Itália leva maior número de prêmios da MIPIM Awards

Premiação europeia é considerada o “Oscar da arquitetura”. Das 11 categorias contempladas, oito ficaram no Velho Continente

Criado em 1991, o MIPIM Awards é reconhecido atualmente como o “Oscar da Arquitetura”. Mais de cem países participam de sua eleição anual, que escolhe as construções mais relevantes, sob o ponto de vista arquitetônico. Na edição 2018, 3.100 escritórios de arquitetura, que empregam 24.500 profissionais, inscreveram obras erguidas em 500 cidades dos cinco continentes. Mas o país com mais projetos premiados foi a Itália, que venceu nas categorias prédio corporativo, shopping center e reestruturação urbana.

Na seleção das obras indicadas, França e a China eram os países com mais construções. Os franceses concorreram em quatro categorias: projeto para hotel (com duas indicações), projeto industrial, edifício verde e arquitetura residencial. Os chineses também concorreram em quatro categorias: projeto futurista (com duas indicações), shopping center, edifício corporativo e projeto industrial. O anúncio dos vencedores ocorreu dia 15 de março. Além da Itália, foram premiadas obras na Bélgica, em Cingapura, na França, na Alemanha, na Dinamarca, no Catar e no Vietnã.

Porta Nuova: intervenção urbana transformou distrito segregado de Milão em novo centro cultural e empresarial. 
Crédito: MIPIM Awards

Porta Nuova: intervenção urbana transformou distrito segregado de Milão em novo centro cultural e empresarial. 
Crédito: MIPIM Awards

Entre os projetos italianos que venceram, o mais emblemático é o Porta Nuova. Trata-se uma intervenção urbana na cidade de Milão, e que transformou um distrito segregado da cidade em um novo centro cultural e empresarial, o qual passou a atrair mais de 10 milhões de pessoas por ano. O Porta Nuova engloba edifícios residenciais e corporativos, além de interferência na mobilidade urbana e na recuperação de áreas verdes degradas do bairro milanês. O projeto foi liderado por um consórcio de escritórios italianos, britânicos e norte-americanos.

A obra de melhor prédio corporativo do MIPIM Awards também está localizada em Milão. É o edifício que abriga a fundação Giangiacomo Feltrinelli e a sede da Microsoft na Itália. Projetada pelo escritório Herzog & de Meuron, a edificação investe em aço, vidro e concreto pré-fabricado. Já o shopping FICo Eataly World, em Bolonha, foi projetado pelo arquiteto italiano Thomas Bartoli. A obra transformou uma antiga fábrica de alimentos em um centro comercial e, por isso, teve que atender rigoroso protocolo ambiental.

Entre as outras obras premiadas, estão a torre Maersk, prédio que abriga todos os cursos da área da saúde da universidade de Copenhague, na Dinamarca; o hotel e resort Abadia Michaelsberg Siegburg, que é administrado por padres católicos e que ganhou um complexo hoteleiro ao lado do mosteiro localizado em Colônia, na Alemanha, além do centro de logística Chapelle, construído em Paris, e que rendeu o único prêmio aos franceses na edição 2018 do MIPIM. Outra obra europeia premiada foi o prédio da autoridade portuária da Antuérpia, na Bélgica.

Fora da Europa, foram premiadas obras no Vietnã, em Cingapura e no Catar

Prédio da autoridade portuária da Antuérpia, na Bélgica: legado de Zaha Hadid
. Crédito: MIPIM Awards
Prédio da autoridade portuária da Antuérpia, na Bélgica: legado de Zaha Hadid
. Crédito: MIPIM Awards

A edificação passou por um retrofit e ganhou na categoria edifício reformado. O projeto é do escritório da arquiteta Zaha Hadid, que morreu em 2016. O prédio precisava ganhar um anexo, mas não podia ter sua área construída ampliada para os lados. A solução foi erguer um novo prédio sobre a estrutura antiga, preservando-a integralmente. Envidraçado, o novo edifício lembra um diamante gigante que reflete a luz solar e pode ser visto a quilômetros de distância, em qualquer local que se esteja na Antuérpia.

Na categoria prédio residencial, ganhou o Îlot Sacré, do escritório DDS +. Trata-se de um condomínio de apartamentos construído em Bruxelas, na Bélgica, e que valoriza o pedestre, excluindo a presença de veículos automotores. São permitidas apenas bicicletas. O diferencial do conjunto é o complexo de calçadas que, além de envolver os edifícios, também se estende para fora do condomínio, abrangendo o comércio local, escolas e o hospital mais próximo, permitindo que a mobilidade urbana valorize o caminhar.

Fora da Europa, foram premiados o projeto de cidade inteligente de Mui Dinh, no Vietnã; o museu nacional do Catar, vencedor na categoria obra futurista, e o edifício Marina One, em Cingapura, na categoria prédio verde. 


Entrevistado

Reportagem com base em material de divulgação distribuído pela assessoria de imprensa do MIPIM Awards
Contato: mipim@ing-media.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Momentaneamente, Goiás tem prédio mais alto do Brasil

Recorde deverá durar até 2019, quando o Infinity Coast, em Balneário Camboriú-SC, romper oficialmente barreira dos 200 metros

Órion - Business & Health, em Goiânia-GO: inaugurado em novembro de 2017, tem 50 pavimentos e mais de 190 metros de altura. Crédito: FR Incorporadora
Órion - Business & Health, em Goiânia-GO: inaugurado em novembro de 2017, tem 50 pavimentos e mais de 190 metros de altura. Crédito: FR Incorporadora

Com 191,48 metros de altura e 50 pavimentos, dos quais 10 têm pé direito duplo, o Órion - Business & Health é, momentaneamente, o prédio mais alto do Brasil. Inaugurado em Goiânia-GO, o edifício passou a liderar o skyline nacional ao superar o Millennium Palace, em Balneário Camboriú-SC, cuja altura é de 177,3 metros de altura (46 pavimentos). Construído por um consórcio de empresas goianas - GVC Engenharia, FR Incorporadora, Tropical Urbanismo e Incorporação e Joule Engenharia -, o Órion possui um recorde com prazo de validade para ser superado.

Quando o Infinity Coast for inaugurado, com previsão para o primeiro semestre de 2019, assumirá o posto de prédio mais alto do país e da América Latina. Esse edifício está em execução em Balneário Camboriú-SC e será o primeiro do Brasil a romper a barreira de 200 metros de altura. Com 69 pavimentos, sua altura oficial chegará a 238 metros e o título de “maior do Brasil” também terá prazo de validade para expirar. Até 2022, mais dois edifícios superaltos vão ultrapassar o Infinity Coast.

Um deles é o complexo de torres gêmeas que está em obras em Balneário Camboriú-SC, conhecido como Yachthouse Residence Club. Cada prédio vai medir 274 metros. A previsão é de que a edificação fique pronta até 2020. Ainda na cidade catarinense está em construção o One Tower, cujo projeto prevê altura máxima de 280 metros. O prédio também se encontra em obras e deve ser finalizado até 2022.  A tendência é de que nos próximos quatro anos o Órion - Business & Health caia de 1º para o 10º lugar no ranking de edifícios superaltos do Brasil.

Mas o prédio construído em Goiânia-GO tem uma característica que o diferencia dos que surgem em Balneário Camboriú-SC, cuja finalidade é meramente residencial. O Órion - Business & Health é um edifício corporativo. Ele reúne clinical center, hospital, hotel, business center e shopping center. Então, na sua categoria, pode ser que perdure por um longo tempo como o prédio comercial mais alto do país, sucedendo o Mirante do Vale (antigo Palácio Zarzur Kogan). Esse edifício paulistano foi construído nos anos 1960, e por mais de 50 anos sustentou o título de edifício mais alto do Brasil, com seus 170 metros e 51 andares ocupados somente por empresas.

Órion - Business & Health consumiu mais de 56 mil m³ de concreto

Parte do concreto empregado na obra do Órion - Business & Health é protendido de alto desempenho, com resistência de 90,0 MPa após 28 dias.Também há concreto armado com resistência variando de 30,0 MPa a 50,0 MPa. Os pilares da edificação passaram por processo de cura úmida. Foram empregados 56.483,20 m³ de concreto na obra e 160 mil toneladas de aço. A concretagem das fundações usou 1.200 toneladas de gelo para o resfriamento com serpentina. As obras começaram em março de 2014 e o Habite-se foi liberado em novembro de 2017. O departamento de engenharia civil da Universidade Federal de Goiás realizou os ensaios do concreto.

Ao custo de R$ 325 milhões, o Órion - Business & Health trouxe um novo conceito de edifício para Goiânia-GO, revelando o potencial da cidade para abrigar mais prédios superaltos, como explica o engenheiro civil Frank Guimarães Vaz de Campos – gestor-técnico e financeiro do empreendimento. “Esta migração é muito em função da maturidade econômica, populacional e até cultural da metrópole, e da necessidade das empresas de organizar suas equipes num ambiente mais produtivo, potencializando assim sua competitividade. Goiânia amadureceu para receber prédios com essas características”, diz.

Entrevistado
Engenheiro civil Frank Guimarães Vaz de Campos, gestor-técnico e financeiro do consórcio GVC Engenharia, FR Incorporadora, Tropical Urbanismo e Incorporação e Joule Engenharia

Contato: frank@gvc.eng.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Preço na construção civil se faz com engenharia de custos

Especialista calcula impacto da mão de obra, dos materiais, dos equipamentos e dos impostos sobre o valor de uma obra

Engenharia de custos segue procedimentos normativos e de planejamento. Crédito: Divulgação
Engenharia de custos segue procedimentos normativos e de planejamento. Crédito: Divulgação

A estratégia de preços envolve ampla gama de fatores. Até chegar ao consumidor, o valor de um produto é calculado pelo fabricante, que o repassa ao atacadista, que o repassa ao varejista, que vai repassá-lo para o comprador final. Nesta cadeia, não pode haver exorbitância, mas também não podem deixar de ser calculados gastos com a produção, com a distribuição e outros serviços que envolvam as despesas relacionadas com o bem a ser vendido. Na construção civil, não é diferente. Mas quando se trata de uma obra, é recomendável que a orientação dos preços seja feita por um especialista em engenharia de custos.

O profissional dessa área não é importante apenas para buscar preços de materiais e de mão de obra, mas também para viabilizar projetos sem que eles estourem o orçamento e não comprometam o cronograma. É ele quem aponta o “norte” para que a obra seja executada conforme o planejado. Cabe aos especialistas em engenharia de custos a responsabilidade de prever os seguintes custos para executar o projeto:
- Pessoal: salários, encargos sociais, benefícios e vale-transporte
- Materiais: fornecimento e impostos (IPI e ICMS)
- Equipamentos: fornecimento e impostos (IPI, ICMS, Importação)
- Taxas e seguros: Crea, licenças e seguros
- Transportes

Para definir esses custos, e depois chegar ao preço de mercado do empreendimento, o memorial descritivo da obra é de suma importância. Ele servirá de base para os cálculos matemáticos que vão apontar a sustentabilidade do projeto e a sua execução do início ao fim. “A engenharia de custos dedica-se ao desenvolvimento de normas, padrões e critérios aplicados ao planejamento, execução e acompanhamento de obras, sempre com base em uma série de informações e fórmulas. Nada é empírico ou subjetivo nestes cálculos”, revela o engenheiro civil especializado em custos, Rodrigo Bhering de Mattos, do IBEC (Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos).

CUB e INCC, os índices mais importantes para a construção civil

Quando em construção, um imóvel tem dois índices que balizam seu preço: CUB (Custo Unitário Básico da Construção Civil) e INCC (Índice Nacional de Custos da Construção). Principal indicador do setor da construção, o CUB é calculado mensalmente pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil de todo o país, levando em consideração os valores de materiais e de mão de obra, despesas administrativas e equipamentos, como dispõe a ABNT NBR 12.721 - Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios de edifícios.

Já o INCC é um dos componentes do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). É calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas, abrangendo desde o primeiro até o último dia do mês, sendo divulgado até o dia 15 do mês seguinte. O INCC é utilizado como base para o reajuste do valor dos imóveis habitacionais em construção, justamente para que acompanhe o aumento do preço dos materiais e da mão de obra - quesitos que mais sofrem alterações ao longo do processo construtivo. O índice também é aplicado nos casos onde há financiamento do imóvel em construção, também conhecido como compra do imóvel na planta. Neste caso, o INCC incide sobre todo o saldo devedor, até a quitação.

Entrevistado
Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC) (
via assessoria de imprensa)

Contato: ibec@ibec.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

ABRAMAT faz projeção de crescimento para 2018

Recuperação do setor ainda será de forma lenta, e com foco no varejo de materiais. Previsão é do novo presidente, Rodrigo Navarro

Rodrigo Navarro: varejo deverá se manter com os melhores resultados neste ano. Crédito: ABRAMAT
Rodrigo Navarro: varejo deverá se manter com os melhores resultados neste ano. Crédito: ABRAMAT

A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (ABRAMAT) prevê que em 2018 o setor deverá crescer 1,5% em relação a 2017. “A recuperação do setor será de forma lenta e mais forte no varejo de materiais neste ano. A demanda do segmento de construção imobiliária deverá se intensificar no médio prazo, a partir do segundo semestre”, diz comunicado da associação, que agora tem novo presidente-executivo. É o engenheiro de produção Rodrigo Navarro, que assumiu o cargo em 1º de fevereiro, substituindo Walter Cover. Reunindo expertise acadêmica e corporativa, Rodrigo Navarro terá a tarefa de seguir consolidando a associação como referência na cadeia da construção. Na entrevista a seguir, ele analisa o comportamento econômico da construção para 2018. Confira:

Há uma onda de otimismo voltando para a construção civil. Pelo menos é o que revelam as opiniões de alguns dirigentes de entidades de classe do setor. A ABRAMAT compartilha deste otimismo?

Não se trata de uma onda, mas de uma tendência de melhoria da conjuntura no país e no exterior, o que indica que estamos em um momento de inversão de queda para uma gradual recuperação. Temos de buscar contribuir como setor para que essa recuperação se concretize.

O senhor sucede Walter Cover, que ficou à frente da ABRAMAT por quase sete anos. Quais os desafios de agora em diante e quais as bandeiras que a ABRAMAT deve encampar a partir de sua gestão?

Temos como pilares fundamentais a defesa da conformidade técnica, conformidade fiscal e capacitação. Nesse contexto, buscaremos as sinergias entre nossos mais de 40 associados, que atuam em múltiplos setores, para uma representação institucional com ainda maior protagonismo junto aos interlocutores, como governos, por exemplo. Isso, para que tenhamos um diálogo aberto e construtivo visando maximizar as oportunidades e crescimento da indústria de materiais de construção no Brasil, com maior competitividade e sustentabilidade.

O Brasil ainda tem muitas reformas a serem feitas para consolidar um crescimento sustentável. Em 2018, em função da corrida presidencial, que está batendo às portas, não deve ser um ano de reformas. Mesmo assim, o que leva o setor da construção civil a confiar que o ano será melhor que o de 2017?

Os números oficiais e os indicadores que monitoramos indicam isso. Devemos aproveitar que é um ano de mudança, de recuperação, e apresentar de maneira colaborativa nossas propostas aos candidatos e novos ocupantes dos cargos públicos que se desincompatibilizarão para disputar as eleições.

Números da CBIC mostram dados animadores para o setor imobiliário. A retomada de obras imobiliárias deve ser o indutor do crescimento do setor em 2018?

A tendência geral para o ano é de melhoria dos resultados, porém ainda poderão ocorrer oscilações pontuais nos resultados mês a mês, o que é normal para esta fase de retomada após a crise dos últimos dois anos no setor. Entre os segmentos de mercado da indústria de materiais, o varejo, que já vem apresentando crescimento nos últimos meses, deverá se manter com os melhores resultados neste ano, seguido pelo segmento de obras imobiliárias (residenciais, comerciais) que deverá ter melhoria mais significativa a partir do segundo semestre. O segmento de infraestrutura só deverá se recuperar de forma consistente a partir do próximo ano.

A falta de recursos da Caixa Econômica para financiar imóveis pode atrapalhar ou os bancos privados vão acabar aproveitando esse vácuo?

Certamente essa é uma questão que precisará ser trabalhada. Há, inclusive, propostas e sugestões de diferentes entidades para endereçar essa questão.

Selic a 6,75% e inflação baixa dão a confiança necessária para as construtoras tocarem suas obras?

Taxa de juros e inflação são dois componentes importantes para impulsionar o mercado. Outros fatores como o crescimento da atividade industrial, redução do desemprego e acesso a crédito também têm de ser levados em consideração.

Qual o cenário que a ABRAMAT faz sobre construção industrializada dentro do novo cenário da construção civil brasileira?

É uma tendência e será importante o envolvimento do setor privado nas decisões acerca da regulação desse ambiente, visando maior produtividade e redução de custos.

Em relação a obras de infraestrutura, devemos ter mais um ano de baixo investimento?

Para este ano, por ser eleitoral, o governo federal e os governos estaduais deverão acelerar e entregar diversas obras ainda no primeiro semestre. A retomada efetiva do setor de infraestrutura deverá iniciar só a partir de 2019, no novo governo.

Além do mercado interno, qual o cenário para a exportação de materiais de construção fabricados no Brasil?

O tema é complexo, com muitas variáveis em jogo, como câmbio, por exemplo. Estamos buscando oportunidades. Chama a atenção as recentes restrições dos EUA ao aço e alumínio brasileiro.

Entrevistado
Engenheiro de produção Rodrigo Navarro, com MBA em relações governamentais pela FGV, e presidente-executivo da ABRAMAT

Contato: abramat@abramat.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Inteligência Artificial escolhe “imóvel certo” para você

Tecnologia cruza dados dos rastros digitais para saber a residência que mais desperta o interesse de um potencial comprador

Rastros digitais oferecem dados que podem servir a interesses comerciais, políticos ou de qualquer outra natureza. Crédito: Divulgação
Rastros digitais oferecem dados que podem servir a interesses comerciais, políticos ou de qualquer outra natureza. Crédito: Divulgação

A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente em nosso cotidiano. Um exemplo, é que ela já consegue influenciar até no tipo de imóvel que se quer comprar. Como? Algoritmos que analisam as preferências do usuário - e de grupos de usuários com tendências semelhantes - cruzam dados para saber a residência que mais desperta o interesse de um potencial comprador. Essas informações são fornecidas quando o cliente começa a navegar na internet, principalmente pelas redes sociais, deixando o que os especialistas chamam de rastros digitais.

A pesquisadora Dora Kaufman, doutora pela USP, pós-doutora na COPPE/UFRJ e coautora do livro “Empresas e Consumidores em Rede: um estudo das práticas colaborativas no Brasil”, define rastros digitais. “As redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram, promovem o compartilhamento de distintas experiências entre distintas pessoas. O fenômeno pode ser observado igualmente pelas informações armazenadas nos bancos de dados de cartões de crédito, nos programas de fidelidade e inúmeras outras ações presentes em nosso dia a dia. São os chamados rastros digitais, deixados e arquivados em cada interação que fazemos usando as novas tecnologias”, explica.

Acima de desktops, notebooks e tablets, são os smartphones os que mais deixam rastros digitais. Principalmente, quando carregam apps de geolocalização. Sem contar que é através destes aparelhos que acontecem os maiores contatos com equipes de trabalho, amigos e família. Os algoritmos rastreiam esse volume de informações. “Grande parte do que fazemos hoje, fazemos por meio de tecnologias digitais que deixam rastros, os quais podem atender interesses comerciais, políticos ou de qualquer outra natureza”, cita Dora Kaufman, em seu artigo “Na era dos rastros digitais”.

Influência vai da construção até a venda

No caso do mercado imobiliário, as informações permitem que a Inteligência Artificial colete dados para que se chegue na oferta do “imóvel certo”. Algoritmos possibilitam identificar se o usuário prefere casa ou apartamento, unidades baixas ou altas, quais os bairros de sua preferência, se busca morar ou investir, qual o estilo arquitetônico que mais lhe agrada e até as preferências por tipos de materiais de construção (alvenaria, madeira, envidraçados, pré-fabricados...) e elementos de decoração.

Os mesmo dados também servem para que as construtoras definam seus projetos e personalizem o atendimento aos seus clientes.  Há também consequências impactantes da Inteligência Artificial sobre a redução de custos na construção civil. Além de oferecer obras sob medida para o cliente, a IA possibilita economia no canteiro, permitindo melhor gerenciamento dos materiais e minimizando desperdício. “A Inteligência Artificial já permeia nosso cotidiano, influenciando diretamente a produção e o mercado consumidor. Ela já é capaz de diagnosticar tudo o que nos influencia”, resume Dora Kaufman.

Entrevistada
Reportagem com base no artigo “Na era dos rastros digitais”, da economista, doutora e pós-doutora em engenharia de produção, Dora Kaufman

Contatos
dkaufman@usp.br
http://dorakaufman.blog

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Wi-fi na loja de material de construção amplia vendas

Wi-fi amplia oportunidades para que consumidor defina sua compra dentro da loja de materiais de construção
. Crédito: Michael Kofsky/US Today
Wi-fi amplia oportunidades para que consumidor defina sua compra dentro da loja de materiais de construção
. Crédito: Michael Kofsky/US Today

A pesquisa Riverbed Retail Digital Transformation Survey (reverberando a transformação digital no varejo) revela que o wi-fi ainda está pouco presente no espaço de venda das lojas de material de construção. Aquelas que liberam o sinal para os consumidores ampliam as oportunidades de se relacionar com os clientes e, consequentemente, aumentam as vendas.

A edição 2018 do estudo, que envolveu dados coletados em 2017, abrangeu o comércio de material de construção nos Estados Unidos, na Alemanha e na Austrália. A pesquisa mostrou que a maioria das lojas possui apenas o sinal liberado para seus funcionários, a fim de que eles possam acessar o estoque através de seus smartphones e, assim, agilizar a venda.

Quem já utiliza o wi-fi para alavancar as vendas consegue promover um marketing agressivo junto aos clientes. Os comerciantes realizam promoções-relâmpagos que o consumidor só consegue acessar de seu smartphone e entrando no site da loja. Há ainda as que fazem sorteios e possuem até vendedores virtuais, que podem atender o comprador diretamente pelo smartphone.

Atualmente, revela a pesquisa, apenas 26% das lojas nos países pesquisados usam o wi-fi como ferramenta de venda. Para elas, o volume de negócios cresceu 19% em 2017. Os resultados dos estudos foram compartilhados com os organismos de comércio de Estados Unidos, Alemanha e Austrália e causaram reações positivas nos lojistas. Veja:

• 51% prometeram liberar o sinal de wi-fi na loja.
• 49% asseguraram que vão ampliar o sinal para que a experiência do consumidor seja a melhor possível.
• 48% disseram que vão investir em aplicativos para se relacionar melhor com os clientes.
• 47% aprovaram a ideia de levar o espaço de venda para dentro do smartphone do cliente.
• 45% prometeram treinar seus colaboradores para usar o wi-fi como ferramenta de venda.

Subbu Iyer, SVP (senior vice-president) e CMO (chief marketing officer) da Riverbed Technology, afirma que o futuro das vendas nas lojas físicas está em alinhar o comércio presencial com as possibilidades digitais. “O estudo revela que a prosperidade dos varejistas de material de construção depende de saber usar a tecnologia na nuvem para manter o cliente em sua loja”, diz.

Sebrae usa dados da pesquisa no Brasil

No Brasil, o Sebrae Inteligência Setorial trabalha para adequar os dados da pesquisa às necessidades dos lojistas de material de construção do país. O uso de wi-fi como alavanca de venda em lojas físicas é muito restrito no mercado brasileiro. Hoje, ele se limita a boutiques especializadas em produtos como cerâmicas, porcelanatos e metais. Nestes espaços, os consumidores conseguem ter a experiência de ver como o material que ele pretende comprar vai ficar na parede de sua residência.

Subbu Iyer realça que apesar da Riverbed Retail Digital Transformation Survey ter se concentrado em Estados Unidos, Alemanha e Austrália, os conceitos que ela dissemina servem para todos os países que têm um mercado consolidado da construção civil, como é o caso do Brasil. “Para se manterem competitivos em 2018, os varejistas terão que repensar o uso do wi-fi em suas lojas, acoplado a estratégias que ajudem a transformar seus negócios”, conclui.

Veja a íntegra da pesquisa

Entrevistado
Reportagem com base no relatório da pesquisa Riverbed Retail Digital Transformation Survey

Contato: press@riverbed.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Vai construir em faixa litorânea? Capriche na argamassa

Assim como os protetores solares agem como um escudo para blindar a pele humana dos raios ultravioletas, quando se está exposto ao sol, é a argamassa o melhor protetor para evitar que o concreto seja atingido pelos cloretos que são lançados no ar pelo aerossol marinho – também conhecido como névoa marinha. Esses cloretos desencadeiam patologias como corrosão das armaduras, podendo levar ao colapso as estruturas construídas em faixa litorânea. Por isso, se for empreender uma obra em região exposta aos efeitos do mar, capriche na argamassa.

Gibson Meira: argamassa é o principal protetor contra partículas de cloretos que se depositam nas superfícies das edificações. Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Gibson Meira: argamassa é o principal protetor contra partículas de cloretos que se depositam nas superfícies das edificações. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Em síntese, esse foi o recado deixado pelo pesquisador e professor-doutor do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Gibson Meira, que palestrou no 3º Simpósio Paranaense de Patologias das Construções, promovido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) na primeira semana de maio de 2018. Desde o início dos anos 2000 ele se dedica a estudar edificações expostas às chamadas “zonas de spray marinho”. “Essas áreas variam de região para região. Em João Pessoa-PB, elas se estendem por até 200 metros da faixa do mar, mas há casos em que avançam significativamente pelo continente. Em Florianópolis-SC, há relatos de que chegam a avançar até 1.400 metros. Na Austrália, podem atingir até 30 quilômetros”, diz o professor-doutor.

Conhecido com spray marinho, aerossol marinho ou névoa marinha, o fenômeno se dá quando a onda quebra na praia, lançando partículas salinas que são capturadas pelo vento e transportadas para dentro do continente, carregando partículas corrosivas de cloretos. Quanto maior a velocidade do vento, mais distante o percurso que elas podem percorrer. No Brasil, as partículas do aerossol se movimentam, em média, a 5 m/s. Quando o vento faz depositar na superfície das edificações até 100 miligramas diárias por metro quadrado (100 mg/m2/dia) inexiste preocupação quanto a corrosão das armaduras. Mas se a concentração salina passar deste nível é acionado o alerta.

Argamassa mais espessa e com materiais de boa qualidade protegem melhor o concreto

Em Fortaleza-CE já foi verificada concentração diária de 3,5 gramas por metro quadrado (3.500 miligramas/m2/dia). “Quando isso ocorre, a probabilidade de parte desses cloretos depositados na superfície da edificação ser transportada para dentro do concreto, atingindo a armadura, é relativamente grande. Ela começa de forma despretensiosa, até desencadear o processo de corrosão, podendo levar ao colapso da estrutura se não forem tomadas medidas de combate a essa patologia”, explica Gibson Meira, entrando no quesito qualidade do revestimento da argamassa. No IFPB, os testes envolveram a argamassa convencional, feita com cimento, água, cal hidratada e areia, preparada in loco, ou seja, sem o uso de argamassas industrializadas, as quais podem vir com aditivos que melhoram a combatividade do material contra eventuais agentes corrosivos.

Foram testados vários tipos de espessuras – de 25 milímetros a 55 milímetros. Em ensaios acelerados em laboratório, simulando vida útil de 30 anos, verificou-se que as menos espessas e com material mais poroso funcionavam como colônias para os cloretos. Já as mais espessas, e que utilizam uma areia mais refinada, agiam como escudos. “Conclusão: a espessura e a qualidade dos materiais, como o tipo certo de cimento, permitem que a argamassa acrescente proteção adicional ao concreto. Em alguns casos, espessuras de 55 milímetros foram as mais recomendadas, mas isso varia, dependendo das situações práticas”, afirma o professor-doutor Gibson Meira, ao concluir sua palestra.

Saiba mais

Baixe o livro “Corrosão de armaduras em estruturas de concreto: fundamentos, diagnóstico e prevenção“, de Gibson Rocha Meira (Editora IFPB)

Entrevistado
Reportagem com base na palestra do engenheiro civil e professor-doutor do Instituto Federal da Paraíba, Gibson Rocha Meira, dentro do 3º Simpósio Paranaense de Patologias das Construções, promovido pela UFPR

Contato: prc.ufpr.contato@gmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Norma define “preço justo” para engenharia consultiva

Com a ABNT NBR 16633, empresas terão parâmetros melhores para compor seus custos


Setor de suprimentos requer equipe de inteligência

Atividades permitem medir indicadores, planejar e trabalhar com estratégias para municiar a área de compras das construtoras

Núcleo de inteligência abastece o setor de compras, mas deve ter atuação independente
. Crédito: Divulgação
Núcleo de inteligência abastece o setor de compras, mas deve ter atuação independente
. Crédito: Divulgação

A cotação pura e simples, a fim de desencadear um processo de compras de materiais e serviços na construção civil, já não consegue atender as empresas que buscam margens satisfatórias em seus negócios, sem abrir mão da qualidade. Segundo a engenheira civil Tathyana Moratti, que é gerente em inteligência de suprimentos, as construtoras - principalmente as que têm grande demanda de materiais - estão optando por equipes de inteligência que abasteçam os setores de compra com informações, estratégias e planejamento.

A especialista alerta que, para que as equipes se consolidem, é importante que a construtora reconheça a importância de estabelecer uma gestão profissional e estratégica da área de suprimentos, integrada aos demais setores da empresa. “A inteligência precisa ter uma equipe independente, para não ficar atrelada ao foco do comprador, que é apenas comprar. O objetivo é medir indicadores, planejar e entregar esse trabalho ao setor de compras, para que ele não precise definir uma compra aos 45 minutos do segundo tempo”, compara Tathyana Moratti.

A engenheira civil afirma que, usando a inteligência de suprimentos, a construtora dificilmente é surpreendida. “O fornecedor raramente bate na porta da empresa e oferece desconto. Porém, se a companhia tiver uma equipe de inteligência que acompanhe as variáveis que definem os preços do fornecedor, como taxa de juros, incentivos fiscais, etc, é possível usar essa informação para negociar descontos”, informa.

Fornecedores estratégicos devem ser parceiros

Tathyana Moratti: parceria com fornecedor estratégico pode gerar ganhos de até 10%
. Crédito: Divulgação
Tathyana Moratti: parceria com fornecedor estratégico pode gerar ganhos de até 10%
. Crédito: Divulgação

Em sua palestra via webseminário, Tathyana Moratti abordou o livro “Compras estratégicas - Construa Parcerias com Fornecedores e Gere Valor Para Seus Negócios” (Claudio Mitsutani, Cesar Righetti, Cristiane Biazzin Villar,Fabio Miguel, Gustavo Menoncin Pereira, Marc Burbrige,Walter Freitas, Ed. Saraiva, 280 páginas). “O nível de competitividade atual, associado à busca da sustentabilidade de longo prazo, exige controle absoluto de suas despesas e dispêndio de investimentos. Por este motivo, as grandes organizações estão investindo nos profissionais da área de compras estratégicas, importante para o bom desempenho dos resultados operacionais”, cita a introdução da obra.

Voltando para Tathyana Moratti, a gerente de suprimentos destaca que a equipe de inteligência precisa que a empresa a municie com ferramentas para que ela possa buscar as informações que farão chegar ao fornecedor ideal. “Uma dessas ferramentas é o benchmarking para análise da concorrência. É necessário sempre se comparar a eles (os concorrentes) para ver se o que a empresa está fazendo é inovador ou está defasado”, destaca. A engenheira civil também reforça que a inteligência de suprimentos não pode abrir mão da relação de parceria com os fornecedores. “Isso traz ganhos que podem chegar a 10% no custo da compra, principalmente com os fornecedores estratégicos para uma obra”, completa.

Assista a íntegra do webseminário “Inteligência de suprimentos na construção civil”

Entrevistada
Reportagem com base no webseminário “Inteligência de suprimentos na construção civil”, com a engenheira civil Tathyana Moratti, pós-graduada em logística, mestre em ciências e gerente de inteligência de suprimentos

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Desabamentos expõem patologias do concreto em Brasília

Patrimônio histórico e cultural da humanidade, capital federal vê legado de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa ruir por falta de manutenção

Viaduto no Eixão de Brasília, no coração do Plano Piloto: desabamento foi “tragédia anunciada”. Crédito: Agência Brasil
Viaduto no Eixão de Brasília, no coração do Plano Piloto: desabamento foi “tragédia anunciada”. Crédito: Agência Brasil

O conjunto arquitetônico e urbanístico de Brasília, concebido por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, tornou-se patrimônio histórico e cultural da humanidade em 1987. Passados 30 anos, esse legado corre sério risco. As patologias do concreto ameaçam desde a infraestrutura viária da capital federal até as habitações funcionais e os palácios.

No mês de fevereiro de 2018, dois desabamentos ocorridos no intervalo de uma semana mostraram que estruturas de concreto erguidas há quase 60 anos estão seriamente ameaçadas por falta de manutenção. Primeiro, foi a laje de um edifício funcional na asa Norte, que caiu sobre carros; depois, a queda de um viaduto no centro da capital federal.

Para completar, foi detectada uma rachadura na rampa do Palácio do Planalto - um ícone do projeto original de Oscar Niemeyer. Para a presidente do Crea-DF, Fátima Có, a deterioração das estruturas é “uma tragédia anunciada”. “Solicitamos diversas vistorias em áreas críticas do Plano Piloto, mas não fomos atendidos. São estruturas antigas, que não passaram pelas vistorias solicitadas. Podemos dizer que foi uma tragédia anunciada”, diz.

Professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), e Ph.D em patologias do concreto, Paulo Helene já frisou em uma de suas palestras que existe o efeito Rüsch, que é quando as estruturas de concreto “gritam” para demonstrar que estão sob risco. “A fim de detectar a manifestação do material é necessário fiscalizar”, alerta o especialista.

Parece que nem inspeção visual tem sido feita

Laje sobre carros em prédio funcional de Brasília: legado de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa está comprometido.  Crédito: Agência Brasil
Laje sobre carros em prédio funcional de Brasília: legado de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa está comprometido.
Crédito: Agência Brasil

As patologias do concreto se manifestam de várias formas, e, para evitá-las, a prevenção e a manutenção são os melhores remédios. Para o professor do departamento de engenharia de estruturas da USP, Mounir Khalil El Debs, a percepção é de que o Brasil não está dando a devida atenção às suas estruturas de concreto. “No mínimo, a inspeção visual já dá uma indicação da saúde da obra. Mas nem isso parece que está sendo feito”, destaca.

Na visão do engenheiro Reynaldo Barros, superintendente de Integração do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA/Crea) os vários organismos públicos e privados ligados à engenharia deveriam somar esforços em ações de prevenção e manutenção. Ele pediu uma legislação mais eficaz sobre obras públicas e uma melhor aplicação dos recursos orçamentários. “Precisamos efetivamente de planejamento e precisamos saber priorizar. Não dá pra brincar com engenharia”, destaca.

A inspeção das estruturas e a análise do concreto armado das construções que desabaram em Brasília estão a cargo do departamento de engenharia civil da UnB (Universidade de Brasília). O Crea-DF também acompanha a conclusão dos laudos, que vão decidir por uma destas duas opções, no caso do viaduto que caiu no setor conhecido como Eixão: 1. Reconstruir a parte que desabou e reforçar as demais; 2. Demolir o viaduto e construir um novo. Neste caso, o engenheiro-calculista Bruno Contarini foi acionado para que o projeto de um eventual novo viaduto siga o original e não ameace Brasília de perder o título de patrimônio da humanidade. Se é que já não esteja ameaçado.

Ouça áudio do professor Mounir Khalil El Debs sobre patologias do concreto

Entrevistados
Crea-DF, CONFEA/Crea, UnB (
via assessorias de imprensa)

Contato: comunicacao@creadf.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330