Tijolos produzidos de escombros reconstroem Gaza

Engenheiras reciclam destroços da guerra e usam cinzas pozolânicas para conseguir fabricar blocos de concreto economicamente viáveis

Por: Altair Santos

Majd Mashharawi mostra bloco de concreto produzido com escombros de prédios na Palestina
Majd Mashharawi mostra bloco de concreto produzido com escombros de prédios na Palestina

Duas engenheiras civis graduadas pela Universidade Islâmica de Gaza conseguiram produzir blocos de concreto usando como agregados escombros de alvenaria - resultado de dez anos de guerra -, e cinzas pozolânicas das usinas termelétricas da região. Com isso, reduziram o volume de Cimento Portland por unidade, sem perder características importantes dos blocos, como por exemplo a resistência à compressão. No território da Palestina, o cimento sofre boicote de Israel e, quando não entra contrabandeado, sua importação torna-se muito cara. Por isso, Majd Mashharawi e Rawan Abddllaht se dedicaram por três anos pesquisando um material que permitisse criar tijolos para edifícios construídos em alvenaria estrutural.

O desafio foi encontrar a combinação ideal dos agregados para produzir blocos com resistência mínima de compressão de 5 MPa. “Dos três anos de pesquisa, metade foi consumido para encontrar a resistência ideal. Optamos também por blocos com medida de 39 x 14 x 19 centímetros. Mas foram vários ensaios de compressão. Muitos deles frustrantes, pois achávamos que não iríamos conseguir”, afirma Majd Mashharawi. O esforço valeu à pena. A dupla de engenheiras ganhou em Tóquio o prêmio Japão-Gaza Innovation Challenge (JGIC), organizado pela Agência das Nações Unidas de Socorro e Trabalho para os Refugiados da Palestina (UNRWA).

Cinzas pozolânicas são agregadas ao concreto usado para fabricar os tijolos
Cinzas pozolânicas são agregadas ao concreto usado para fabricar os tijolos

Por causa dos agregados, os blocos são mais leves e com preço 30% menor que os convencionais. Como reutilizam materiais recicláveis também são mais sustentáveis, o que levou as engenheiras a batizá-los de “GreenCakes”. “Há um volume grande de matéria-prima para a produção dos blocos”, diz Rawan Abddllaht. As termelétricas do território palestino produzem 10 mil toneladas de cinza de carvão por semana. Já os escombros fazem parte do dia a dia dos palestinos, após dez anos ininterruptos de guerra. O que faltava era um processo para industrializar os blocos. A dupla de engenheiras viabilizou através de uma campanha de crowdfunding. Assim, conseguiram comprar máquinas usadas e montar uma linha de produção capaz de fabricar 40 mil blocos por dia.

 

Meta é atender 18 mil famílias
O objetivo das engenheiras é conseguir construir prédios para abrigar 18 mil famílias que perderam suas

Campanha de crowdfunding permitiu produção industrial dos blocos
Campanha de crowdfunding permitiu produção industrial dos blocos

casas e vivem em abrigos. A indústria japonesa da construção civil, sensibilizada com o empenho das engenheiras, participou ativamente do crowdfunding, além de ter oferecido cursos de aperfeiçoamento para produção de blocos de concreto a uma equipe que trabalha na fábrica de Majd Mashharawi e Rawan Abddllaht. A ONU, através da UNRWA, também tem encorajado o empreendimento das engenheiras de Gaza. Em junho de 2016, o bloqueio à Palestina - e em especial à área conhecida como Faixa de Gaza - entrou em seu décimo ano, o que causou uma paralisia na economia do território palestino. A taxa de desemprego entre jovens adultos, com idade até 25 anos, é de 61%. Com a fábrica de “GreenCakes”, elas também ajudam a aquecer o mercado de trabalho em Gaza.

 

 

Prédios construídos com os blocos: objetivo é erguer 18 mil unidades em Gaza
Prédios construídos com os blocos: objetivo é erguer 18 mil unidades em Gaza

Entrevistadas
Engenheiras civis Majd Mashharawi e Rawan Abddllaht, pesquisadoras da Universidade Islâmica de Gaza (via departamento de comunicação)

Contato
public@iugaza.edu.ps

Crédito Fotos: Divulgação/Inhabitat

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Concreto biológico faz “simbiose” com paredes vivas

Material criado na Universidade Politécnica da Catalunha absorve CO2, acelera fotossíntese das plantas e minimiza patologias no revestimento

Por: Altair Santos

A Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, divulgou no final de 2016 os resultados de uma pesquisa que tende a mudar o conceito de paredes verdes – aquelas que recebem vegetação. Convencionalmente, essas fachadas precisam de estruturas de suporte, que acabam criando tensões extras na edificação, além de exigir manutenção constante. Não raramente, as paredes vivas desencadeiam patologias causadas pelo acúmulo de umidade. Com o material inventado na universidade catalã, batizado de concreto biológico, organismos como líquenes, musgos e algas podem se desenvolver diretamente na fachada.

Simulação mostra fachada do centro cultural aeronáutico de Barcelona revestido com concreto biológico
Simulação mostra fachada do centro cultural aeronáutico de Barcelona revestido com concreto biológico

Os pesquisadores chegaram ao concreto biológico usando dois tipos de cimento: Cimento Portland ligeiramente modificado para atingir o pH 8 e cimento de fosfato de magnésio. “A inovação deste concreto é que ele se comporta como um suporte biológico natural para o crescimento e desenvolvimento de certos organismos vivos, como microalgas, fungos, líquenes e musgos. Constatamos também que ele acelera a fotossíntese das plantas, aprisionando o CO2 e promovendo uma simbiose com as paredes vivas”, relata a equipe de engenheiros e biólogos, formada por Antonio Aguado, Ignacio Segura e Sandra Manso.

Uma empresa espanhola associou-se aos pesquisadores para produzir painéis arquitetônicos para uso em fachadas de edifícios ou no mobiliário urbano. O produto, que deve chegar ao mercado em 2017, tem superfície porosa e rugosa. Além disso, é composto por três camadas. A mais interna atua como um selante, impedindo a passagem da umidade para as estruturas da edificação. A do meio é onde o concreto biológico age, permitindo o desenvolvimento das raízes das plantas. Já a camada mais externa funciona como impermeabilizante e isolante térmico, devido à “simbiose” com os organismos vivos.

Pintura viva

Pesquisadores Antonio Aguado, Ignacio Segura e Sandra Manso mostram painéis construídos com concreto biológico
Pesquisadores Antonio Aguado, Ignacio Segura e Sandra Manso mostram painéis construídos com concreto biológico

Segundo a bióloga Sandra Manso, as fachadas fabricadas com concreto biológico se comportam como pinturas vivas. “Nas estações mais quentes (verão e primavera) os organismos deixam as paredes mais verdes. Já nos períodos mais frios (outono e inverno) as fachadas ganham um tom amarelado”, diz. A pesquisadora lembra ainda que o bom desempenho do concreto biológico está diretamente relacionado com temperaturas mais amenas. Em regiões onde o inverno é extremamente rigoroso, seu uso não é recomendado. “Os organismos vivos que se adaptam ao concreto biológico não suportam baixas temperaturas por muito tempo”, completa.

O concreto biológico não pode ser usado para a construção de estruturas. Sua primeira aplicação prática será no centro cultural aeronáutico El Prat de Llobregat, em Barcelona, cujos painéis arquitetônicos convencionais serão trocados por painéis à base do material desenvolvido na Universidade Politécnica da Catalunha. Além disso, recentemente a Universidade de Ghent, na Bélgica, se associou à pesquisa para ver se plantas mais resistentes ao frio se adaptam às fachadas fabricadas com concreto biológico. Os estudos para o desenvolvimento do produto começaram em 2012.

Entrevistados
Antonio Aguado, Ignacio Segura e Sandra Manso, pesquisadores do departamento de engenharia da construção da Universidade Politécnica da Catalunha (via departamento de imprensa)

Contatos
antonio.aguado@upc.edu
ignacio.segura@upc.edu
sandra.manso@upc.edu

Crédito Fotos: Divulgação/UPC

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Reforço em concreto permite recuperação da Hercílio Luz

Ponte pênsil em Florianópolis-SC recebe estrutura provisória, e que está sustentada por 16 pilares encravados a 30 metros de profundidade

Por: Altair Santos

A ponte Hercílio Luz, em Florianópolis-SC, está exigindo o emprego de tecnologias desenvolvidas nos Estados Unidos para a recuperação de pontes pênseis. Para que as obras pudessem avançar, foi preciso construir uma estrutura auxiliar que suportasse o vão central da Hercílio Luz. Essa etapa - a mais complexa - está sustentada sob pilares submersos, que receberam concreto com aditivos especiais, a fim de atingir a resistência exigida no projeto. O material foi bombeado a 30 metros abaixo do nível do mar e outros 7,5 metros para penetrar nas perfurações feitas nas rochas submersas.

Após etapa para sustentar a ponte, operários trabalham na substituição das armaduras metálicas
Após etapa para sustentar a ponte, operários trabalham na substituição das armaduras metálicas

A operação teve a consultoria técnica da American Bridge, construtora norte-americana que projetou e executou a ponte original, inaugurada em 13 de maio de 1926. A concretagem dos pilares e a instalação dos blocos pré-moldados sobre as estacas consumiram 9 mil m³ de concreto. A estrutura funciona como uma “mesa” para sustentar a armação metálica provisória, projetada para suportar as cargas do vão central durante a restauração. Toda essa operação foi concluída em 2015 e ficou a cargo do consórcio Florianópolis Monumento (formado pelas construtoras CSA Group e Espaço Aberto).

Já a etapa de reconstrução da estrutura pênsil foi entregue ao Grupo Teixeira Duarte (EMPA) e à RMG Engenharia. Nesta fase, 54 macacos hidráulicos foram instalados nas duas torres da ponte, para suspendê-las e permitir a recuperação e o reforço das fundações antigas da Hercílio Luz, construídas com concreto ciclópico. Os maciços receberão encamisamento de concreto armado e novas estacas para suportar as torres. Segundo inspeção realizada pelos engenheiros Hermes Carvalho e Francisco Carlos Rodrigues, do departamento de engenharia de estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as patologias eram tantas que praticamente terá de ser reconstruída uma nova ponte.

Boa parte da estrutura original da ponte será trocada
Boa parte da estrutura original da ponte será trocada

Patrimônio histórico

Também serão feitas as substituições das barras de olhal e pendurais, dos aparelhos de apoio e selas das torres e do tabuleiro do vão pênsil. Quando todas essas operações tiverem sido concluídas, haverá a desmontagem da estrutura provisória. A expectativa é de que a ponte seja reaberta para o tráfego no primeiro semestre de 2018. O custo da recuperação está orçado em R$ 262,9 milhões, bancado com recursos do governo de Santa Catarina, da prefeitura de Florianópolis e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Sairia mais barato construir uma ponte nova, mas a Hercílio Luz é tombada pelo patrimônio histórico nacional, o que obriga a sua perpetuidade.

Construída há 90 anos, a Hercílio Luz está interditada para o tráfego de veículos desde 1982. A partir de 1991, seu acesso foi proibido também para pedestres. O motivo: deterioração de suas estruturas metálicas, por falta de manutenção, segundo laudo técnico do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Com a recuperação da ponte, o Deinfra-SC assegura que ela poderá receber 40% do fluxo diário de veículos (leves e pesados) que faz o trajeto continente-ilha-continente, desafogando o trânsito na única ponte que hoje liga Florianópolis e São José. A Hercílio Luz tem extensão total de 821,005 metros, com vão central pênsil de 339,471 metros, a 30,86 metros do nível do mar.

Pilares de concreto encravados sustentam a estrutura que permite reformar a Hercílio Luz
Pilares de concreto encravados sustentam a estrutura que permite reformar a Hercílio Luz

Veja vídeo sobre a restauração da Hercílio Luz:

Entrevistados
- Departamento Estadual de Infraestruturas de Santa Catarina (Deinfra-SC)
- EMPA (Grupo Teixeira Duarte)
- RMG Engenharia
- Engenheiros civis Hermes Carvalho e Francisco Carlos Rodrigues, pesquisadores do Departamento de Engenharia de Estruturas da UFMG

Contatos
suprelitoral@deinfra.sc.gov.br
rmg@rmg.com.br
hermes@dees.ufmg.br
francisco@dees.ufmg.br

Créditos Fotos: Divulgação e James Tavares/Secom

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Vender na crise requer resiliência (Podcast)

Mário Rodrigues, palestrante e diretor do Instituto Brasileiro de Vendas, aponta caminhos para que empresas mantenham negócios aquecidos

Por: Altair Santos

Mário Rodrigues: vendedor é como atleta, tem que estar em constante treinamento
Mário Rodrigues: vendedor é como atleta, tem que estar em constante treinamento

Entrevistado
Mário Rodrigues tem formação em comunicação social, pós-graduado em administração pela FGV-SP (CEAG) e MBA em marketing na ESPM-SP. Possui mais de 15 anos de experiência como vendedor, gestor e diretor de vendas, em companhias nacionais e multinacionais. É diretor do Instituto Brasileiro de Vendas.

Contato
contato@ibvendas.com.br
imprensa@ibvendas.com.br
www.ibvendas.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Clique no player abaixo e ouça a entrevista na íntegra.


Obra que prevê vida útil e manutenções respeita cliente

Materiais especificados para construção devem atender requisitos de durabilidade e possuir dados sobre desempenho, alerta especialista

Por: Altair Santos

A indústria da construção civil tem migrado de processos tipicamente artesanais para sistemas industrializados, racionalizados e sustentáveis. Edificações de grande porte já aderiram a essa realidade, mas as construções de casas ainda não. Essa guinada, no entanto, requer planejamento. Não basta considerar apenas o custo construtivo da obra, mas analisar toda a vida útil da edificação. Por isso, é fundamental ter projetos estruturais, elétricos e hidráulicos muito bem descritos. O emprego de novas tecnologias também é importante, principalmente no que se refere ao uso de materiais que garantam durabilidade à obra, como explica o professor de engenharia civil da Universidade de Franca, no estado de São Paulo (UNIFRAN), Glauco Fabrício Bianchini, na entrevista a seguir. Confira:

Glauco Fabrício Bianchini: nunca o custo-benefício deve prevalecer à qualidade da obra
Glauco Fabrício Bianchini: nunca o custo-benefício deve prevalecer à qualidade da obra

Na elaboração de um projeto não se deve apenas considerar o custo construtivo da obra, mas analisar toda a vida útil da edificação, seu processo de manutenção e a reposição de materiais. De que forma se faz isso?
Durante a fase de planejamento e projeto, os profissionais envolvidos devem levar em conta a durabilidade dos sistemas, ou seja, considerar a capacidade da edificação e dos sistemas de desempenhar suas funções ao longo do tempo, sob condições de uso e manutenções. Os materiais especificados para a construção devem atender aos requisitos de durabilidade projetada e possuir dados sobre o seu desempenho ao longo do tempo. Esses dados são essenciais para a determinação das manutenções periódicas, que devem estar previstas no manual de uso, operação e manutenção (manual do proprietário). Toda edificação deve passar pelo processo de manutenção, recuperando parcialmente a perda de desempenho resultante da degradação pelo uso ou exposição às intempéries.

A previsão de manutenções de uma edificação já deve estar contemplada no projeto?
Toda edificação é composta por sistemas funcionais, como fundação, estrutura, instalações elétricas, hidrossanitárias e cobertura. Todos esses sistemas são essenciais para o completo funcionamento e necessitam estar devidamente planejados e projetados para seu perfeito funcionamento. Sem o devido processo de manutenção, a vida útil fica comprometida, tornando o desempenho destes sistemas abaixo do requerido. Como exemplo, pode-se citar a deterioração das peças de madeira, que estão sujeitas a ataques biológicos e ação do fogo. A correta manutenção aumenta a resistência da madeira e prolonga a vida útil. Outro exemplo - inclusive descrito na Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575-1/2013) - diz respeito ao revestimento de fachada em argamassa pintado, que pode ser projetado para uma vida útil de 25 anos. Isso, desde que a pintura seja refeita a cada 5 anos. Caso o usuário não realize a manutenção prevista, a vida útil do revestimento pode ser comprometida, desencadeando o surgimento de patologias.

Observar a análise de ciclo de vida dos materiais, mais do que os valores, traz que tipo de benefícios à obra e minimiza que tipo de impactos?
Ao projetar um imóvel, que é de alto valor unitário e muitas vezes de aquisição única, não se pode deixar o custo inicial prevalecer em detrimento do custo global e da durabilidade da edificação. Caso contrário está prejudicando o usuário.
Esse conceito vale para todo tipo de construção?
Todas as construções possuem suas particularidades e destinações, cabendo ao profissional responsável pelo planejamento e projeto a correta determinação dos materiais e manutenções durante a vida útil da construção.

A qualidade de insumos como brita, areia e cimento entra no conceito da pergunta acima?
Todos os materiais utilizados durante a execução da obra devem ser caracterizados pelos profissionais. Areias e britas devem ser devidamente ensaiadas por laboratórios para atendimentos das características pedidas e os cimentos devem ser corretamente utilizados de acordo com as especificações de projeto. No caso dos cimentos, estes devem ser especificados de acordo com as necessidades e a classe de resistência (MPa).

O surgimento de novas tecnologias e materiais está transformando a forma de construir. Entre elas, qual o senhor destacaria como a mais transformadora?
A utilização de materiais poliméricos nos sistemas funcionais e a substituição da madeira por compostos poliméricos de madeira (WPC). Esses materiais, por serem industrializados, podem se moldar facilmente à exigência dos projetistas, podendo alterar suas características físicas e mecânicas de acordo com as necessidades. Como exemplo, o aumento da resistência ao fogo, aumento da resistência a carregamentos sem modificações de dimensões externas e diminuição das variações dimensionais quando submetidos a variações de temperatura.
N.R: nesta pergunta, colaborou com a resposta o professor Carlos do Amaral Razzino, da UNESP.

Dentro do conceito de planejamento da obra e qualidade dos materiais, quais cuidados deve haver com a mão de obra?
Deve-se garantir que a mão de obra utilizada seja qualificada para lidar com os materiais e tecnologias utilizados na construção. A mão de obra contratada deve ter experiência na utilização da tecnologia a ser empregada, estar treinada e em constante atualização e aprendizagem. Buscar referências sobre serviços executados e conversar com outros proprietários sobre o andamento de suas obras também fornecem informações importantes. Quando a mão de obra for de responsabilidade do profissional executor da obra, este deve fornecer garantias das qualidades dos serviços prestados.

No que a normalização, revisão de normas e, em especial, a Norma de Desempenho, contribuem para que práticas como projeto, planejamento, ciclo de vida dos materiais e qualidade da mão de obra se disseminem na construção civil brasileira?
A ABNT NBR 15575-1/2013 fornece para os profissionais do setor meios de se mensurar o desempenho dos sistemas funcionais e estabelecer padrões mínimos aceitáveis de desempenho. Para essa mensuração, são estabelecidos métodos de ensaios que auxiliam a indústria da construção civil a desenvolver métodos, equipamentos e materiais para atendimento das exigências. Com essas medidas, o consumidor passa a ser o maior beneficiário, após a entrada em vigor da norma. Cabe ressaltar que a Norma de Desempenho oferece subsídios gerais para essas avaliações, porém, assim como toda norma, não pode ser utilizada de maneira individualizada, precisando ser complementada por outras normas – muitas vezes normas internacionais.

Entrevistados
- Engenheiro civil Glauco Fabrício Bianchini, mestre pela UFSCar e professor da UNIFRAN (universidade de Franca), em São Paulo
- Engenheiro civil Carlos do Amaral Razzino, professor-doutor da UNESP, em Bauru-SP

Contato
glauco.bianchini@unifran.edu.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Engenharia de demolição: como se especializar?

No Brasil, boa parte adquire conhecimento na prática. No entanto, a construção industrializada está exigindo outro tipo de especialização

Por: Altair Santos

A demolição de edificações é, também, um ramo da construção civil. No Brasil, a demanda não é tão intensa como em países com poucas áreas para construção e que precisam pôr abaixo antigas edificações para erguer novos arranha-céus. No Japão, por exemplo, uma nova lei de zoneamento e controle das edificações determina que prédios com mais de 100 metros de altura tenham vida útil máxima de 35 anos. Depois, podem ser demolidos. É uma forma de abrir espaço para novas edificações. Porém, para pôr abaixo uma construção é preciso conhecimento técnico.

Demolição exige projeto e o envolvimento de mão de obra especializada
Demolição exige projeto e o envolvimento de mão de obra especializada

No Brasil, a especialização em engenharia de demolição ainda requer que se busque conhecimento fora do país ou através da prática do dia a dia. Um exemplo é o engenheiro civil Celso Messe, que atua no ramo de demolição há 40 anos. “Eu e quase todos os engenheiros que atuam na área de demolição no Brasil aprenderam na prática. Não existe uma formação específica no país. Quem buscou especialização teve que ir para fora. Nos Estados Unidos existem bons cursos sobre demolição de edifícios e estruturas de concreto. Mas aqui no Brasil ainda não temos esta cultura”, afirma.

A construção industrializada e a reciclagem de materiais têm causado mudanças nos procedimentos da engenharia de demolição. No caso de peças pré-fabricadas, elas podem ser desmontadas e montadas em outro local. Outros materiais que possuem bom mercado entre os reciclados são madeira, plástico, vidro e gesso. Os tijolos cerâmicos também têm boa aceitação, mas o preço do milheiro é praticamente o mesmo do milheiro de tijolos novos. Os que mais se interessam por esse produto são os arquitetos de interior. Já a alvenaria de demolição ainda não possui um mercado consolidado no Brasil.

Demolir requer projeto

Celso Messe: quem busca especialização em engenharia de demolição tem que ir para fora do país
Celso Messe: quem busca especialização em engenharia de demolição tem que ir para fora do país

Por dois motivos: requer investimento em equipamentos que já fazem a separação dos materiais, como as ferragens, além de mão de obra especializada e local adequado para armazenamento. Segundo as empresas de demolição no Brasil, isso encarece a reciclagem e não permite preços competitivos. “Hoje, numa demolição, no máximo 40% do material é reaproveitado. Poderia ser muito mais. Mas o resto vira entulho. Seguramente, em países com engenharia de demolição mais evoluída, a reciclagem é muito maior. Não tenho um percentual exato, mas eles reaproveitam muito mais do que aqui”, diz Celso Messe.

O engenheiro civil explica que, assim como a construção, a demolição também precisa de um projeto. “A construção começa de baixo para cima, e a demolição é o contrário: de cima para baixo. Ela é mais complexa, mais perigosa e exige planejamento”, alerta. O projeto deve estar aos cuidados de um engenheiro civil e se houver material para ser reciclado é interessante também ter um arquiteto na equipe. Quando envolve implosão, a equipe requer a participação de mais especialistas. “No mobiliário urbano é raro ocorrer uma implosão. No Brasil, esse procedimento é mais usado na demolição de pontes”, explica Celso Messe.

Entrevistado
Engenheiro civil Celso Messe, diretor da Messe Engenharia e da Demolidora Pinheirinho

Contato
celso@messeengenharia.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Concreto entra em casa pelas mãos do artesanato

Material oferece releitura para objetos de decoração, ganha adesão de arquitetos e também do público fã do “faça você mesmo”

Por: Altair Santos

Luminária de concreto substitui materiais tradicionais na decoração de interior
Luminária de concreto substitui materiais tradicionais na decoração de interior

Caixas para presente, vasos, casinhas para pets, tampos para mesas, abajures, luminárias, porta-retratos... Esses itens de decoração estão ganhando uma releitura, através do concreto. O uso do material ganha adeptos entre os fãs do “faça você mesmo” (do-it-yourself). As peças criadas usam fôrmas criativas, como as feitas com peças de Lego, e utilizam concreto não-estrutural. São a prova de que a versatilidade dos artefatos à base de cimento ajuda a reinventar objetos.

Esses elementos artesanais vêm ganhando adesão dos arquitetos de interior, por possibilitar várias opções geométricas e por dar novo estilo não somente a peças decorativas, mas a utensílios que são usados no dia a dia de uma casa – incluindo aqueles indispensáveis na cozinha, como escorredores de prato, tampos para pias, suportes para acomodar temperos e banquetas.

Para o designer e arquiteto norte-americano Ben Uyeda, que dissemina a ideia de produzir objetos a partir do concreto, o objetivo é mostrar que a decoração pode ser acessível e sustentável. Professor da Universidade de Northeastern, Uyeda explica que a opção pelo concreto nasceu do desejo de construir objetos que atendessem cinco requisitos básicos: ser acessível, ser durável, ser barato, ser reciclável e ser despojado. “O concreto resume este conjunto de ideias”, afirma.

Vaso de concreto: serve tanto para ambientes internos quanto externos
Vaso de concreto: serve tanto para ambientes internos quanto externos

O designer-arquiteto, que largou um bem-sucedido escritório de arquitetura nos Estados Unidos para se dedicar a esse projeto, avalia que o conceito não é apenas introduzir ideias sobre a aquisição de objetos, mas ensinar a gerenciar recursos. “Mostramos que objetos robustos, feitos a partir de concreto e madeira reciclável podem durar mais e custar mais barato que os artefatos que utilizam plástico, por exemplo”, garante.

Em seus projetos de decoração, Ben Uyeda não para de criar. “Esse é o desafio: sempre ter ideias novas. É também importante deixar claro o conceito artesanal. Quando uso o concreto como base para boa parte dos objetos, quero também passar a mensagem de que aquela criação não vai ficar pronta em minutos ou horas. O resultado vem após dias, semanas. O que quero é inspirar e incentivar as pessoas a criar”, diz.

 

Casinha para pet: versatilidade do concreto reinventa objetos
Casinha para pet: versatilidade do concreto reinventa objetos

Ao ensinar a fabricar objetos através de um canal no Youtube batizado de HomeMadeModern, Ben Uyeda passou a integrar um programa global chamado de TEDx. A organização tem como missão a seguinte frase: “Ideias que valem a pena divulgar". Através de palestras que acontecem em todo o mundo, a TEDx divulga boas práticas que ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Veja alguns objetos feitos com criatividade e concreto:
www.youtube.com/user/HomeMadeModern

 

 

 

Entrevistado
Designer-arquiteto Ben Uyeda, criador do HomeMadeModern

Contatos
info@homemade-modern.com
@benuyeda

Crédito Fotos: Youtube

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Prédio com fachada de vidro terá que proteger pássaros

Estados Unidos trabalham em certificação que busca minimizar acidentes, os quais matam, por ano, cerca de 750 milhões de aves

Por: Altair Santos

O US Green Building Council (USGBC), principal certificadora de prédios verdes do mundo, vai criar um selo específico para edifícios com fachadas envidraçadas. O objetivo é minimizar a mortandade de pássaros que se chocam contra os vidros - principalmente os espelhados, que refletem imagens e desorientam as aves, causando colisões fatais. Dados apresentados pela US Fish and Wildlife Service (agência governamental dos Estados Unidos de proteção aos animais) revelam que no mundo morrem cerca de 750 milhões de aves por ano, por causa de acidentes contra fachadas envidraçadas.

Fachadas envidraçadas induzem aves a voos suicidas
Fachadas envidraçadas induzem aves a voos suicidas

Nos EUA, onde as estatísticas são mais acentuadas - 40% dos números globais, segundo a US Fish and Wildlife Service -, alguns edifícios têm equipes próprias para resgatar aves acidentadas ou recolher as que morrem e caem nas áreas do entorno dos prédios. No país, ONGs de proteção aos animais também se associaram à USGBC para ajudar a elaborar a certificação para prédios envidraçados. Além disso, dentro do Bronx Zoo, em Nova York, foi construído um centro de pesquisa, a fim de estudar o que causa a desorientação das aves quando elas se aproximam de fachadas envidraçadas.

Os primeiros requisitos para a certificação, que deve entrar em vigor ainda em 2017, já estão definidos. A classificação segue um padrão estabelecido de acordo com a capacidade de reflexão. Fachadas com fator de ameaça igual ou inferior a 15 não precisarão se submeter à certificação. Neste caso, significa que o vidro permite aos pássaros distinguirem o ambiente interno da edificação do ambiente externo. De acordo com a certificação, quanto maior o fator de reflexão, mais risco ele oferece às aves. A USGBC definiu o fator 75 como o topo da escala e, portanto, o mais perigoso.

O estudo desenvolvido no centro de pesquisa do Bronx Zoo também detectou que a maioria das colisões de aves com paredes envidraçadas se dá na faixa de 10 metros a 20 metros de altura, em relação ao solo. Significa que os primeiros 10 pavimentos de um edifício oferecem mais risco aos pássaros que os andares mais elevados. A certificação vai propor que vidros menos reflexivos sejam utilizados pelo menos até o oitavo andar de cada edificação.

Película anticolisão

Película desenvolvida na Universidade de Smith: opaco e com listras, material previne contra colisões
Película desenvolvida na Universidade de Smith: opaco e com listras, material previne contra colisões

A pesquisa concluiu que as aves costumam colidir quando realizam voos rasantes em busca de alimento. Ao ver a imagem refletida, elas a confundem com um rival pela caça e vão de encontro à fachada. Como não têm noção de que o vidro é um material sólido, se chocam e acabam morrendo ou se ferindo. As colisões também acontecem quando as aves iniciam o procedimento de voo, seja partindo de árvores ou do chão. Ao verem o céu refletido na fachada do edifício, elas não identificam a imagem como um obstáculo e acabam batendo contra a parede envidraçada.

Paralelamente aos estudos desenvolvidos para a certificação do USGBC, o Instituto de Engenharia da Universidade de Smith produziu uma película para aplicar sobre as fachadas de vidro, cujos resultados conseguiram reduzir em 90% os choques de aves contra os prédios do campus localizado em Massachusetts, nos Estados Unidos. O material é mais opaco e possui listras verticais a cada 10 centímetros, o que permite que os pássaros interpretem como um obstáculo e evitem o choque contra as paredes envidraçadas. “Foi uma solução que minimizou muito os acidentes no campus”, diz Gary Hartwell, gerente de projetos da Universidade de Smith. A película foi patenteada e já está em produção para ser comercializada nos EUA.

Veja vídeo que mostra ave colidindo contra fachada de vidro

Entrevistados
US Green Building Council (USGBC) (via assessoria de imprensa)
Gary Hartwell, gerente de projetos da Universidade de Smith-EUA (via departamento de comunicação)

Contatos
info@usgbc.org
facmgmnt@smith.edu

Crédito Fotos: USGBC e Smith.edu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Shopping em terreno pequeno é a obra de 2016

Empreendimento construído em São Paulo usou elementos pré-fabricados de concreto, cuja complexidade superou estruturas das Olimpíadas do Rio

Por: Altair Santos

O shopping Morumbi Town, na cidade de São Paulo-SP, foi o vencedor do Prêmio Obra do Ano em pré-fabricados de concreto, que desde 2011 é concedido pela ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto). O empreendimento tem 30.800 m² e impôs desafios, tanto no contexto de engenheira quanto no de arquitetura e de logística. A construção está situada em um terreno pequeno, com grande movimentação de veículos e pessoas, o que exigiu planejamento minucioso e preciso para a montagem das estruturas.

Projeto estrutural do Morumbi Town: elementos pré-fabricados consumiram 6.076,72 m³ de concreto
Projeto estrutural do Morumbi Town: elementos pré-fabricados consumiram 6.076,72 m³ de concreto

O projeto estrutural das lajes e dos painéis é de Marcelo Cuadrado Marin, já o projeto estrutural dos pilares e das vigas ficou sob a responsabilidade do engenheiro Cesar Pereira Lopes. O fornecimento das estruturas de pré-fabricado de concreto ficou a cargo da Leonardi Construção Industrializada. O volume de concreto usado para produzir os elementos pré-fabricados chegou a 6.076,72 m³, para um edifício com 11 pavimentos e 38 metros de altura. A equipe técnica conseguiu desenvolver peças esbeltas com 80 MPa. Com isso, obteve significativa redução de seções na estrutura e também na seção das lajes, favorecendo o transporte.

Outro desafio foi o desenvolvimento de fachadas arquitetônicas, através de painéis de concreto com alto relevo. Eles se apóiam em estruturas metálicas, que se sobressaem para produzir efeito de sombreamento e volume. Quanto à sustentabilidade, além de muitos metros quadrados de iluminação natural foram projetadas paredes vivas com cinco tipos diferentes de plantas. O uso da vegetação, além de tornar a construção mais amigável ao meio ambiente, ajuda no desempenho térmico da edificação. “O elemento natural gera benefícios ao local, amenizando a radiação solar, graças ao sombreamento”, explica o engenheiro Cesar Pereira Lopes.

Obras da Rio 2016

Morumbi Town: prédio tem altura de 38 metros e exigiu logística para o transporte das peças
Morumbi Town: prédio tem altura de 38 metros e exigiu logística para o transporte das peças

O Morumbi Town concorreu com duas obras construídas para os Jogos Olímpicos Rio 2016: o Centro Olímpico de Tênis, que teve projeto estrutural de Charles J.R Hipólito e Antonio Monteiro, e projeto arquitetônico de Miriam Haddad Sayeg, e as arenas Carioca 1, 2 e 3, cujo projeto arquitetônico é de Celso Girafa e o projeto estrutural de João Luis Casagrande. Também foi conferida menção honrosa a outros dois empreendimentos que se destacaram no uso de estruturas pré-fabricadas de concreto: a Escola Senai São Caetano do Sul, no ABC paulista, e o shopping Carapicuíba, no interior de São Paulo.

Segundo Íria Doniak, presidente-executiva da ABCIC, o prêmio reconhece o empenho e a dedicação de todas as empresas e profissionais envolvidos com a construção industrializada de concreto. “Os projetos inscritos em diversos segmentos mostram a versatilidade dessa solução de engenharia, além de demonstrar o avanço tecnológico do segmento e sua importância em termos de técnica, qualidade, sustentabilidade, produtividade e cumprimento de prazos ousados”, disse. A premiação aconteceu dia 1º de dezembro, reunindo empresários, profissionais da indústria de pré-fabricados, engenheiros, arquitetos, representantes de entidades setoriais e de instituições governamentais de todo o país.

Entrevistados
- Engenheira civil Íria Doniak, presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) (via assessoria de imprensa)
- Equipe técnica da Leonardi Construção Industrializada (via assessoria de imprensa)

Contatos
abcic@abcic.org.br
atendimento@leonardi.com.br

Crédito Fotos: Leonardi Construção Industrializada

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

CAU terá primeira sede própria, e sustentável

Entre 210 projetos, venceu o que soube usar modernas tecnologias construtivas em prol do conforto e do baixo consumo energético

Por: Altair Santos

Para comemorar seis anos, o CAU (Conselho de Arquitetos e Urbanistas) apresentou recentemente o projeto de sua nova sede, que será construída em Brasília. O prédio vai dividir espaço com o IAB-DF (Instituto de Arquitetos do Brasil, regional Brasília). Com área útil de 5 mil m², a edificação vai custar R$ 14 milhões.

 Projeto da nova sede do CAU explora luminosidade e ventilação natural, além da energia renovável
Projeto da nova sede do CAU explora luminosidade e ventilação natural, além da energia renovável

Houve um concurso público para a escolha do projeto e o vencedor foi o assinado pelo São Paulo Arquitetos, e liderado pela arquiteta e urbanista Taís Cristina da Silva. Segundo a comissão julgadora, o projeto destacou-se pela “imagem forte e austera, com uma grande praça lateral de transição e convívio, e pela clareza na espacialização”. A arquiteta já venceu concursos para construir o centro judiciário de Curitiba, o aeroporto de Florianópolis e o teatro de Natal.

O concurso para a nova sede nacional do CAU teve 210 projetos concorrentes. “Nunca vi um concurso com tantas colaborações como este. Quero agradecer a todos os concorrentes por terem se disposto a oferecer essa contribuição para a primeira sede”, afirmou o presidente do conselho, Haroldo Pinheiro. “Tivemos uma diversidade muito grande de projetos. Mais uma vez o concurso se mostra a melhor forma de contratação de um projeto de arquitetura e urbanismo”, completa Igor Campos, coordenador do concurso.

Criado por decreto presidencial em 31 de dezembro de 2010, o Conselho de Arquitetos do Brasil lançou um livro com a sinopse dos 210 projetos que foram submetidos ao júri do concurso. Além disso, a obra traz dois projetos antigos e originais para a sede do IAB-DF. O primeiro deles, feito por Oscar Niemeyer na década de 1960; o outro, do arquiteto Aleixo Furtado, vencedor do primeiro concurso para a sede do IAB-DF, realizado em 1979. Nenhum dos dois projetos foi levado à frente.

Prédio verde
Na nova sede do CAU, metade da área será em subsolo e destinada exclusivamente a estacionamento, departamentos técnicos e prumadas de circulação vertical. Os demais pavimentos terão estrutura mista (concreto e aço) com fachada em vidro e amplos brises para ajudar na circulação do ar. Internamente, o prédio conta com vãos amplos, fundamentais no desempenho térmico da edificação.

O projeto atende aos conceitos de prédio sustentável e terá um telhado verde, além de placas fotovoltaicas instaladas na cobertura. O reuso da água também foi contemplado. O objetivo é permitir que pelo menos 15% da energia consumida à noite no edifício tenha origem na energia solar, e que 20% da água não-potável usada nas instalações venha do reuso.

Ainda não há previsão para o início das obras, mas a expectativa é de que comecem em 2017. Para a arquiteta Taís Cristina da Silva, a intenção fundamental foi fazer com que o projeto representasse os mais altos anseios de uma casa feita por, e para arquitetos. “Sabíamos que era uma disputa difícil, dado a importância do projeto e o número de concorrentes. Quando saiu o resultado foi uma alegria enorme”, afirmou.

Veja os 210 projetos que concorreram para a nova sede do CAU

Entrevistados
- Presidente Haroldo Pinheiro, presidente do CAU (conselho de Arquitetos e Urbanistas) (via assessoria de imprensa)
- Arquiteta Taís Cristina da Silva, da São Paulo Arquitetos (via assessoria de imprensa)

Contatos
atendimento@caubr.gov.br
tc@saopauloarquitetos.com

Crédito Foto: São Paulo Arquitetos

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330