Versatilidade faz rampa ganhar espaço em projetos

Equipamento facilita acessibilidade e não se limita mais a espaços urbanos e prédios públicos. Agora, ele substitui escadas em residências

Por: Altair Santos

Rampa conquista espaço tanto em áreas externas quanto internas das residências
Rampa conquista espaço tanto em áreas externas quanto internas das residências

As rampas não estão mais restritas a prédios públicos, hospitais, shopping centers e estacionamentos. A versatilidade tem feito o equipamento conquistar outros nichos. Entre eles, os projetos residenciais. Entre a nova geração de arquitetos, existe um grupo que enxerga nas rampas não apenas soluções para melhorar a mobilidade, mas a oportunidade de inovar no design. Nos Estados Unidos, esses profissionais passaram a colocá-las no lugar das escadas, para interligar casas com dois pavimentos.

A ideia replicou e chegou ao Brasil, onde o escritório MK27, de Marcio Kogan, concebeu a “Casa Rampa”, em 2015. O projeto foi todo pensado em função da rampa que liga os dois níveis da residência. A novidade, neste caso, é que o equipamento de mobilidade protagonizou o projeto, o que rendeu prêmios internacionais ao escritório. Após a conclusão da obra, Kogan disse ter se inspirado em dois ícones da arquitetura nacional, e mundial: Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas.

 

“Casa Rampa”, de Márcio Kogan: descarte de escadas e de elevadores, e opção pela rampa
“Casa Rampa”, de Márcio Kogan: descarte de escadas e de elevadores, e opção pela rampa

Niemeyer, ao projetar os prédios de Brasília, não poupou em rampas. Os equipamentos mais emblemáticos estão no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Porém, é no interior do edifício onde a Presidência da República despacha que está a rampa que Niemeyer mais admira. Trata-se do equipamento em espiral que liga o hall de entrada do Palácio do Planalto ao segundo pavimento. Já Vilanova Artigas tem nas rampas da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP seu grande momento ao trabalhar com essa solução arquitetônica.

ABNT NBR 9050
Agora, na era da acessibilidade e da mobilidade urbana, as rampas tornaram-se elementos politicamente corretos. Na Dinamarca, um projeto para convencer casais jovens a terem filhos parte do princípio de que “quem casa, quer casa”. Assim, foi criado um programa habitacional que prioriza a venda de unidades para recém-casados, desde que eles se comprometam a ter filhos em um período máximo de cinco anos. Para facilitar a mobilidade com carrinhos de bebês, e oferecer segurança aos futuros moradores, os prédios foram todos concebidos com rampas em vez de escadas.

Conjunto habitacional na Dinamarca: rampa dá acesso às unidades
Conjunto habitacional na Dinamarca: rampa dá acesso às unidades

No Brasil, as rampas têm o amparo técnico da ABNT NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, que foi revisada e entrou em vigor em outubro de 2015. Foi a terceira vez que a norma técnica passou por atualização e, desta vez, ela define que projetos de prédios públicos são obrigados a possuir rampas, além de ressaltar critérios de sinalização e criar parâmetros para intervenções em bens tombados pelo patrimônio histórico.

A ABNT NBR 9050 também criou segurança técnica para que a indústria de pré-fabricados de concreto colocasse a produção de rampas em seu portfólio. Um item que não estava bem explicado nas edições anteriores da norma era o cálculo de inclinação. Isso levou à construção de rampas sem nenhum critério - algumas até oferecendo risco aos pedestres. O novo texto estabelece parâmetros bem abrangentes em relação a esses equipamentos, inclusive influenciando na escolha do revestimento. Agora, existe uma metodologia para construir rampas no Brasil.

Acesse aqui a edição revisada da ABNT NBR 9050!

Rampa interna do Palácio do Planalto: projetada por Oscar Niemeyer, é uma das mais conhecidas do mundo
Rampa interna do Palácio do Planalto: projetada por Oscar Niemeyer, é uma das mais conhecidas do mundo

Entrevistados
- Escritório de arquitetura MK27 (via assessoria de imprensa)
- Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (via assessoria de imprensa)

Contatos
info@studiomk27.com.br
imprensa@abnt.org.br

Crédito Fotos: Divulgação/MK 27

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Previsão de crescimento sustentável a partir de 2020

Sondagem com setores da cadeia produtiva da construção têm a expectativa de que cenário comece a mudar a partir do 3º trimestre de 2017

Por: Altair Santos

Construtoras, incorporadoras, fabricantes de equipamentos para a construção civil têm opiniões consensuais quando instigados a fazer projeções sobre a recuperação do mercado brasileiro. Para eles, o crescimento sustentável só será atingido em 2020. “Até lá, a recuperação será lenta. Um crescimento consistente só será sentido em 2020”, diz o consultor econômico Brian Nicholson, após coordenar sondagem junto a alguns setores da cadeia produtiva.

Brian Nicholson: possibilidades de melhorias começam depois do segundo semestre de 2017
Brian Nicholson: possibilidades de melhorias começam depois do segundo semestre de 2017

A expectativa é de que o viés de alta recomece no terceiro trimestre de 2017. Isso porque, 2016 foi pior que as projeções mais pessimistas. “De acordo com o que foi apurado, 2/3 dos empresários da construção civil já começaram o ano pessimistas. Ao longo dos meses, esse ambiente contaminou a todos. Em março, praticamente 100% já previam números piores para 2016 que as projeções apontavam”, afirma Brian Nicholson, que ancorou sua avaliação em estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), intitulado “Cenários para a indústria brasileira de materiais de construção (2016-2025)”.

Baseado na expectativa de confiança dos empresários do setor, e também nos projetos do país para tornar realidade obras de infraestrutura de que o Brasil carece, a FGV estima que o crescimento sustentável da construção civil será alcançado em 2025. A previsão mais otimista da sondagem feita por Brian Nicholson (de que a estabilidade possa ser alcançada em 2020) se deve ao fato de que alguns segmentos avaliam que o processo para destravar empreendimentos como rodovias, portos, aeroportos e ferrovias - principalmente atraindo investidores estrangeiros - possa se dar até 2018.

Lava Jato
No entender dos que opinaram na sondagem realizada pelo consultor econômico, o ano de 2019 seria de amadurecimento dos projetos, a fim de que eles pudessem ser colocados em prática em 2020. Até lá, a cadeia produtiva da construção civil também espera que a operação Lava Jato tenha sido concluída, para que novos parâmetros de licitações para obras públicas sejam definidos. “Há o entendimento de que a Lava Jato trará mudanças comportamentais para o país, valorizando o compliance (cumprimento de normas legais e disciplinas para os negócios) dentro das empresas e nos contratos com o poder público”, relata Brian Nicholson.

Outro sentimento do setor é de que o ajuste fiscal que o governo federal colocou em andamento, e que deve se estender aos governos estaduais, dê fôlego para que obras paralisadas possam ser retomadas a partir de 2017. Recentemente, Brasília anunciou a reativação de 1.600 empreendimentos, entre 5 mil que dependem exclusivamente de investimentos federais. No entanto, estima-se que existam pelo menos mais 8 mil obras interrompidas no país, e que precisam da contrapartida de estados e municípios. A maioria estaria relacionada com o saneamento básico e poderiam movimentar R$ 300 bilhões. “É um segmento que pode atrair Parcerias Público-Privadas (PPPs) e gerar um ambiente positivo a partir do próximo ano”, projeta Brian Nicholson.

Entrevistado
Economista Brian Nicholson, consultor econômico da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração)

Contato
sobratema@sobratema.prg.br

Crédito Foto: Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Abramat e Anamaco apostam no Construcard para 2017

Parceria com a Caixa Econômica Federal vai permitir injeção de R$ 7 bilhões no setor da construção civil, podendo gerar mais de 100 mil empregos

Por: Altair Santos

Para Abramat e Anamaco, 2016 foi mais um ano perdido, assim como já havia sido 2015. Começando a fechar o balanço, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, faz projeção de que a queda de vendas do setor, neste ano, deve fechar em 12%. Na Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), os números também não são nada otimistas. Se em 2015 a queda fechou em 5,8%, para 2016 a expectativa é de 8% negativo. Os dois organismos, no entanto, apostam em nova parceria com a Caixa Econômica Federal – através do Construcard – para alavancar as vendas em 2017.

Assinatura do novo modelo do Construcard, em Brasília: programa é visto como alavanca do setor, para voltar a crescer
Assinatura do novo modelo do Construcard, em Brasília: programa é visto como alavanca do setor, para voltar a crescer

A ferramenta é uma linha de crédito para o mercado de reforma de imóveis e pequenas construções. “Este setor representa mais de 50% das vendas dos materiais de construção. Além disso, o Construcard trará benefícios complementares, como combate à sonegação fiscal, melhor controle na conformidade técnica dos materiais de construção e geração de empregos. Esta parceria também gera um elemento de confiança no setor, neste momento de estresse da economia brasileira”, ressalta Walter Cover, complementado por Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco. “Para cada R$ 1 bilhão que for investido pelo Construcard serão gerados 15 mil empregos diretos na cadeia produtiva da construção civil”, cita, calculando a abertura de 105 mil vagas.

A nova linha de crédito aberta pela Caixa Econômica Federal para o Construcard é de R$ 7 bilhões. “Já existem 400 mil clientes pré-cadastrados no programa e cada um reivindica um empréstimo mínimo de R$ 30 mil, podendo parcelar em até 240 vezes. Mas para o lojista, a vantagem é que o dinheiro é creditado como compra à vista e o Construcard libera esses recursos em até 48 horas”, explica o presidente da Caixa, Gilberto Occhi. A expectativa é de que, das 140 mil lojas de material de construção que operam no país, 100 mil possam aderir ao Construcard. A nova linha de crédito entrou em operação no dia 24 de novembro de 2016. “Como disse, é uma dose de confiança grande para o setor”, reafirma Walter Cover.

Pequenos construtores
No lançamento do programa, Gilberto Occhi deixou claro que a Caixa Econômica Federal pode alavancar a linha de crédito, liberando mais recursos, desde que haja demanda. Abramat e Anamaco também apresentaram uma proposta ao governo federal para que possa reformar os mais de 700 mil prédios públicos espalhados pelo país - segundo levantamento do ministério das Cidades -, a fim de torná-los sustentáveis, sob o ponto de vista do uso racional de água e energia elétrica. “O retorno deste investimento, em termos de economia de consumo de água e de energia, se dá em menos de um ano. Então, sugerimos que a Caixa dê um Construcard para o governo também poder viabilizar essas reformas”, diz Cláudio Conz.

A expectativa dos dois representantes de setores da construção civil (Abramat e Anamaco) é de que os grandes beneficiados pelo Construcard possam ser as pequenas construtoras. Este segmento sofreu uma queda grande de produtividade, a partir do momento em que o programa Minha Casa, Minha Vida reduziu sensivelmente os investimentos. “O importante é que estamos construindo uma agenda positiva para 2017”, destaca Conz. De acordo com estudo da Abramat e da Anamaco, sete obstáculos têm afetado o crescimento da construção civil no país. São eles: juros altos, custos empresariais elevados, endividamento das famílias, baixo investimento governamental, desemprego, queda na renda do assalariado e consumidor receoso. “Precisamos superar essas barreiras”, finaliza Walter Cover.

Entrevistados
Walter Cover, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat)
Cláudio Elias Conz, Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco)
Gilberto Occhi, presidente da caixa Econômica Federal

Contatos
abramat@abramat.org.br
presidencia@anamaco.com.br
imprensa@caixa.gov.br

Crédito Foto: Ana Nascimento/CEF

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Queda de 45% na venda de equipamentos é histórica

Dados da Sobratema mostram que projeções para 2017 estimam retomada de crescimento do setor de máquinas para a construção civil

Por: Altair Santos

O segmento de equipamentos para a construção civil é considerado um dos melhores parâmetros para o setor medir as tendências de crescimento ou de queda no volume de obras em todo o Brasil. A venda de máquinas sinaliza não apenas que existem construções em andamento, mas que há viabilidade econômica para que outros projetos saiam do papel. No entanto, se as vendas caem, o sinal é de retração no mercado. Foi isso o que aconteceu em 2016, com uma queda histórica de 45% no comércio de equipamentos para a construção. “Os números demonstram que houve uma desconstrução da economia brasileira de 2014 para cá”, afirma o presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), Afonso Mamede.

Afonso Mamede, presidente da Sobratema: em 2016, parque de máquinas para construção movimentou apenas 35% da capacidade instalada
Afonso Mamede, presidente da Sobratema: em 2016, parque de máquinas para construção movimentou apenas 35% da capacidade instalada

A retração de 45,1% registrada em 2016 é em comparação a 2015, que também não foi um período bom. No ano passado, foram comercializadas 26,2 mil unidades. Neste ano, estima-se que sejam vendidas 14,4 mil, considerando que o mês de dezembro tradicionalmente é o mais fraco para o fechamento de negócios no setor de máquinas para a construção civil. “Podemos dizer que, desta vez, nem a linha amarela (equipamentos para movimentação de terra) escapou. Em 2014, foram vendidas 30 mil máquinas; em 2015, 12 mil, e, neste ano, não chegaremos a 8 mil unidades”, diz Afonso Mamede. A linha amarela vai fechar 2016 com retração de 36,5% em relação a 2015. Outro número que demonstra o tamanho da crise está no mercado de locação de equipamentos, onde 2/3 do maquinário ficou parado neste ano.

Betoneiras
Entre as máquinas usadas na construção civil, as escavadeiras hidráulicas foram as que tiveram a menor queda nas vendas (21,4%), seguidas de tratores de esteira (24,2%). Já a maior queda foi registrada na venda de rolos compactadores (68,7%). Também teve queda acentuada o comércio de gruas, guindastes, compressores portáteis, plataformas aéreas, manipuladores telescópicos e tratores de pneus, cuja retração chegou a 63% em relação a 2015. Já o segmento de caminhões rodoviários, que inclui betoneiras, centrais de concreto e caminhões para lançamento de concreto teve queda de 51,5% nas vendas. Os números são do estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de equipamentos da Construção, divulgado no começo de novembro, em São Paulo-SP.

Para 2017, o mesmo estudo prevê crescimento lento, que pode variar entre 7% e 10%. “Esses percentuais não minimizam as perdas acumuladas pelo setor, e que vêm desde 2011, mas sinalizam para uma retomada que pode se consolidar ou não, dependendo das ações governamentais, principalmente no que se refere às obras de infraestrutura. Há inúmeros empreendimentos parados, e por fazer. O Brasil carece de estradas, ferrovias, portos e aeroportos. Já é consenso de que essas obras precisam ser viabilizadas. Se o país conseguir destravá-las, seguramente o segmento de equipamentos para a construção civil voltará a crescer”, avalia Afonso Mamede. Segundo o dirigente, o sucesso do setor está diretamente relacionado com as obras públicas, o que explica a forte retração em 2016.

Entrevistado
Engenheiro civil Afonso Mamede, presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção)

Contato
sobratema@sobratema.org.br

Crédito Foto: Cia. Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

“Fator Trump” pode fazer Brasil retomar crescimento

Expectativa é de que ações do presidente eleito dos EUA direcionem investimentos chineses ao país, além de estimular alta nas commodities

Por: Altair Santos

Para 2017, o setor da construção civil no Brasil passa a conviver com mais uma variável que pode influenciar em seu crescimento. Trata-se do “fator Trump”. A vitória do candidato republicano nas eleições dos Estados Unidos é vista como uma incógnita no curto prazo, mas, no médio e no longo prazo, analistas entendem que ela pode ser benéfica. Uma das projeções é que Donald Trump endureça as regras para a China. Neste caso, entende Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), o capital chinês pode vir a procurar o Brasil. “Se os Estados Unidos fecharem portas para a China pode ser favorável ao Brasil, já que o país poderá atrair parte destes investimentos chineses, ainda que a economia brasileira represente apenas 1,5% do PIB mundial”, analisa.

Outra possibilidade é que Trump torne a economia dos Estados Unidos mais aberta às commodities brasileiras. Tradicionalmente, o partido Republicano, quando está no poder, desenvolve um livre comércio mais forte com o Brasil, principalmente na compra de produtos agrícolas. “Acho que as commodities brasileiras podem ganhar mercado nos EUA, o que, indiretamente, é bom para a cadeia produtiva da construção civil, já que o agronegócio tem sido um dos setores que mais investe em obras no país”, complementa Mário Humberto Marques, também vice-presidente da Sobratema. Para o dirigente, Donald Trump promoverá um “freio de arrumação” na economia mundial. “Acho que, desde que ele não cause conflitos internacionais e nem guerras, pode, sim, ser positivo para estimular a economia brasileira e, consequentemente, a construção civil do país”, diz Mário Humberto Marques.

Regras claras
No entanto, o “Fator Trump” terá menor influência na retomada do crescimento da construção civil do que a necessidade do país rever suas próprias regras para atrair investimentos e reativar obras de infraestrutura. “O Brasil usou recursos públicos sem critérios para estimular o crescimento e acabou exaurindo o BNDES. O que o país precisa agora é criar regras adequadas para resolver esses problemas em sua infraestrutura, mas sem artificialismos. São necessários bons projetos e segurança jurídica para atrair investimentos. Quanto menos governo, melhor. O papel do Estado deve ser regular e fiscalizar, e não o de tocar obra”, afirma Mário Humberto Marques. O dirigente da Sobratema avalia que, a partir do momento em que o país fizer essas correções de rota, o capital estrangeiro estará disposto a investir no Brasil. “Eles procuram bons negócios, mas também segurança para seus investimentos”, completa.

A expectativa do setor é de que no primeiro trimestre de 2017 possam ser divulgadas novas licitações para obras, como a ferrovia Transnordestina. Lançado em 2006, o empreendimento deveria ter 1.752 quilômetros, ligando Eliseu Martins, no Piauí, aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. No entanto, apenas 600 quilômetros de ferrovia foram concluídos. Aguarda-se também, para o início do próximo ano, as privatizações dos aeroportos de Salvador-BA, Florianópolis-SC, Fortaleza-CE e Porto Alegre-RS. “Se essas obras atraírem capital estrangeiro será o sinal de que começamos a fazer a lição de casa para voltar a crescer. Daí, tomara que o ‘fator Trump’ também ajude”, diz Eurimilson Daniel.

Entrevistados
Eurimilson Daniel e Mário Humberto Marques, vice-presidentes da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração)

Contato
sobratema@sobratema.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Escaneamento a laser 3D recupera obras com precisão

Tecnologia tem sido usada no restauro de construções icônicas e para resgatar a documentação detalhada da obra, conhecida como as built

Por: Altair Santos

Equipamentos de scanner fabricados exclusivamente para a construção civil têm revolucionado o retrofit de edificações e prédios históricos. O escaneamento permite fazer um diagnóstico preciso das condições das estruturas e, sobretudo, detectar o grau de patologias no concreto. Além disso, possibilita uma documentação detalhada da obra - o as built.

Casa de Vidro: construída nos anos 1950, está em processo de restauração
Casa de Vidro: construída nos anos 1950, está em processo de restauração

Antes da tecnologia laser scanning, que no caso das obras de construção civil atua em parceria com a metodologia BIM, o processo de as built tradicionalmente era manual e, em muitos casos, impreciso. Graças à união destas duas tecnologias, é possível recuperar a forma original dos edifícios, e em um plano 3D.

O diagnóstico torna-se mais preciso se a obra a ser recuperada tiver um as built completo. Essa documentação pode ser feita ao longo de todas as etapas da construção - o que é o ideal -, ao final da execução, para documentar a versão final do que foi construído, incorporando as mudanças ao projeto original, ou posteriormente, em situações onde inexiste documento.

É para estes casos que o escaneamento a laser 3D torna-se imprescindível. No Brasil, a tecnologia está sendo empregada principalmente no restauro arquitetônico de obras icônicas, como a Casa de Vidro, construída nos anos 1950 e projetada pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Localizada no bairro Morumbi, na cidade de São Paulo, a construção passa por um processo de retrofit coordenada por uma equipe de arquitetos da Universidade de Ferrara, na Itália.

Escaneamento da Casa de Vidro: laser capta variações de temperatura dentro das estruturas, facilitando a detecção de patologias
Escaneamento da Casa de Vidro: laser capta variações de temperatura dentro das estruturas, facilitando a detecção de patologias

A mesma tecnologia deverá ser empregada na restauração do MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), também na cidade de São Paulo. A tarefa do escaneamento a laser 3D será mapear a estrutura do prédio, que também tem seu projeto arquitetônico assinado por Lina Bo Bardi, e que é considerado um marco da arquitetura brutalista.

O processo de escaneamento em obras se assemelha ao da tomografia do corpo humano. O retrato tridimensional capta variações de temperatura, pontos de umidade e graus de rugosidade de lajes e pilares dos prédios, gerando tons de cores para cada caso. A precisão, segundo o arquiteto Marcello Balzani, da equipe de restauro da Universidade de Ferrara, é cirúrgica.

Tecnologia para explorar Marte
A tecnologia laser scanning foi desenvolvida pela canadense Optech - companhia especializada na produção de equipamentos para a NASA. O primeiro aparelho foi instalado no sistema embarcado da sonda não-tripulada Phoenix, que pousou em Marte em 2008. A princípio, o objetivo era rastrear terrenos. Em seguida, o escaneamento foi adaptado para realizar levantamentos topográficos. Daí, para o uso na construção civil, foi uma questão de tempo.

O aperfeiçoamento da tecnologia não para. O próximo passo da aplicação do escaneamento a laser na construção civil é vinculá-lo à impressão 3D. A intenção é conseguir reproduzir peças de reposição para restaurar estruturas, fachadas e até elementos de acabamento. A Itália, por causa da rotina de restauros em construções seculares que existem no país, e que devem ser preservadas por lei, é um dos países que lidera esse tipo de pesquisa.

Entrevistado
Arquiteto Marcello Balzani, da equipe de restauro da Universitá degli Studi di Ferrara (Universidade de Ferrara)

Contato
ateneo@pec.unife.it

Crédito Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Não existe sustentabilidade sem obra entregue no prazo

Cumprimento do cronograma depende de fatores que exigem conhecimento e experiência do engenheiro responsável pela gestão do canteiro

Por: Altair Santos

O 1º CONOCC (Congresso Nacional Online sobre Como Construir) reuniu, na segunda semana de novembro de 2016, um grupo de engenheiros civis, arquitetos, advogados especializados na área da construção civil, construtores e incorporadores, a fim de debater a qualidade das obras. Entre os palestrantes, esteve o engenheiro civil Wyllian Capucci, com pós-graduação em tecnologia de sistemas construtivos, e que ressaltou que o que garante a sustentabilidade da obra é o cumprimento do cronograma. “Uma obra que atrasa o cronograma não pode ser chamada de sustentável, pois fica sujeita a vários problemas, desde financeiros até jurídicos”, resume.

Wyllian Capucci: engenheiro de obras deve ter entendimento técnico de todas as fases do empreendimento
Wyllian Capucci: engenheiro de obras deve ter entendimento técnico de todas as fases do empreendimento

Além de influenciar no preço do empreendimento, o prazo impacta em insumos, equipamentos, mão de obra e custos indiretos que dependem do tempo de duração dos trabalhos. Segundo Capucci, existem cinco fatores primordiais para que o cronograma seja realizado dentro do prazo estabelecido. “Um cronograma bem definido deve ter levantamento quantitativo de serviços e materiais, cotações de preços e comparativos com orçamento, metas para fechamento de contrato, controle de execução e contratação de mão de obra qualificada”, afirma, ensinando em sua palestra como chegar aos melhores resultados em cada uma destas etapas.

Capucci defende que a experiência do engenheiro de obras é muito importante para que ele possa fazer a gestão destes cinco pilares que vão garantir o cumprimento do cronograma. No caso do levantamento quantitativo de serviços e materiais, o especialista ressalta que o primeiro passo é procurar conhecer todos os projetos relacionados com o empreendimento. “Quanto mais entendimento técnico do engenheiro de obras, mais ele tem chances de cumprir o cronograma. Outro ponto importante é contemplar no orçamento a contratação de consultores. É melhor que fazer errado, o que gera retrabalho e custa mais dinheiro que o previsto no orçamento, além de ainda estar sujeito a processos judiciais”, explica.

Orçamento deve prever a contratação de consultores, para que erros sejam evitados na obra
Orçamento deve prever a contratação de consultores, para que erros sejam evitados na obra

Controle de execução e mão de obra
Analisados os projetos, e feito o levantamento quantitativo de serviços e materiais, passa-se para uma nova etapa: a cotação de preços e os comparativos com o orçamento. “A antecedência na cotação pode fazer a diferença entre uma boa e uma má execução da obra. Por isso, é importante estabelecer metas para o fechamento de contratos, seja com fornecedores de materiais ou prestadores de serviço”, avisa Wyllian Capucci, que recomenda que todo esse trabalho de cotação e orçamento seja feito, no mínimo, com três meses de antecedência antes da instalação do canteiro. “O ideal são seis meses, pois daí é possível contratar a um custo menor”, completa.

A partir do momento em que a obra entra em andamento, a sustentabilidade de todas as suas etapas vai depender do controle de execução. “O recomendável é conseguir economizar 5% no cronograma de cada etapa, da terraplanagem à fase de acabamento”, diz o engenheiro civil, lembrando que, geralmente, o atraso em uma fase da obra causa efeito-cascata que vai impactar em todas as demais etapas. “Se eu uso concreto autoadensável e não utilizo fôrmas adequadas, isso vai gerar problemas no cronograma”, exemplifica, citando que a qualidade da mão de obra também é fundamental. “Uma mão de obra que pode ser otimizada é muito importante para que um empreendimento comece e termine sem percalços”, finaliza, mostrando que a sustentabilidade de uma obra não passa apenas pelas certificações de prédio verde ou por tecnologias empregadas em sua construção. Tudo começa no cumprimento do cronograma.

Entrevistado
Engenheiro Civil Wyllian Capucci, com pós-graduação em gestão e tecnologia de sistema construtivos na UFSCar

Contatos
wyllian@construtordetalento.com.br
contato@construtordetalento.com.br
www.construtordetalento.com.br

Crédito Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

 


Revisão da ABNT NBR 9062 qualifica pré-moldados

Coordenador da comissão de estudos, engenheiro civil Carlos Eduardo Emrich, fala das alterações mais relevantes na norma técnica

Por: Altair Santos

Está em processo de consulta pública a norma técnica mais importante para estruturas pré-fabricadas de concreto: a ABNT NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. O coordenador da comissão de estudos de revisão é o engenheiro civil Carlos Eduardo Emrich Melo, que na 19ª edição do ENECE (Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural) mostrou como está o andamento de atualização da norma técnica. O objetivo é qualificar as estruturas pré-moldadas de concreto, desde a produção até a montagem, como ele explica na entrevista a seguir:

Carlos Eduardo Emrich: fabricantes, universidades e engenheiros calculistas atuaram na revisão
Carlos Eduardo Emrich: fabricantes, universidades e engenheiros calculistas atuaram na revisão

A ABNT NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado - entrou em processo de revisão. Quais os principais pontos que devem mudar?
A revisão da ABNT NBR 9062 foi muito grande. Basicamente, o conceito da alteração foi o de aumentar a segurança nas estruturas, principalmente na etapa de montagem. O texto foi alterado quase em sua totalidade, onde foram esclarecidos os pontos que antes havia dúvidas ou não eram determinantes. A norma passa a ser um material que orienta o projetista, o fabricante e, principalmente, quem vai receber o pré-moldado, o qual terá mais condições de avaliar o produto que está recebendo. É muito importante para o mercado de pré-moldado que não haja dúvidas do que ele está comprando e recebendo.

A norma é de 2006. De lá para cá, o que mudou em termos de tecnologia do pré-moldado?
A maior alteração de tecnologia foi a definição das ligações semirrígidas entre pilares e vigas. Este tipo de ligação já era abordado pela norma de 2006, mas não existiam parâmetros que definissem como utilizar este conceito. Antes, apenas com ensaios próprios é que se podia determinar como utilizar este tipo de ligação. Agora, depois de um grande trabalho de pesquisa e ensaios em laboratórios, a norma está disponibilizando estes resultados e definindo parâmetros para a elaboração de um cálculo mais refinado e rigoroso.

A norma ainda em vigor se encontra defasada?
Não diria que está defasada, mas ela apresenta muitos pontos que não são abordados. Nesta revisão, entendo que ela ficou muito mais completa. A forma de projetar e executar as estruturas pré-moldadas é a mesma, mas com mais parâmetros e ajustes de pontos que elevam a qualidade e a segurança dos empreendimentos que utilizam esse sistema construtivo.

O senhor esteve recentemente no ENECE explanando sobre a norma. Os engenheiros estruturais entendem que a norma é essencial?
Eu acredito que sim. Com certeza, do público que estava na palestra, 100% entende. O que nos preocupa é o pessoal que não se interessa ou faz questão de seguir fora da norma para reduzir quantitativos e aumentar a margem de um fornecedor (ou do próprio fabricante). Hoje, o risco de uma patologia, se a norma não for seguida a contento, pode gerar muito mais facilmente processos e custos de reparo muito superiores que o custo de seguir os critérios normativos. Não tem mais sentido não utilizar a norma.

No Concrete Show 2016, e também no 58º Congresso Brasileiro do Concreto, do Ibracon, foi mostrado o case do edifício Pátio da Marítima, no Rio, e que investiu em estruturas de aço porque o escritório Foster + Partners disse não ter ficado satisfeito com as estruturas pré-moldadas em concreto fabricadas no Brasil. A revisão da norma pode, digamos, aumentar a precisão das peças para obras emblemáticas?
As estruturas pré-moldadas no Brasil, se realizadas dentro do conceito definido na norma, não são inferiores a outras estruturas pré-fabricadas de outros lugares do mundo. Recebo material da Nova Zelândia, e de outros países, que mostram que nossa pré-fabricação tem um nível muito bom. É claro que, como em todo o mercado, existem empresas de maior ou pior qualidade. Infelizmente, com a crise que estamos passando, o mercado vem diminuindo os preços, o que leva a uma perda de qualidade. Quando uma fábrica é obrigada a dispensar boa parte de sua mão de obra treinada e experiente, após anos de dedicação, é claro que há uma perda de qualidade. A pré-fabricação no Brasil é menos mecanizada que em outros países mais desenvolvidos, em função de custos de investimento em fábrica. Isto acaba, de fato, piorando a qualidade quando há uma situação de demissão de mão de obra qualificada.

Qual a previsão para a publicação da revisão da norma?
A comissão já finalizou os trabalhos. A norma já foi para consulta pública e os votos já foram analisados. Assim, estamos na diagramação do texto para publicação. Todo o trabalho já foi finalizado, e agora é só esperar a publicação, que deve ocorrer este ano ou no início de 2017.

A comissão teve a participação de fabricantes de estruturas pré-moldadas?
Participaram muitos fabricantes, o pessoal das universidades, que muito contribuiu, e engenheiros calculistas.

Houve uma revisão completa, item por item, ou apenas pontos estratégicos da norma?
A revisão foi geral, ou seja, todos os itens da norma foram lidos e discutidos. É claro que a maioria permaneceu inalterada, mas a revisão ocorreu em todos os capítulos e itens do texto.

Peças pré-moldadas de concreto têm sido usadas cada vez mais para erguer torres para turbinas eólicas. A revisão da norma vai contemplar essas estruturas e outras que ainda não existiam quando a norma foi publicada pela primeira vez?
A norma apresenta conceitos de dimensionamento, fabricação e montagem de uma estrutura, que pode ser qualquer uma. A norma não pode impedir os avanços do mercado. Desta forma, ela não trata de um tipo específico de estrutura, mas apresenta parâmetros claros para que qualquer tipo de estrutura possa ser dimensionada, fabricada e montada em estrutura pré-moldada, como no caso, as torres eólicas.

Entrevistado
Engenheiro civil Carlos Eduardo Emrich, coordenador da comissão de estudos de revisão da ABNT NBR 9062

Contatos
carlos.cma@terra.com.br
www.cma.eng.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Túnel ferroviário no Tibete é eleito o melhor do mundo

Obra com quase 33 quilômetros de comprimento foi construída a 3,6 mil metros de altura, por dentro de cordilheira na China

Por: Altair Santos

O novo túnel Guanjiao, cuja construção começou em 2007 e terminou dia 28 de dezembro de 2014, foi eleito o melhor do mundo de 2015, pela International Tunnelling and Underground Space Association (Associação Internacional de Túneis). A premiação está em sua segunda edição e elege sempre as obras finalizadas no ano anterior. Como o Guanjiao foi inaugurado faltando três dias para 2015, entrou no rol de projetos da temporada passada.

Portal de entrada do novo túnel Guanjiao, na China: encravado na cordilheira do Tibete
Portal de entrada do novo túnel Guanjiao, na China: encravado na cordilheira do Tibete

O empreendimento com 32,690 quilômetros de comprimento faz parte do complexo ferroviário que liga as províncias de Xining a Qinghai. O túnel corta a cordilheira do Tibete e os desafios para construí-lo é que garantiram sua eleição entre as obras com custo acima de 500 milhões de euros - o valor em reais foi de 2,480 bilhões. O canteiro para a construção do túnel Guanjiao foi instalado a 3,6 mil metros de altitude.

A geologia das rochas também exigiu que boa parte das escavações fosse por detonação, em vez do uso de TBM (Tunnel Boring Machine) - conhecido no Brasil como “tatuzão”. Houve pouca aplicação de concreto para revestir o túnel, pois ele tem uma hidrogeologia complexa. As escavações mostraram que seria preciso um sistema de drenagem para retirar diariamente 320 mil m³ de água, que vêm do gelo acumulado na cordilheira do Tibete e que acaba derretendo e penetrando na rocha. Por isso, a solução foi revestir o túnel com material polimérico (plástico).

Linha 4 do metrô do Rio
Além do novo túnel Guanjiao, a China ganhou também o prêmio de projeto do ano, concedido à construção da estação Chongqing, que liga duas linhas de metrô na cidade. O desafio da obra é que ela precisou atingir a profundidade de 760 metros para não comprometer as estruturas dos edifícios que estão em seu entorno. A estação está envolvida por grandes elementos de concreto, que alcançam 8,6 metros de largura para poder suportar a sobrecarga do terreno.

Outra obra de metrô eleita pela Associação Internacional de Túneis foi a linha 4 do metrô do Rio - principal complexo de mobilidade urbana para os jogos olímpicos de 2016. A obra ganhou o prêmio de inovação tecnológica, pois durante as escavações foi encontrado um “banco de areia” entre as rochas, o que exigiu o emprego de uma nova geração de tuneladoras, conhecida como EPB. O equipamento é apropriado para escavar terrenos arenosos.

A remodelação da estação Vauxhall do metrô de Londres também foi contemplada, por causa do novo túnel de concreto armado construído para dar acesso aos usuários da linha. Outra obra premiada foi a que envolve o programa de despoluição do rio Emscher, na Alemanha. Um túnel de 47 quilômetros vai captar os resíduos da mineração de carvão - uma das atividades econômicas da região - e conduzir o material a uma estação de tratamento, impedindo que materiais poluentes sejam lançados no rio.

A premiação também escolheu o melhor engenheiro especialista em túneis. Venceu o profissional da Malásia, Derek Eng. Ele concorreu com outros cinco especialistas, entre eles o brasileiro Marlísio Oliveira Cecílio Júnior. Também estavam na disputa Mehdi Bakhshi, dos Estados Unidos; Oh Jinnie e Senthilnath G.T, de Cingapura, e Jiang Chao, da China.

Entrevistado
International Tunnelling and Underground Space Association (Associação Internacional de Túneis) (via departamento de comunicação)

Contatos
awards@ita-aites.org
www.ita-aites.org

Crédito Foto: Divulgação/Governo da China

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Governo federal retoma 1/3 das obras paralisadas

Maioria dos empreendimentos têm orçamento até R$ 10 milhões e está relacionada com saneamento básico, creches e pré-escolas

Por: Altair Santos

O governo federal anunciou dia 7 de novembro de 2016 que vai retomar 1.600 obras que estavam paralisadas. Serão beneficiados 1.071 municípios. A maioria dos empreendimentos envolve saneamento básico (342), creches e pré-escolas (445). São projetos com custo máximo de R$ 10 milhões, e que representam aproximadamente 1/3 das obras paralisadas no Brasil desde o início da recessão, em 2014. Ao todo, são 5.108 obras que tiveram os canteiros abandonados, totalizando R$ 15 bilhões. A interrupção custou 700 mil empregos à construção civil.

Entre as maiores obras que serão retomadas está a ampliação do aeroporto de Londrina
Entre as maiores obras que serão retomadas está a ampliação do aeroporto de Londrina

Para retomar parte destas obras, o governo vai investir R$ 2,073 bilhões e estima gerar 40 mil empregos. O prazo para que os canteiros sejam reativados é de quatro meses, ou seja, março de 2017. A intenção é finalizar a execução dos 1.600 projetos até dezembro de 2018. De acordo com Brasília, o início poderia ser imediato, mas depende de ações dos municípios e dos estados envolvidos. O importante, segundo destaca o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, é que os recursos estão garantidos para recomeçar e terminar as obras.

Todas as unidades da federação serão contempladas. A maior parte, 169 empreendimentos, está na Bahia, seguida por 129 no Rio Grande do Sul e 118 em Pernambuco. As obras reativadas envolvem também a ampliação de três aeroportos regionais nas cidades de Ilhéus-BA, de Marabá-PA e Londrina-PR. No caso do terminal na cidade do norte do Paraná, os investimentos estimados são de R$ 3,74 milhões, com prazo de execução de 285 dias. A reforma inclui a instalação de uma nova sala de embarque, com área de 1,2 mil m².

Governança digital
Uma inovação que vai acompanhar essa retomada de obras é o aplicativo para smartphones, batizado de Desenvolve Brasil. Com a ferramenta, qualquer cidadão terá como fiscalizar a execução das 1,6 mil obras que estavam paralisadas, podendo enviar denúncias, reclamações, sugestões e avaliar os empreendimentos por meio de uma pontuação. “É a primeira experiência efetiva de governança digital e de comprometimento com a transparência em obras públicas”, classifica Eliseu Padilha.

Outra preocupação do governo federal foi selecionar obras que não estivessem com o projeto executivo sob a responsabilidade das empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato. Além disso, de acordo com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, as construtoras que abandonaram alguma das 1.600 obras paralisadas não serão recontratadas. São 567 empreendimentos que se encontram nesta situação. Já os problemas orçamentários e financeiros são responsáveis pela paralisação de 204 empreendimentos, enquanto 604 tiveram impedimentos técnicos, que vão desde projetos inadequados até a falta de resistência do solo.

Além de aeroportos, obras de saneamento básico, creches e escolas, os empreendimentos que serão retomados envolvem também 62 obras de prevenção em áreas de risco, 108 unidades básicas de saúde (UBS) e 16 unidades de pronto-atendimento (UPA). Outros 270 projetos estão relacionados com a urbanização de assentamentos precários e 354 com a recuperação de patrimônios históricos ou construção de obras de infraestrutura turística, como pontes, viadutos e estradas. "Há dotação orçamentária para que todas essas obras sejam retomadas e concluídas”, garante Eliseu Padilha.

Veja aqui a lista das obras que serão retomadas.

Entrevistados
Ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira (via assessoria de imprensa)

Contatos
imprensaccivil@presidencia.gov.br
imprensa@planejamento.gov.br

Crédito Foto: Divulgação/Silvestri Arquitetura

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330