Parede de cimento queimado traz apelo moderno e versatilidade a projetos
As paredes de cimento queimado destacam ambientes, têm execução simples e garantem durabilidade. Nos últimos anos, esta técnica ganhou espaço em muitos projetos arquitetônicos.
O cimento queimado é um acabamento caracterizado pela aparência, à primeira vista, imperfeita e texturizada que remete ao concreto exposto após ser polido e tratado. “Nos projetos, pode estar presente em ambientes internos de residências, escritórios, lojas e restaurantes, sempre com o intuito de atribuir um apelo moderno e versatilidade”, pontua o arquiteto Pietro Terlizzi.
Em projetos com viés contemporâneo, vigas e pilares podem (e devem) ser contemplados como elementos de destaque estético, adicionando um ponto focal interessante que se destaca entre todos os elementos. “A decisão final quanto ao estilo desejado irá depender de alguns fatores como as características do layout original e as preferências alinhadas entre o profissional de arquitetura e o morador” pondera Terlizzi.
Como é feito o cimento queimado na parede?
Para o arquiteto, levar o efeito cimento para as paredes virou uma forma de ter o concreto presente no projeto, um material que faz parte da história da arquitetura modernista. O efeito de uma parede de cimento queimado é obtido através da utilização de argamassa, composta por areia, água e cimento. Isso é seguido pela aplicação de cimento em pó sobre a mistura enquanto ela ainda está úmida.
No entanto, Terlizzi lembra que hoje em dia, há opções disponíveis no mercado para aplicação rápida e prática, como massa para efeito mármore.
Cuidados especiais na parede de cimento queimado
Além de proporcionar um visual moderno e industrializado aos ambientes, o cimento queimado é extremamente durável e resistente a danos, não desbotando facilmente, segundo Terlizzi.
No entanto, se a base da parede não estiver devidamente preparada ou se houver movimentação estrutural no imóvel, podem ocorrer rachaduras no cimento queimado ao longo do tempo, de acordo com Terlizzi. “Embora o cimento queimado seja durável, a aplicação de um selante apropriado, em algumas situações, é fundamental para garantir uma proteção ainda maior”, explica o arquiteto.
É importante lembrar que o desgaste natural ocorrerá ao longo do tempo, especialmente em áreas de alto tráfego. “A durabilidade do cimento queimado também pode variar com base na qualidade dos materiais utilizados e nas condições ambientais locais”, destaca Terlizzi.
Cimento queimado deixa o ambiente escuro?
A iluminação desempenha um papel fundamental quando a ideia é ressaltar os aspectos do cimento queimado. “Ao combinar cuidadosamente diferentes técnicas do projeto luminotécnico, conseguimos acentuar a textura e a aparência, enquanto mantemos um equilíbrio interessante no espaço. Nessa conciliação, a sugestão é usar cores neutras e claras para o restante do espaço, pois esse cuidado ajuda no intuito de ampliar e balancear a decoração”, explica Terlizzi.
Entrevistado:
O arquiteto Pietro Terlizzi é formado na FAU Mackenzie SP, trabalha na área de arquitetura desde 1999. Passou por diversos escritórios nas mais variadas áreas (desde paisagismo até escritório de engenharia estrutural), absorvendo essa experiência e amadurecendo até abrir o seu próprio escritório, a Pietro Terlizzi Arquitetura.
Contato:
contato@pietroterlizzi.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Cidade de Baranquilla, na Colômbia, prioriza o uso do concreto
Baranquilla é uma cidade ao norte da Colômbia que conta com 1.274.250 habitantes. Assim como acontece nas demais regiões do país, a cidade prioriza o uso do concreto em obras públicas – lá, 80% da malha urbana é feita com este material. Durante o Concrete Show, o engenheiro colombiano Diego Jaramillo falou sobre o uso de concreto no corredor portuário de Baranquilla, e a importância do uso de pavimentos rígidos neste local.
“Em Baranquilla, existem muitos fatores que promovem o uso de concreto. O primeiro deles é a cultura da utilização deste material, que já é bem comum na Colômbia. Ainda, o pavimento de concreto permite que tenhamos ruas com muitos anos de durabilidade. Isso traz confiança para que novos projetos sejam realizados. Por ser uma cidade com sete portos, onde transitam veículos com cargas muito altas, o pavimento rígido também é favorecido. O seu uso evita manutenções devido a altas deformações – o que não acontece com o pavimento flexível. Outra questão que favorece o uso do concreto é o clima da região: Baranquilla costuma ter temperaturas elevadas (entre 26 °C e 37 °C) e alta presença de umidade nas estruturas. Por fim, ainda conta com um programa de pavimentação de estradas de baixo tráfego”, afirma Jaramillo.
Para o engenheiro, a solução de pavimento de concreto tem melhor preço, durabilidade, maior sustentabilidade e gera grande impacto social.
Pavimentos duráveis para operações portuárias
O corredor portuário de Barranquilla é uma concessão urbana e atende a entrada e saída de sete portos fluviais. Trata-se de uma via dupla com 6,5 km de extensão e duas pistas cada. De acordo com Jaramillo, o projeto foi pensado para durar 30 anos, sendo que o tráfego do local possui um dimensionamento de 236 milhões de ESALs (Carga Equivalente em Eixo Único). “Sobretudo, é preciso olhar para frente – precisamos levar em consideração que este porto não vai durar apenas 10 ou 15 anos. Estas especificidades do local levaram ao uso do pavimento de concreto com especificações muito boas. Em uma das avenidas, por onde entra e sai a carga do porto, foi feito um pavimento especial, onde foram usadas placas de concreto com espessuras entre 37 cm e 41 cm. A resistência do concreto MR (tração na flexão) é de 4,5 MPa. Ainda, esta técnica oferece controle permanente de desempenho por índice do estado do pavimento”, comenta.
Ruas e avenidas como canais
Baranquilla sofre com um problema histórico de planejamento: por lá, os sistemas de drenagem de águas pluviais não foram construídos. Isso leva à formação de fortes riachos e enchentes.
Para solucionar esta questão, foram construídas estradas que funcionam como canais, além de novos sistemas de drenagem, caixões e muitas obras de gestão de águas pluviais. Nestas construções, foram usados pavimentos de concreto. “Eles têm um bom comportamento em canais de condução de água, boa resistência e não se deteriora rapidamente com a presença da água,”, comenta Jaramillo.
Concreto na pavimentação comunitária
Baranquilla conta com o programa “Barrios a la Obra”, que pavimenta as ruas de bairro com concreto. O programa alcançou a execução de 349 km em 15 anos, segundo Jaramillo.
A cidade de Bogotá teve um programa semelhante entre 1992 e 2001 (nove anos) e construiu a mesma extensão em quilômetros.
Entrevistado
Diego Jaramillo Porto é engenheiro e diretor de Pavimentos e Infraestrutura na Federação Iberoamericana de Hormigon Premezclado FIHP. Ele também é gerente técnico da Câmara Colombiana de Cimento e Concreto (PROCEMCO) e líder do Comitê Internacional de Pavimentos e Infraestrutura (FHIP/FICEM).
Contato
Assessoria de imprensa Concrete Show: valeria@coletivodacomunicacao.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Emissão da ART ficou mais rápida e intuitiva pelo site do Crea-SP
A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) é um documento obrigatório para obras e serviços prestados nas áreas de Engenharia, Agronomia e Geociências, que funciona como uma garantia para o consumidor sobre o que foi contratado, além de uma segurança para o prestador do serviço.
Para agilizar o processo de emissão, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), por meio do CreaNet, que é a sua plataforma de serviços, desenvolveu um sistema mais moderno e intuitivo que possibilita o preenchimento mais rápido dos dados - passando de cerca de quatro para dois minutos.
"Diminuímos a quantidade de campos onde são inseridos os dados para emissão da ART e aplicamos o preenchimento automático em alguns outros desses campos. São melhorias que dão mais agilidade ao profissional", afirma o engenheiro Mamede Abou Dehn Jr., vice-presidente no exercício da Presidência do Crea-SP. "Outras mudanças foram adotadas na etapa de indicação da empresa relacionada à atividade prestada, que ficou mais simples, não sendo mais necessário pesquisar pela mesma, uma vez que o sistema oferece a opção de seleção das pessoas jurídicas já associadas ao profissional."
Outra novidade é que, agora, o módulo onde os profissionais emitem a ART está de visual novo, e o sistema foi adequado à Tabela Nacional de Obras e Serviços (TOS Nacional), adotada pelo Crea-SP. Isso permitiu um ganho de tempo significativo, já que o profissional, antes disso, precisava conhecer exatamente as definições de cada atividade para escolher aquela que mais se identificava com o serviço prestado por ele.
Abou Dehn Jr. explica que as mudanças foram feitas a partir da análise dos apontamentos feitos pelos próprios profissionais. "Precisamos de alguns meses para chegar neste resultado atual, mas o processo de melhoria é contínuo e colaborativo. Tivemos etapas de workshops no meio do caminho para acompanhar o que vinha sendo feito, contamos também com o apoio do mercado e com os participantes do 1º Hackathon do Crea-SP, que foi um desafio projetado para melhorar os serviços relacionados à ART. Ou seja, passamos a observar a funcionalidade do sistema e a buscar tecnologias para ele."
Sobre a possibilidade do novo sistema também ser implementado em outros Estados, o representante do Conselho ressalta que o Sistema Confea/Crea, como um todo, tem buscado melhorar seus processos e serviços para os profissionais da área tecnológica. "Como cada Conselho Regional tem jurisdição sobre seu Estado, a escolha de aplicar mudanças na emissão da ART é de cada Crea. Um servindo de referência para o outro. Isso em várias áreas, como na fiscalização, no registro profissional, o que não é diferente na parte de tecnologia e sistemas", detalha.
"Vemos que isso vem acontecendo de forma gradativa, principalmente por conta da adequação dos Estados à TOS Nacional [Tabela de Obras e Serviços], e acreditamos que a inovação não deve ser um processo isolado e individual, então, quanto mais integrados estivermos, melhor ainda para a área tecnológica e para os profissionais", analisa Abou Dehn Jr.
Fonte
Mamede Abou Dehn Jr., vice-presidente no exercício da Presidência do Crea-SP
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
Vila nos EUA é composta apenas por casas construídas em 3D
As 100 casas que fazem parte da vila Wolf Ranch, localizada em Georgetown, no Texas, foram construídas com impressoras 3D. A comunidade, mais do que inovadora, foi idealizada e anunciada em 2021 pela Lennar, uma das principais construtoras residenciais dos Estados Unidos, e pela ICON, empresa especializada em construções em 3D. O escritório de arquitetura dinamarquês BIG-Bjarke Ingels Group também fez parte do projeto.
O evento de inauguração aconteceu em julho deste ano, e, de acordo com o site oficial, seis das 100 casas já foram vendidas - a mais cara custou 568.990 dólares, o que corresponde a aproximadamente 2,8 milhões de reais. A maioria das moradias, no entanto, está em fase de finalização, mas há duas opções disponíveis de imediato aos interessados: uma por 478.990 e outra por 495.990 dólares.
As residências do Wolf Ranch possuem entre 146 e 196 metros quadrados, podendo ter três ou quatro quartos e dois ou três banheiros. Todas elas também contam com painéis solares fotovoltaicos, com telhados metálicos projetados para serem duráveis, energeticamente eficientes, resistentes ao fogo e para durarem mais do que os telhados tradicionais. Já as paredes foram projetadas para serem resistentes à água, ao mofo, a cupins e a incêndios.
Outro atrativo e diferencial é que os materiais utilizados nesta construção hermética reduzem as variações de temperatura, fazendo com que os cômodos se tornem confortáveis durante o ano todo.
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Especialista neste tipo de construção, a ICON utiliza a tecnologia mais moderna em sua impressora 3D de tamanho doméstico, a Vulcan. Ela foi desenvolvida especificamente para a produção de residências, para que todas as etapas ocorram de forma precisa e com alta velocidade.
De acordo com a empresa, esta nova máquina proporciona um trabalho duas vezes mais rápido do que a sua geração anterior de impressoras, sendo possível imprimir casas e estruturas diversas de até 278 metros quadrados sem realocação do equipamento. Além disso, os testes indicam que as paredes erguidas por meio desse sistema superam os requisitos de resistência dos códigos de construção em mais de 350%.
A impressora é alimentada por uma espécie de fábrica portátil e inteligente que se chama Magma, responsável por misturar o Lavacrete (material à base de cimento da ICON) com aditivos e água, de acordo com as condições climáticas do local, no momento da atividade. É como se fosse um "cartucho" de impressão, que funciona por meio de softwares de última geração.
Fontes
ICON
Lennar
VÍDEO da construção e do interior das casas:
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
Novidades sobre a Dubai Creek Tower, que almeja ser a torre mais alta do mundo
Com 828 metros e 163 andares, o Burj Khalifa é atualmente considerado o mais alto arranha-céu do mundo, mas tem grandes chances de passar para a segunda colocação em breve. Isso porque a Dubai Creek Tower planeja superar essa altura com sua imponente e moderna estrutura, que começou a ser construída em 2016 também em Dubai, nos Emirados Árabes.
A ideia inicial era de que o projeto fosse finalizado em 2022, mas as paralisações relacionadas à Covid-19 adiaram os planos. Além disso, há poucas semanas, Mohamed Alabbar, fundador da empresa Emaar Properties, responsável pela construção, anunciou que a torre está atualmente em processo de redesenho e que as atividades devem ser retomadas em 2024.
Detalhes da Dubai Creek Tower
O projeto inicial é assinado pelo arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava, que também idealizou o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, construção que se tornou ícone da arquitetura mundial.
A intenção é que a Dubai Creek Tower seja "amarrada" por cabos, conferindo um efeito estético potente e único ao seu entorno. Dentre os muitos atrativos, a estrutura prevê um café, uma praça central com lojas, um museu, instalações educacionais, um auditório coberto e dez plataformas de observação, incluindo um deck de 360º inspirado nos Jardins Suspensos da Babilônia.
A eficiência energética e a sustentabilidade também ganham foco, com paisagismo pensado para a proteção solar, além de um sistema de refrigeração altamente eficiente que servirá para captar a água destinada a limpar toda a fachada.
Fundação da torre concluída
O trabalho de fundação da Dubai Creek Tower foi concluído em maio de 2017, quando, a partir daí, iniciou-se a inserção dos cabos de sustentação e a realização de todo suporte estrutural. As escavações para os alicerces foram feitas até 72 metros de profundidade, com a inclusão de mais de 145 estacas.
Já o processo de concretagem dessa base terminou em janeiro de 2018. De acordo com o site do arquiteto/engenheiro, foram utilizados 50 mil metros cúbicos de concreto, cujo peso girava em torno de 120 mil toneladas. Além disso, cerca de 16 mil toneladas de aço fizeram parte do reforço estrutural.
Arranha-céus em Dubai e América Latina
Considerado o maior prédio do mundo, o Burj Khalifa demorou seis anos para ser construído e foi inaugurado em janeiro de 2010. Para se ter uma ideia do tamanho, ele é quase três vezes mais alto do que o maior edifício do Brasil.
O One Tower fica localizado em Balneário Camboriú, no litoral norte de Santa Catarina, e chega a 290 metros de altura. Foi concluído em dezembro de 2022 e é o maior arranha-céu do país. Além disso, ele recebeu o certificado mundial de mais alto edifício residencial da América Latina, pelo CTBUH (Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano), organismo internacional do setor.
Projeção de como será a torre: https://www.youtube.com/watch?v=AC02sSzCAI4
Mostra o processo de escavação: https://www.youtube.com/watch?v=UaNi_Wz4Pyg
Fontes
Santiago Calatrava
TimeOut Dubai
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
Enchentes no Rio Grande do Sul: como lidar com esta questão?
Um ciclone extratropical que se formou no oceano e foi em direção ao sul do país neste mês de setembro. Como consequência, o estado do Rio Grande do Sul sofreu com as chuvas intensas, que causaram enchentes e deixaram estragos em dezenas de cidades gaúchas. Ao todo, a Defesa Civil registrou 48 mortes e 10 pessoas desaparecidas, além dos deslizamentos de terra e destelhamento de residências.
As enchentes não são uma novidade no Brasil – todos os anos, pontos de alagamentos são registrados. Ao mesmo tempo, diversas cidades investem em iniciativas para conter este problema. E, neste caso do Rio Grande Sul, o que poderia ser feito?
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Para José Marques Filho, engenheiro e professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o melhor cenário seria ter um planejamento prévio. “Estas cheias que aconteceram ali foram de grande magnitude e são raras. No entanto, com as questões climáticas, elas devem se tornar cada vez mais frequentes. Como não foi pensado o amortecimento de cheias juntamente com a parte energética por questão de planejamento nos anos anteriores, atualmente o regime e manuseio dos empreendimentos devem ser reanalisados no Brasil. Nos últimos anos o país construiu barragens a fio d’água, ou seja, sem armazenamento, o que dificulta o manejo de cheias, pois toda água afluente se conduz quase imediatamente para jusante”, explica.
Outra questão é que como muitos rios já possuem empreendimentos realizados, com poucas possibilidades de execução de barragens para acumulação e amortecimentos de cheia, as soluções se tornam complexas, segundo Marques Filho.
“Mas é necessário avaliar a viabilidade de enfrentamento técnico das cheias, dentro das possibilidades físicas existentes. Como exemplo extremo, verificar se há a viabilidade técnica de construção de um reservatório de acumulação, ou ainda, de maneira mais complexa, de fazer um alteamento, avaliando no âmbito regulatório a questão, pois qualquer adaptação poderia inviabilizar por um tempo os benefícios que os empreendimentos oferecem”, aponta o professor.
Marques Filho acredita que é fundamental a implementação de estudos climatológicos e de vazões para previsão de eventos extremos, de forma a permitir ao poder público e representantes da sociedade civil se prepararem e minimizarem os efeitos nas populações.
“Em resumo, o Brasil precisa pensar e planejar sobre como irá lidar com esses eventos climáticos mais intensos, que acontecem em todo país. Isso inclui uma união de esforços entre os órgãos públicos, representantes da sociedade civil e os responsáveis pelos empreendimentos. Deve ser lembrado que os recursos hídricos são propriedade da União, e as barragens são planejadas pelo poder público e dadas em concessão. Em outras palavras, as barragens são construídas para prestar um serviço público, definido pelo estado brasileiro”, comenta Marques Filho.
Para isso, Marques Filho acredita que, em primeiro lugar é preciso estudar as obras, fazer as análises de hidrologia e meteorologia, além de um estudo das cheias, juntamente com sistemas de monitoramento e alerta efetivos para mitigar efeitos nas populações. Depois disso, será possível entender se a melhor solução é rearranjar os vertedouros, aumentar as barragens ou fazer um amortecimento, de preferência gerando os novos empreendimentos com reservatórios. “Na China, existem diversas barragens para amortecer cheias. O Brasil nunca pensou muito nisso”, afirma. O professor menciona também a possibilidade de reorganização de populações junto com as autoridades competentes para evitar que elas ocupem regiões sujeitas a enchentes, de forma semelhante ao que acontece quando se ajuda as populações em áreas sujeitas a escorregamentos de terra.
Dentro deste cenário, é necessário pensar em como cuidar desses eventos climáticos e quais novas obras seriam necessárias para conter seus efeitos, segundo o professor. Também é preciso verificar quais novos empreendimentos hidráulicos seriam necessários para deixar a população segura e minimizar as consequências de eventos extremos.
“Como nação, vamos ter que analisar todos os casos isolados e melhorar os empreendimentos existentes, além de fazer um planejamento sobre como utilizar esse recurso importante que é a água. Os empreendimentos hidráulicos fazem parte da segurança estratégica que o Brasil precisa ter, ou seja, são responsáveis pela segurança hídrica (para abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação), segurança alimentar, segurança energética e segurança contra as mudanças climáticas. Conforme os efeitos das mudanças climáticas forem se agravando, mais obras hidráulicas teremos que fazer, para garantir a segurança da população. Assim sendo, no futuro, o Brasil deverá despender bastante recurso para lidar com as mudanças climáticas”, opina Marques Filho.
Fake news: barragens teriam causado alagamento?
Diante do cenário que se instalou na região, surgiu uma fake news a respeito do assunto, que afirmava que a enchente teria sido causada pela abertura de comportas de barragens da região. Entretanto, um comunicado da Cia. Energética Rio das Antas (Ceran) informou que as três Usinas Hidrelétricas (UHEs) presentes no Rio das Antas contam com reservatórios “à fio d’água”. "Toda água que não vai para as turbinas passa sobre crista da barragem. Em situações de alta afluência, a vazão de água que passa pela barragem é a mesma que passaria se ela não existisse", destaca a Ceran.“Nos últimos 25 anos, o Brasil deixou de construir adequadamente reservatórios, isto é, guardar a água. Estas usinas são a fio d’água, onde toda a água que chega, passa. Por conta disso, elas têm pouca capacidade de amortecimento. No entanto, em alguns lugares do país, as usinas ajudaram a conter um pouco quando estão com nível ligeiramente baixo, até a água chegar e sair, podem diminuir cheias. Se no momento da concessão pelo poder público tivesse sido pensado em algum tipo de amortecimento do pico da cheia, os estragos poderiam ser amenizados”, pontua o professor.
Fonte
José Marques Filho é engenheiro e professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Contato
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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Conheça as vantagens do whitetopping, tecnologia cada vez mais usada no Brasil
A perspectiva de crescimento do uso de whitetopping no Brasil é muito grande, tendo em vista a competitividade que a tecnologia ganhou nos últimos anos. Essa é a avaliação feita pelo engenheiro civil Alex Maschio, consultor da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e diretor do Instituto Ruas que destaca a economia considerável obtida com o sistema.
Segundo o especialista, um dos exemplos é o caso da PR-280, no Paraná, que utilizou a camada de concreto na pista e conseguiu um custo final 26% mais barato na primeira fase das obras, em relação ao que seria gasto com a reconstrução tradicional de asfalto.
Governo de Mato Grosso do Sul planeja utilizar pavimento de concreto em rodovias
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Cada vez mais eficaz, whitetopping é quase centenário
Maschio ressalta, ainda, que todas as vantagens referentes ao pavimento de concreto convencional também valem para o whitetopping, como o aumento da segurança, a diminuição do calor superficial, a eliminação de aquaplanagem, o não aparecimento de deformações, entre outras.
Para saber mais detalhes e informações sobre a tecnologia, o Massa Cinzenta conversou com o engenheiro civil Alex Maschio, que dá exemplos de obras e explica alguns dos processos. Confira o bate-papo logo abaixo.
É possível aplicar o whitetopping em pavimentos asfálticos de quaisquer condições? Ou seja, sendo pouco ou muito deteriorados? É necessária uma preparação anterior da superfície?
Alex Maschio - É possível, sim. Eu posso fazer um whitetopping em cima de um pavimento pouco deteriorado, e, provavelmente, não vou precisar fazer nenhum ajuste, e posso fazer um pavimento de concreto sobre um pavimento asfáltico já bastante deteriorado. O que que vai impactar aí? A gente precisa entender se a estrutura desse pavimento asfáltico está boa, porque muitas vezes o revestimento está todo deteriorado, cheio de trinca, de buraco, mas a estrutura do pavimento está consolidada, estável, e é isso o que nos importa pra fazer o whitetopping. E aí, obviamente, dependendo do estado do pavimento asfáltico, serão necessárias atividades de preparação ou não para receber o pavimento de concreto.
Se eu tiver um pavimento pouco deteriorado, praticamente sem deformações elevadas, vou precisar fazer um pequeno ajuste, uma verificação, uma limpeza geral, e já posso fazer o whitetopping. Se eu tiver um pavimento com maiores danos, como foi o caso da PR-280, por exemplo, ali foi feito um trabalho de preparação fresando os pontos onde havia deformações acentuadas e preenchendo as "panelas", os buracos e as deformações maiores com concreto magro ou com o próprio CBUQ, o próprio asfalto, para regularizar a superfície antes de receber o concreto.
Qual a média de durabilidade de um pavimento recapeado com asfalto e de um com whitetopping?
Alex Maschio - A durabilidade do recapeamento é muito baixa, porque você mantém os problemas estruturais do pavimento asfáltico, você não os trata, você simplesmente tira a capa danificada e põe uma capa nova. A vida útil normalmente não passa de três, quatro anos. Se a gente olhar para as nossas cidades, vamos perceber que tem obra que foi recapeada um ano atrás já está toda trincada de novo.
Em comparação com whitetopping, se a gente for fazer uma análise bem objetiva, é como se fosse um pavimento novo em cima da estrutura remanescente, e a durabilidade do pavimento de concreto com certeza é superior a 20 anos. Então nós estamos falando de um recapeamento que vai durar dois, três anos, quatro, quando muito, em comparação com o whitetopping, que vai durar acima de 20 anos, com certeza.
É uma comparação bem desleal até. O que está viabilizando, então, no Brasil? Quando você tem uma restauração de uma rodovia ou de uma pista, que já tenha um estado deteriorado um pouco mais elevado, não consegue fazer simplesmente um recape em asfalto, tem que fazer quase que uma reconstrução daquele pavimento. E aí essa conta da reconstrução é muito mais cara do que o whitetopping. Além disso, ela vai ter uma durabilidade muito inferior, então, nesse caso, quanto mais deteriorada estiver a pista, muito provavelmente a gente vai ter uma melhor condição e melhor competitividade do whitetopping.
Quantos centímetros de espessura são indicados de whitetopping?
Alex Maschio - A espessura vai ser calculada pelo dimensionamento, que vai partir principalmente da capacidade de suporte dessa estrutura remanescente, do asfalto danificado e do tráfego que vai passar em cima. Então, se a gente pegar um projeto rodoviário, com volume considerável de caminhões por dia, vai ter provavelmente espessuras de 22 cm, 23 cm.
Quando eu vou para uma área urbana, onde tenho uma quantidade bem menor de caminhões e uma condição de pavimento melhor, vou ter espessuras bem mais esbeltas, de 15 cm, 14 cm, até 12 cm, 11 cm, eventualmente. Então, vai depender muito da capacidade de suporte do pavimento remanescente.
Como é que eu vou medir isso? A partir da medida de deflexões, um ensaio de Viga Benkelman ou ensaio de FWD, que vão me passar essas informações e vou ter um conhecimento específico dessa capacidade de suporte do pavimento existente. E o tráfego que a gente vai medir para verificar. A partir desses parâmetros, a gente dimensiona.
Um pavimento com essa técnica ajuda a reduzir a distância na frenagem, ou seja, ajuda na segurança?
Alex Maschio - Com certeza. Vale a mesma lógica das características do pavimento de concreto convencional. Todas aquelas vantagens valem para o whitetopping também: redução de distância de frenagem, não promove aquaplanagem, não tem deformações, reflete mais a luz, então preciso de menos iluminação, aumenta a segurança viária, diminui o calor superficial, porque ele absorve menos do pavimento asfáltico. Tudo isso aí segue a mesma linha do pavimento de concreto convencional.
O quanto essa solução é viável economicamente?
Alex Maschio - O whitetopping é uma solução extremamente viável justamente porque, diferentemente de países de primeiro mundo, a gente tem uma cultura de deixar o pavimento se deteriorar bastante antes de fazer manutenção. E, nesse caso, a restauração de um pavimento asfáltico bastante deteriorado, muito comumente, vai partir para quase uma reconstrução do pavimento. E aí nesse caso o whitetopping vai ficar muito competitivo.
Se pegar, por exemplo, o caso da PR-280, no Paraná, no estudo inicial que foi feito, o custo do whitetopping era 17% inferior ao projeto de restauração do pavimento em asfalto. Quando isso foi para a licitação e virou obra, falando do lote 1, o valor final ficou 26% mais barato do que aquela reconstrução em asfalto. Então é muita diferença. Isso sem levar em consideração que você vai ter um ganho extraordinário de vida útil para frente. Então nesse sentido o conjunto da obra é muito bom.
E a mesma coisa para as vias urbanas. Imagine que basicamente as cidades vivem de tapa-buraco e recape. Se você começar a trabalhar com whitetopping, em pouco tempo, a cidade vai conseguir economizar dinheiro em manutenção, porque vai começar a ter soluções com durabilidade de 20 anos, 30 anos, em detrimento de soluções que não duram um ano. Às vezes, esses tapa-buracos que o pessoal faz acaba durando… A gente brinca, né, que dura até a primeira chuva. Aí chove e aparecem todos os buracos de novo. Então é uma viabilidade muito positiva.
Só pra gente exemplificar, também no urbano: um reperfilamento de asfalto de 4 cm vai ter um custo muito similar a um whitetopping de 12 cm, em função do custo do CBUQ e do custo do concreto. Então, a gente olhando para isso, vai perceber que é uma vantagem bastante grande, visto que a durabilidade é muito maior.
Você observa um aumento no uso de whitetopping no Brasil? Se sim, a partir de quando? E em quais regiões do país a aplicação é maior?
Alex Maschio - Sim, há um crescimento bastante substancial. Antigamente, o whitetopping era visto como uma solução somente para as pistas duplicadas, em função da questão da execução, porque existia um mito de que não era possível executar o whitetopping em rodovia de pista simples. Há uns 5 anos, em 2018, foi executada a obra da SC-114, a primeira rodovia de pista simples com whitetopping no Brasil, que eu tenho notícia. E a partir desse exemplo muitas outras obras já estão revertendo soluções, em função do sucesso [daquele projeto].
A própria PR-280, no Paraná, já está no terceiro lote. O primeiro lote foi de 60 km. O segundo lote, de 45 km, já foi licitado e está entrando em execução, e estão trabalhando no projeto do terceiro lote, de mais 45 km. A PR-280 foi muito reflexo também da SC-114, assim como outras no Ceará, por exemplo, e assim por diante.
Basicamente, o Sul ainda está um pouquinho mais adiantado nessa questão do whitetopping, em função dos "cases" terem surgido aqui, inclusive, na parte urbana. Em outras regiões, já aconteceram alguns "cases" mais dispersos. A cidade de São Luís Gonzaga, no Rio Grande do Sul, por exemplo, já tem bastante rua com whitetopping urbano, sobre asfalto, sobre paralelepípedo, sobre calçamento irregular. Já tem um whitetopping bastante importante na cidade de Colombo, ao lado de Curitiba, uma via de 2 km que foi feito com whitetopping, também sobre um asfalto todo danificado. Então, começam a ter mais exemplos.
Há uma perspectiva muito grande de crescimento, muito em função da competitividade que essa tecnologia, esse sistema construtivo, ganhou nos últimos anos.
Fonte
Alex Maschio, engenheiro civil e consultor da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e diretor do Instituto Ruas
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
5 medidas para construção de baixo carbono
O mundo vive em uma época marcada por desafios sociais e ambientais urgentes. Neste contexto, encontrar soluções viáveis para a construção civil de baixo carbono é um desafio complexo. “A academia e a indústria têm proposto diversas soluções técnicas, mas muitas vezes esbarram em questões de custo e aceitação social”, afirma Vanderley M. John, engenheiro e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Durante a Concrete Show 2023, John destacou que o momento é de pragmatismo. “Precisamos de soluções urgentes que sejam escaláveis e viáveis economicamente”, declara.
Veja algumas medidas para reduzir as emissões de CO2:
- Mensuração do impacto ambiental
O primeiro passo é encontrar formas de mensurar quantitativamente o impacto ambiental da construção. Para John, esse é um dos fatores primordiais. “Quando colocamos um número, fica mais fácil de se orientar e tomar uma decisão mais assertiva”, explica.
Uma das ferramentas com este objetivo é a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que considera que todas as ações humanas têm múltiplos impactos ambientais e que estes ocorrem ao longo do ciclo de vida. “Ela faz um inventário quantitativo dos fluxos antropogênicos de materiais e energia. No entanto, o inventário completo é caro e demorado. E, na prática, acabam sendo utilizados dados secundários, que não refletem processos da empresa e não ajudam na melhoria. Ainda, faltam benchmarks representativos do mercado e o excesso de indicadores dificulta tomada de decisão. Portanto, a ACV completa não é adequada para melhorar os processos reais de produção”, destaca John.
Para resolver estas questões, foi desenvolvido o Sistema de Informações para o Desempenho Ambiental da Construção (SIDAC), uma metodologia padronizada e acessível baseada na ACV. De acordo com John, o SIDAC simplifica a avaliação do desempenho ambiental da construção, fornecendo dados de qualidade e uma interface de fácil compreensão para profissionais e consumidores. Ele permite calcular a pegada de carbono, selecionar fornecedores, estabelecer benchmarks e promover a governança ambiental.
- Circularidade
Uma das alternativas para a mitigação do CO2 é o aumento da circularidade. Mas, segundo John, também é um grande desafio para a indústria do cimento.
“A circularidade do aço já é elevada, mas a dos materiais cimentícios não. O aço tem muito mais valor agregado dos metais. É complicado reciclar materiais cimentícios. Dá pra fazer areia de qualidade com resíduos de construção. A indústria do cimento ainda não usa os seus próprios resíduos na fabricação de cimento. Essa é uma questão que precisa ser resolvida. E o destino do resíduo de construção no Brasil é um pouco dramático. As recicladoras coletam 48%, mas eles só conseguem vender 16% como agregado. A recicladora leva o resto para o aterro. Então, tem problemas de mercado muito sérios”, pontua John.
John também menciona a circularidade de edifícios. “As casas de madeira são claramente circulares. Mas como eu poderia fazer a circularidade do pré-moldado? Acho que isso poderia ser um tópico de discussão. Eu precisaria reusar as peças, trabalhar com conceito de vida útil. Isso é um potencial único do pré-moldado. O moldado in loco não tem chance neste departamento, é muito mais complicado”, justifica.
- Gestão de resíduos
Uma das coisas importantes em gestão de resíduos são as perdas. “Temos que acabar com as soluções construtivas que são inerentemente desperdiçadoras, porque elas geram resíduos. A industrialização trabalha nessa linha, ela reduz a geração de resíduos. Ela tem o potencial de adotar conceitos de estruturas mais leves, como o UHPC ou a impressão 3D. Isso facilita a desmontagem e também a desmaterialização. E nós podemos também ter enormes linhas de produtividade. A cadeia do cimento é pouquíssimo industrializada”, argumenta John.
- Industrialização
A cadeia do cimento tem a meta de desmaterializar 20% em 2050. “É um número bastante alto. É possível reduzir resíduos de construção e recursos naturais por meio da industrialização, já que ela promove a reutilização de componentes e ainda traz ganhos de produtividade”, aponta John.
Hoje, cerca de 70% das habitações são construídas de forma amadora, segundo John. O desafio que fica para o setor é como industrializar este percentual que ainda usa cimento em saco. “Como eu entro neste mercado? Como eu baixo o impacto ambiental deste setor? Industrializar é a única saída. Hoje, não dá para convencer um pedreiro a adotar métodos modernos de dosagem ou entregar concreto usinado no meio de uma comunidade. No entanto, esta é uma oportunidade para o setor e precisamos fazer chegar lá”, destaca John.
- Aço de alta resistência
De acordo com John, é possível materiais que têm potencial de mitigar CO2, como por exemplo o aço de alta resistência.
Fonte:
Vanderley M. John é engenheiro Civil pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1982), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1987) e Doutor em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (1995). Pós-doutorado no Royal Institute of Technology da Suécia (2001). Professor Associado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e membro da coordenação das Engenharias da FAPESP.
Contato:
vmjohn@usp.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
Especialistas debatem produtividade e industrialização na construção civil
"O tema da produtividade é super relevante para o nosso país", afirmou Yorki Estefan, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), na abertura do webinar "Produtividade e Industrialização na Construção Civil", realizado em 24 de agosto.
"Se a gente não alcançar índices maiores de produtividade, nós não vamos conseguir atender ao programa Minha Casa, Minha Vida, às demandas do governo do estado e às demandas da prefeitura. São enormes os nossos desafios", completou Estefan, reforçando a importância da entidade abrir espaço para este tipo de discussão.
O evento on-line reuniu especialistas para tratar dos assuntos propostos sob diversos pontos de vista, discutindo tendências e mostrando ações já em andamento. Participaram Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos na FGV/IBRE, Robson Gonçalves, Consultor do FGV-IBRE e da FGV Energia, Laura Marcellini, diretora técnica da Abramat, e Paulo Aridan Soares Mingione, coordenador do Grupo de Trabalho Industrialização e Produtividade do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (CTQ). A mediação ficou por conta de Jorge Batlouni Neto, vice-Presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.
Robson Gonçalves começou apresentando relatórios sobre a relação entre trabalho e produtividade no Brasil e no mundo, mostrando que, aqui, trabalha–se muito e produz-se pouco. Questionado sobre até que ponto a reforma tributária pode favorecer o aumento dessa produtividade e também da competitividade na construção civil, de forma geral, ele garante que "é uma faca de dois gumes". "De um lado, ela resolve um aspecto, especificamente relacionado à produtividade, que é acabar com o conflito entre ISS e ICMS, que leva muitas vezes [a empresa] a moldar estruturas de concreto na obra, o que é um absurdo completo", afirma.
"Mas a reforma é uma ameaça à competitividade dos produtos da construção civil, e isso precisa ser ajustado na legislação complementar e claramente definido, que é: a alíquota de IBS [que incide sobre o valor agregado de cada etapa da produção de um bem ou serviço], quando alguém compra um imóvel, não pode ser a alíquota padrão de 25%. Num país com um déficit habitacional gigante que nós temos, encarecer o produto é um absoluto contrassenso", explica Gonçalves.
Em seguida, Ana Maria Castelo destacou que, segundo a Sondagem da Construção, realizada em abril deste ano pelo FGV, com 612 empresas, a maioria das construtoras ainda não utiliza sistemas pré-fabricados - apenas 34,6% dizem usar. Das que usam, cerca de 60% contam que utilizam os pré-fabricados em no máximo 25% das obras. "Não é um bom retrato. É um percentual baixo", diz a coordenadora da FGV/IBRE.
Ainda sobre a industrialização na construção, Castelo diz que isso está necessariamente ligado a uma mão de obra mais qualificada, mas que o setor acaba perdendo a atratividade por oferecer na maioria das vezes um trabalho mais, digamos, artesanal, sem investir na modernização das atividades.
Em sua apresentação, Laura Marcellini abordou ações realizadas pelo governo no âmbito da construção civil, como o programa Construa Brasil, que já produziu guias orientativos e oferece cursos gratuitos à distância. "Para fazer avançar a industrialização na construção, precisamos trabalhar junto com o governo, fazer acordos setoriais e ajudar as cadeias produtivas, atualizar projetistas, definir políticas de estímulo e criar uma política de Estado de longa duração."
Ainda durante o evento, Paulo Mingione falou sobre a obtenção de ganhos de produtividade a partir de três vetores de responsabilidade das construtoras: processos mais eficientes, melhor gestão da obra e mão de obra mais qualificada. “É importante focar em ações que incrementem a produção em escala, mas ainda estamos distantes da construção modular”, pondera.
Segundo sua apresentação, a construção modular proporciona ganhos de escala, enquanto o uso de pré-fabricados potencializa a industrialização do setor, assim como a realização de projetos em BIM (Modelagem da Informação da Construção) e o uso de Inteligência Artificial na rotina das obras.
Fonte
SindusCon-SP
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience
Usina Móvel de Resíduos da Construção Civil é novidade no Grande ABC
Já está à disposição das cidades do Grande ABC paulista a nova Usina Móvel de Resíduos da Construção Civil, instalada no Aterro Sanitário de Santo André. Operado pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), o equipamento foi adquirido por R$ 3,2 milhões pelo Consórcio Intermunicipal Grande ABC, por meio do programa SP+Consórcios, junto ao Governo do Estado de São Paulo.
A intenção é possibilitar o processamento de resíduos da construção civil e de demolição, os chamados entulhos, dos municípios e de seus habitantes. Será possível triturar de 80 a 100 toneladas de materiais por hora, segundo informações oficiais divulgadas pelo Semasa.
"Essa importante usina não gera apenas a economia de recursos públicos, mas também amplia a vida útil do Aterro Sanitário Municipal ao impedir que esses resíduos sejam aterrados", afirmou Paulo Serra, prefeito de Santo André, durante o evento de inauguração do maquinário, em agosto. Apesar da usina estar instalada por lá, todos os municípios que fizerem parte do consórcio poderão utilizá-la: basta que a cidade interessada obtenha a licença para a instalação e a operação do equipamento junto à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Marcelo Oliveira, prefeito de Mauá e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, também esteve presente na apresentação oficial da usina e destacou sua importância para a população. "Esta é uma ação muito importante do Consórcio, que sempre teve políticas públicas muito relevantes para mudar a vida do povo. Com o início da operação deste importante equipamento, comemoramos mais uma dessas etapas."
O Consórcio será o responsável pelo planejamento da gestão e do tempo de uso da máquina pelos municípios interessados.
Economia e materiais gerados
O superintendente do Semasa, Ajan Marques de Oliveira, conta que, com o novo equipamento, Santo André poderá processar cerca de 20 mil toneladas de resíduos de construção por ano. E que a economia será alta. "Por mês, o Semasa gasta cerca de R$ 300 mil para comprar materiais como estes que já são usados nas obras de pavimentação do aterro. Ao processar o material com qualidade, este recurso será economizado", explica.
Ao Massa Cinzenta, o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André informou que eles ainda estão em fase de acúmulo de resíduos para poder realizar o processamento completo no equipamento - e que, a partir do momento que os materiais passarem a ser triturados, a expectativa é de que se inicie a economia do dinheiro gasto mensalmente, como citado acima.
O triturador da Usina Móvel é capaz de produzir brita de dois tamanhos, possibilitando uma gama maior de possibilidades ao poder transformar o material descartado em agregados para diversas finalidades, como, por exemplo, em obras públicas, pavimentação, guias e sarjetas.
Além disso, a tecnologia também conta com um separador magnético, que agrega materiais como ferro, pregos e outros metais, para que eles possam ter outros destinos, como ser encaminhados e vendidos para cooperativas de reciclagem.
Fonte
Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André)
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
Vogg Experience