Curso técnico na construção civil: quais as opções e as vantagens?

Em agosto de 2023, a construção civil registrou 28.359 novos postos de trabalho com carteira assinada em todo o país, segundo dados do Ministério do Trabalho. Com isso, o setor responde por 16% dos novos empregos criados no Brasil, de acordo com a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos. Dentro deste cenário, o setor se mostra bastante promissor.

Para quem deseja trabalhar na área, há várias possibilidades de atuação e de formação – além da graduação tradicional em cursos de Engenharia, há ainda as opções de fazer cursos técnicos e tecnológicos. Veja como eles funcionam e como escolher a melhor opção para a sua carreira.

Diferenças entre cursos técnicos e tecnológicos

Em primeiro lugar, é preciso entender que há algumas diferenças entre cursos técnicos e tecnológicos. Confira como funcionam cada um deles:

Cursos técnicos

Normalmente, são cursos de nível médio, com duração, em geral, entre 1 e 2 anos, com objetivo de promover formação profissional de nível tático-operacional. “Eles preparam os alunos para cargos técnicos em várias (macro)áreas, como informática, edificações, eletrônica, enfermagem, mecânica, entre outras”, informam Carlos Eduardo Machado de Oliveira, instrutor de Formação Profissional, tecnólogo em Edifícios e Mestre em Engenharia de Produção do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI – SP); e João Batista da Silva, coordenador de Atividades Pedagógicas e Engenheiro Industrial Mecânico do (SENAI – SP), pedagogo e especialista em Gestão Escolar.

Ainda, segundo Oliveira e Silva, cursos técnicos estão disponíveis para estudantes que concluíram o ensino médio ou para estudantes do ensino médio que escolheram fazer o 5º itinerário.

O curso técnico é uma formação de nível médio, enquanto o curso de tecnólogo é uma graduação de nível superior.
Crédito: Envato

Cursos tecnológicos

São cursos de nível superior, com duração, geralmente, entre 1, 5 e 3 anos que oferecem uma formação mais abrangente e aprofundada em áreas mais específicas (micro), como tecnologia da informação, edifícios, pavimentação, controle de obras, design, entre outras. “São cursos que promovem formação profissional de nível tático-estratégico”, explicam Oliveira e Silva.

Os cursos tecnológicos, por sua vez, requerem um diploma de ensino médio ou equivalente para ingresso. Os pré-requisitos específicos podem variar de acordo com a instituição e o curso, então é importante verificar os requisitos individuais de cada programa, segundo Oliveira e Silva.

Cursos mais procurados na construção civil

De acordo com Oliveira e Silva, alguns cursos populares na área de construção civil incluem:

  • Técnico em Edificações;
  • Tecnologia de Edifícios;
  • Tecnologia de Controle de Obras (além da Engenharia Civil);
  • Mestre de Obras;
  • Construtor de Edificações;
  • Construtor de Alvenaria;
  • Assentador de Revestimento Cerâmico.

“A maior procura por esses cursos pode ser atribuída à alta demanda por profissionais qualificados na indústria da construção, devido ao contínuo crescimento urbano e desenvolvimento de infraestrutura em muitas regiões. No SENAI-SP, o curso Técnico de Edificações, ofertado na modalidade presencial em duas unidades, possui alta procura, recebendo estudantes de variados níveis de formação, inclusive já formados em arquitetura e engenharia civil, sob o argumento de ser um curso mais prático, mais atualizado”, afirmam Oliveira e Silva.

Como escolher um bom curso técnico/tecnológico na construção civil?

Para selecionar a melhor opção para a sua carreira, Oliveira e Silva indicam refletir sobre os seguintes tópicos:

  • Interesses e objetivos: Considere seus interesses e objetivos de carreira para escolher um curso que esteja alinhado com seus planos futuros.
  • Reputação da instituição: Pesquise sobre a reputação da instituição de ensino, a qualidade do programa e se o curso específico é reconhecido pelo MEC. Vale lembrar que mesmo instituições de ensino populares podem possuir, em seu portfólio, algum curso ainda não reconhecido pelo MEC, ou mesmo, descredenciado.
  • Carga horária e duração: Verifique a carga horária do curso, sua programação e sua duração para garantir que se encaixe em sua programação e disponibilidade. Também pode ser uma opção, a verificação de oferta do curso na modalidade EAD (Ensino à Distância).
  • Oportunidades de estágio/prática: Procure programas que ofereçam oportunidades práticas, estágios ou cooperação com empresas.
  • Perspectivas de emprego: Avalie as perspectivas de emprego na área relacionada ao curso que pretende fazer.
  • Atualização tecnológica: A indústria, em geral, está em constante transformação, para atender às demandas e necessidades de uma sociedade cada vez mais complexa e exigente. Busque cursos que contemplem as novas tendências e ferramentas tecnológicas atuais e/ou inovadoras.

Onde é possível atuar com estes cursos?

Os cursos técnicos e tecnológicos em construção civil preparam os profissionais para cargos específicos em diversas áreas. Segundo o Senai-SP, dependendo do curso escolhido, os formados podem atuar em:

  • Empresas de construção civil (Incorporadoras, Construtoras e Casas de Materiais de Construção);
  • Empresas de engenharia e arquitetura (Serviços especializados);
  • Laboratórios de ensaios tecnológicos.

Dentre as áreas de atuação estão:

  • Gerenciamento de projetos de construção;
  • Desenvolvimento de projetos arquitetônicos e de engenharia;
  • Planejamento operacional de obras;
  • Inspeção e fiscalização de obras;
  • Controle tecnológico de materiais e serviços.

“Esses cursos fornecem habilidades práticas e teóricas que são valorizadas no mercado de trabalho e podem levar a oportunidades de carreira sólidas na área de construção civil e indústrias relacionadas”, afirmam Oliveira e Silva.

Entrevistados

Carlos Eduardo Machado de Oliveira é instrutor de formação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI – SP) e tecnólogo em edifícios e mestre em Engenharia de Produção.

João Batista da Silva é coordenador de Atividades Pedagógicas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI – SP) e engenheiro industrial mecânico, pedagogo e especialista em Gestão Escolar.

Contato:

Assessoria de imprensa Senai-SP: ewerton.ferrari@sp.senai.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


NR 18: Como fazer a comunicação prévia de obras?

Desde janeiro de 2022, entrou em vigor uma nova versão da NR 18. Esta norma trata da segurança e saúde no trabalho na indústria da construção. Este novo texto realizou uma revisão em todas as normas para que elas se tornassem mais harmônicas e houvesse uma desburocratização.

De acordo com José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), estas normas vinham desde 1978 e havia algumas contradições no texto. “Este processo tornou a norma mais enxuta, clara e objetiva, mas sem nenhum prejuízo para a saúde ou segurança dos trabalhadores”, afirma.

Comunicação prévia de obras

Uma das questões previstas nesta atualização da NR 18 é a obrigatoriedade de comunicar sobre obras de construção à unidade da Inspeção do Trabalho, antes do início das atividades. Este procedimento é realizado por meio do Sistema de Comunicação Prévia de Obras (SCPO).

Cadastro das obras é gratuito; caso não seja realizado está sujeito a multa.
Crédito: Envato

Segundo o Ministério do Trabalho e do Emprego, o sistema disponibilizado pelo governo pode ser utilizado por pessoas físicas e pessoas jurídicas de direito privado que forem realizar/executar obras de construção.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), esta medida tem como objetivo “garantir segurança jurídica e evitar a imposição de autos de infração e das multas decorrentes”. Caso a comunicação não seja feita, poderá ser aplicada uma multa, cujo valor está disposto no quadro de gradação de multas e classificação das infrações da NR 28.

Passo a passo para comunicação prévia de obras

Veja abaixo todas as etapas necessárias para fazer a comunicação das obras, de acordo com informações do Ministério do Trabalho e do Emprego:

  1. Realizar cadastro no Sistema SCPO

Acessar o site http://scpo.mte.gov.br/ e realizar o cadastro. Para esta etapa, o usuário deve ter em mãos o número do CPF do responsável pela empresa perante a Secretaria da Receita Federal. Para obras de pessoa física, é necessário o Cadastro Específico do INSS – CEI.

Vale lembrar que no caso de obras de pessoa jurídica, o usuário deve ter autorização da empresa para comunicar as obras. “Comunicações falsas ou realizadas por pessoas não autorizadas estão sujeitas a punição administrativa, cível e criminal”, informa o Ministério do Trabalho e do Emprego.

Outra questão importante é que caso a empresa responsável principal pela obra já tenha comunicado a obra ao Ministério do Trabalho e do Emprego, as empreiteiras contratadas também devem comunicar as obras sob sua responsabilidade, mesmo que se trate de empreitada parcial. Isso porque a NR-18 traça obrigações aos empregadores que desenvolvem atividades na indústria da construção.

  1. Comunicar informações da Obra

Aqui, o usuário deve fornecer as seguintes informações do Ministério do Trabalho e do Emprego:

  • Endereço correto da obra;
  • Endereço correto e qualificação (CEI,CGC ou CPF) do contratante, empregador ou condomínio;
  • Tipo de obra;
  • Datas previstas do início e conclusão da obra;
  • Número máximo previsto de trabalhadores na obra.
  1. Obter recibo da Comunicação Prévia

Ao finalizar a etapa anterior, o sistema irá gerar um recibo que poderá ser impresso. É importante saber que este documento é o comprovante de cumprimento da obrigação. Portanto, deve ser guardado.

Quanto custa fazer a comunicação prévia de obras?

O serviço é gratuito, segundo informações do Ministério do Trabalho.

Entrevistados/Fontes

José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção)

Ministério do Trabalho e do Emprego

Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

Contato
Assessoria de imprensa – Seconci-SP: dbarbara@sindusconsp.com.br


Construção movimentará quase R$ 800 bilhões na economia brasileira até 2026

Área de habitação deve receber investimentos de R$ 316,7 bilhões, relacionados ao programa Minha Casa, Minha Vida.
Crédito: Ministério das Cidades

Um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostrou que a indústria da construção movimentará R$ 796,4 bilhões na economia brasileira até 2026. Dentro deste valor, consideraram-se R$ 663,6 bilhões em investimentos em habitação e infraestrutura e R$ 132,8 bilhões relacionados à demanda por insumos da cadeia produtiva.

O estudo também aponta que a movimentação de R$ R$ 796,4 bilhões tem potencial para gerar 2,4 milhões de empregos em cada ano de execução das obras previstas.

De acordo com a análise, o Sudeste receberá o maior volume de recursos (R$ 233,17 bilhões). Em seguida estão o Nordeste (R$ 204,13 bilhões), o Norte (R$ 85,60 bilhões), o Centro-Oeste (R$ 73,33 bilhões) e o Sul (R$ 67,35 bilhões).  

Obras na área de habitação

Dos R$ 663,6 bilhões em investimentos em habitação e infraestrutura, o estudo avalia que a previsão é de que a área de habitação receba R$ 316,7 bilhões, relacionados ao programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

Obras na área de infraestrutura

No setor de infraestrutura estão previstos investimentos em rodovias, ferrovias e saneamento, que devem somar R$ 346,9 bilhões para os próximos anos (quadriênio 2023-2026). Entre os investimentos atrelados à cadeia produtiva (R$ 132,8 bilhões), destacam-se R$ 28,48 bilhões do setor de minerais não metálicos e R$ 18,31 bilhões da metalurgia.

Segundo Isaque Ouverney, gerente de Infraestrutura da Firjan, o destaque vai para o setor de rodovias, mobilidade urbana, ferrovias, saneamento, portos e aeroportos. “Grande parte desses investimentos estão relacionados ao relevante número de concessões recentemente contratadas (e, por consequência, em fase inicial de investimentos), além daquelas anunciadas para os próximos anos”, explica ao Massa Cinzenta.

De acordo com Ouverney, no estado do Rio de Janeiro, entre os principais investimentos a serem destacados estão: 

  • obras previstas na concessão das rodovias federais BR-101 e BR-116 (que ligam o Rio de Janeiro a São Paulo); 
  • obras previstas na concessão das rodovias federais BR-116, BR-465 e BR-493 (ligação entre o Rio de Janeiro e o município mineiro de Governador Valadares); 
  • obras de dragagem nos portos de Itaguaí e do Rio de Janeiro
  • concessão da BR-040, com prioridade para a conclusão da nova pista de subida da Serra de Petrópolis; 
  • estudos para a construção da EF-118 (Rio-Vitória);
  • no setor de saneamento, especialmente impulsionado pela concessão da CEDAE, além de obras de expansão da cobertura da rede de coleta e tratamento de esgoto sanitário em vários municípios do estado.

Crescimento do setor deve se manter?

Entre 2020 e 2022, o setor da construção civil teve um grande crescimento. Com esses investimentos, os bons resultados devem se manter? Para Ouverney, o setor da construção civil tem se mostrado, ao longo do tempo, de especial relevância para o desenvolvimento econômico e social do país. “Diante dos projetos anunciados para os próximos anos, especialmente os R$ 663,6 bilhões que devem ser investidos nos setores de infraestrutura e habitação, no âmbito do programa Minha Casa Minha Vida, a expectativa é de retomada de crescimento do setor em todo território nacional”, comenta.

Ainda, Ouverney acredita que o volume de investimentos previsto para os próximos anos tem potencial de mitigar os déficits habitacional e de infraestrutura brasileiros, os quais são desafios históricos que atrapalham o desenvolvimento do país.

“Contudo, para que esse potencial se materialize, se faz necessário que, paralelamente a esses investimentos, ocorra uma melhoria do ambiente de negócios do setor da construção, como uma efetiva implementação do planejamento realizado. Um ambiente de negócio mais favorável possibilita ao setor produtivo a previsibilidade necessária para fazer frente aos projetos apresentados, tanto no que tange à estruturação das empresas e atração de novos players, quanto a questões como, por exemplo, a qualificação e formação de mão de obra para o setor”, destaca o gerente de Infraestrutura da Firjan.

Investimento x cadeia do cimento

Dentro deste cenário, haverá algum investimento na cadeia do cimento? De acordo com Ouverney, a Indústria da Construção é responsável por prover as bases necessárias para o crescimento e o desenvolvimento de diversos outros setores da economia. “Com isso, os investimentos anunciados para o setor têm potencial para expandir a cadeia produtiva da construção como um todo, impactando positivamente na demanda por insumos provenientes de todos os elos de sua cadeia produtiva, o que inclui a indústria do cimento/concreto. Entre as demais indústrias que devem ser impactadas estão as de extração de pedra e areia, fabricação de produtos de madeira, tinta, materiais plásticos, vidro, produtos cerâmicos, estruturas metálicas e siderurgia, entre diversas outras”, pontua Ouverney.

Entrevistado
Isaque Ouverney é gerente de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Contato
Assessoria de imprensa Firjan: imprensa@firjan.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Burocracia pode custar R$ 59,1 bi ao setor de construção até 2025

74% dos entrevistados citam o tempo para aprovação de documentos nas prefeituras como maior problema.
Crédito: Envato

No Brasil, a burocracia no setor de construção pode custar R$ 59,1 bilhões a empresas e ao governo até 2025 em potenciais ganhos desperdiçados. Isto é o que mostrou o estudo “Burocracia na construção: o custo da ineficiência nos processos”, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), elaborado pela Deloitte.

A pesquisa foi conduzida durante os meses de março e abril de 2023 e ouviu 40 executivos das maiores empresas atuantes nos setores de Construção Imobiliária e de Infraestrutura no Brasil. Além disso, foram consultados líderes de órgãos públicos e cartórios com o objetivo de identificar os principais desafios de natureza burocrática que impactam os projetos de construção no país. 

Maiores entraves

De acordo com o estudo, na Construção Imobiliária, 74% dos entrevistados citam o tempo para aprovação de documentos nas prefeituras como maior problema, devido à falta de previsibilidade e planejamento e à necessidade de frequentes revisões. Já no setor de Infraestrutura, em que a espera pode se prolongar por até sete anos, 78% consideram o prazo demorado nos órgãos públicos como o maior entrave.

Para Milton Bigucci Junior, diretor técnico da MBigucci e presidente da Associação dos Construtores do Grande ABC, o tempo de aprovação de projetos é realmente algo que custa muito dinheiro. “Eu costumo falar que é mais rápido você construir o prédio efetivamente do que você aprovar os documentos dessa edificação. Para construir um prédio de 15 andares e 100 apartamentos, você faz isso em 18-20 meses. E para você aprovar uma edificação às vezes demora um ou dois anos para aprovação e depois mais alguns meses para retirar o certificado de conclusão. Fora as documentações no meio do caminho que você precisa apresentar. Essa burocracia é muito desgastante”, declara.

68% dos respondentes do setor de Construção Imobiliária afirmaram ter dificuldade no acompanhamento do processo e da documentação nos órgãos públicos, isto é, onde ficam retidos para assinatura, revisão ou aprovação. Já no setor de Infraestrutura, este índice foi de 43%.

Outro ponto levantado na pesquisa foi com relação à insegurança jurídica, causada pela falta de clareza quanto às legislações (ou pelo excesso delas), pela possibilidade de diferentes interpretações ou pelas mudanças constantes. 63% dos entrevistados de Construção Imobiliária indicaram ter essa dificuldade, enquanto 57% dos executivos de Infraestrutura veem este ponto como um dos principais desafios.

Ainda, outro desafio recorrente do setor é o desalinhamento entre órgãos e esferas públicas. Este tópico foi apontado por 53% dos entrevistados de Construção Imobiliária e 65% dos de Infraestrutura. No setor de Construção Imobiliária, 32% dos entrevistados apontaram a lentidão nos procedimentos de regularização como um desafio, enquanto no setor de Infraestrutura, esse problema foi mencionado por 74% dos participantes.

Outro exemplo de situação burocrática vem de Reinaldo Kaiser, fundador da Custo Real. “Houve um atraso no pagamento de uma medição do fundo que estávamos recebendo via CRI, por conta da falha na comunicação entre securitizadora, jurídico e companhia. Essa má comunicação entre os envolvidos desencadeou uma demanda para o cartório e sabemos que ali tudo é moroso. Isso afetou totalmente o canteiro da obra, onde paralisou a programação das atividades pois não tinha recurso para execução. Atrasando mais de 30 dias, pois a retomada não é eficaz. Só nesse caso específico foram mais de R$ 450 mil de prejuízo, pois a retomada da obra no ritmo que ela estava antes da paralização costuma ser crescente, ou seja, não é da noite para o dia que volta a velocidade que estava, pois contratações têm que ser refeitas, equipes realocadas e fornecedores reativados.”, explica.

A paralização de obras costuma ser uma grande questão para os empresários do setor. “Às vezes nós temos, por exemplo, obras previstas para iniciar no mês de fevereiro. E elas simplesmente não começam porque você não conseguiu aprovar o projeto. Aí você tem uma equipe de obra pronta para começar e você não pode dispensá-la porque daqui a dois, três ou quatro meses, essa obra vai ser aprovada e você vai precisar desse pessoal. Se você dispensá-los, para depois contratar outra equipe, é preciso treinar, colocá-la dentro da cultura da sua empresa, isso leva tempo e custa dinheiro. Então às vezes é mais vantajoso manter essa equipe, e você encaixa as pessoas em algumas outras obras, enfim, sem muita necessidade. No final, tudo isso aumenta o custo também”, aponta Bigucci.

Transformação digital como solução

As tecnologias digitais são um caminho apontado pelo estudo para transformar os processos. De acordo com a pesquisa, 33% das organizações já experimentaram processos completamente digitais e que reportaram melhora significativa no tempo de aprovação. Já 19% disseram ter feito o processo completamente digital, sem notar melhora significativa. Para 26%, a digitalização não representa, de fato, redução da burocracia, já que a quantidade de etapas e documentos ainda é elevada.

“Eu sou um entusiasta da parte de softwares, digitalização e tecnologia da informação, porque isso traz a agilidade que o empresário precisa para poder produzir e gerar emprego, pagar impostos, tudo certinho. E isso às vezes demora muito para acontecer devido a esse problema muito sério de burocratização que nós temos aqui”, pontua Bigucci.

Entrevistado
Milton Bigucci Junior é diretor técnico da MBigucci e presidente da Associação dos Construtores do Grande ABC.
Reinaldo Kaiser é fundador da Custo Real.

Contato
Milton Bigucci Junior: imprensa@mbigucci.com.br 

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Piso intertravado de concreto transforma ruas de Fortaleza; veja vantagens

Piso intertravado foi escolhido para pavimentar ruas de Fortaleza.
Crédito: Alex Costa/Prefeitura de Fortaleza

A Prefeitura de Fortaleza começa nesta terça-feira (10/10) a última fase das obras de urbanização da rua 24 de Maio, que terá seus 340 metros de extensão feitos com piso de concreto intertravado. A medida faz parte do Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento de Fortaleza (Proinfra), que tem como objetivo transformar as ruas da cidade com a nova pavimentação, garantindo melhor mobilidade e qualidade de vida aos moradores.

De acordo com informações obtidas pelo Massa Cinzenta junto à Prefeitura, até agora, 591 vias já passaram por obras de infraestrutura, que, além da pavimentação com blocos de concreto, também englobam outras intervenções, como construção de sistema de drenagem e novas calçadas.

A meta é renovar 1.115 ruas distribuídas pelas 12 Regionais da cidade, beneficiando mais de 160 mil pessoas. Já foram investidos cerca de R$ 580 milhões na viabilização das obras, e, ainda neste ano, Fortaleza deverá investir mais R$ 171 milhões, aproximadamente. 

Em relação à escolha no piso intertravado, a Prefeitura destaca que a pavimentação pode reduzir a sensação térmica em até 10 ºC, onde for instalada, amenizando a temperatura em períodos muito quentes. Samuel Dias, secretário da Infraestrutura, diz que a iniciativa vem sendo colocada em prática na cidade desde 2020 e que Paris também adota uma estratégia semelhante. "A capital francesa anunciou neste ano que planeja eliminar 40% de suas ruas asfaltadas por alternativas mais sustentáveis como o piso intertravado, além do plantio de árvores em áreas urbanas, visando a melhoria da sensação térmica e a qualidade do ar."

O engenheiro civil Alex Maschio, consultor da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e diretor do Instituto Ruas, reforça as vantagens obtidas com o uso do piso intertravado, que, segundo ele, são basicamente as mesmas geradas com a utilização do pavimento de concreto ou o whitetooping: maior durabilidade, menos absorção de calor, diminuição da necessidade de iluminação, entre outros benefícios. 

Prefeitura está na reta final para pavimentar com concreto intertravado a rua 24 de Maio.
Crédito: Daniel Calvet/Prefeitura de Fortaleza

"Um item que no intertravado fica mais ressaltado é a questão de você poder fazer uma manutenção, por exemplo, uma base, um afundamento. Você tira o material, refaz ali toda a sua composição de estrutura e reaproveita o mesmo intertravado", explica Maschio.

O especialista afirma que o intertravado de concreto pode ser usado em qualquer situação, mas que apenas não é muito indicado para o caso de solos muito moles, porque o piso "funciona muito similar ao asfalto": não deixa de ser um pavimento flexível, mas com revestimento rígido. Por isso, nesse caso, seria necessária uma estrutura mais reforçada para dar condição de suporte. "O pavimento de concreto moldado em loco seria uma opção mais interessante", diz.

Ainda sobre a comparação entre o intertravado e o pavimento de concreto, Maschio conta que os custos são similares, mas que, no caso da execução, o processo do intertravado acaba sendo mais fácil, já que as peças vêm prontas, pré-fabricadas. Por outro lado, "o pavimento rígido é executado mais rápido, pois o intertravado, na maioria dos casos, tem execução manual, e aí acaba demorando um pouquinho mais", detalha o engenheiro civil.

Fontes
Prefeitura de Fortaleza
Alex Maschio, engenheiro civil e consultor da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e diretor do Instituto Ruas

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience


Saiba o que é a NR-4, sobre Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho

NR-4 tem como meta proteger a integridade física do trabalhador.
Crédito: Envato

De acordo com o texto oficial do Governo, a NR-4 tem como finalidade promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador, por meio de parâmetros e requisitos estabelecidos para a constituição e a manutenção do SESMT - Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho.

O serviço trata da obrigatoriedade que as empresas têm de contratar profissionais especializados na área de saúde e segurança, usando como referência o número de funcionários e o grau de risco da atividade exercida. Alguns dos deveres do SESMT são: acompanhar a implementação do plano de ação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de risco, e monitorar metas, indicadores e resultados de segurança e saúde no trabalho.

Além disso, deve promover a realização de atividades de orientação, informação e conscientização dos trabalhadores para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, propor a interrupção das atividades e a adoção de medidas corretivas e/ou de controle quando constatar condições ou situações que estejam associadas a grave e iminente risco para a segurança ou a saúde dos trabalhadores, e conduzir ou acompanhar as investigações dos acidentes e das doenças relacionadas ao trabalho.

Mudanças recentes na NR-4

Entrou em vigor em 12 de novembro de 2022 a nova versão da NR-4, publicada no Diário Oficial da União em agosto do ano passado, por meio da Portaria MTP nº 2.318. Uma das alterações têm a ver com a terceirização do SESMT. Ao contrário da versão anterior, agora, a norma não estabelece nenhuma limitação em relação aos integrantes desse serviço serem ou não funcionários da própria empresa. Com isso, as companhias podem escolher como contratar cada setor especializado.

Outra questão presente na nova NR-4 é a exigência de um registro, no site do governo, dos colaboradores que integrem o SESMT. Além disso, as empresas tiveram que operacionalizar o novo dimensionamento dos Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho a partir de 2 de janeiro deste ano, de acordo com os novos termos da norma.

Ainda sobre as mudanças na NR-4, também há a previsão de que, a cada cinco anos, haja uma atualização do Quadro I da norma, que define o grau de risco para cada classe de atividade econômica. As alterações (ou não) vão levar em conta os indicadores de acidentalidade obtidos no período.

Irineu Gomes de Amorim Junior, Coordenador Corporativo de Engenharia de Segurança do Trabalho da Cimento Itambé, conversou com o Massa Cinzenta sobre a NR-4.

Quais são as especificidades da NR-4 em relação à construção civil?

Empresas devem contratar profissionais das áreas de saúde e segurança.
Crédito: Envato

Irineu Gomes de Amorim Junior: A NR-4, em sua última revisão (20/12/2022), não apresenta maiores especificidades em relação à construção civil. Há apenas um item, 4.5.4, o qual direciona que, para fins de dimensionamento, os canteiros de obras e as frentes de trabalho com menos de mil trabalhadores e situados na mesma unidade da federação não são considerados como estabelecimentos, mas como integrantes da empresa de engenharia principal responsável, a quem cabe organizar os SESMT.

Pode-se dizer que as diretrizes da NR-4 são fundamentais para garantir a segurança dos trabalhadores? O índice de acidentes ainda é alto? 

Irineu Gomes de Amorim Junior: Sem dúvida nenhuma, a NR-4 , através da constituição dos Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), é de fundamental importância para garantir a segurança dos trabalhadores. Os profissionais de segurança e saúde promovem assessoria às lideranças e dão suporte direto à operação, assegurando que os princípios de prevenção estejam constantemente sendo discutidos e tratados dentro das organizações. A promoção da saúde e a proteção da integridade do trabalhador, portanto, são as linhas mestras de atuação destes serviços. O desafio é muito grande para execução e realização desta missão, principalmente porque o Brasil ainda é um dos países “top 5” em acidentes de trabalho no mundo. Em outras palavras, um SESMT forte, atuante e engajado é de extrema importância para a reversão deste quadro. Isto só é possível com a visão clara e bem definida das empresas de que segurança e saúde são valores e não apenas prioridades, as quais se alteram com o tempo. Desnecessário ainda dizer que o SESMT isolado é bem menos eficiente do que quando atua de modo conjunto com os empregados, lideranças e CIPA.  

Como você avalia que as empresas se adequaram à atualização da Norma, publicada no final de 2022?

Irineu Gomes de Amorim Junior: Ainda é precoce a avaliação, já que toda alteração normativa tem o seu tempo de entendimento e aplicação. De modo geral percebe-se um aumento do nível de atendimento legal no Brasil, originário de maior entendimento das empresas quanto aos impactos do não cumprimento de requisitos trabalhistas. Também estamos neste momento no período de cadastro dos SESMT em nova plataforma do governo e após isso, poderemos ter uma visão mais correta do cenário atual. De fato, com o avanço tecnológico, o registro dos SESMT toma dimensão maior e se torna mais representativo, técnica e legalmente. Ainda há muito o que evoluir no texto da NR-4, principalmente quanto ao dimensionamento deste serviço (defasado desde o final da década de 70), mas percebe-se vontade e interesse – a nível legislativo, mesmo que lentos, de revisitar esta diretriz prevencionista.

Fontes
CBIC
Ministério do Trabalho e Emprego
Sinduscon-SP

Irineu Gomes de Amorim Junior, Coordenador Corporativo de Engenharia de Segurança do Trabalho da Cimento Itambé

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience


Começa construção de casas temporárias para vítimas das inundações do RS

Trabalho de terraplanagem em Arroio do Meio.
Crédito: Sehab/Divulgação

Os trabalhos de terraplanagem no município de Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, começaram nesta segunda-feira (2), um mês após a tragédia que deixou 50 mortos e 8 desaparecidos na região do Vale do Taquari.

A iniciativa faz parte de um projeto que prevê a construção de 40 moradias temporárias para as vítimas das enchentes, que perderam suas casas e atualmente vivem em abrigos. De acordo com o Governo do Estado do RS, a área escolhida possui cerca de 8.000 metros quadrados e fica no bairro Novo Horizonte. 

"Quem conhece o Estado, sabe que esse processo andou de forma muito rápida", afirmou ao Massa Cinzenta o secretário estadual de Habitação e Regularização Fundiária, Fabricio Peruchin. Ele destacou o fato de que o município de Estrela também já designou uma área para a construção de novas casas provisórias, no bairro Pinheiros.

"A celeridade nas etapas só foi possível graças ao empenho da equipe da Sehab (Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária), que esteve em campo desde o primeiro dia na busca de áreas nos municípios atingidos, bem como do Sinduscon-RS, que tem sido um grande parceiro para viabilizar a construção das casas de passagem, que darão mais dignidade às famílias que perderam suas residências enquanto aguardam as definitivas ficarem prontas", explica.

Segundo Peruchin, os moradores ficarão nestes locais até que sejam cumpridos todos os trâmites do programa Minha Casa, Minha Vida, que viabilizará a construção das casas permanentes. O Governo explica que as residências temporárias serão entregues totalmente mobiliadas em um prazo de 60 dias, caso não chova.

Fabricio Peruchin, secretário estadual de Habitação e Regularização Fundiária.
Crédito: Sehab/Divulgação

O método construtivo utilizado será o de casas pré-fabricadas, tendo como modelo as vilas erguidas em fevereiro deste ano em São Sebastião, litoral de São Paulo, após outra tragédia climática.  

Sinduscon-RS lidera campanha de arrecadação

O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) está envolvido diretamente na viabilização das moradias temporárias para as vítimas das enchentes, seja em reuniões e vistorias aos locais que devem receber as novas casas, seja na arrecadação de material necessário. 

Com o apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), do Sinduscon do Vale do Taquari e do Sinduscon de Caxias do Sul, o Sinduscon-RS lidera uma campanha chamada "SOS Enchentes", que pretende contar com a participação da iniciativa privada para conseguir doação em dinheiro, materiais de construção, mão de obra ou até mesmo conhecimento sobre o assunto. 

De acordo com a entidade, já está acertada a construção de cerca de 240 moradias na região atingida, em terrenos providenciados pelo poder público. Claudio Teitelbaum, presidente do Sinduscon-RS, reforça a importância da mobilização de toda a cadeia produtiva do setor, destacando como principais necessidades itens como telas, concreto, cimento, aço, telhas, portas, janelas, chuveiros, cerâmica e materiais para parte elétrica e hidráulica, entre outros.

Para doações, entrar em contato com diretoria@sinduscon-rs.com.br.

Fontes
Sehab (Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária do RS) Sinduscon-RS

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience


Rio Construção Summit reúne 10 mil pessoas e reafirma a força do setor no país

Rio Construção Summit reuniu 10 mil pessoas durante três dias.
Crédito: Luciola Vilela/Divulgação

Pelo menos 10 mil pessoas passaram pelo Armazém 3 do Píer Mauá durante os três dias do Rio Construção Summit, que promoveu mais de 100 horas de conteúdo de 19 a 21 de setembro. Cerca de 280 debatedores, palestrantes, moderadores e convidados abordaram assuntos atuais e relevantes para o setor, promovendo troca de ideias e encontros entre especialistas nacionais e internacionais.   

Realizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e com apresentação da Firjan e da Firjan IEL, o evento foi considerado um sucesso, com o dobro da participação esperada. Claudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio, diz que fazia tempo que o Estado não recebia um evento da indústria da construção. "E isso fez com que as pessoas tivessem esquecido o tamanho, a pujança e a força do nosso setor."

Indústria vai movimentar R$ 800 bilhões até 2026

Um dos destaques da programação foi a apresentação de um estudo da Firjan que prevê uma movimentação de cerca de R$ 800 bilhões na indústria da construção até 2026, de acordo com os investimentos anunciados. Desse valor total, em torno de R$ 663 bi seriam referentes a obras de habitação e infraestrutura, enquanto R$ 132 bi teriam a ver com a demanda por insumos da cadeia produtiva.

Evento aconteceu no Píer Mauá, no Rio de Janeiro.
Crédito: Luciola Vilela/Divulgação

“Os valores apresentados para o Novo PAC são uma injeção de ânimo no setor de infraestrutura", avalia Claudio Medeiros, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada-Infraestrutura (Sinicon). A entidade foi parceira da Firjan neste estudo, ao lado do Sinduscon-Rio e da CBIC. "Tenho a certeza de que iremos vivenciar nos próximos anos uma nova época de crescimento, de criação de oportunidades, de geração de empregos e renda", completa Medeiros. 

De acordo com os dados por região do país, do montante de R$ 663 bi, cerca de 35,1% (R$ 233,17 bi) seriam destinados ao Sudeste, seguido pelo Nordeste (30,8%; R$ 204,13 bi), Norte (12,9%; R$ 85,60 bi), Centro-Oeste (11,1%; R$ 73,33 bi) e Sul (10,1%; R$ 67,35 bi). 

Governo do Rio anuncia programa HABITA+

Programação teve mais de 100 horas de conteúdo.
Crédito: Luciola Vilela/Divulgação

O Rio Construção Summit também foi marcado pelo lançamento, pelo Governo do Estado, do programa HABITA+, que pretende aquecer a cadeia econômica da construção civil. O governador Cláudio Castro explicou que a ideia é conceder subsídios para que famílias de baixa renda possam dar entrada na casa própria.

Na primeira fase, segundo ele, 14 mil famílias serão contempladas, e a carta de crédito será de R$ 25 mil. Bruno Dauaire, secretário de Habitação e Interesse Social, complementou dizendo que, nesta fase inicial do projeto, os investimentos chegarão a R$ 350 milhões, com a expectativa de criação de 75 mil empregos, fomentando toda a cadeia do setor.   

O evento também atraiu a atenção do público para debates sobre assuntos como o uso da tecnologia BIM na construção, a necessidade de cidades mais sustentáveis e inclusivas e o impacto da reforma tributária na indústria.

Fontes
Sinduscon-Rio

Firjan
Governo do Estado do Rio de Janeiro

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience


6ª edição do Incorpora trouxe perspectivas e desafios do mercado imobiliário

Para Elie Horn, sucesso no setor imobiliário requer um fluxo de caixa adequado e a minimização da dívida.
Crédito: ABRAINC

Em 26 de setembro, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) realizou a 6ª edição do Incorpora - Fórum Brasileiro de Incorporadoras 2023. O evento trouxe discussões a respeito de perspectivas e desafios do mercado imobiliário brasileiro.

Perspectivas para o setor de incorporação

Na abertura do evento, o presidente da ABRAINC, Luiz França, enfatizou a necessidade de taxas de juros mais baixas e a diversificação das fontes de financiamento para compradores de imóveis. Ao mesmo tempo, França vê um cenário otimista para o setor da incorporação imobiliária. 

“Vivemos um momento singular. Os investimentos no setor imobiliário, determinantes para a formação bruta de capital fixo do país, cresceram no segundo trimestre de 2023 em percentuais superiores à média nacional. Este é um aspecto chave, pois o investimento antecede a criação de empregos e renda; determinando o futuro da economia brasileira”, destacou o presidente. 

Política fiscal, taxas de juros e filantropia

Um dos principais debates do evento trouxe Elie Horn, fundador do grupo Cyrela, e o jornalista Willian Wack. Durante o bate-papo, o empresário enfatizou que o sucesso no setor imobiliário requer um fluxo de caixa adequado e a minimização da dívida, preferencialmente planejada a longo prazo. Segundo Horn, o ideal é que a empresa não precise de financiamento para terminar suas obras caso algo dê errado. Outro ponto destacado pelo empresário é a necessidade de flexibilidade para enfrentar mudanças políticas e econômicas, especialmente flutuações nas taxas de juros. Por fim, Horn comentou sobre a importância da filantropia e de se pensar nas camadas menos favorecidas da sociedade. “Se tem pobres, somos os culpados, porque não conseguimos fazer direito o nosso trabalho”, afirmou.

Aumento dos recursos para habitação popular no Brasil

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também participou do evento e destacou o aumento significativo nos recursos destinados à habitação popular no Brasil. O montante foi elevado para R$ 10,4 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), o que corresponde a um aumento de 12,65%. Também foi reestabelecida a Faixa 1, destinado às famílias com renda mensal bruta de até R$ 2.640,00.

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Também presente no evento, o ministro das Cidades, Jader Filho enfatizou o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que promete trazer investimentos substanciais para o setor até 2026, com um foco especial no fortalecimento do programa Minha Casa, Minha Vida. Ele destacou a necessidade da colaboração entre os governos e o setor produtivo para alcançar a meta de construir dois milhões de habitações.

Ainda, durante o evento, a ABRAINC apresentou uma pesquisa que aponta que o MCMV é significativo na melhoria da qualidade de vida de seus beneficiários. A pesquisa foi realizada pela Brain Inteligência Estratégica junto a compradores de imóveis do programa de habitação popular. 

Este levantamento apontou que 92% dos entrevistados afirmaram sentir-se mais seguros após adquirir um imóvel pelo programa. Além disso, 76% relataram terem mudado para uma residência mais moderna, refletindo a influência positiva na qualidade de suas moradias. 

Outro dado interessante é sobre o perfil dos compradores. Dentre os entrevistados, 45% não possuem registro de trabalho formal. Entre os consumidores em potencial do programa, há trabalhadores autônomos (27%), empresários (7%), comerciantes (10%) ou profissionais liberais (1%). "Isso destaca a necessidade de se desenvolver um modelo de financiamento mais acessível e adequado para trabalhadores informais, a fim de expandir ainda mais o alcance e os benefícios do programa", explica França.

Entrevistado
Luiz França é presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC)

Contato
Assessoria de imprensa Abrainc:  luciana.ferreira@loures.com.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP


Como lidar com as altas temperaturas nas obras?

Convenção coletiva do trabalhador da construção civil determina obrigatoriedade do fornecimento de protetor solar.
Crédito: Envato

Os meses de agosto e setembro foram marcados por dias de calor atípico para a época – em muitas cidades no Brasil, a temperatura passou dos 30 °C, enquanto outras tiveram clima acima dos 40 °C. A exposição excessiva ao calor pode gerar indisposição, queimaduras, desidratação, insolação e até câncer de pele, em casos mais graves. Nestas condições de calor extremo, qual é a forma mais segura de desempenhar o trabalho externo na construção civil? Quais as medidas necessárias para manter os trabalhadores em condições seguras?

De acordo com Haruo Ishikawa, membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP, a Norma Regulamentadora N0. 15 (NR-15), do Ministério do Trabalho e do Emprego, trata de algumas questões específicas relacionadas ao calor, em especial no anexo 3. “A norma, em si, estabelece as atividades que devem ser consideradas insalubres, gerando direito ao adicional de insalubridade aos trabalhadores. É importante que os empresários leiam a NR-15, em especial o anexo 3, para entender um pouco a questão do limite de tolerância para exposição ao calor, como forma de preservar os trabalhadores e, ao mesmo tempo, não se expor a questões trabalhistas”, explica.

O que é considerado calor?

De 18,9 °C até 25,6 °C, é considerada uma temperatura adequada para trabalho. Acima de 25,6 °C, é preciso fazer algum tipo de paralisação na obra para reduzir a questão do trabalho insalubre, segundo Ishikawa. 

“Há uma medida da temperatura que chamamos de Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG). Há um aparelho que mede essa temperatura para controlar as atividades insalubres e limites de tolerância para a exposição de calor conforme o que determina a norma NR-15 da ABNT”, aponta Ishikawa.

Medidas protetivas contra o calor

Como essa onda de calor é algo mais recente, Ishikawa acredita que há muitas empresas que não têm conhecimento desta norma. “Na área de treinamento de segurança e saúde do trabalho, já vamos começar a aplicar essas orientações para os trabalhadores de São Paulo. Aqui no Estado, nós temos algumas providências que tomamos há mais de dez anos. É o caso, por exemplo, da convenção coletiva do trabalhador da construção civil que determina ser obrigatório o fornecimento do protetor solar”, comenta. 

A hidratação é outro ponto importante para quem trabalha na obra. “É importante orientar a deixar os trabalhadores muito bem hidratados, com água fresca, não deixar uma água de natureza normal, ou seja, é preciso ter bebedouros refrigerados”, sugere Ishikawa.

A reprogramação de horários também pode ser uma solução em alguns casos. O anexo 3 da NR-15 também prevê medidas como programar os trabalhos mais pesados (acima de 414 W - quatrocentos e quatorze watts), preferencialmente nos períodos com condições térmicas mais amenas, desde que nesses períodos não ocorram riscos adicionais.

Alguns trabalhadores ficam mais expostos ao sol, como é o caso do carpinteiro e do armador. “Normalmente, o pedreiro, o eletricista e o encanador trabalham expostos ao calor, mas na parte interna. E muitas vezes, quando se trata de construções verticais, há um vão que permite a ventilação”, lembra Ishikawa. De toda a forma, a NR-15 recomenda disponibilizar acesso a locais, inclusive naturais, termicamente mais amenos, que possibilitem pausas espontâneas, permitindo a recuperação térmica nas atividades realizadas em locais abertos e distantes de quaisquer edificações ou estruturas naturais ou artificiais.

Entrevistado
Haruo Ishikawa é membro do Conselho Deliberativo do Seconci-SP.

Contato
Assessoria de imprensa Seconci-SP: rafael.marko@seconci-sp.org.br

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP