O que a revolução industrial 4.0 reserva às empresas?
Ricardo Semler avalia que planos de gestão engessados estão com os dias contados. Para ele, empresas precisam se moldar às novas gerações
Por: Altair Santos
O CEO Summit 2016, promovido em outubro pela Endeavor e pelo Sebrae, concentrou as palestras e os debates em torno do formato que tende a guiar as empresas dentro da chamada revolução industrial 4.0, também conhecida como revolução digital. Ricardo Semler, presidente do conselho da Semco Partners, avalia que as corporações não terão como manter seus planos de gestão engessados por muito tempo, pois a nova geração que está em curso tem a inquietação e o perfil questionador como marca registrada. “Esse modelo, que veio do Henry Ford e que teve melhorias marginais ao logo destes mais de cem anos, está em processo de disruption (rompimento com formatos tradicionais) e as empresas precisam entender isso”, diz.
Semler cita Henry Ford, por ter sido ele que, na primeira década do século passado, criou a linha de montagem para a produção de veículos. “O mundo empresarial ainda persegue o modelo da indústria automobilística fundada por Henry Ford, e baseada na linha de montagem. Assim, as corporações foram se estruturando para dizimar a intuição”, avalia, afirmando que a revolução industrial 4.0 vai impor mudanças. “A tecnologia está mudando a capacidade de mandar dentro das empresas. Os questionamentos às amarras, criadas por insegurança e medo das corporações, já estão ocorrendo. Para a própria sobrevivência das companhias, elas terão que devolver a liberdade de agir aos funcionários, a fim de que a organização possa sobreviver”, completa.
Para Ricardo Semler, Intuição, Liberdade e Transparência serão os pilares das organizações do futuro. Ainda, segundo ele, será inevitável que as empresas se tornem menos hierarquizadas. “Hoje, para contratar, as corporações usam o que se convencionou chamar de pensamento positivo fantasioso. Elas se vendem como perfeitas e, com o passar do tempo, o contratado começa a se confrontar com a realidade do dia a dia, até que isso desencadeie em elevados níveis de turnover. Em países que têm uma legislação trabalhista menos burocratizada, alguns ramos de atividade chegam a ter turnover de 130%. No Brasil, a média ainda é relativamente baixa, entre 15% e 20%”, revela.
Futuro do emprego
A análise de Ricardo Semler vai ao encontro da pesquisa da EY (Ernest&Young), intitulada “Global job creation two thousand sixteen”. Nela, é possível ter acesso a dados que mostram o quanto o empreendedorismo focado no modelo da revolução digital vai concentrar a produção de empregos. O estudo aponta que, na próxima década, 9 de 10 empregos serão gerados pela iniciativa privada, sendo que 60% destas 9 vagas virão de novos empreendedores. “A profusão de tecnologias, como big data, inteligência artificial, internet das coisas e robótica, já está impactando no futuro do emprego e, consequentemente, no futuro da sociedade. Com essas mudanças virá um novo modelo de corporação. Imagine uma empresa em que os funcionários avaliam o próprio gestor, os salários de todos ficam disponíveis em um computador no refeitório, as margens de lucro são abertas para todos e alguns colaboradores trabalham meio período para você e a outra metade para a concorrência. Não estamos longe disso”, finaliza Semler.
Confira a palestra de Ricardo Semler no CEO Summit 2016:
Veja aqui a pesquisa “Global job creation two thousand sixteen” (conteúdo em inglês).
Entrevistado
Ricardo Semler, com base na palestra “Intuição, Liberdade e Transparência: os pilares das organizações do futuro” concedida no CEO Summit 2016. Semler é presidente do conselho da Semco Partners e autor dos livros “Virando a própria mesa”, “The Seven Day Weekend: Changing the Way Work Works” e “Você está louco!”
Contato
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Crédito Foto: CEO Summit
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Repatriação de recursos impulsiona construção civil
Analistas avaliam que parte do dinheiro que estava no exterior e retornou ao Brasil possa ser usado para movimentar mercado imobiliário
Por: Altair Santos
O programa de regularização de ativos no exterior, conhecido como repatriação, fez retornar ao Brasil quase R$ 170 bilhões, segundo dados da Receita Federal. Isso resultou em R$ 46,8 bilhões em pagamento de impostos e multas. Com o retorno do dinheiro que estava no exterior, analistas do mercado imobiliário entendem que o setor pode ser um dos maiores beneficiados – principalmente, o segmento de imóveis de luxo. A projeção é de que nos próximos cinco anos pelo menos metade destes recursos será investida em edifícios residenciais de alto padrão, condomínios, resorts e torres comerciais.
Só no estado de São Paulo, calcula-se que este valor possa chegar a R$ 25 bilhões, incluindo também aquisição de terrenos, incorporações e fundos imobiliários. "Já estamos atendendo vários clientes que se preparam para aplicar esse recurso adicional. Esse movimento vai se intensificar nos próximos meses", afirma o consultor Alexandre Villas. Segundo o especialista, dois fatores favorecem o direcionamento do dinheiro repatriado para o segmento imobiliário: a depreciação dos preços dos imóveis e a esperada queda dos juros, o que tende a diminuir o rendimento das aplicações financeiras de longo prazo. "O ganho dos imóveis de luxo promete mais do que compensar os tributos e multas da repatriação”, projeta Villas.
Para Pedro Barreto, especialista em investimentos imobiliários no exterior, pode haver também o interesse em imóveis fora do país. “Muitos destes que repatriaram recursos querem manter os recursos no exterior depois da regularização e estão em busca de opções para rentabilizar esses capitais. O investimento em imóveis para rendimento é um dos poucos ativos disponíveis no exterior com taxas de rentabilidade atrativas, entre 6,5% e 10% ao ano. Como os imóveis no exterior são ativos de baixo risco, acredito que deva gerar um impacto positivo para esta modalidade de investimento”, avalia.
Nova repatriação
Para a advogada especialista em direito tributário, Ivana Marcon, o investimento em imóvel, seja no Brasil ou no exterior, é uma das melhores modalidades para manter os recursos longe da ilegalidade. “O objetivo principal da repatriação é oficializar todos os bens não declarados, pois não será mais possível usar recursos sem origem comprovada em diversos países. O acordo entre os governos está cada vez mais eficiente quanto ao compartilhamento das movimentações financeiras. Isto faz com que as pessoas busquem dar segurança e legalidade aos seus investimentos. Sob esse aspecto, os imóveis são uma das melhores opções”, diz.
A partir de 1° de fevereiro de 2017 será aberta uma nova etapa para a regularização de recursos no exterior. A nova repatriação vai durar 150 dias e será encerrada em 30 de junho de 2017. O governo tem a expectativa de arrecadar mais R$ 20 bilhões em impostos, mas especialistas estimam que possa reingressar no Brasil mais dinheiro do que o obtido na primeira etapa da repatriação, o que também reforçaria os investimentos no mercado imobiliário. “Pelo menos deve gerar o mesmo volume de recursos da fase encerrada recentemente”, estima o advogado tributarista Heleno Torres, considerado o “pai da repatriação”. Foi Torres quem formulou a proposta que deu origem ao programa governamental.
Entrevistados
Alexandre Villas, consultor imobiliário
Pedro Barreto, especialista em investimentos imobiliários no exterior
Ivana Marcon, advogada especialista em direito tributário
Heleno Torres, advogado tributarista
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Desafio dos prefeitos eleitos: mais calçadas, menos ruas
Exemplos não faltam para mostrar como cidades podem deixar de dedicar espaço aos veículos para dar prioridade aos pedestres
Por: Altair Santos
Tendência mundial, as ruas-calçadas tornam-se desafio para os prefeitos eleitos recentemente no Brasil, e que dia 1º de janeiro assumem seus cargos. Se houver boa vontade dos novos governantes, exemplos não faltam de cidades que transformaram antigas áreas dedicadas aos carros em espaços em que a prioridade passou a ser o pedestre. Em São Francisco, na costa oeste dos Estados Unidos, nem é mais o poder público quem define quais ruas devem ser transformadas em boulevards ou não. A decisão está a cargo de uma ONG chamada SPUR (Associação de Pesquisa e Planejamento Urbano de São Francisco).
A ONG elabora estratégias que procuram melhorar a qualidade de vida urbana nas cidades que integram a baía de São Francisco. Para redefinir o urbanismo de uma área, ela parte de 7 princípios: 1. Circulação de pedestres; 2. Comércio interagindo com pessoas; 3. Bom uso dos espaços públicos; 4. Estacionamentos invisíveis para carros; 5. Edifícios com área de circulação para pedestres; 6. Mais praças e parques, e 7. Ruas com calçadas e ciclovias. “Valorizar o pedestre faz com que ele crie intimidade com o lugar e, consequentemente, torne mais confortável o ambiente”, diz Benjamin Grant, um dos urbanistas que integram a SPUR.
Os conceitos da ONG coincidem com estudos desenvolvidos por um grupo de universidades nos Estados Unidos, na Espanha, em Portugal, no Canadá e na Alemanha, e que passaram a influenciar gestores públicos nestes países. A pesquisa cria parâmetros para a reurbanização de ruas e espaços públicos, levando em conta a quantidade de edifícios no entorno, o mobiliário urbano e o fluxo de pessoas. O levantamento “multiacadêmico” também mede o impacto da reurbanização na qualidade de vida e até a influência na cura de doenças da mente, como a depressão, por exemplo.
Porto Maravilha
No Brasil, o melhor exemplo de reurbanização que retirou o carro de circulação para investir no pedestre está no Rio de Janeiro. Reconhecido como principal legado dos jogos olímpicos para a cidade, o Porto Maravilha transformou a região da Praça Mauá e da avenida Rio Branco, no centro do Rio, dando vida a uma área que estava degradada na capital fluminense. A reforma se inspirou em transformações realizadas em Barcelona, na Espanha; na High Line, em Nova York; no Porto Madero, em Buenos Aires, e na região do Rio Cheonggyecheon, em Seul (Coreia do Sul). Obras de grande impacto urbano, elas envolveram alguns bilhões de dólares. O Porto Maravilha custou R$ 8 bilhões.
Para a SPUR, as cidades não precisam, necessariamente, comprometer seus orçamentos para transformar suas ruas. Os projetos econômicos da ONG influenciaram reurbanizações enxutas em várias cidades europeias – entre elas, Lisboa (Portugal) e Copenhague (Dinamarca). Boa parte das obras substituiu áreas de estacionamento por calçadas e boulevards. Há casos em que o poder público sequer desembolsa recursos, pois o próprio comércio local financia a reforma, com o objetivo de atrair mais público. Estima-se que as ruas-calçadas nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa já passem de três mil.
Entrevistado
Benjamin Grant, urbanista da SPUR (San Francisco Bay Area Planning and Urban Research Association [Associação de Pesquisa e Planejamento Urbano de São Francisco]) (via assessoria de imprensa)
Contatos
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Crédito Fotos: Porto Maravilha, Fernanda Boscaini/WRI Brasil Cidades Sustentáveis e Archdaily
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Rússia é o país que mais forma engenheiros no mundo
No Brasil, a falta de crescimento sustentável e a evasão escolar fazem com que haja alta defasagem em relação a outras nações
Por: Altair Santos
Dados do Fórum Mundial de Economia, trazidos pela revista Forbes, revelam que o país que mais forma engenheiros atualmente é a Rússia, com 454.436 em 2015. O levantamento abrange todas as formações dentro da engenharia. O segundo com mais profissionais na área é a China, que nos anos 1990 graduava menos que os 42 mil que o Brasil consegue graduar anualmente - segundo dados do CONFEA -, e em 2015 formou 420 mil engenheiros. Os chineses projetam chegar em 2017 com números ainda mais relevantes, e que podem fazê-los superar a Rússia. A meta é 650 mil por ano.
Até a virada do século, historicamente Estados Unidos e Japão eram os maiores formadores de engenheiros. Agora, esse espaço é ocupado pelos países emergentes. Do grupo conhecido como BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), além de Rússia e China, a Índia também se encontra no top 10 dos países que mais formam engenheiros, ocupando a 5ª colocação. Destaque também para Irã, Coreia do Sul, Indonésia, Ucrânia e México. Segundo o relatório do Fórum Mundial de Economia, o que explica o ranking é o investimento destes países em infraestrutura, o que estimula a formação de engenheiros.
Pela dimensão territorial e pela carência em infraestrutura, o Brasil é considerado um ponto fora da curva na formação de engenheiros - sobretudo, na área de construção civil. Se tivesse um crescimento sustentável, o país atualmente enfrentaria um déficit de 20 mil profissionais por ano. Com a crise econômica, a carência está latente, mas pode vir a atingir patamares ainda mais graves se o Brasil sair da recessão e conseguir crescer mais de 3% ao ano. Neste cenário, o déficit de engenheiros pode ser o dobro dos 20 mil detectados em 2006, no auge do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do programa Minha Casa, Minha Vida.
Prejuízo de R$ 26 bilhões
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que o país tem atualmente cerca de 600 mil engenheiros no mercado de trabalho. Metade destes especialistas tem formação para a construção civil. O número parece relevante, mas não é. Mesmo com a recessão e o alto índice de desempregados - 12 milhões fora do mercado formal, segundo dados de outubro de 2016 -, significa que de cada 1000 trabalhadores, 6 são engenheiros. Nos Estados Unidos, são quase 25 por 1000. O razoável, segundo a CNI, era que no Brasil já houvesse 15 engenheiros por 1000.
Essa carência não é por falta de vagas nas universidades. O programa pró-Engenharia, lançado pelo governo federal em 2010 e interrompido em 2014, detectou 302 mil vagas nas escolas de engenharia, das quais apenas 120 mil são preenchidas. Entre os alunos que as ocupam, a taxa de evasão é de 55% até o 3º ano. Para o presidente da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Jorge Almeida Guimarães, o pró-Engenharia teria instrumentos para estimular a formação de mais profissionais no Brasil. Para isso, propunha uma revisão curricular nas graduações. Sem praticamente sair do papel, o pró-Engenharia deixou como legado apenas os números sobre a formação de engenheiros no país. Entre eles, que o Brasil perde R$ 26 bilhões por ano por não ter engenheiros suficientes ou por formar mal seus profissionais.
Ranking dos 10 países que mais formam engenheiros*
1. Rússia, 454.436
2. China, 420.387
3. Estados Unidos, 237.826
4. Irã, 233.695
5. Índia, 220.108
6. Japão, 168.214
7. Coreia do Sul, 147.858
8. Indonésia, 140.169
9. Ucrânia, 130.391
10. México, 113.944
*Com base em dados de 2015
Entrevistados
- Fórum Mundial de Economia
- Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
- Superintendência Estratégica e de Gestão do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Na arquitetura hospitalar, cada caso é um caso
Projetos têm especificidades muito particulares, ensina Siegbert Zanettini, com quase 60 anos de experiência neste tipo de edificação
Por: Altair Santos
Professor titular da FAU USP, e especialista em arquitetura hospitalar, Siegbert Zanettini afirma que projetos arquitetônicos para hospitais estão entre os mais complexos. “Cada caso é um caso”, diz. Para elaborá-los, é preciso considerar condicionantes, como vocação da unidade (regional, alta complexidade, geral), especialidade (maternidade, neurologia, doenças do coração, gastroenterologia) e a localização em que o prédio será construído. Siegbert é responsável por projetos como os do hospital Municipal Ermelino Matarazzo, Albert Einstein Morumbi, São Camilo Pompéia, São Luiz Anália Franco, Bandeirantes, Mater Dei Contorno e Betim, Moriah SP e Hospital Universitário da USP. O arquiteto acumula em seu currículo mais de 12 premiações com projetos de saúde. Na entrevista a seguir, ele detalha o que é arquitetura hospitalar. Confira:
Em arquitetura hospitalar é correto dizer que cada caso é um caso?
Sim. Pode-se dizer que cada projeto de hospital tem suas especificidades. Primeiro, existe uma hierarquia por nível de complexidade de ocorrências médicas, que é a seguinte:
- Hospitais de referência de alta complexidade são aqueles que atendem pacientes de urgência em alto risco, além de ambulatorial, e tem instalações, equipamentos e espaços destinados a todas e quaisquer tipos de enfermidade. Possuem equipes médicas e de enfermagem especializadas em qualquer tipo de ocorrência médica;
- Hospitais universitários são destinados a atendimentos diversos e conectados à instituição de ensino e pesquisa;
- Hospitais regionais destinam-se a dar suporte a uma rede de hospitais locais de municípios, na área de abrangência de seu entorno;
- Hospitais locais de menor complexidade atendem a uma faixa de enfermidades mais recorrentes e que, em determinados casos, são especializados: maternidade, infantil, coração, ortopédico, etc;
Segundo, é preciso observar as necessidades funcionais de um hospital, que exige circulação diferenciada de público externo, assim como de pessoal de trabalho. Além disso, é conveniente separar os fluxos limpos e sujos de materiais e descartes. Também é recomendável separar no zoneamento interno os setores de pacientes internos e externos: pronto socorro, pronto atendimento e seus ambientes complementares, como os de atendimento de urgência, consultórios ambulatoriais e setores afins.
Terceiro, todos os acessos em desnível devem conter rampas e elevadores acessíveis a deficientes físicos e pacientes com dificuldade motora e idosos. As instalações também devem possuir espaços bloqueados para evitar infecções cruzadas, como centros cirúrgicos e obstétricos, berçários, laboratórios, setor de imagens (ressonância magnética, tomografia, câmara hiperbárica), lavanderias e cozinhas. Essas e outras condicionantes, por si só, justificam ao hospital um tratamento arquitetônico específico.
Até que ponto a especialidade do hospital influencia em sua arquitetura?
Um dos conceitos relevantes que defendo em meus artigos publicados e em palestras proferidas é que o projeto de arquitetura está holística e sistematicamente integrado a todos os projetos de engenharia e, em algumas situações, a outras ciências do conhecimento, como é o caso das biológicas, nos projetos de um hospital. A importância e a complexidade dos sistemas hidráulicos e elétricos, de ar-condicionado e de oxigênio, entre outros, junto com estrutura, fundações e conforto acústico, obriga a resolvê-los integradamente e com controle por automação. Tudo isso, pois é importante uma durabilidade sem reformas indesejáveis, seja por omissão de projetos específicos ou por mau funcionamento. Elas resultam em custo e em interferências e paralisações problemáticas para uma tipologia de edifício que funciona 24 horas, em feriados e em fins de semana.
A arquitetura dos hospitais antigos é verticalizada, com rampas e elevadores. Hoje, a arquitetura hospitalar privilegia os projetos horizontais?
A verticalização ou não do hospital não caracteriza em si uma posição privilegiada ligada às funções de um hospital. Normalmente são condições locais que pesam mais, como área disponível de 120 m² por leito, áreas extensas para estacionamento, exiguidade de áreas disponíveis ou declividades acentuadas para implantação, situação em áreas urbanas adensadas ou com acessos limitados pela condição do terreno ou pela valorização vizinha, como também o zoneamento estipulado por posturas municipais.
A Norma de Desempenho se enquadra na construção de hospitais, em função de suas exigências termoacústicas?
As exigências termoacústicas devem atender a Normas de Desempenho como qualquer outra edificação, pois abriga não só pacientes, já com condições fragilizadas ao frio ou ao calor, assim como a ruídos indesejáveis, mas também os profissionais-médicos, enfermagem e pessoal de manutenção, que devem permanecer horas ou, às vezes, plantões seguidos.
Dos hospitais que o senhor já projetou, algum requereu uma inovação construtiva?
Quase todos os projetos envolvem inovações de sistemas, materiais, técnicas construtivas e atendimento. Só para citar: o Hospital Mater Dei Contorno, em Belo Horizonte, com 70.000 m² de construção, teve toda a tecnologia estrutural metálica. Menos as paredes de diafragmas e as fundações. Quase toda a obra não ocorreu no canteiro, como normalmente é, mas constituiu uma sequência de montagens de lajes em “steel deck”, paredes em “drywall”, fachadas unitizadas e acabamentos internos industrializados, assim como a ocupação de ambientes realizados em tempo recorde. Outro exemplo: a colocação de banheiros prontos montados em uma semana no bloco 2 do hospital São Camilo Pompéia, assim como todas as fachadas em painéis pré-moldados de concreto leve. Há ainda, a construção do Hospital Leforte, um retrofit de uma antiga escola que recebeu vários pavimentos, transformando-se em um hospital-geral.
O que é mais comum na construção de hospitais: alvenaria convencional, alvenaria estrutural, estruturas pré-fabricadas de concreto ou estruturas mistas?
Já utilizamos praticamente todos os sistemas construtivos existentes, além dos que criamos em mais de cinquenta hospitais novos ou retrofits.
Nas universidades, há disciplinas que tratem do tema arquitetura hospitalar ou o currículo é carente neste aspecto?
A área é carente em profissionais que nela trabalhem, assim como na sua formação.
Há quantos anos o senhor atua nesta área e o que o fez se especializar em arquitetura hospitalar?
São cerca de 60 anos atuando como profissional em todas as áreas da arquitetura. Para exemplificar, realizei, como recém-formado em 1961, o hospital de Osasco e o hospital-piloto da usina hidroelétrica de Jupiá, na cidade de Urubupungá-SP. Em 1968, a maternidade de Vila Nova Cachoeirinha para a Prefeitura de São Paulo. Em 40 anos como professor da FAU, da Universidade de São Paulo, dei cursos para profissionais, arquitetos, engenheiros, médicos e enfermeiros, junto com a Faculdade de Higiene e com os médicos do Hospital das Clínicas.
Entrevistado
Arquiteto Siegbert Zanettini, professor-titular da FAU USP e especialista em arquitetura hospitalar. Titular da Zanettini Arquitetura, com mais de 53 anos de atuação profissional e 1.200 projetos
Contato
zanettini@zanettini.com.br
Crédito Fotos: Divulgação/Zanettini Arquitetura
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Revisão da Lei das Licitações trava infraestrutura
Substitutivo que procura corrigir distorções da lei 8.666 encontra-se em discussão no Senado. Demora pode inviabilizar contratação de obras
Por: Altair Santos
O governo federal planeja lançar 30 projetos ligados a obras de infraestrutura para irem a leilão entre 2017 e 2018. Mas há setores da construção civil que avaliam que o plano possa esbarrar em um ponto fora da curva: a revisão da Lei de Licitações (8.666/1993). Ela encontra-se na Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional, dentro do Senado, e existe a expectativa de que seja votada até o final do ano legislativo de 2016. Mas se não avançar no Congresso, tende a se tornar mais uma barreira a travar a modernização da infraestrutura nacional.
Um dos pontos mais relevantes do substitutivo está relacionado ao fim do projeto básico. Por conta da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016, as obras públicas no Brasil passaram a ser regidas pelo RDC (Regime Diferenciado de Contratação), sancionado em 2011. Ele permitia a contratação pelo menor preço, mas sem levar em conta a complexidade do projeto. A justificativa era que o prazo da licitação seria encurtado de 240 dias para, no máximo, 90 dias. O modelo do RDC, no entanto, apresentou anomalias na fase de execução das obras, por ignorar projetos mais complexos de engenharia.
No final das contas, os termos aditivos acrescentados à execução da obra, para corrigir falhas no projeto, tornavam-na mais cara. Segundo o relator da revisão da Lei de Licitações (8.666/1993), o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), o objetivo é corrigir essas distorções. “O texto contempla medidas importantes para uma legislação mais ágil e segura, incluindo atualização monetária dos valores de referência, alterações de nomenclatura, reformulação dos limites de contratação integrada, conceito de contratação semi-integrada, mudanças na tipificação penal e aprimoramento da sistemática de seguros”, relata.
Para o presidente da Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional, senador Otto Alencar (PSD-BA), o substitutivo está aberto para sugestões, mas, na opinião dele, “vai atender às várias demandas que foram formalizadas, principalmente pelo setor da construção civil”. Entre os pontos mais debatidos do projeto está a contratação integrada. Prevista no projeto como uma opção de licitação para obras de engenharia, essa modalidade transfere ao contratado a responsabilidade por todas as fases da obra - do projeto à execução, incluindo a fiscalização - tendo como obrigação entregar a obra acabada no prazo estabelecido em contrato.
Não há consenso
Neste modelo, de acordo com o substitutivo, o contratado assume a maior parte dos riscos, o que, para especialistas, pode encarecer a obra. De acordo com Rafael Jardim Cavalcanti, da Secretaria de Operações Especiais em Infraestrutura do Tribunal de Contas da União (TCU), a contratação integrada serve para aproveitar a expertise de empreiteiras, mas deveria se justificar somente quando houver uma complexidade grande no objeto do contrato. Já para Fernando Guimarães, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a contratação integrada deve ser apenas destinada a obras de grande vulto. “Na nossa visão, é necessário que haja a previsão de pressupostos técnicos para a utilização da contratação integrada”, avalia.
Diante das críticas, o relator da proposta afirmou que vai analisar qual será o valor mínimo da obra para a utilização da contratação integrada. O Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) propõe que o valor mínimo seja R$ 2 bilhões. Já o TCU sugere um patamar de R$ 100 milhões, enquanto a proposta do substitutivo é de utilizar os valores definidos na lei da Parceria Público-Privada, ou seja, R$ 20 milhões. Também não está descartada a exigência de contratação de seguradoras por parte das empreiteiras, a fim de dar garantia à entrega da obra. Neste caso, há quem defenda que o agente segurador fiscalize a execução do projeto, o que desencadeia mais uma polêmica em torno da revisão da Lei das Licitações.
Entrevistados
- Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (via assessoria de imprensa)
- Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) (via assessoria de imprensa)
- Tribunal de Contas da União (TCU) (via assessoria de imprensa) (via assessoria de imprensa)
- Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional do Senado Federal (via assessoria de imprensa)
Contatos
comunica@cbic.org.br
fernandobezerracoelho@senador.leg.br
sinaenco@sinaenco.com.br
imprensa@tcu.gov.br
Crédito Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Casas em concreto aparente: as 10 mais bonitas do mundo
Entre os vencedores estão projetos de renomados arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Ruy Ohtake e Paulo Mendes da Rocha
Por: Altair Santos
Quais casas construídas em concreto aparente são as mais bonitas do mundo? Sites especializados em arquitetura decidiram elegê-las, mostrando as virtudes do material. Foram eleitos, principalmente, os projetos que se destacaram pela inovação na fachada, valorizando concepções modernistas e brutalistas. Entre os que foram elencados estão consagrados arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Ruy Ohtake e Paulo Mendes da Rocha. Mas há também construções na China e na Austrália, mostrando que a versatilidade das estruturas de concreto está globalizada.
A eleição levou em consideração também a qualidade do concreto aparente. Obtido da mistura de cimento, agregados, água e, em praticamente todos os casos, aditivos químicos, o material requer cuidados especiais para cumprir a função de acabamento. A execução por mão de obra qualificada é fundamental para assegurar a aparência final desejada. A palavra que define uma obra bem construída em concreto aparente é uniformidade, além dos cuidados muito rigorosos com as fôrmas. Via de regra, não existe “conserto” para deslocamento ou abertura de fôrmas em concreto aparente. Para se atingir o equilíbrio é importante observar a granulometria dos agregados e a procedência do cimento, para não criar distorções de tonalidade.
Todas as obras escolhidas cumpriram esses requisitos. Como a casa eleita na China, onde inclusive o telhado é em concreto aparente. No projeto do escritório AZL Architects, do arquiteto chinês Zhang Lei, vidros e uma grande fenda que atravessa a estrutura garantem luminosidade ao interior da casa. O projeto chinês se assemelha com o da “casa Cubo”, construída na cidade de São Paulo e assinada pelo escritório MK27, do arquiteto brasileiro Marcio Kogan. Tanto na concepção chinesa quanto na brasileira, as casas se sustentam em pilares ocultos, valorizando a fachada.
Com um projeto menos brutalista, a Argentina também aparece na lista, com a casa assinada pelo escritório portenho Vanguarda Architects. Minimalista, a edificação localizada em Buenos Aires concentra-se em três materiais: concreto armado, vidro e madeira. O conceito é semelhante ao seguido pelo arquiteto australiano Matt Gibson, que concebeu sua casa de concreto em Melbourne. O que caracteriza esse projeto é que não se consegue identificar qual é a fachada da frente e qual é a fachada dos fundos - ambas em concreto aparente. O objetivo do arquiteto é passar a impressão que existem duas casas em um só terreno.
Retrofit
A Casa de 1969, assinada pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, foi restaurada em 2012 pelo próprio arquiteto. Por isso, entrou na lista das mais bonitas do mundo. Construída na cidade de São Paulo há mais de 40 anos, o que chamou a atenção foi a integridade da estrutura em concreto aparente. A restauração se concentrou na troca das janelas, no revestimento do piso e nas portas internas e externas. Outro retrofit que mereceu a indicação dos especialistas foi o da casa conhecida como Unidade Habitacional (Unité d´Habitation) de Marselha, na França, assinada por Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier. A residência, construída em 1949, é considerada a pioneira da arquitetura brutalista.
Referências mundiais no uso do concreto aparente, Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas e Ruy Ohtake não poderiam faltar na eleição. Entre suas obras, estão a casa conhecida como “Tenda Modernista”, na região serrana do Rio, desenhada em 1954 por Niemeyer, e a residência Olga Baeta, projetada por Vilanova Artigas em 1956, e que passou por restauração em 1998. De Ohtake, o projeto escolhido foi o da “Casa de Valinhos”, cujas curvas em concreto aparente se destacam entre as eleitas. Esses três arquitetos brasileiros inspiraram o espanhol Joaquin Torres a projetar a “Casa Verde, em Pozuelo de Alarcón, e que fecha a lista das dez mais bonitas do mundo em concreto aparente.
Entrevistado
Reportagem com base em eleição promovida pelo site Archdaily
Contato
http://www.archdaily.com/contact
Crédito Fotos: Divulgação AZL Architects/ MK27/ Vanguarda Architects e Matt Gibson
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Realidade aumentada em obra (Podcast)
Instituto itt Performance, da Unisinos, atua neste tipo de pesquisa. Para o engenheiro Hinoel Zamis Ehrenbring, trata-se de caminho sem volta
Por: Altair Santos
Entrevistado
Engenheiro civil Hinoel Zamis Ehrenbring. Atua no Instituto Tecnológico de Desempenho da Construção Civil (itt PERFORMANCE-UNISINOS) como analista de projetos.
Contato
hinoelzamis@hotmail.com
Crédito Foto: Divulgação/itt Performance
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.
Novas medidas de segurança para a construção civil
Portarias ministeriais dão mais rigor à NR 18, principalmente para o uso de elevadores e guindastes em canteiros de obras
Por: Altair Santos
A portaria nº 573, do ministério do Trabalho e da Previdência Social, publicada no Diário Oficial da União de 9 de maio de 2016, acrescentou medidas que buscam garantir mais segurança à construção civil, minimizando o risco de acidentes. Entre elas, a criação de um portal da transparência, o qual mostra quais empresas têm mais acidentes. Esses dados permitem que o trabalhador possa pesquisar sobre o empregador, verificar a quantidade de acidentes e entender a periculosidade da atividade.
Juntam-se à portaria nº 573, as recentes alterações que ocorreram na Norma Regulamentadora (NR 18), que trata sobre segurança, transporte e saúde dos trabalhadores da construção civil. Essas mudanças passaram a valer em 2016. Através da portaria 597 do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, foi alterado o item 18.14 da NR 18. Entre as principais modificações estão o uso de elevadores de cremalheira - agora obrigatórios - e a instalação de ganchos de segurança nas fachadas de prédios com mais de 13 andares ou altura equivalente.
Estão proibidos elevadores de cabo único e com freio de emergência tipo flutuante, por serem considerados dispositivos comprovadamente inseguros. A nova portaria obriga a substituição deste modelo por elevadores de obras com sistema eletromecânico para acionamento do freio, o que garante mais segurança para o trabalhador em situações de emergência. Porém, canteiros de obras instalados até 10 de maio de 2016, e que utilizem elevadores de cabo único, poderão usá-los até o término da construção.
Guindastes e gruas
Outra medida importante está relacionada ao uso de gruas e guindastes, definindo critérios para a operação desses equipamentos e suas instalações. A NR 18 acrescentou a exigência do plano de cargas para a utilização deste tipo de maquinário, que envolve estudos sobre o local da instalação, exigência de documentos sobre o fornecedor da grua e o responsável pela manutenção, além de comprovada qualificação do operador.
O relatório do plano de cargas deve ser minucioso, principalmente para guindastes móveis, que se sustentam sobre pneus ou esteiras. Ele deve informar o posicionamento correto do equipamento, a distância que a peça deve percorrer até chegar ao destino, os acessórios que serão utilizados no içamento e a quantidade de calços a serem usados para sustentar o peso em relação ao solo. A documentação deve prever, também, procedimentos de segurança em caso de fenômenos climáticos, como vendavais e temporais.
Para o engenheiro de segurança Raphael Benício, as medidas são corretas. “Trata-se de um trabalho de perícia e de responsabilidade, pois estamos falando de cargas que pesam toneladas, como peças de concreto, ferro e estruturas metálicas. Se não houver o içamento de maneira correta, podem ser letais”, afirma. Felizmente, no entender de Benício, há cada vez mais construtoras atentas às questões de segurança. “Além dos procedimentos obrigatórios previstos em lei, algumas empresas têm normas internas que solicitam uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) para o controle de segurança no canteiro de obras. Isso é uma evolução”, garante.
Entrevistado
Engenheiro de segurança Raphael Benício, diretor da Alpha Omega Treinamentos
Contato
contato@alphaomegacursos.com.br
Crédito Foto: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Norma define altura de prédio em alvenaria estrutural
Revisão da ABNT NBR 15961 pretende definir novos parâmetros, a fim de ajudar a dar mais confiabilidade ao sistema construtivo
Por: Altair Santos
Em processo de revisão, a ABNT NBR 15961- partes 1 e 2 -, que trata de alvenaria estrutural com blocos de concreto, vai criar parâmetros para a altura de prédios construídos com este sistema. O engenheiro civil e professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Guilherme Parsekian, que faz parte do comitê que revisa a norma, disse que essa é uma das prioridades da comissão, pois ainda não existe referência no Brasil sobre o tema. Segundo ele, a medida servirá para garantir mais segurança para as obras que utilizem alvenaria estrutural.
De acordo com Parsekian, que palestrou sobre o tema na mais recente edição do Concrete Show, é importante definir limites de pavimentos na revisão da norma. “Não existe nada sobre estabilidade global de edifícios altos em alvenaria estrutural. A revisão da norma trará isso”, disse. Esse parâmetro influencia também no custo da obra. É sabido que em edifícios de até cinco pavimentos o sistema gera economia de 30% em relação à alvenaria convencional. Já em edificações com mais de dez andares, a economia chega, no máximo, a 10%.
Especialistas em alvenaria estrutural não recomendam a construção de prédios com mais de 25 pavimentos. Neste caso, o sistema se torna mais caro que o convencional, mesmo com o uso de ferramentas tecnológicas que ajudam a modelar o projeto. No Brasil, a mais recente edificação em alvenaria estrutural que ultrapassou os 10 andares foi construída em Londrina-PR. O prédio atingiu 19 pavimentos. Neste sistema, o edifício mais alto do mundo é o hotel Excalibur, em Las Vegas, nos Estados Unidos, construído em 1990, e que tem 30 andares.
Unificação da norma
A mais recente atualização da ABNT NBR 15961 aconteceu em 2011. Dividida em duas partes, cada uma delas funciona como uma norma independente, o que, para Parsekian, também precisa ser revisto. O professor da UFSCar defende a unificação da norma. Atualmente, ela tem a seguinte composição: ABNT NBR 15961-1:2011 – Alvenaria estrutural – Blocos de concreto – Parte 1: Projetos. Ela especifica os requisitos mínimos exigíveis para o projeto de estruturas de alvenaria de blocos de concreto. Já a parte 2 tem a seguinte nomenclatura: ABNT NBR 15961-2:2011 - Alvenaria estrutural - Blocos de concreto - Execução e controle de obras. Ela estabelece requisitos mínimos exigíveis para a execução e o controle de obras com estruturas de alvenaria que utilizam blocos.
A mais recente revisão da ABNT NBR 15961, em 2011, coincidiu com o auge da alvenaria estrutural no Brasil. O sistema tornou-se o preferido das construtoras que aderiram ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Predominou principalmente em conjuntos com mais de 100 unidades, e com até 10 pavimentos. Erros construtivos, porém, acabaram minando a credibilidade da alvenaria estrutural, que acabou ganhando um concorrente forte: o sistema de paredes de concreto - hoje o preferido para os que ainda operam no MCMV. Com a nova revisão da ABNT NBR 15961, o que se pretende também é redimir a alvenaria estrutural.
Entrevistado
Engenheiro civil Guilherme Parsekian, professor do departamento de engenharia civil da UFSCar e membro do comitê de normas da ABNT
Contato
parsekian@ufscar.br
Crédito Foto: Divulgação/Graúna Construções Civis