Novo ciclo imobiliário já começou, mas poucos perceberam

Marcos Kahtalian, na Feira de Imóveis 2018: abordagem sobre os novos mercados, os anseios e os desejos dos consumidores. Crédito: ADEMI-PR
Marcos Kahtalian, na Feira de Imóveis 2018: abordagem sobre os novos mercados, os anseios e os desejos dos consumidores. Crédito: ADEMI-PR

O mundo muda a uma velocidade muito rápida, e com ele o mercado imobiliário. Há um novo ciclo já em andamento, que, embora passe despercebido, já influencia o modo como se constroem e se vendem empreendimentos habitacionais e corporativos. Isso ocorre não apenas em outros países, mas no Brasil - principalmente, nas capitais mais relevantes do país.

“Questões comportamentais estão mudando o mercado. A maioria talvez ainda não tenha percebido, pois são mudanças muito repentinas. Trata-se de um conjunto de tendências que já influenciam na compra de imóveis”, revela Marcos Kahtalian, sócio-diretor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, em palestra na 27ª edição da Feira de Imóveis do Paraná, realizada de 15 a 19 de agosto, em Curitiba-PR.

Kahtalian elencou as tendências comportamentais que vêm influenciando na forma como o consumidor se relaciona com os imóveis. Segundo o palestrante, o surgimento de aplicativos que disponibilizam o compartilhamento de veículos já causa impacto, inclusive, no modo de construir.

“Existem compradores que não fazem mais questão de vaga de garagem. As salas comerciais estão cedendo lugar ao modelo de coworking. O coliving já é realidade em cidades como São Paulo-SP e Porto Alegre-RS. A casa na praia virou uma lembrança dos tempos da vovó. Hoje, o consumidor tem a possibilidade de ter sua casa na praia em qualquer lugar do mundo, através do mercado de multipropriedades”, elenca.

Novo conceito de família também influencia no ciclo imobiliário em curso

Para Marcos Kahtalian, está havendo uma redefinição do que é morar bem. “Sai o vizinho, entra o conhecer pessoas. O luxo ostentação dá lugar ao luxo consciente, que implica em morar em um imóvel que permita o reúso de água, que ofereça conforto acústico e térmico, que dê acesso à tecnologia, como a IoT (Internet das Coisas). O novo consumidor está mais atento à experiência de viver e conviver”, diz o palestrante, para quem essas mudanças comportamentais também influenciarão no ciclo de vida do mercado imobiliário, ou seja, a tendência é que as pessoas mudem mais de residência e de local de trabalho. “Elas irão em busca de suas comunidades”, completa. 

O novo conceito de família também influencia no ciclo imobiliário em curso. “A família nuclear foi desfeita, mas não significa que as famílias deixaram de existir. A prova é que, só em Curitiba, ocorrem 11 mil casamentos por ano. O que mudou foi a composição das famílias. Um exemplo: existem muitos casais que não têm filhos, mas têm o pet (animais de estimação). Algumas construtoras atentas a essa tendência já começam a pensar no espaço do pet na planta do imóvel. O mercado passa a atender essas famílias. Há dez anos, quem diria que o segmento de dois quartos iria se tornar predominante no mercado imobiliário brasileiro?”, questiona Marcos Kahtalian, que deixa o alerta: “Se tudo mudou, se mudam as formas de viver e conviver, o mercado imobiliário tem de se ocupar em atender esse novo consumidor.”

Ouça a palestra:

Entrevistado
Reportagem com base na palestra de Marcos Kahtalian, sócio-diretor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, na 27ª edição da Feira de Imóveis do Paraná, promovida pela ADEMI-PR

Contato: ademipr@ademipr.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

O que causou a queda da ponte em Gênova, na Itália?

A ponte Morandi, construída para cruzar o rio Polcevera, em Gênova, na Itália, desabou na manhã de 14 de agosto, causando 43 mortes (dados oficiais). Inaugurada em 1967, a estrutura passou por reformas na década de 1990 e em 2016. As investigações preliminares dos organismos de engenharia da Itália estimam que a ponte não havia sido projetada para receber os 25 milhões de veículos que por ela passaram a trafegar anualmente. Há também outras opiniões que sugerem que recente manutenção em um dos pilares pode ter influenciado na queda.

O diagnóstico mais verossímil parece estar no relatório de 2016, feito pelo engenheiro-estrutural Antonio Brencich, que também leciona na disciplina de concreto armado pela Universidade de Gênova. O documento aponta que a ponte deveria ter sido demolida e não reformada. "Há erros nesta ponte, que vêm de falhas de execução em relação ao projeto. São falhas estruturais no convés da ponte que influenciam em seu balanço. Mais cedo ou mais tarde terá que ser substituída. Há vários aspectos problemáticos, cuja reforma fica mais cara que a demolição e a construção de uma estrutura nova”, alertou na época. Dois anos depois, a ponte, que tinha 1.182 metros, viu um vão de 206 metros entrar em colapso.

Em seus estudos sobre a ponte Morandi, Antonio Brencich descobriu que a obra foi construída com estrutura mista - concreto protendido no convés e concreto armado nas torres e pilares. “É bom enfatizar que o colapso de uma ponte é a soma de uma longa série de erros: concepção construtiva, manutenção e uso inadequado em relação ao projeto. Quem, por exemplo, autorizou o trânsito de veículos pesados na ponte, o que fez com que as cargas sobre a estrutura extrapolassem o que é permitido em norma, que são duas vezes e meia a que ela normalmente suportaria?”, questiona o professor da Universidade de Gênova.

Raio e falhas geológicas foram descartadas pelos especialistas

Outras teses, não avalizadas por engenheiros, foram incorporadas à tragédia que ocorreu na Itália. Uma delas, segundo relatos de testemunhas, é que um raio atingiu a ponte segundos antes de ela desabar. De fato, no horário em que a estrutura desabou - por volta de 11h30 - chovia forte em Gênova, mas especialistas não relacionam o fenômeno meteorológico à queda da ponte. Da mesma forma, ruiu a tese de que os pilares estariam assentados sobre uma falha geológica. A ordem dos geólogos da Itália descartou essa hipótese, afirmando que o terreno não sofreu nenhuma instabilidade.

As investigações seguem e o laudo oficial sobre a causa do colapso só deve ser conhecido em seis meses. No entanto, as análises preliminares indicam tratar-se de uma fadiga estrutural, ainda que a concessionária que administrava o trecho que englobava a ponte, a Autostrade per l’Italia, tenha afirmado que realizava vistorias rotineiras na obra e que não encontrou nenhuma patologia antes do desabamento. De qualquer forma, o acidente colocou o governo da Itália em alerta. Motivo: o país tem pelo menos 300 estruturas, entre pontes, viadutos e túneis, que estariam em situação semelhante à da Morandi, que não foi a única a desabar recentemente na Itália. Estima-se que, desde 2013, dez pontes ruíram no país. A maioria sem vítimas fatais.

Entrevistado
Reportagem com base em coletânea de entrevistas que o engenheiro-estrutural Antonio Brencich concedeu à imprensa italiana, após a tragédia

Contato: dicca@pec.unige.it

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

CNI leva propostas da construção civil a presidenciáveis

Novo ocupante do Palácio do Planalto tem desafios pela frente, incluindo os que devem ser enfrentados para reaquecer a construção civil. Crédito: Agência Brasil
Novo ocupante do Palácio do Planalto tem desafios pela frente, incluindo os que devem ser enfrentados para reaquecer a construção civil. Crédito: Agência Brasil

Recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu o evento “Diálogo da Indústria com os Candidatos à Presidência da República”. O encontro possibilitou que o setor encaminhasse 43 documentos, que foram elaborados com base no Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022. Entre os estudos elaborados pela CNI estão os que envolvem as demandas da indústria da construção civil. São 11 os capítulos abordados. Veja os principais pontos:

Privatização na infraestrutura: o que falta fazer?

Leia o resumo do documento:

“Os recursos aplicados pelo Brasil em infraestrutura representam, em média, 2% do PIB por ano, mas deveriam ser de ao menos 4,15% para a superação dos gargalos existentes. Esses investimentos devem vir acompanhados de uma melhor capacidade de execução de projetos. A privatização de setores de infraestrutura tem alguns desafios. Para garantir a atração de agentes privados, além de um retorno que cubra o custo de capital do investidor, é necessário mitigar riscos legais, contratuais, regulatórios e relativos ao ambiente de negócios.”

Sistema portuário: avanços, problemas e agenda

Leia o resumo do documento:

“Embora a nova Lei dos Portos (12.815/13) tenha equacionado, de modo geral, as principais questões de natureza legal ou regulatória que travavam a expansão e a melhoria da eficiência do sistema portuário, ainda há medidas que podem ser adotadas para dar continuidade a esse processo. Conforme o estudo da CNI, é preciso transferir a administração dos portos organizados para o setor privado, licitar os terminais arrendados antes de 1993 e adequar os contratos de arrendamento vencidos.”

Transporte ferroviário: colocando a competitividade nos trilhos

Leia o resumo do documento:

“Um sistema ferroviário eficiente e bem conectado é um diferencial de competitividade no transporte de cargas. Para o Brasil superar os atuais gargalos logísticos, é fundamental aumentar o tamanho da malha, a velocidade média dos comboios e a conectividade do sistema. Entre as medidas necessárias para tornar o sistema ferroviário eficiente estão: renovação dos contratos de concessão, adequação do marco regulatório, aumento dos investimentos dos concessionários, definição sobre a questão dos trechos ferroviários ociosos e conclusão do processo de dissolução da Valec.”

Saneamento básico: uma agenda regulatória e institucional

Leia o resumo do documento:

“O setor com maior déficit de atendimento e maiores desafios de expansão é o de saneamento. A lenta expansão das redes e a baixa qualidade dos serviços têm trazido fortes implicações para a saúde da população e para o setor produtivo. Mantidos os níveis recentes de investimento, a universalização seria atingida apenas após 2050. Definir diretrizes regulatórias claras e efetivas é o primeiro passo para desenvolver o saneamento brasileiro.”

Grandes obras paradas: como enfrentar o problema?

Leia o resumo do documento:

“O Brasil investe pouco em infraestrutura e parte do que investe acaba sendo desperdiçada em obras paralisadas, que consomem recursos e não geram benefícios. Para evitar a suspensão de novas obras, é necessário melhorar o planejamento, avaliar qual modalidade de execução é a mais adequada, aparelhar melhor as equipes responsáveis, desenhar contratos mais equilibrados e fortalecer o controle interno.”

Energia elétrica: custos e competitividade

Leia o resumo do documento:

“A segurança no fornecimento e o custo da energia elétrica são determinantes para a competitividade da indústria brasileira. O sistema elétrico brasileiro já foi considerado um dos mais eficientes do mundo, mas o constante intervencionismo governamental, aliado ao alto custo dos impostos e dos encargos setoriais, além de erros regulatórios, tornou a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo. A redução sustentável do custo da eletricidade exige que se promova a regulação da formação de preços e tarifas, a redução dos encargos setoriais e da duração dos contratos de energia.”

Leia a íntegra do documento

Entrevistado
Reportagem com base no documento “Mapa Estratégico da Indústria”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Contato: imprensa@cni.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Edifícios aquecem mercado de concreto protendido

Em sua 4ª edição, o Seminário Latino-americano de Protensão aconteceu em Curitiba e bateu recorde de público (320 participantes). Crédito: SELAP 2018
Em sua 4ª edição, o Seminário Latino-americano de Protensão aconteceu em Curitiba e bateu recorde de público (320 participantes). Crédito: SELAP 2018

O ano de 2013 foi um marco para as obras em concreto protendido no Brasil. Foi quando se bateu o recorde em consumo de cordoalhas para protensão. Houve a venda de mais de 100 mil toneladas. Atualmente, esse volume encontra-se na faixa de 45 mil toneladas/ano. A queda ocorre porque a maior demanda por concreto protendido no país está nas obras de infraestrutura. Como elas se tornaram raras desde 2016, o consumo caiu. Mas o segmento que atua nesta área começa a explorar outro nicho que usa concreto protendido: o dos edifícios altos.

Segundo dados revelados no 4º Seminário Latino-americano de Protensão (SELAP), que aconteceu em Curitiba-PR, de 10 a 11 de agosto de 2018, entre 1997 e 2007 o mercado de protensão no Brasil vendeu 9,2 milhões de toneladas para a construção de edifícios, o que equivale a 7% da produção nacional, enquanto os outros 93% foram para obras de infraestrutura. Já, nos Estados Unidos, ocorre o inverso: no mesmo período, de 1997 a 2007, o país vendeu 82 milhões de toneladas de protensão para obras de prédios altos. “Hoje, o setor da construção de edifícios nos Estados Unidos consome mais de 80% do mercado de protensão”, explica o engenheiro civil Daniel Lopes Garcia, um dos palestrantes no evento.

Os Estados Unidos têm tradição no uso do concreto protendido em construção de prédios. O primeiro edifício norte-americano a usar a tecnologia foi erguido em 1950. No Brasil, os primeiros arranha-céus com essas características foram entregues em 1998. Entre os países latino-americanos, quem mais constrói edifícios altos usando concreto protendido é o Panamá. Pelas características geográficas do país, que é atingido por fortes ventos vindos dos oceanos Atlântico e Pacífico, somente a tecnologia que utiliza protensão consegue dar a estabilidade necessária aos prédios panamenhos, explica o professor-doutor Oscar M. Ramirez R., da Universidade Tecnológica do Panamá, que também palestrou no 4º SELAP.

Professor-doutor Oscar M. Ramirez R., da Universidade Tecnológica do Panamá, onde prédios altos usam somente a tecnologia de protensão. Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Professor-doutor Oscar M. Ramirez R., da Universidade Tecnológica do Panamá, onde prédios altos usam somente a tecnologia de protensão. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Ponte sobre o rio Negro é marco da construção em concreto protendido

No Brasil, a maior obra em concreto protendido é a ponte Jornalista Phelippe Daou, que cruza o rio Negro, no Amazonas. Foram consumidos 138 mil m3 de concreto e 2.200 toneladas de aço para protensão. Já a primeira obra que utilizou protensão no país foi a ponte do Galeão, no Rio de Janeiro-RJ, construída ao longo de 1948 e inaugurada em 1949. Toda a tecnologia foi importada da França. Em termos de prédios altos, a principal obra que utiliza a protensão atualmente no Brasil está em Balneário Camboriú-SC. É o edifício Yachthouse Residence Club, projetado para ser o mais alto do país.

Segundo o grupo IDD, voltado ao ensino e à pesquisa nas áreas de engenharia civil e arquitetura e urbanismo, a “protensão é a técnica empregada para aumentar a resistência do concreto à tração e melhorar o seu comportamento. Significa incrementar uma compressão a mais no concreto, por meio de cabos de aço, de forma que o material tenha maior capacidade de resistir aos esforços de tração”. Para explicar a função do concreto protendido, os engenheiros costumam usar o exemplo dos livros dispostos em uma prateleira. Para que se mantenham em pé, eles precisam de uma força de compressão exercidas pelas laterais da prateleira ou por objetos que possam comprimi-los. O conceito é semelhante quando se aplica o concreto protendido em uma obra.

Quer saber mais sobre concreto protendido? Acesse

Entrevistado
Reportagem com base nas palestr
as do 4º SELAP (Seminário Latino-americano de Protensão), promovido pelo Instituto Nacional de Estruturas Protendidas (INAEP) 

Contato: contato@inaep.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Construsul 2018 destaca tecnologia que qualifica a obra

Edição de 2018 da Construsul voltou para Porto Alegre-RS e recebeu perto de 45 mil pessoas nos quatro dias de feira. Crédito: Construsul
Edição de 2018 da Construsul voltou para Porto Alegre-RS e recebeu perto de 45 mil pessoas nos quatro dias de feira. Crédito: Construsul

Tecnologia e inovação protagonizaram a 21ª edição da Construsul - Feira Internacional da Construção, realizada de 1º a 4 de agosto de 2018, em Porto Alegre-RS. Desde os produtos expostos até as palestras dadas no evento, temas como indústria 4.0, gestão da obra em tempo real e softwares que ajudam a dar qualidade aos sistemas construtivos foram os que mais chamaram a atenção do público que esteve no evento, e que, segundo os organizadores, se aproximou dos 45 mil visitantes.

Um simulador que indica se o projeto e a execução da obra estão adequados à Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575) foi uma das inovações mostradas na Construsul. A ferramenta permite ao projetista, arquiteto ou engenheiro civil verificar quais são os critérios exigidos e se o que está em construção se adequa à norma técnica. Os criadores do simulador garantem que, além de facilitar o cumprimento da norma, o simulador ajuda a construir sem desperdício. “É possível diminuir o volume de resíduos, evitando a quebra de materiais”, comenta o coordenador de qualidade e desempenho da Construrohr, Felipe Lima.

O aplicativo First Planner, que permite a coleta de dados do canteiro de obras e o acesso às informações em tempo real, também foi mostrado na Construsul. “O sistema pode ser utilizado em qualquer método construtivo. Ele gerencia equipes e possibilita a gestão do serviço com dados quantitativos. Além da licença do software, fornecemos o hardware, que é a estação de coleta de dados. Cada funcionário possui um cartão, onde carrega as atividades cadastradas para ele, informando o início e o fim de cada dia de trabalho”, explica o idealizador do First Planner, Matheus Ries.

Feira finaliza com posição otimista para o setor da construção civil

O itt Performance, reconhecido instituto tecnológico em desempenho e construções da UNISINOS, em São Leopoldo-RS, também contribuiu com o viés inovador da feira ao trazer o seminário “Incêndios em Estruturas – Dimensionamento, inspeção, terapia e casos recentes”. Foram apresentadas pesquisas sobre o comportamento de elementos estruturais e seus materiais em altas temperaturas, assim como os parâmetros para dimensionamento de estruturas em situação de incêndio e a importância da compartimentação das edificações. Os palestrantes realizaram suas apresentações com base nas normas técnicas vigentes, técnicas de instrumentação, equipamentos tecnológicos dispostos no mercado e materiais inovadores.

A Construsul, que em 2018 voltou a Porto Alegre-RS, também destacou a força da construção civil brasileira para ajudar o país a retomar o crescimento. “Há um potencial imenso a ser explorado, não só no Brasil, mas na América Latina”, estima Paulo Richter, promotor da feira.

Entrevistado
Reportagem com base nas notícias veiculadas sobre a Construsul 2018
(via assessoria de imprensa)

Contato: comunicacao@suleventos.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Saiba como avaliar se o imóvel possui patologias graves

Problemas hidráulicos estão entre as patologias mais comuns em imóveis usados para vender ou alugar. Crédito: Divulgação 
Problemas hidráulicos estão entre as patologias mais comuns em imóveis usados para vender ou alugar. Crédito: Divulgação

Corretores não são obrigados a conhecer de engenharia civil. Porém, precisam ter noções básicas para detectar se determinado imóvel requer uma inspeção mais apurada antes de ser vendido ou alugado. Há casos que até podem exigir uma perícia. “Se a avaliação pede a presença de um engenheiro civil é porque o caso pode ser mais grave”, diz a palestrante de CRECI-SP, Caroline Böckler.

Em linhas gerais, os corretores precisam saber que um imóvel pode apresentar três tipos de patologias: vícios, defeitos e danos. Baseado no manual “A Saúde dos Edifícios – check-up predial”, editado pelo CREA-SP, os vícios são construtivos e não costumam oferecer riscos, mas apenas desvalorizam o imóvel. Os mais comuns são: torneira que não sai água, interruptor que não acende a lâmpada, tomada que não transfere a energia, paredes tortas que dificultam a instalação de armários, vaga na garagem que atrapalha a baliza, área de serviço sem ralo, descarga do vaso sanitário que interfere no fluxo de água do chuveiro.

Já os defeitos, ainda segundo o manual do CREA-SP, resultam de falhas que podem afetar a saúde e a segurança do consumidor. Entram neste grupo os erros construtivos. Tais como, janelas que permitem a entrada da água da chuva ou elementos mal fixados que ameaçam ferir o usuário ou terceiros, como pias e vasos sanitários. “Essas patologias podem ser aparentes ou ocultas. As aparentes costumam ser detectadas pelo comprador ou locatário. Já as ocultas se manifestam durante a ocupação do imóvel. Um exemplo: o disjuntor cai quando o chuveiro e a torneira elétrica estão ligados simultaneamente”, cita Caroline Böckler.

Boa parte dos problemas em imóveis ocorre por falta de manutenção

Há defeitos ocultos que levam tempo para se manifestar. Porém, nem sempre eles são gerados pelo construtor. No caso de imóveis usados, podem ter sido causados por quem habitou a moradia anteriormente.  Normalmente, são patologias que se manifestam por falta de manutenção, como calhas que não são limpas e alagam a laje durante uma chuva mais intensa ou quando o condomínio rompe a impermeabilização da laje para instalar uma antena de TV ou para-raio. 

O conjunto de vícios e defeitos pode resultar em danos. Os mais comuns são infiltrações, fungos e desplacamentos de fachadas. Para ilustrar, a palestrante do CRECI-SP apresentou pesquisa realizada pelo Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), onde foi detectado que 50% das irregularidades construtivas resultam de falha de manutenção, 23% de anomalias construtivas e 8% de anomalias funcionais ou degradação de sistemas, após o término do ciclo de vida útil.

O Secovi-SP também realizou recentemente um levantamento, com base em avaliações em 52 edifícios na cidade de São Paulo-SP, e detectou que 38% dos problemas em imóveis estão relacionados com problemas hidráulicos (vazamentos). Em seguida, vêm patologias nas paredes (fissuras, trincas e rachaduras), com 16,5%. “Por isso, cabe ao corretor ter conhecimento e experiência para orientar o comprador quando os reparos forem relativamente fáceis ou acionar a engenharia civil se houver problemas cujas soluções dependem da intervenção de um profissional”, alerta Caroline Böckler.

O manual “A Saúde dos Edifícios - check-up predial” está disponível para download

Assista a palestra da TV CrescI-SP

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Patologias em construção civil”, do CRECI-SP

Contato: imprensa@crecisp.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Reassentados de MG terão casas com arquitetura original

Canteiro de obras para o início da construção da nova Bento Rodrigues está em fase de instalação e ficará pronto no final de agosto de 2018. Crédito: Fundação Renova
Canteiro de obras para o início da construção da nova Bento Rodrigues está em fase de instalação e ficará pronto no final de agosto de 2018. Crédito: Fundação Renova

Dia 11 de maio de 2018 começou a instalação do canteiro de obras para o reassentamento da nova Bento Rodrigues. O distrito do município de Mariana, em Minas Gerais, foi destruído pelo rompimento da barragem do Fundão, em novembro de 2015. A comunidade atingida escolheu a localidade de Lavoura para a construção da nova cidade. O novo distrito ganhará toda a infraestrutura (escolas, posto de saúde, comércio, ruas e outras benfeitorias) e terá a característica de cidade sustentável. Além disso, os moradores poderão influenciar no projeto arquitetônico das casas, para que elas tenham características semelhantes das que foram destruídas na Bento Ribeiro original.

Ao todo, são 225 famílias sem moradias, as quais, atualmente, residem em Mariana e região. A previsão é de que elas tenham que aguardar mais 24 meses para receber suas casas de novo. Além de buscar semelhança com a arquitetura das residências destruídas, também existe o comprometimento de que cada família será envolta pela mesma vizinhança que possuía anteriormente. As obras estão sob a responsabilidade da Fundação Renova, constituída após a assinatura do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado em 2 de março de 2018, entre Samarco Mineração - com o apoio de seus acionistas, Vale e BHP Billiton -, governo federal, governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de outros organismos governamentais.

No dia 1º de agosto de 2018 foi emitido o selo que autoriza o começo das obras de reconstrução da nova Bento Rodrigues na localidade de Lavoura. Era a última etapa da burocracia que se arrastou por quase três anos. O próximo passo será a supressão vegetal e a terraplenagem do terreno, seguidos pelas obras de infraestrutura, como pavimentação, drenagem, redes de esgoto, distribuição de água e de energia. Após essa etapa, serão construídas as residências e os equipamentos públicos. O canteiro de obras estará 100% instalado no final de agosto. Já o projeto urbanístico foi aprovado no dia 8 de fevereiro deste ano, com o aval das famílias.

Pontes e estradas que levam à nova Bento Rodrigues estão em construção na região de Mariana-MG. Crédito: Fundação Renova
Pontes e estradas que levam à nova Bento Rodrigues estão em construção na região de Mariana-MG. Crédito: Fundação Renova

Infraestrutura rodoviária também está em fase de recuperação

O desenho, a definição do tamanho de cada lote, além da distribuição das ruas e das quadras, foi amplamente debatido com a comunidade e demais partes envolvidas. “A construção da nova Bento Rodrigues seguirá as diretrizes acordadas no projeto, que levou em consideração as necessidades dos atingidos, assim como as relações de vizinhança e a memória patrimonial e cultural, respeitando as especificidades do novo terreno”, diz relatório da Fundação Renova. Além da reconstrução da cidade em si, outras infraestruturas já tiveram suas obras iniciadas. Entre elas, a recuperação de estradas e pontes.

Até maio de 2018, mais de 70 quilômetros já haviam sido recuperados, entre trechos pavimentados e não-pavimentados. As vias receberam tratamento e acabamento através da execução de drenagem superficial, limpeza e roçada. Além disso, estão em andamento estruturas de apoio, como construção de bueiros, instalação de mata-burros e a sinalização dos trechos. As obras mais relevantes são as reconstruções de três pontes, nas localidades de Bicas, Bento Rodrigues e Camargos, o que permitirá o acesso à comunidade reassentada.

Entrevistado
Fundação Renova
(via assessoria de imprensa)

Contato: imprensa@fundacaorenova.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

No longo prazo, saco de cimento terá 25 quilos no Brasil

Assinatura do acordo com o Ministério Público do Trabalho vai custar 4,5 bilhões de reais à indústria de cimento. Crédito: MPT
Assinatura do acordo com o Ministério Público do Trabalho vai custar 4,5 bilhões de reais à indústria de cimento. Crédito: MPT

Dia 18 de junho de 2018, o Ministério Público do Trabalho (MPT) assinou termo de compromisso com as cimenteiras para reduzir o peso dos sacos de cimento produzidos e comercializados no Brasil. Pelo acordo, as empresas se comprometem a reduzir para 25 quilos as embalagens de cimento. Hoje, a indústria trabalha com sacos de 50 quilos. O prazo para os fabricantes se adequarem à nova regra é até 31 de dezembro de 2028. A partir dessa data, as embalagens mais pesadas somente poderão ser produzidas para exportação.

O acordo era negociado há quatro anos, com o objetivo de aproximar a indústria brasileira das normas internacionais referentes à proteção da saúde do trabalhador. O termo de compromisso foi assinado pelas empresas produtoras de cimento no Brasil, pelo procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, além do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), cujo presidente, Paulo Camillo Penna, explica como se dará a adaptação das companhias. Confira:

O prazo até 31 de dezembro de 2028 será suficiente para que a indústria do cimento se adapte para produzir sacos com 25 quilos, substituindo-os pelos de 50 quilos?

Esse é o prazo para que todas as 100 unidades produtoras de cimento realizem as alterações de infraestrutura e maquinário necessários para o ensacamento do cimento em sacos de 25 quilos. A mudança requer vultosos investimentos por parte dos fabricantes de cimento, além da preparação dos fornecedores, tanto no aspecto dos maquinários quanto no de embalagens, para atender essa nova demanda. Por isso, isso requer tempo para ser implementada.

Existe um cálculo estimado de quanto deverá ser investido para essa adaptação?

O investimento estimado para a adaptação de todo o atual parque cimenteiro é na ordem de 4,5 bilhões de reais. Esse investimento consiste na aquisição dos seguintes equipamentos: ensacadeira, silo e paletizadoras. Além desses equipamentos, há necessidade de obras de edificações para receber esses novos equipamentos. Além dos custos diretos de investimento (capital), há o aumento dos custos relacionados à matéria-prima e à perda de produtividade.

A logística e o armazenamento nos canteiros de obras também tendem a ser alteradas com a adoção de sacos de 25 quilos?

O cimento necessita de condições especiais de transporte e armazenamento (é perecível e não pode ser empilhado em grandes quantidades). Logo, toda a logística (caminhões, paletes, estoque etc.) é preparada para atender sacos de 50 quilos. Com a alteração do peso da embalagem, faz-se necessária toda a adaptação dos paletes, do local de estocagem e dos caminhões, que, por sua vez, carregarão menos quantidade de cimento, fazendo-se necessário mais fretes para escoar a mesma quantidade de cimento. A mudança também requer cuidados em relação ao concreto. A indústria preza pela qualidade do cimento fornecido através de todo o seu ciclo de vida e terá que se empenhar juntamente com os outros atores da cadeia da construção para assegurar, através de campanhas de comunicação, que o concreto continue a ser fabricado seguindo as especificações em relação à quantidade do produto.

“Reiterando a posição de vanguarda assumida pela indústria cimenteira em nível mundial, que em vários países passou a comercializar sacos com menos de 50 quilos, o setor aceitou a cooperação proposta pelo Ministério Público do Trabalho”

Para a proteção à saúde do trabalhador, que é o objetivo da mudança, não seria melhor uma campanha de conscientização em vez da alteração no peso da sacaria?

A legislação brasileira afirma que o peso máximo que um trabalhador pode movimentar individualmente é de 60 quilos. A indústria cimenteira nacional, com seu saco de 50 quilos, está estritamente conforme com a legislação trabalhista brasileira no que diz respeito à saúde e segurança do trabalhador, sendo este, inclusive, um dos princípios fundamentais da atuação das empresas. Reiterando a posição de vanguarda assumida pela indústria cimenteira em nível mundial, que em vários países passou a comercializar sacos com menos de 50 quilos, o setor aceitou a cooperação proposta pelo Ministério Público do Trabalho no sentido de reduzir para 25 quilos o peso dos sacos de cimento produzidos a partir de 1º de janeiro de 2029. É importante que as orientações quanto ao carregamento de peso pelos usuários dos sacos de cimento sejam repassadas ao longo da cadeia, principalmente para o varejo e canteiros de obra, para que as diretrizes possam realmente ser implementadas na prática, e que se note efetivamente uma melhora sensível em relação à saúde do trabalhador.

Hoje há elevadores e guindastes para erguer pesos nos canteiros de obras. Esses equipamentos não minimizariam os esforços para sacos de 50 quilos?

Nas fábricas de cimento instaladas no Brasil não há movimentação manual de sacos de cimento por parte de seus funcionários. Em grandes obras também existem equipamentos que minimizam os esforços de movimentação de grandes pesos. Porém, o comércio varejista e as pequenas obras não possuem tais equipamentos. Esse acordo, pioneiro, impactará em melhoria das condições de saúde e segurança dos trabalhadores.

Entrevistado
Paulo Camillo Vargas Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)

Contato: snic@snic.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Doze sugestões para mudar o ensino de engenharia 

O documento mostra números que revelam que o Brasil vem formando menos engenheiros que outros países do continente latino-americano. De cada 1.000 que prestam vestibular para entrar nos cursos de engenharia, 175 ingressam e apenas 95 se formam, revela o estudo intitulado “Ensino de Engenharia: Fortalecimento e Modernização”. Os números se baseiam em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Outro dado trazido para o debate se relaciona às fragilidades do ensino em engenharia. O Brasil possui 1.538 cursos de engenharia, dos quais 60% atingiram apenas a nota mínima satisfatória e 15% ficaram abaixo desse índice. “Mesmo nas escolas de excelência, há espaço para melhorias. É importante dar aos alunos a oportunidade de uma formação com visão mais multidisciplinar, sistêmica, empreendedora e em sintonia com as necessidades da economia e da sociedade”, conclui o estudo.

As sugestões elencadas no documento “Ensino de Engenharia: Fortalecimento e Modernização” vão ao encontro da recente parceria entre a Cia. de Cimento Itambé e a FAE para melhorar o processo de formação dos alunos de engenharia civil da faculdade. Os principais pontos do acordo são:

  • Formar alunos com capacidade de gerar inovações sustentáveis e transformá-las em empreendimentos a serviço da sociedade.
  • Capacitá-los para que sejam grandes gestores, a fim de que saibam respeitar e liderar pessoas, além de toda a capacidade técnica que a área exige.
  • Permitir que os alunos tenham acesso às principais tendências da área.
  • Possibilitar o domínio das tecnologias inovadoras.
  • Dar condições para que tenham experiências reais ao longo do seu processo de formação.

Confira as 12 sugestões para mudar o ensino de engenharia

1. Reforçar a base técnica e estimular a formação mais inovadora em engenharia, mediante a adoção de currículos com foco em formulação e resolução de problemas, planejamento, gestão, empreendedorismo, trabalho em equipe, capacidade de tomar decisão em ambientes de incerteza, pensamento crítico e sistêmico.

2. Ampliar a integração entre os cursos de engenharia e o setor produtivo.

3. Apoiar a criação e a utilização de laboratórios de ensino de melhores práticas, de projetos-pilotos para a renovação do ensino de engenharia e de conhecimento de experiências internacionais exitosas.

4. Estimular a adoção do modelo de ensino híbrido, combinando o uso da tecnologia digital a interações presenciais.

5. Apoiar a realização de competições, como olimpíadas, em que os alunos sejam levados a trabalhar em equipe, de forma interdisciplinar, na solução de desafios da engenharia.

6. Aprimorar a avaliação dos programas de ensino de engenharia: contratação, capacitação, avaliação e promoção de docentes.

7. Definir mecanismos de avaliação da atuação dos engenheiros egressos.

8. Apoiar a disseminação do mestrado profissional nas engenharias e direcionar os mestrados acadêmicos aos engenheiros que pretendem fazer carreira nessa área.

9. Capacitar docentes, com especial atenção ao treinamento em metodologias de ensino de engenharia, que envolvam a participação ativa dos estudantes (projetos, desafios, competições e outras).

10. Aprimorar o processo de progressão na carreira, de modo a incluir experiências práticas em engenharia como critério de avaliação e promoção de professores.

11. Estruturar programas de premiação docente que estimulem uma atuação condizente com os atuais requisitos da formação de engenheiros, conferindo especial atenção ao reconhecimento de esforços de cooperação e parceria entre a academia e o setor produtivo.

12. Estimular os professores das universidades a atuar nas empresas.

Entrevistado
Reportagem com base no documento “Ensino de Engenharia: Fortalecimento e Modernização”, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e que integra o Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022

Contato: imprensa@cni.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Capela quase centenária vira case de engenharia civil

Capela Santa Luzia: tratado como porcelana, patrimônio recebeu uma laje de concreto de alta resistência para suportar as escavações. Crédito: Cidade Matarazzo / Instagram
Capela Santa Luzia: tratado como porcelana, patrimônio recebeu uma laje de concreto de alta resistência para suportar as escavações. Crédito: Cidade Matarazzo / Instagram

A capela Santa Luzia, tombada pelo patrimônio histórico do estado de São Paulo e pelo município de São Paulo, é o mais recente case da engenharia civil brasileira. Perto de completar 100 anos - foi construída em 1922 -, a estrutura projetada pelo arquiteto italiano Giovanni Battista Bianchi está inserida no grande complexo comercial e hoteleiro, em obras na região da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. Conhecido como Cidade Matarazzo, o empreendimento preservou a capela mantendo-a suspensa por uma laje e oito pilares com 31 metros de altura e mais 23 metros encravados no solo.

Cada pilar de um metro de diâmetro recebeu 54 m3 de concreto. A sustentação da igrejinha permitiu que o terreno fosse escavado para a construção de um estacionamento com seis andares no subsolo, bicicletário e um cinema para 108 lugares. As escavações começaram em outubro de 2017 e serão concluídas em setembro de 2018. “Parte deste tempo foi gasto com o processo de estudo do solo, submetido a várias sondagens, para que pudéssemos perfurar com segurança”, diz o engenheiro civil José Rodrigo Tavares, gerente-geral da obra. Após essa averiguação, a etapa seguinte da obra foi “calçar” o patrimônio histórico com uma laje espessa de concreto de alta resistência (acima de 100 MPa).

Outras lajes foram construídas conforme as estacas iam se aprofundando no solo. O objetivo era evitar qualquer possibilidade de deslocamento lateral, o que poderia ocasionar trincas e rachaduras no patrimônio histórico. Na parte interna da capela também houve travamento com o uso de vigas de aço. Mesmo com todo o cuidado, a engenharia não dispensou um procedimento artesanal durante as escavações. Foram colocados copos com água sobre a laje, a fim de que pudesse ser acompanhado o grau de vibração que as perfurações causariam na estrutura quase centenária. “Tratamos o patrimônio como se fosse uma porcelana”, resume José Rodrigo Tavares.

Cogitou-se remover o patrimônio histórico transportando-o sobre trilhos

Cada um dos pilares que mantêm a capela suspensa recebeu 54 m3 de concreto. Crédito: Cidade Matarazzo / Instagram
Cada um dos pilares que mantêm a capela suspensa recebeu 54 m3 de concreto. Crédito: Cidade Matarazzo / Instagram

O projeto de cálculo e de engenharia estrutural do complexo Cidade Matarazzo é assinado pela JKMF Engenheiros (Julio Kassoy e Mario Franco). Segundo o escritório, havia duas opções para preservar a capela intacta: a que foi utilizada e a que cogitava remover a igrejinha para um terreno em frente da obra, usando trilhos. Essa hipótese foi descartada depois que houve uma averiguação das estruturas do patrimônio histórico, concluindo que elas não suportariam a transferência por trilhos. “Foi um desafio tomar a decisão acertada. Custou alguns dias sem dormir direito”, revela o engenheiro-calculista Mário Franco, com 89 anos e 65 anos de profissão.

Feita a decisão correta, as obras em todo o complexo seguem em ritmo acelerado para que o Cidade Matarazzo seja entregue em 2019. O investidor é o grupo francês Allard, que em 2011 adquiriu a área de 27 mil m2, onde ficava o hospital Matarazzo. Todas as edificações centenárias - a maioria construída em 1904 - serão preservadas e passarão por um processo de retrofit para se adequar às novas finalidades, que incluem um hotel seis estrelas, shopping centers e instalações comerciais.

Entrevistados
Engenheiro civil José Rodrigo Tavares, gerente-geral da obra de preservação da capela Santa Luzia, e JKMF Engenheiros
(via assessorias de imprensa)

Contatos
info@cidadematarazzo.com.br
jkmf@jkmf.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330