Brasil, segundo a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), o estoque de imóveis residenciais fechou o primeiro semestre de 2016 com 111,3 mil unidades.
Imóveis de até R$ 1,5 milhão
Essas novas tendências do mercado imobiliário levaram o Conselho Monetário Nacional (CMN), no final de setembro de 2016, a autorizar os bancos a financiar imóveis novos com valor até R$ 1,5 milhão, com juros de até 12% ao ano. A medida não vale para operações do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que financia imóveis de menor valor. O SFH se limita a unidades residenciais de até R$ 750 mil em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal e R$ 650 mil nos demais estados, usando recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Segundo a chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central (BC), Sílvia Marques, o FGTS não será usado nos financiamentos para imóveis de até R$ 1,5 milhão. A decisão é temporária e vale apenas por um ano. De acordo com a técnica do BC, caso seja bem-sucedida, a medida será aplicada de forma permanente. “Estamos apenas dando mais uma opção ao mercado imobiliário”, disse.
Um dos motivos que levou o Conselho Monetário Nacional a liberar financiamento para imóveis com valor até R$ 1,5 milhão está diretamente relacionado ao perfil do consumidor que busca empreendimentos que ofereçam certificações de sustentabilidade, e que estão neste patamar de preço. Segundo Carlos Leite, arquiteto e professor-doutor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Fundação Dom Cabral, apartamentos de alto padrão que façam reuso da água e tenham elementos construtivos que minimizem o custo da energia têm a preferência de quem vai ao mercado imobiliário comprar imóveis com essas características. “Os consumidores, de uma forma geral, começam a encarar a sustentabilidade como uma exigência”, diz.
Entrevistados
- Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi)
- Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)
- Conselho Monetário Nacional (CMN)
- Secovi-SP
Contatos
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Crédito Foto: Divulgação/Ademi
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Sul e Sudeste concentram top 10 da engenharia civil
Dos dez melhores cursos do país, nove estão em universidades localizadas nas duas regiões. Destaque para USP e UFRJ, que encabeçam lista
Por: Altair Santos
Os 10 melhores cursos de engenharia civil do Brasil concentram-se nas regiões sul e sudeste do país. É o que aponta a edição 2016 do RUF (Ranking Universitário da Folha), publicado anualmente pelo jornal Folha de S. Paulo. Pela primeira vez, as três universidades federais dos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná aparecem no top 10. USP e UFRJ encabeçam a lista, seguidas de Unicamp e UFMG. A UNESP e a PUC-RIO também estão na relação, que é completada pela única universidade fora do eixo Sul-Sudeste: a UFPE, de Pernambuco.
O Ranking Universitário da Folha adota os seguintes critérios para listar os melhores cursos: utiliza dados das graduações avaliadas pelo Inep-MEC, mede o número de docentes com doutorado e mestrado em cada departamento, avalia a quantidade de professores com dedicação integral e parcial, leva em consideração a nota que cada curso obteve no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e aproveita dados de pesquisa Datafolha com mais de dois mil profissionais de recursos humanos que atuam em empresas no Brasil.
Utilizando uma diversidade maior de dados, o Ranking Universitário da Folha mostra uma lista bem diferente da apontada pelo ministério da educação (MEC), em sua mais recente publicação sobre as avaliações de cursos de engenharia civil. O organismo do governo federal considera apenas os resultados do Enade para estabelecer os dois índices de classificação de universidades, faculdades e centros universitários: o CPC (Conceito Preliminar de Curso) e o IGC (Índice Geral de Cursos). Por isso, quem não participa do Enade não recebe nota.
Critérios diferentes
Pelos seus critérios, o MEC aponta que os dez melhores cursos de engenharia civil do Brasil estão nas seguintes instituições: Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Militar de Engenharia (UME), Instituto Federal de Sergipe, Universidade Federal do Ceará (UFCE), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialistas ressaltam as divergências de critérios entre os rankings e as constantes mudanças dentro de alguns deles. Mas há mais fatores para que o sobe-desce das colocações seja visto com cautela. Uma das críticas aponta para a desvantagem de se colocar instituições com características tão distintas em um mesmo pacote e daí tirar um número final para classificá-las. Esta é a visão do reitor da USP, Marco Antonio Zago. “Como comparar universidades técnicas com universidades que só têm cursos de engenharia, como a USP?”, questiona.
Em 2015, o pesquisador Justin Hugo Axel-Berg realizou uma tese de mestrado em que discutia a eficiência das avaliações dos rankings acadêmicos. Em seu trabalho, ele argumenta a dificuldade de se elaborar um sistema que avalie áreas do conhecimento de forma justa. “Toda disciplina tem uma taxa de citação diferente e uma produção diferente que é normalizada pelo Information Sciences Institute (ISI). Rankings aglomeram isso em uma pontuação só, sem atentar para a diversidade institucional”, analisa.
Veja aqui o RUF (Ranking Universitário da Folha) para engenharia civil
Entrevistados
Marco Antonio Zago, médico, cientista e reitor da USP
Pesquisador Justin Hugo Axel-Berg
Contatos
justin.axelberg@usp.br
academica@academicacom.com.br
Crédito Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
SindusCon terá prédio mais sustentável do Paraná
Nova sede do sindicato, em Curitiba, terá oito pavimentos e respeitará todos os preceitos da exigente certificação LEED Platinum
Por: Altair Santos
Previsto para ser concluído em janeiro de 2018, o novo prédio do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (SindusCon-PR) tem a pretensão de ser o empreendimento imobiliário mais sustentável do estado. A edificação terá oito pavimentos e respeitará todos os preceitos da certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), pleiteando o selo LEED Platinum – o mais rigoroso do Green Building Council.
A certificação só é concedida depois que o prédio é finalizado, e com todos os sistemas construtivos submetidos a teste. Mas o projeto do edifício já nasce atendendo a LEED Platinum. Entre os compromissos com a sustentabilidade estão a utilização de energia fotovoltaica, o reuso da água e o conforto térmico, graças ao revestimento da fachada em vidro duplo e refletivo ao calor solar e ao frio.
Para o vice-presidente da área técnica do SindusCon-PR, Euclésio Manoel Finatti, o prédio quer ser um grande case de inovação, tecnologia, eficiência energética e de consumo de água. “Por sermos a entidade que representa a indústria da construção paranaense, nosso objetivo é demonstrar que é possível edificar uma obra sustentável, sem que isso pese no custo de execução”, afirma.
O novo edifício, que contará com 4.823 m² de área construída - a qual, somada com o prédio antigo, totalizará 8.300 m² - fará parte de um seleto grupo de edificações que seguem o conceito Net Zero Energia, ou seja, será autossuficiente em energia elétrica. Para isso, em sua cobertura serão instalados 98 kW de painéis fotovoltaicos, que irão converter a radiação solar em energia elétrica.
Canteiro de obras enxuto
Será a maior instalação de energia renovável do Paraná. Para obter isenções fiscais, o excedente da produção será utilizado pela companhia de energia do Estado - a Copel -, permitindo que o prédio acumule créditos e possa usá-los em períodos em que necessitar de um volume maior de geração. O teto com aproveitamento de energia solar, aliado à fachada, vai permitir economia no consumo de iluminação de 64.6 MWh/ano e diminuição do uso de ar condicionado em 46.8 MWh/ano. Pelos cálculos iniciais, haverá redução de 47% no consumo de energia.
Com o projeto e a execução a cargo da ARCE Construtora & Incorporadora, o novo edifício do SindusCon-PR tem um orçamento de R$ 9,2 milhões. O prédio será corporativo e prevê a locação de salas. Em todo o processo de execução está prevista a geração de 400 empregos diretos e indiretos, sendo 70 deles no canteiro de obras. “Será um canteiro enxuto e voltado para a economia de materiais e geração baixa de resíduos”, afirma Rodrigo Fernandes, sócio-diretor da ARCE.
O projeto irá utilizar a tecnologia BIM (modelagem da informação na construção), não apenas na parte de projeto e planejamento, mas também no dia a dia do canteiro de obras. Desta forma, com a gestão da informação, será possível identificar problemas e corrigi-los, a fim de que o prédio seja entregue no prazo e sem extrapolar o orçamento. “O prédio tem o compromisso de reduzir ao máximo os impactos ambientais em seu entorno”, diz Euclésio Manoel Finatti.
Entrevistados
- Engenheiro civil Euclésio Manoel Finatti, vice-presidente da área técnica do SindusCon-PR
- Engenheiro civil Rodrigo Fernandes, sócio-diretor da ARCE Construtora & Incorporadora
Contatos
arce@arce.com.br
imprensa@sindusconpr.com.br
Crédito Foto: Divulgação/SindusCon-PR
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Edifícios superaltos entram no foco das construtoras
Em Balneário Camboriú, engenheiros-projetistas debateram tecnologias que tiram Brasil da letargia em relação à construção de arranha-céus
Por: Altair Santos
Realizada sugestivamente em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, onde se concentra o maior número de prédios superaltos do Brasil, a 1ª Jornada Internacional sobre Projetos de Edifícios Altos (Jipea) procurou mostrar as tecnologias já disponíveis no país, e as que estão em uso no exterior. O evento, que aconteceu de 13 a 16 de setembro, atraiu majoritariamente construtoras dos estados do sul e do sudeste, que foram conferir palestras de engenheiros e projetistas que já acumulam experiência em edifícios superaltos.
Sistemas construtivos à base de concretos especiais, estruturas mistas, grandes blocos de fundações e os efeitos dos ventos sobre projetos desta natureza estiveram entre os assuntos abordados. Segundo o anfitrião da 1ª Jipea, Carlos Julio Haacke, presidente do SindusCon de Balneário Camboriú, o evento deixa claro que o Brasil está definitivamente inserido na era dos edifícios superaltos, sobretudo pela qualidade dos insumos e dos materiais empregados na construção destes empreendimentos, além dos softwares para projetar, planejar e fazer a gestão das obras.
Carlos Julio Haacke afirma que esses avanços permitem sistemas operacionais específicos para este tipo de edificação. “Prédios com mais de 150 metros de altura exigem projetos hidrossanitários, elétricos e contra incêndio com muitas especificidades. Por isso, softwares que permitem engenharia simultânea se tornaram importantes ferramentas para se chegar ao produto final. Eles garantem também a interação adequada entre os profissionais envolvidos com a obra”, assegura.
Ação dos ventos
Na 1ª Jipea debateu-se o atendimento à Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) em edifícios altos. Neste caso, elementos como esquadrias externas e vidros devem atender especificações definidas em projeto. “Uma obra desse porte exige uma série de cuidados. Recomenda-se, por exemplo, que todos os projetos sejam submetidos a consultorias. Alguns deles, como cálculo estrutural, devem passar por até duas consultorias, além do calculista”, diz o presidente do SindusCon de Balneário Camboriú.
Entre todos os estudos que envolvem projetos relacionados com prédios altos, um é primordial: o que avalia a ação dos ventos sobre a estrutura destas edificações. É neste quesito que o Brasil precisa evoluir para ter mais empreendimentos superaltos. Há poucos laboratórios que atuam neste tipo de ensaio, o que obriga, em alguns casos, a contratação de serviços fora do país. A Argentina, por exemplo, tem sido bastante requisitada, por ter túneis de vento construídos exclusivamente para atender projetos arquitetônicos.
Os ensaios sobre a ação dos ventos, juntamente com a análise do solo, têm importância significativa para definir o projeto de fundações e o estaqueamento para edifícios superaltos. Eles são preponderantes também na definição do volume e no tipo de concreto a ser utilizado na obra. “Temos casos aqui em Balneário Camboriú em que só a fase de estaqueamento consumiu mais de 5 mil m³ de concreto, com profundidade superior a 25 metros”, cita Carlos Julio Haacke. A cidade no litoral catarinense, desde 2013, é o endereço de nove dos dez maiores edifícios do Brasil.
Confira aqui a lista com os prédios mais altos do Brasil
Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Julio Haacke, presidente do SindusCon de Balneário Camboriú
Contato
carlos@sindusconbc.com.br
Crédito Fotos: Flickr e SindusCon BC