“Lei Boate Kiss” muda cursos de engenharia e arquitetura
Há um ano em vigor, a lei 13.425, que define normas de segurança, prevenção e proteção contra incêndio em estabelecimentos com capacidade de público igual ou superior a 100 pessoas, aumentou a responsabilidade de engenheiros civis e arquitetos. A legislação, popularmente conhecida como “Lei Boate Kiss”, obriga que as edificações em obra ou em processo de retrofit tenham projetos de prevenção de incêndio assinados pelos profissionais da área. A lei também torna mais rigorosa a fiscalização e cobra das escolas de engenharia e de arquitetura disciplinas voltadas para o combate ao fogo em edificações.
Neste ponto é que a lei ainda não pegou. Apesar de seu nome simbólico, em homenagem às 242 pessoas que morreram no incêndio que atingiu a boate Kiss em janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria-RS, as escolas de engenharia e de arquitetura ainda não possuem tais disciplinas agregadas aos seus currículos. E o texto da lei é claro: “... prevê ainda a obrigatoriedade da inclusão de conteúdos relativos à prevenção e ao combate a incêndios e desastres em todos os cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo, Engenharia, e em cursos técnicos ou de tecnologia na área.”
Para alertar sobre a necessidade de formar profissionais com preparo para projetar segurança contra incêndio nas edificações, ocorreu, dentro do 60º Congresso Brasileiro do Concreto, a segunda edição do Seminário sobre Segurança de Estruturas em Situação de Incêndio. Entre os palestrantes, o diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luís Carlos Pinto da Silva Filho, fez o alerta: “Não só por causa da lei, mas pelo volume de conhecimento que tem sido produzido nesta área, assim como as pesquisas realizadas, se torna uma exigência que mudanças rápidas aconteçam no currículo, para que a segurança contra incêndio seja abordada com a devida importância pelos cursos.”
Ainda são poucas as universidades que pesquisam e ensinam sobre prevenção ao fogo
O prazo para a implantação das disciplinas curriculares é 1º de outubro de 2018, mas boa parte das escolas de engenharia e de arquitetura tenta dar uma interpretação própria à lei, oferecendo palestras, cursos ou promovendo seminários, mas sem realizar efetivamente a mudança curricular, o que ainda se limita a poucas universidades. Para Luís Carlos Pinto da Silva Filho, é preciso um redirecionamento. “Não estamos entregando o que precisa para formar bons profissionais. A legislação, a fiscalização, a normalização e a certificação de materiais contra fogo estão evoluindo rapidamente e os novos profissionais precisam estar preparados para essa realidade”, afirma.
No Rio Grande do Sul, o itt Performance, da Unisinos de São Leopoldo/RS, e o LEME (Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais), da UFRGS, assim como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), vinculado à USP, em São Paulo-SP, são referências para o país na disseminação de conhecimento sobre engenharia de segurança contra incêndio. No Brasil, apenas outras nove universidades também pesquisam e ensinam sobre o assunto: UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto, UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), UNICAMP (Universidade de Campinas), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Entrevistado
Reportagem com base em palestra concedida pelo diretor da Escola de Engenharia da UFRGS, Luís Carlos Pinto da Silva Filho, durante o Seminário sobre Segurança de Estruturas em Situação de Incêndio, dentro do 60º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON
Contato: lcarlos66@gmail.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Atlas inédito sobre patologias da construção sai do papel
Segundo Pedro Castro Borges, que esteve em Foz do Iguaçu-PR na semana passada, onde aconteceu o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, o atlas é necessário para que sejam identificados os microclimas dentro do continente e, por meio desta pormenorização, possam ser trabalhados itens como qualidade do cimento, relação água/cimento e famílias do concreto. “A relação água/cimento, por exemplo, influencia muito no transporte de cloretos para dentro do concreto. Isso também depende da temperatura ambiente onde a obra está sendo construída. Quanto mais água e maior a temperatura, mais poros serão criados no concreto e, consequentemente, menor restrição à entrada de cloretos”, define.
O atlas, no entender de Pedro Castro Borges, seria um indicador de como produzir o melhor concreto em cada região do continente, levando em conta características climáticas, patologias mais recorrentes e propriedades dos materiais (cimento, areia, brita, água e aditivos) utilizados em cada microclima. Para isso, ele mobiliza especialistas para que o documento seja elaborado por várias mãos. “Não é um trabalho sozinho. Tenho falado com uma rede de especialistas em patologias do concreto que já alcança 19 países. A ideia é que em 2019, na CONPAT que vai ocorrer em Chiapas, possam lançar os fundamentos do atlas, para começarmos a elaborá-lo. No entanto, não é um trabalho que ocorre rapidamente. Presumo que vai precisar, no mínimo, de cinco anos para que possamos coletar as informações e publicá-lo”, diz.
Brasil tem papel importantíssimo na elaboração do atlas sobre patologias
Para o engenheiro mexicano, com a reunião de vários microclimas em um atlas será possível criar modelos matemáticos mais precisos para ajudar a prevenir, principalmente, o ingresso de cloretos no concreto, assim como evitar processos de carbonatação. Pedro Castro Borges ainda destaca que o Brasil tem papel importantíssimo na elaboração do atlas sobre patologias do concreto. Não só por ser o maior país do continente latino-americano, mas por possuir vários microclimas em seu território. “O Brasil tem um vasto litoral, que abrange desde a região nordeste - muito vulnerável a cloretos - até o sul do país, que tem características muito distantes. Por isso, a presença dos estudiosos brasileiros é importantíssima na concepção desse atlas”, reforça.
No México, o professor-doutor é considerado a principal autoridade no estudo de patologias relacionadas ao concreto. O trabalho de Pedro Castro Borges, atualmente, tem sido o de formar novos pesquisadores, já que as estruturas em seu país também são alvos recorrentes de ataques por cloretos, e de atuar em cima do aprimoramento de normas técnicas. “Costumo comparar o concreto a um ser vivo. Ele pode sofrer de câncer, que seriam os ataques por cloretos, e pode morrer, ou seja, pode ruir. Por isso, tratar dessas patologias é um tema de grande importância para todos”, reafirma.
Entrevistado
Reportagem com base em palestra concedida pelo professor-doutor e engenheiro civil Pedro Castro Borges, durante o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON
Contato: pcastro@cinvestav.mx
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Se economia reagir em 2019, vão faltar imóveis à venda
Apenas 2% dos imóveis postos à venda no país atualmente são lançamentos. O que construtoras e incorporadoras estão conseguindo negociar no cenário de crise são seus estoques. Dados da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) indicam que há atualmente 124 mil unidades já construídas para a venda, em todo o Brasil – considerando exclusivamente edificações residenciais. Diante deste cenário, se a economia retomar o crescimento entre 2019 e 2020, muito provavelmente faltarão imóveis novos para serem vendidos no país.
O levantamento da CBIC aponta que o estoque atual, considerando o ritmo fraco da economia, levaria 12 meses para se esgotar. Se não houver reposição, em setembro de 2019 não existirão mais imóveis novos já construídos à venda. Esse esvaziamento pode acelerar se o país voltar a crescer a um ritmo de 3% ao ano. Pior: não há lançamentos para compensar, pois em função do impasse sobre a lei do distrato as construtoras estão preferindo não lançar a venda do imóvel na planta. Há ainda o fato de que um edifício habitacional, por exemplo, leva pelo menos três anos para ficar pronto.
Pelas projeções, se as construtoras voltassem a produzir a todo vapor a partir de 2019, os estoques só seriam regularizados em 2022. Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, se por um lado os números mostram que as empresas estão conseguindo vender seus estoques, por outro ele vê risco de desequilíbrio no mercado. Celso Petrucci, presidente da comissão de indústria imobiliária da CBIC, avaliza a opinião do presidente. “Digamos que o presidente eleito seja comprometido com as reformas e o país cresça 1,5% em 2019 e 3% em 2020. Isso já é o suficiente para faltar imóvel no mercado”, diz.
Um dos riscos do desequilíbrio entre estoque e lançamentos é a alta do preço dos imóveis
O Brasil já viveu cenário semelhante em 2010, quando o país saiu de um crescimento negativo do PIB em 2009 (-0,1%) para 7,5% no ano seguinte. Isso ocasionou o consumo muito rápido dos estoques das construtoras e impactou nos preços dos lançamentos, que cresceram de 35% a 40% em cidades como São Paulo-SP, Rio de Janeiro-RJ e Brasília-DF. Para que fosse revertida a tendência de fim dos estoques com baixo nível de lançamentos, teria que haver uma inversão na política restritiva de crédito adotada pelos agentes financeiros, juntamente com a aprovação do projeto de lei que busca regulamentar o distrato e encontra-se, atualmente, parado no Senado.
Outro passo importante para que os lançamentos voltassem a crescer para compensar o fim dos estoques seria a retomada em um ritmo mais acelerado do programa Minha Casa Minha Vida. Assim, estima a CBIC, haveria um equilíbrio entre venda de estoques e lançamentos. Hoje a balança está fora do prumo. No primeiro semestre de 2018, foram vendidas no país 55,3 mil unidades de estoque e, no mesmo período, houve o lançamento de cerca de 25 mil unidades, porém, nem todas colocadas à venda ainda. Além disso, das que foram abertas para negociação, apenas 2% acabou efetivamente comprada. “É preciso trabalhar para retomar esse equilíbrio”, afirma José Carlos Martins.
Entrevistado
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com base no estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, do 1º semestre de 2018 (via assessoria de imprensa)
Contato: comunica@cbic.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Curitiba lidera ranking de cidades-inteligentes no Brasil
Entre as cerca de 700 cidades participantes do ranking Connected Smart Cities 2018, Curitiba conquistou o 1° lugar no ranking geral, 2º em empreendedorismo e urbanismo, 3º em tecnologia e inovação e 1º lugar em governança, tornando-se a cidade-inteligente número 1 do Brasil. A capital paranaense foi seguida de São Paulo-SP, Vitória-ES, Campinas-SP e Florianópolis-SC. Na sexta colocação está o Rio de Janeiro-RJ, com Belo Horizonte-MG, Porto Alegre-RS, Santos-SP e Niterói-RJ completando a lista das 10 melhores colocadas no ranking.
Para o presidente da Urban Systems e sócio da plataforma Connected Smart Cities, Thomaz Assumpção, Curitiba assumiu a liderança do ranking Connected Smart Cities por conseguir ser eficiente na conexão dos 11 eixos temáticos, que são: mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. “O resultado alcançado por Curitiba demonstra que a cidade tem planos estratégicos que se sobrepõem aos planos de governo”, avalia.
Curitiba ultrapassou a cidade de São Paulo-SP, que liderou o ranking em 2016 e 2017. A capital paranaense vinha subindo de posição e foi a terceira colocada em 2016 e a segunda em 2017. Segundo Thomaz Assumpção, o investimento em educação e em inovação tem papel decisivo no posicionamento da cidade. “A educação tem uma grande importância no desenvolvimento do empreendedorismo e na busca da sustentabilidade econômica, permitindo que mais atores sejam responsáveis pelo desenvolvimento da cidade”, diz.
Ranking está em sua 4ª edição e coleta dados de organismos governamentais
Durante a premiação, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, afirmou que a prefeitura relançou este ano o Curitiba Tecnoparque, programa de atração de empresas de base tecnológica para a capital, que oferece desconto de 5% para 2% no Imposto Sobre Serviços (ISS) às startups que investem em tecnologia e inovação. “O Tecnoparque é um dos pilares do Vale do Pinhão, sendo um programa estratégico para Curitiba. Em 2017, o Engenho da Inovação, sede do Vale do Pinhão, recebeu mais de 50 eventos voltados à inovação. Como resultado destes esforços, a capital vem subindo ano a ano no ranking Connected Smart Cities”, comemora.
Apesar de Curitiba liderar o ranking, o estado de São Paulo ainda concentra o maior número de cidades-inteligentes, com três municípios entre os 10 mais bem colocados. Destacam-se ainda as cidades de Pirassununga-SP e Barueri-SP. Na região sul, além das três capitais, outras 15 se posicionam no ranking das 100 cidades-inteligentes do país: Blumenau-SC (16º), Maringá-PR (20º), Balneário Camboriú-SC (24º), Joinville-SC (30º), Itajaí-SC (31º), Santa Maria-RS (38º), Cascavel-PR (45º), Pato Branco-PR (66º), Umuarama-PR (67º), Jaraguá do Sul-SC (68º), Chapecó-SC (77º), Canoas-RS (81º), Caxias do Sul-RS (89º), Ponta Grossa (93º) e Toledo-PR (96º).
O ranking Connected Smart Cities foi lançado em 2015 e a metodologia foi desenvolvida a partir do levantamento das principais publicações nacionais e internacionais sobre o tema cidades-inteligentes, conectadas e sustentáveis. Com base nestes estudos, foram elencados 70 indicadores possíveis de se mensurar dentro da realidade brasileira. A coleta de dados se dá em organismos governamentais, como IBGE, ministérios, secretarias e agências reguladoras.
Entrevistado
Urban Systems (via assessoria de imprensa)
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No Chile, construção pré-fabricada supera alvenaria
O Chile é o primeiro país da América Latina em que a construção de casas que usa a tecnologia de pré-fabricados de concreto supera a alvenaria. Segundo levantamento do Instituto do Cimento e do Concreto do Chile (ICH), desde o segundo semestre de 2017 o uso do pré-fabricado predomina em 46% das obras residenciais com dois pavimentos, enquanto o sistema de alvenaria responde por 43%. Os outros 11% referem-se a outras tecnologias, e que utilizam principalmente a madeira como matéria-prima.
As razões que têm levado as construtoras chilenas a optar pelo pré-fabricado são conhecidas: velocidade na construção, redução do emprego de mão de obra e menor custo. “O sistema é o que menos depende de grande quantidade de mão de obra. Por outro lado, fabricando os elementos sob condições controladas, para montá-los no local da obra, é possível obter um alto padrão de qualidade”, avalia Augusto Holmberg, gerente-geral do ICH. “Isso não vale apenas para moradias, mas para prédios residenciais”, completa.
Segundo Augusto Holmberg, as construtoras chilenas que atuam no setor habitacional descobriram algo que o segmento industrial já pratica faz 20 anos no país. “A construção de armazéns de logística, supermercados, centros de distribuição e indústrias, utilizando concreto pré-fabricado, é uma realidade consolidada e que esse setor não abre mão. Agora, o setor de construções de moradias está descobrindo os benefícios, que são muitos e tornam essa tendência irreversível”, reforça.
Um dos sistemas utilizados no Chile utiliza uma fábrica robotizada, que monta os elementos das casas em uma linha de montagem como se fosse uma fábrica de veículos automotores. Dentro da unidade, o robô produz as peças de concreto, dimensionado-as diretamente a partir do projeto concebido dentro da ferramenta BIM. Entre as vantagens, estão a redução de custos, redução de prazos de entrega, flexibilidade e características ecológicas do sistema. A construtora assegura que em um dia consegue produzir elementos para até 4 casas de 140 m2.
Tecnologia tem sido importante também no combate ao déficit habitacional
O sistema é importado da Alemanha e utiliza paredes sanduíche, com o “recheio” de EPS dentro das fôrmas para melhorar o conforto térmico e acústico. As peças milimetricamente fabricadas são transportadas para o terreno onde a casa será construída. Segundo o sócio-fundador da construtora chilena BauMax, Alexis Berczely, hoje o sistema permite economizar em 30% o cronograma da obra, mas ele avalia que tem potencial para chegar a 50%. Em cinco anos, a construtora estima que terá 8% do mercado chileno de construções residenciais para a classe média. “Em países como Alemanha, França, Holanda, Rússia, China e Austrália, essa tecnologia é amplamente utilizada, e será assim no Chile também”, avalia.
Só em Santiago e região metropolitana, o uso da tecnologia do pré-fabricado de concreto em residências alcançou a marca de 1,5 milhão de m2 no segundo semestre de 2017, mantendo-se em viés de alta no primeiro semestre de 2018. O sistema também vem ajudando o MinVU (Ministerio de Vivienda y Urbanismo) a reduzir ainda mais o déficit habitacional do Chile. No mais recente levantamento, divulgado em julho de 2018, o país tinha carência de 393 mil unidades, ante as 522.326 que existiam há dez anos.
Veja a produção robotizada de elementos pré-fabricados
Entrevistado
- Instituto do Cimento e do Concreto do Chile (ICH) (via assessoria de imprensa)
- Ministerio de Vivienda y Urbanismo (via assessoria de imprensa)
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Guia orienta como contratar sob a lei da terceirização
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu dia 30 de agosto de 2018 a favor da terceirização irrestrita, dando base legal à lei aprovada em 2017. A decisão tem efeito direto na indústria da construção civil, que ganha segurança jurídica para melhorar o ambiente de negócios nas empresas e as contratações para o canteiro de obras. Atenta, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) lançou o guia Contrate Certo, que orienta sobre serviços na modalidade de empreitada e subempreitada.
O documento traz textos-técnicos, sugestões de procedimentos e arquivos-modelos para otimizar todo o processo de contratação. “Tão importante quanto os aspectos operacionais de uma obra são os procedimentos legais e as questões administrativas e financeiras contempladas nela”, diz o enunciado do guia. “O desconhecimento da lei está na origem de muitas situações que acarretam complicações desnecessárias para as empresas. Acreditamos que a informação é a melhor ferramenta de que dispomos para trabalhar na legalidade e obedecendo às exigências legais”, continua.
Com a decisão definitiva do STF, os organismos ligados à construção civil avaliam que o guia Contrate Certo é ainda mais imprescindível aos empresários do setor. Para ser bem abrangente, o documento tem cinco capítulos: 1. Terceirização e o contrato de subempreitada (abordagem dos aspectos legais da subempreitada); 2. Fase pré-contratual (orientações para a empreitada, documentação básica, modelo de declarações e documentos); 3. Contrato de empreitada (normas e condições contratuais, modelos de contrato e relação de documentos); 4. Execução do contrato de empreitada (aspectos imprescindíveis, como ambiente da obra, alojamentos, medicina e segurança do trabalho, modelo de advertência e carta de rescisão e um checklist para a fiscalização); 5. Cursos de gestão para subempreiteiros (em parceria com sindicatos e Sebrae).
Para organismos da construção, ministros estão antenados com a economia moderna
O guia reflete a tese de repercussão-geral aprovada pelo STF, que foi a seguinte: “É lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante”. No entender dos organismos que representam a construção civil, a decisão do Supremo, por 7 votos a 4, deve servir para pacificar e uniformizar a questão na justiça trabalhista. “A terceirização não somente é legal como é indispensável no processo produtivo da construção moderna”, comenta o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto.
Já para os representantes da CBIC, a decisão do STF demonstra que os ministros estão antenados com a economia moderna, onde as cadeias de produção são verticalizadas. “A decisão acaba com uma discussão que já não fazia o menor sentido para a economia moderna e muito menos para a indústria da construção, considerando que o setor tradicionalmente subempreita as suas atividades”, destaca o presidente da comissão de política de relações trabalhistas (CPRT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Fernando Guedes Ferreira Filho.
Entrevistados
- Fernando Guedes Ferreira Filho, presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC (via assessoria de imprensa)
- José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP (via assessoria de imprensa)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Impressão 3D surge como solução para habitação social
Em Nantes, na França, a fila da habitação social para famílias com renda mínima começou a andar desde abril de 2018, quando foram entregues as primeiras moradias populares construídas com impressão 3D. O robô Batiprint3D, desenvolvido na Universidade de Nantes, consegue executar a estrutura de uma residência de cinco cômodos em 54 horas. As paredes são erguidas com polímeros e revestidas por placas cimentícias, para garantir conforto térmico e acústico à residência. A casa é impressa no terreno e todo o processo para que fique pronta leva 18 dias.
A impressora Batiprint3D pode ser transportada para o local da obra, o que torna o custo 40% menor que de uma construção convencional. A tecnologia surge como solução para o déficit habitacional em todo o mundo. O mesmo conceito tem sido aplicado em El Salvador, onde 100 residências são erguidas por impressoras 3D. As empresas que dominam essas tecnologias, assim como as universidades que fomentam as pesquisas, estimam que em qualquer lugar do mundo será possível construir casas de interesse social por 4 mil dólares, e entregá-las para moradia em 15 dias.
Francky Trichet, chefe do conselho de Nantes para questões de tecnologia e inovação, avalia que o modelo de impressão 3D para moradias permite começar a contar uma nova história na construção civil. "Durante dois mil anos não houve uma mudança no paradigma do processo de construção. Estamos começando a contar uma nova história. Acabamos de escrever ‘era uma vez...’, mas cabe às empresas privadas assumirem essa narrativa e massificarem a tecnologia”, diz.
Já Benoit Furet, líder do projeto na Universidade de Nantes, afirma que a tecnologia reduzirá o custo de construção em 25% nos próximos cinco anos e 40% nos próximos 10 ou 15 anos. “Isso se deve ao fato de que quanto mais aprimorada a tecnologia ficar mais barata ela se torna e, consequentemente, os custos caem, principalmente se as casas forem construídas em larga escala”, comenta. O professor entende também que, além de modificar a engenharia, a impressão 3D fará também com que a arquitetura reveja seus conceitos. “Ela poderá ser muito mais criativa ao imaginar as formas das casas que vai projetar”, completa.
Projeto viabiliza 100 casas em El Salvador e planeja erguer duas mil residências no Haiti
Além do projeto desenvolvido em Nantes, a ONG New Story, criada para ajudar a combater o déficit habitacional em países pobres, juntou-se à Icon - empresa de construção e robótica -, para viabilizar um condomínio com 100 residências em El Salvador. O custo de cada moradia é US$ 10 mil e o protótipo foi apresentado na edição 2018 da feira de inovação SXSW, em Austin-Texas. O modelo da casa mede 60 m² e sua estrutura é impressa em 24 horas, usando concreto autoadensável.
A parceria entre a ONG e a Icon trabalha para reduzir o custo de cada moradia para US$ 4 mil, a fim de levar um projeto ousado ao Haiti. A meta é viabilizar duas mil residências no país que desde 2004 vive em clima de guerra civil, e que em 2007 foi atingido por um devastador terremoto de 7.3 na escala Richter. O tremor destruiu cerca de 250 mil moradias no país, cujo déficit habitacional passa das 700 mil unidades.
“Sentimos ser nossa responsabilidade desafiar os métodos tradicionais de construção para acabar com o déficit habitacional. Os atuais nunca vão alcançar os mais de um bilhão de pessoas que hoje precisam de casas seguras”, disse Brett Hagler, CEO da New Story, em nota. “Ao trabalhar com a Icon e criar inovações em impressão 3D, somos capazes de atingir mais famílias, com melhores condições de abrigo, e muito mais rápido”, conclui.
Veja vídeo da casa construída em Nantes, na França
Veja vídeo da casa desenvolvida para projetos em El Salvador e no Haiti
Entrevistado
Departamento de engenharia mecânica e de produção da Universidade de Nantes (via assessoria de imprensa)
ONG New Story (via assessoria de imprensa)
Contatos
direction-gmp.iutna@univ-nantes.fr
sarah@newstorycharity.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Inteligência de venda chega aos materiais de construção
A Tecnologia da Informação aplicada ao setor de vendas de uma empresa reforça o conceito conhecido como Inteligência de Vendas. Através de softwares que organizam dados, é possível reunir o maior número de informações necessárias sobre potenciais clientes, independentemente da área de interesse. Consolidado em outros setores, o modelo agora alcança o varejo de materiais de construção.
Entre as ferramentas que estimulam a Inteligência de Vendas, as mais usadas são ERP, BI e CRM. O sistema ERP permite um fluxo de informações consistentes sobre o cliente. A BI (Business Intelligence) ajuda a organizar informações para focar a equipe de vendas e a entender o comportamento do consumidor. Já o CRM qualifica o relacionamento com o cliente.
A associação entre Tecnologia de Informação e Inteligência de Vendas está criando um novo tipo de vendedor. Ao procurar um cliente, ele não vai apenas oferecer um produto, mas uma solução para melhorar a produtividade, ampliar o faturamento ou reduzir despesas. As ferramentas citadas vão municiá-lo sobre as necessidades mais urgentes do cliente.
A Inteligência de Vendas e a TI fizeram o processo de vender entrar no século 21, diz o coach de vendas Alexsandro Silva. Não significa, no entanto, que o vendedor tenha que agir como uma máquina. Carisma, intuição e apelo emocional ainda contam para encaminhar uma negociação, mas com as novas ferramentas a venda ganha recursos que a tornam tão precisa quanto um ato cirúrgico.
Isso desde que o vendedor esteja bem treinado e apto para se tornar um analista de Inteligência de Vendas. Profissão, aliás, que está entre as 10 mais procuradas pelo mercado brasileiro, segundo a consultoria Page Personnel. Com média salarial de R$ 5,5 mil, ele domina ferramentas como ERP, BI e CRM para definir movimentações estratégicas em direção ao cliente.
Ferramentas servem para grandes marcas e para lojas de bairros
Para Gustavo Paulillo, que atua na criação de aplicativos que unem ferramentas e filtram informações para melhorar as vendas, sua definição sobre Inteligência de Vendas é a seguinte: “Inteligência em Vendas nada mais é do que o conjunto de práticas, sistemas e tecnologias que utilizam o poder da informação na hora certa e no lugar certo para ajudar os vendedores a fecharem mais negócios.”
Mas a Inteligência de Vendas não para de evoluir e está indo além dos processos eficientes de como vender. Ela tem sido auxiliar também na contratação de pessoas certas para formar uma equipe eficaz, principalmente para pequenas empresas do varejo e startups. As mesmas ferramentas que servem para marcas importantes funcionam também para lojistas de bairros.
Um exemplo: um pequeno empresário do ramo de materiais de construção pode começar a cadastrar seus clientes, coletando dados que vão apontar quais os produtos que o consumidor de sua loja mais compra. A partir destas informações, ele tem como melhorar a interação com seu público-alvo e também estabelecer um novo tipo de relação com seus fornecedores.
Segundo Gustavo Paulillo, “essas informações, quando reunidas e bem organizadas, ajudam a descobrir em que ponto do funil de vendas o cliente se encontra. Isso ajuda a desenvolver o melhor tipo de abordagem e a identificar o que o cliente quer consumir”. “Enfim, Inteligência de Vendas é um atalho indispensável para as empresas que queiram conjugar corretamente o verbo vender”, conclui.
Entrevistado
Reportagem com base no web seminário do coach de vendas Alexsandro Silva e no artigo “Inteligência de Vendas: o que é e como fechar mais negócios”, do desenvolvedor de ferramentas para vendas, Gustavo Paulillo, CEO da startup Agendor
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Sem tecnologia e comunicação obra está fadada ao prejuízo
Retrabalho, gerenciamento de conflitos e desinformação sobre o projeto são os problemas que mais geram atraso no canteiro de obras. O uso da tecnologia, facilitando a comunicação e o acesso às informações, é a melhor ferramenta para minimizar o impacto no cronograma. Pesquisa global revela que uma equipe de obras perde 14 horas por semana com retrabalho, gerenciamento de conflitos e na busca de dados do projeto. Só nos Estados Unidos, o impacto desses problemas causa perda anual que passa de 30 bilhões de dólares.
Das 14 horas perdidas semanalmente, os pesquisados disseram que cinco horas e meia são corroídas por causa de pesquisa de dados do projeto e outras informações relevantes para o trabalho. Quase cinco horas se esvaem em resolução de conflitos, incluindo gerenciamento de desacordos entre partes interessadas, como o contratante-geral, proprietários e subcontratados responsáveis pela entrega do projeto.
Outras quatro horas são gastas com atividades relacionadas a retrabalho, como gerenciar os erros em um projeto, avaliar os custos associados da correção e buscar o porquê dos erros terem acontecido. O resultado, segundo a pesquisa, é que, no acumulativo das horas perdidas, o setor da construção civil - globalmente falando - desperdiça pelo menos 177 bilhões de dólares por ano com a mão de obra. Neste custo global, estão incluídas horas sem produtividade, gastos com horas extras para compensar as horas não-produtivas, extensão de contratos de terceiros, pagamento de multas e substituição de equipes.
Não basta apenas oferecer as ferramentas. É preciso ensinar a usá-las
Uma das conclusões da pesquisa é que quase metade de todo o retrabalho no canteiro de obras se deve à falta de comunicação entre os envolvidos no projeto. Em alguns países, esse problema representa de 48% a 56% de todo o retrabalho gerado. Os entrevistados também citaram o que leva à falta de comunicação. Destacam-se: a ausência de respostas dos projetistas aos engenheiros que atuam no canteiro de obras, a incapacidade de aceitar mudanças no projeto e a dificuldade em compartilhar dados do projeto.
Para os coordenadores da pesquisa, essa é a principal barreira a ser vencida. “A falta de comunicação entre os membros da equipe e as informações incorretas ou inacessíveis de que os trabalhadores precisam para realizar a obra estão custando à indústria da construção dezenas de bilhões de dólares anualmente”, diz Jay Snyder, líder de práticas tecnológicas da FMI Corporation - empresa de consultoria dos Estados Unidos contratada para realizar a pesquisa.
O estudo detectou também que 75% dos entrevistados fornecem dispositivos móveis - smartphones ou tablets - para seus gerentes de projeto e supervisores de canteiros de obras, mas que 80% dos que possuem essas ferramentas continuam usando e-mails e telefonemas para conseguir informações sobre os projetos. A conclusão é que não basta apenas oferecer equipamentos, mas treinar os profissionais para que eles saibam explorar as tecnologias. Por outro lado, nos canteiros de obras que aprenderam a se beneficiar das ferramentas móveis e online, o retrabalho reduziu 57%, o gerenciamento de conflitos 58% e a desinformação sobre o projeto caiu 56%.
Entrevistado
Engenheiro de produção Jay Snyder, líder de práticas tecnológicas da FMI Corporation - empresa de consultoria dos EUA (via assessoria de imprensa)
Contato: jsnyder@fminet.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Trabalho intermitente legaliza canteiro de obras
A informalidade no canteiro de obras encontrou na nova legislação trabalhista uma ferramenta para combatê-la: o trabalho intermitente. O advogado especialista em direito trabalhista, Benôni Rossi, avalia que a opção traz trabalhadores para dentro da segurança do sistema previdenciário. “Ele (o trabalhador) vai receber pelas horas trabalhadas e poderá ter diversos contratos intermitentes, sem ser penalizado”, explica.
Para o profissional do direito trabalhista, a modalidade se enquadra perfeitamente à construção civil, permitindo a formalização de trabalhadores que atuam em canteiro de obras. O modelo também possibilita ao trabalhador atuar em horas e dias específicos, na medida em que for convocado pelo empregador. Neste caso, terá direito ao valor da hora trabalhada igual ao empregado que tem um contrato de 44 horas.
Seus direitos serão calculados proporcionalmente sobre esse valor. Para especialistas da área, é o melhor tipo de contrato para quem atua por empreitada, nas várias etapas de uma obra. No entender deles, também é uma solução para a construtora empregar sem onerar o custo do empreendimento.
Para contratar na modalidade trabalho intermitente, a empresa deverá entrar em contato com o trabalhador com pelo menos três dias de antecedência, informando qual será a jornada (horas, dias ou meses). O contato poderá ser feito por qualquer meio de comunicação eficaz (telefone, WhatsApp, email). O trabalhador terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado e, se não o fizer, ficará presumida a recusa da oferta.
O professor-doutor em engenharia de produção, Alonso Mazini Soler, lembra que o trabalhador intermitente, enquanto estiver sob contrato, contará com direitos e deveres semelhantes aos de um trabalhador sob o regime CLT. “O trabalhador intermitente receberá ordens e terá o seu trabalho supervisionado pelo empregador, tal como um trabalhador em tempo integral. A similaridade no trabalho entre eles reside na necessidade do empregador de dispor de um profissional que se ocupe exclusivamente de um trabalho ou de uma entrega específica, requerida num intervalo de tempo determinado, ou seja, o trabalho por projetos”, diz.
Modelo combate o “bico” em larga escala e a redução de direitos trabalhistas
Soler destaca ainda que as críticas à nova modalidade de contratação vêm dos que tentam legalizar em larga escala o “bico” e a consequente redução de direitos trabalhistas conquistados. “Sem nos ater às interpretações sobre o sentido dos avanços ou retrocessos da nova lei, o fato é que as contratações intermitentes permitem ao empregador associar, diretamente, os gastos com mão de obra às receitas. Ou seja, paga-se por aquilo que se vende e isso, supostamente, reduz custos, previne riscos e facilita a geração de trabalho e renda”, conclui.
A regulamentação do trabalho intermitente ocorreu dia 23 de maio de 2018, através da portaria 349 do Ministério do Trabalho. Ela define que o trabalho intermitente deverá ser registrado em contrato anotado na carteira de trabalho, explicitando o valor da hora ou do dia de trabalho - de acordo com o contrato feito por ambas as partes –, o local e o prazo para pagamento da remuneração. O valor horário ou diário não deve ser menor que a fração correspondente do salário mínimo ou dos demais empregados da empresa que exerçam a mesma função. Além disso, os empregados intermitentes ficam livres para prestar serviços a outras empresas no seu período de inatividade.
Resumo da regulamentação
- O trabalhador intermitente não estará à disposição da empresa no seu período de inatividade.
- A empresa deve anotar, na carteira de trabalho do empregado intermitente, o recolhimento das contribuições previdenciárias e o depósito do FGTS, com base nos valores mensais.
- No regime de contrato intermitente, o funcionário, desde que faça um acordo com o patrão, possui o direito de férias. Nesse caso, as normas são iguais as aplicadas para o empregado convencional.
- Se o contrato do trabalhador intermitente for por um período maior que um mês, a data-limite para pagamento da remuneração é o quinto dia útil do mês seguinte ao trabalhado.
Entrevistado
Reportagem com base em artigos do advogado especialista em direito trabalhista, Benôni Rossi, e do professor-doutor em engenharia de produção, Alonso Mazini Soler
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330