Arbo Cabral mostra como se constrói no século 21
O edifício residencial Arbo Cabral, em construção em Curitiba-PR, é um modelo de como se viabiliza uma obra no século 21. Ferramentas como o BIM, aliadas a plataformas de compras e indicadores de performance, ajudam a produtividade a se manter em alta. Junto a essas tecnologias, a edificação investe em sistemas construtivos que privilegiam a construção industrializada, utilizando elementos protendidos e concretos especiais.
As obras do Arbo Cabral estão a cargo da Huma Engenharia. Será um edifício de alto padrão, com 21 apartamentos (um por andar) e 30 lajes, considerando subsolos, áreas comuns e pavimentos técnicos. Trata-se de uma construção sustentável, que se credencia a obter a certificação LEED GBC Brasil Condomínio.
Segundo os fundadores da HUMA Engenharia, os engenheiros civis Marlus Doria e Thomas Gomes, a entrega do empreendimento está prevista para outubro de 2020. Com 8.400 m2 de área construída, o Arbo Cabral é um exemplo de que as construções sustentáveis estão se tornando protagonistas também no Brasil. Na entrevista a seguir, os sócios Marlus Dória e Thomas Gomes explicam as características inovadoras da obra. Confira:
Quais inovações tecnológicas foram incorporadas ao projeto do Arbo Cabral?
O projeto do Arbo Cabral, desde sua concepção, foi desenvolvido e compatibilizado na plataforma BIM. O modelo permite antecipar uma série de inconsistências construtivas e extrair quantitativos de materiais e composições com maior precisão, além de permitir simular novas soluções para incorporar ao empreendimento. Para a execução do projeto, há softwares inovadores, como a plataforma de compras Conaz, que consegue agilizar e otimizar uma série de processos internos, mantendo a produtividade da equipe sempre alta, focando em decisões estratégicas e não somente nas operacionais. Na parte de obra, conseguimos desenhar uma estratégia que prioriza a produção, adotando sistemas construtivos, indicadores de performance e contratação de empreitada que estão entre os mais modernos atualmente.
Em que fase encontra-se a obra do edifício e qual o volume de concreto estimado a ser empregado nas estruturas da edificação?
Hoje estamos finalizando a parte de escavação e iniciando os blocos e vigas baldrame da superestrutura. O volume estimado para essa fase é de aproximadamente 2,5 mil m³ de concreto.
O Arbo Cabral usará estruturas de concreto protendido, a fim de reduzir número de pilares, vigas e cargas sobre a fundação?
O Arbo contará com esta solução estrutural em quase todas as lajes do empreendimento. A tecnologia reduz o número de pilares e vigas, deixando o apartamento mais fluido e amplo aos olhos do morador.
Existe o uso de algum tipo de concreto especial, em termos de resistência e durabilidade, previsto para a obra?
A obra conta com soluções estruturais interessantes. Para isso, precisamos contar com o melhor concreto que há no mercado e, por isso, contratamos a Concrebras para produzir três tipos de concretos especiais:
1. Concreto fck – 20 MPa de slump 22±3 cm para as lamelas da parede diafragma (contenção). Este é um concreto bem fluido, pois não há como vibrá-lo, uma vez que ele é aplicado no solo. Desta forma, é necessário um concreto que se adense bem, garantindo a uniformidade da parede.
2. Concreto fck – 35 MPa de slump 10±2 para as lajes protendidas. É um concreto especial, desenvolvido especificamente para estruturas protendidas.
3. Concreto fck – 30 MPa de alta resistência superficial, específico para os pisos das garagens. É um concreto aditivado, que garante que o piso das garagens seja resistente, especialmente na superfície, ao fluxo constante de veículos.
“O Arbo Cabral possui um projeto-piloto junto à Cia. de Cimento Itambé para a logística reversa dos sacos de cimento.”
No canteiro de obras, o Arbo Cabral tem adotado quais práticas de sustentabilidade?
O Arbo Cabral está buscando a certificação LEED GBC Brasil Condomínio, que é o braço brasileiro da certificação internacional, especificamente desenhado para o mercado do Brasil. Para atingir a certificação no nível que desejamos, adotamos uma série de medidas de sustentabilidade no canteiro. Entre elas, instalar lava-rodas para os caminhões que entram e saem do canteiro, impedindo que resíduos de escavação cheguem na rede pública. Também instalamos reservatórios de captação de água da chuva para utilizar em serviços do canteiro, reduzindo o consumo de água. Ainda foram criadas baias específicas para a separação dos resíduos gerados durante toda a obra, além de um projeto-piloto junto à Cia. de Cimento Itambé para a logística reversa dos sacos de cimento utilizados. Por fim, adotamos materiais ambientalmente corretos e certificados por selos internacionais, que garantem a procedência e a sustentabilidade.
Em termos da Norma de Desempenho, o Arbo Cabral busca atendê-la integralmente?
Todos os nossos projetos foram concebidos sob a alçada da nova Norma de Desempenho. A execução seguirá estritamente os projetos e, consequentemente, a norma, garantindo a maior performance possível de utilização da edificação.
No que se refere à eficiência energética, o que o Arbo Cabral incorpora ao seu projeto?
Um dos três pilares que pautam o projeto do Arbo é justamente a sustentabilidade. Ao longo do processo de incorporação, realizaram-se estudos termoacústicos para garantir a maior performance possível ao morador. Optou-se pela utilização de vidros low-e de alta tecnologia, iluminação de LED ativada por sensores em todas as áreas comuns, assim como a implantação de um telhado verde para auxiliar na qualidade do ar ao redor do empreendimento. Executivamente falando, temos todos os requisitos construtivos e de compra de materiais para certificação, além da gestão inteligente de resíduos durante a obra.
Qual a previsão para que o Arbo Cabral tenha sua execução finalizada?
A entrega do empreendimento está prevista para outubro de 2020.
Entrevistado
Engenheiros civis Marlus Doria e Thomas Gomes, fundadores da Huma Engenharia
Contato: thomas@huma.eng.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Grafeno amplia resistência e durabilidade do concreto
Especialistas da Exeter University, na Inglaterra, conseguiram incorporar partículas de grafeno no concreto, através da nanotecnologia. O material desenvolvido em laboratório tem o dobro da resistência do concreto convencional de 30 MPa, e é quatro vezes mais resistente à penetração da água. Os pesquisadores tiveram o cuidado de adequar as amostras de concreto à normalização britânica e europeia para a construção civil.
Além de elevar resistência e durabilidade, o grafeno também permitiu reduzir drasticamente a pegada de carbono em comparação aos métodos convencionais de produção de concreto, o que torna o material mais sustentável e mais ecológico. Os pesquisadores Dimitar Dimov e Monica Craciun, ambos do departamento de nanoengenharia da Exeter University, publicaram os resultados do estudo na revista britânica Advanced Functional Materials.
Segundo Craciun, o novo material é um divisor de águas em termos de reforço do concreto tradicional para enfrentar desafios como poluição, urbanização sustentável e fenômenos naturais que geram catástrofes. “Encontrar maneiras mais ecológicas de construir é um passo crucial na redução das emissões de carbono em todo o mundo. Este é um passo importante para tornar a construção civil mais sustentável”, completa Dimitar Dimov.
Entre as aplicações práticas do concreto com grafeno estão a possibilidade de se construir paredes mais finas e mais resistentes, o que abre novas possibilidades de projetos para engenheiros civis e arquitetos que constroem com sistemas de paredes de concreto. Outra alternativa viável é construir estradas com pavimento rígido que possam ser aquecidas para derreter a neve acumulada, já que o grafeno é excelente condutor de eletricidade.
Material é considerado a supercommodity do século 21
Atento à pesquisa desenvolvida na Exeter University, o professor-doutor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Franz-Josef Ulm, concorda que a descoberta pode revolucionar a construção civil, mas, por enquanto, ele vê a pesquisa apenas como um “estudo conceitual”, devido ao alto custo do grafeno. Atualmente, um grama do material custa uma vez e meia mais que a do ouro, cuja cotação tem variado entre R$ 142,00/g e R$ 145,00/g.
Recentemente, há uma concentração de estudos que buscam reduzir o custo de produção do grafeno. O material é pesquisado desde o pós-guerra, porém ficou confinado ao meio acadêmico até 2004, quando o grafeno passou a ser testado em transistores e semicondutores. Em 2010, as pesquisas com o compósito renderam aos cientistas Konstantin Novoselov (russo-britânico) e Andre Geim (russo-holandês), ambos da Universidade de Manchester, o prêmio Nobel de física.
Derivado do grafite, cujas maiores reservas mundiais estão no Brasil, o grafeno é 200 vezes mais resistente que o aço, porém superleve e superfino. É considerado a supercommodity do século 21. Com um quilo de grafite é possível produzir 150 gramas de grafeno. Um quilo de grafite custa o equivalente a um dólar. Já um grama de grafeno é vendido por cerca de 100 dólares.
Veja pesquisa publicada na revista Advanced Functional Materials
Entrevistados
Pesquisadores Dimitar Dimov e Monica Craciun, da Exeter University
Contatos
M.F.Craciun@exeter.ac.uk
dd270@exeter.ac.uk
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Revisão da Norma de Desempenho vai criar novas normas
Dia 14 de setembro, em São Paulo-SP, o Comitê Brasileiro da Construção Civil reativou a comissão de estudo (ABNT/CE-002:136.001) para revisar a ABNT NBR 15575 - partes 1 a 6 -, mais conhecida como Norma de Desempenho. O encontro definiu o coordenador e o secretário da comissão de estudo. Foram eleitos o engenheiro civil Fábio Villas Bôas, que atualmente coordena o comitê de Meio Ambiente (Comasp) e o comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do SindusCon-SP, e o engenheiro civil Luiz Henrique Manetti, da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (ANFACER). O objetivo é trabalhar em cima dos principais pontos da revisão, que tende a desencadear mudanças em outras normas técnicas, assim como o cancelamento e a criação de outras normativas.
O foco da revisão da ABNT NBR 15575 estará em aspectos como segurança contra incêndio, desempenho térmico, lumínico, acústico e durabilidade. Para cada um deles, um conjunto de ajustes e avanços necessários foi identificado, envolvendo aspectos como a definição de conceitos, atualização de normas referenciadas e a harmonização com outras normas e legislações. Será buscada, por exemplo, a harmonização com a ABNT NBR 16626 (Classificação da reação ao fogo de produtos de construção) e também com a ABNT NBR 9077 (Saídas de Emergência), a ABNT NBR 5628 (Método de ensaio de resistência ao fogo) e a ABNT NBR 15220 (Transmitância Térmica e Capacidade Térmica). A Norma de Desempenho também deverá se alinhar com a ABNT NBR ISO 8995, que passou a substituir a ABNT NBR 5413 – Iluminância de Interiores.
Revisão levará em conta características climáticas de cada estado brasileiro
Para Fábio Villas Bôas a revisão da Norma de Desempenho tem a seu favor o amadurecimento do meio técnico e dos consumidores em relação à norma técnica. “Hoje, podemos perceber que o posicionamento das pessoas é mais maduro do que em 2011 quando foi produzida a norma. Chegou o momento de consolidar o que está aí e aumentar a segurança para a aplicação”, disse, no evento que marcou o lançamento da revisão da ABNT NBR 15575. O coordenador ainda alertou que a norma tem peculiaridades de uma obra para outra. “Detectamos que ensaios para ruídos de impactos nas lajes mostraram que a norma funciona em um apartamento, mas em outra obra não funciona. Tem também os casos de paredes de vedação, que possuem desempenhos diferentes, em relação ao conforto térmico, nos estados brasileiros. Isso a revisão vai buscar corrigir”, avisa.
A previsão é de que o texto revisado da Norma de Desempenho passe a vigorar a partir de março de 2019. O foco será na redação de textos que não ficaram muito claros e na atualização, levando em conta a evolução dos materiais. Para acelerar o processo de revisão, o planejamento aprovado contará com a formação de grupos de trabalho nas seguintes temáticas: desempenho estrutural, segurança contra incêndio, desempenho térmico, desempenho lumínico, desempenho acústico, estanqueidade, durabilidade e manutenibilidade, cada um dos grupos contará com um relator específico, a fim de que o texto já saia pronto para ser incorporado na revisão.
Veja os principais pontos que a revisão da Norma de Desempenho vai abordar. Clique aqui.
Entrevistado
Reportagem com base na 1ª reunião da comissão de estudos ABNT/ CE-002:136.001, que marcou o lançamento da revisão da Norma de Desempenho
Contato: cb002@sindusconsp.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Decreto obriga contratação de presos e egressos em obras
Durante sua interinidade na presidência da República, a ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, assinou decreto que institui a Política Nacional de Trabalho no Âmbito do Sistema Prisional, cujo objetivo é dar oportunidades de trabalho para presos e ex-detentos. A lei assinada dia 24 de julho atinge as contratações de obras públicas feitas pela União. A empresa vencedora de licitação deverá ter uma parcela de empregados vindos do sistema prisional. A medida vale para a contratação de serviços, inclusive os de engenharia, com valor anual acima de R$ 330 mil.
Presos provisórios, presos em regime fechado, semiaberto e aberto estão incluídos na política. Além disso, os egressos – aqueles que já cumpriram pena e foram postos em liberdade – também podem ser contratados dentro da cota. Deverão ser reservados aos presos ou egressos 3% das vagas quando o contrato demandar 200 trabalhadores ou menos; 4% das vagas, no caso de 200 a 500 funcionários; 5% das vagas, no caso de 501 a 1.000 funcionários; e 6% quando o contrato exigir a contratação de mais de 1.000 funcionários.
A legislação ainda define que a empresa contratada deverá providenciar os seguintes benefícios aos presos e egressos: transporte, alimentação, uniforme idêntico ao utilizado pelos demais terceirizados, equipamentos de proteção, inscrição do preso em regime semiaberto, na qualidade de segurado facultativo, e o pagamento da respectiva contribuição ao Regime Geral de Previdência Social, além de remuneração nos termos da legislação pertinente.
Lei tem boa intenção, mas pode desvirtuar a licitação pública e a empregabilidade
Para o vice-presidente de Infraestrutura, PPPs e Concessões do SindusCon-SP, Luiz Antonio Messias, as empresas terão dificuldades em cumprir a obrigatoriedade estabelecida. “Embora o estabelecimento de uma política para a ressocialização de presos ou egressos seja louvável, o decreto desvirtua a licitação pública, distanciando-a de sua finalidade de selecionar a proposta mais vantajosa para a administração pública”, diz. O dirigente ainda afirma que a lei é uma tentativa do poder público transferir para a iniciativa privada a ressocialização de presos e egressos, a qual fracassou como política pública.
A definição de qual preso poderá participar do programa será do poder judiciário, que fará a análise dos requisitos para verificar se determinado preso tem possibilidade efetivamente de sair para trabalhar. Mensalmente, o judiciário deverá receber um relatório enviado pela empresa sobre o desempenho do detento. Para o vice-presidente do SindusCon-SP, a política pode suprimir vagas de profissionais capacitados, exatamente quando há mais de 1,3 milhão de trabalhadores da construção civil desempregados. “A construção civil exige níveis cada vez mais elevados de qualificação profissional”, completa.
Para os ministros da Segurança Pública, Raul Jungmann, e dos Direitos Humanos, Gustavo Rocha, a política tem a função de assegurar a ressocialização e a reeducação dos presos, com a possibilidade de impactar no combate à criminalidade de base prisional, bastante vulnerável às facções criminosas.
Entrevistado
Ministério da Justiça e Segurança Pública e SidunsCon-SP (via assessoria de imprensa)
Contatos
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mulheres já são mais de 200 mil na construção civil
A construção civil está em crise? Para as mulheres, não parece. Elas descobriram um mercado de trabalho positivo nos canteiros de obras e já são mais de 200 mil atuando no país. O mercado para as mulheres no setor cresceu cerca de 120% de 2007 até o primeiro semestre de 2018, segundo os dados mais atuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2007, existiam 109.006 trabalhadoras registradas. Em 2018, são 239.242.
O que explica esse avanço pode estar relacionado com o desemprego gerado pela lei das domésticas, de 2015, mas também pelo fechamento de vagas em outras áreas, como o de serviços, comércio e alimentação. Para conseguir trabalho, as mulheres buscam cursos profissionalizantes e hoje já rivalizam com os homens em três ocupações: azulejista, pintura e eletricista.
Também existem no país vários programas que estimulam a capacitação das mulheres. Dois exemplos: no Rio de Janeiro, o projeto Mão na Massa já capacitou mais de 1.500 profissionais. No Rio Grande do Sul, a ONG Mulher em Construção colocou mais de 4 mil profissionais para atuar em funções como pedreiras, azulejistas, pintoras, eletricistas e ceramistas. A justificativa de quem contrata é que as mulheres são mais precisas e têm mais foco nos detalhes, principalmente em operações de acabamento.
A mão de obra feminina na construção civil também está beneficiada pelos avanços tecnológicos no canteiro de obra, que cada vez mais dispensa a força física e privilegia a qualificação profissional. Além disso, alguns estados possuem leis que estabelecem cotas para mulheres na construção civil. O pioneiro é Minas Gerais, que desde 2015 reserva 5% das vagas para trabalhadoras em obras públicas.
Próximas barreiras a serem vencidas são salário e cargos de gestão
Porém, as mulheres seguem ganhando menos. Até mesmo as mais qualificadas. Engenheiras civis, por exemplo, têm média salarial de R$ 8,1 mil contra R$ 10 mil que são pagos aos homens que desempenham função semelhante. Esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil ou da construção civil, mas global. Em todo o mundo, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a renda das mulheres é menor que a dos homens. No Brasil, há funções em que a diferença chega a 42,7% do salário pago aos homens.
Mas há exceções. Na cidade de Joinville-SC, de acordo com dados do Observatório da Indústria Catarinense, vinculado à FIESC, as mulheres na construção civil têm salário médio superior aos dos homens: R$ 2.161,00 ante R$ 1.948,00. Um dos fatores é o grau de escolaridade das trabalhadoras. Na cidade catarinense, 79,4% das que atuam nos canteiros de obras possuem ensino básico completo. Entre eles, esse percentual é de 54,9%.
A barreira que as mulheres ainda não conseguiram romper na construção civil está nos cargos de gestão. Poucas ainda ocupam funções decisivas nas empresas ligadas ao setor e isso pode estar relacionado ao fato de que, nas escolas de engenharia do Brasil, elas ainda são minoria. Representam 30% dos acadêmicos, mas o índice de evasão entre as mulheres é bem menor que o registrado entre os homens. Entre as estudantes, 15% não finalizam a graduação contra 25% dos homens, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC).
Entrevistado
Reportagem com base em dados do IBGE, do Ministério do Trabalho, do Ministério da Educação e da CBIC
Contato: comunica@ibge.gov.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Na América do Sul, Colômbia lidera obras de infraestrutura
Dos 10 principais projetos de infraestrutura na América do Sul, quatro estão em andamento na Colômbia. O maior deles é a ferrovia de 280 quilômetros entre as cidades de Ibagué e Armenia. O desafio da obra é um túnel de 44,2 quilômetros. O país também viabiliza uma linha de metrô em Bogotá, com 24 quilômetros de extensão, além da hidrelétrica de Hidroituango, com capacidade de gerar 2.400 megawatts.
A Colômbia ainda investe em infraestrutura portuária no rio Magdalena. O porto terá acesso direto a vias fluviais, ferrovias e rodovias no centro da Colômbia, permitindo economia de 60% no custo de transporte de mercadorias. A previsão de investimento nos quatro projetos é de 17 bilhões de dólares (cerca de 68 bilhões de reais), segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
O segundo país que mais investe em infraestrutura atualmente na América do Sul é o Peru. Entre as grandes obras está o gasoduto que atravessa o país, o plano de descontaminação do Lago Titicaca e a ferrovia Huancayo-Huancavelica. São investimentos que, de acordo com o CEPAL, beiram 1 bilhão de dólares – perto de 4 bilhões de reais. Apesar de, para um país, ser um montante de recursos relativamente pequeno, o que o Peru investe nesses projetos é mais do que o Brasil disponibilizou para novos projetos de infraestrutura em 2018.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe estima que, para combater a defasagem por infraestrutura na América Latina, o continente teria que investir o equivalente a 6,2% do PIB ao longo de oito anos para conseguir viabilizar as obras necessárias. Isso significaria 320 bilhões de dólares anuais (aproximadamente 1,2 trilhão de reais).
Falta de investimento em infraestrutura reflete no aumento da pobreza
Os efeitos desta defasagem se refletem nos níveis de pobreza e de extrema pobreza na América Latina, que voltou a crescer desde 2015, após mais de uma década de redução na maioria dos países, diagnostica o CEPAL. Em 2014, 28,5% da população do continente encontrava-se em situação de pobreza (168 milhões de pessoas), porcentagem que aumentou para 29,8% em 2015 (178 milhões), para 30,7% em 2016 (186 milhões) e 31,2% em 2017 (189 milhões). Entretanto, a extrema pobreza passou de 8,2% em 2014 (48 milhões) para 10,5% em 2017 (62 milhões).
A escassez de investimento em infraestrutura também levará a América Latina a ter um crescimento modesto em 2018, projeta a CEPAL. A previsão é de que o continente crescerá, em média, 1,5%. O bloco dos países da América do Sul crescerá menos (1,2%), enquanto a América Central crescerá 3,4% e o Caribe 1,7%. Com relação aos países, República Dominicana e Panamá irão liderar o crescimento da região, com um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,4% e 5,2%, respectivamente, seguidos por Paraguai (4,4%), Bolívia (4,3%), Antigua e Barbuda (4,2%), Chile e Honduras (ambos 3,9%).
O estudo acrescenta que esse crescimento regional ocorre em um cenário global complexo, caracterizado por conflitos comerciais entre Estados Unidos e China, por riscos geopolíticos crescentes, queda nos fluxos de capitais para os mercados emergentes e depreciações das moedas locais em relação ao dólar.
Entrevistado
Reportagem com base em relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)
Contato: prensa@cepal.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Coworking e coliving já influenciam construção civil
Conceitos de coworking (compartilhamento de local de trabalho) e coliving (compartilhamento de moradia) já influenciam a arquitetura de edificações com finalidades corporativas e habitacionais. Os projetos arquitetônicos se voltam para atender a economia compartilhada. De que forma? Não se constrói mais para uma classe social, uma faixa etária, um modelo de negócio. Antes de consolidar o perfil da edificação, a arquitetura agora precisa intensificar as pesquisas sobre as várias comunidades que a construção possa atender.
No Brasil, algumas obras já estão saindo do papel com essas características. Em Porto Alegre-RS, uma incorporadora decidiu direcionar seus produtos para o público que se interessa por coworking e coliving. A empresa entende que empreendimentos imobiliários sejam 100% fruto da inteligência coletiva, ou seja, o desafio para a arquitetura é atingir o equilíbrio entre as várias tendências que vão habitar os novos espaços construídos. No entender de quem atua nesse tipo de mercado, os conceitos de economia compartilhada permeiam todas as fases do projeto.
Em São Paulo-SP, o setor imobiliário também começa a se preparar para essa nova realidade e o Secovi já promove até workshop sobre construções com foco no coliving. Entre os palestrantes convidados, se destaca a arquiteta norte-americana Laura Fitch, especializada em coliving e com projetos já consolidados na Dinamarca e nos Estados Unidos. Ela conta que para montar um empreendimento com características de coliving é preciso primeiro detectar os grupos interessados e promover reuniões que ajudem a delinear o projeto da moradia. “É decisivo entender como eles querem morar e quais espaços comuns estão dispostos a compartilhar”, diz.
Fitch lembra que a construção de um projeto para coliving é mais longo. “A consolidação pode levar de dois a três anos ou mais. Para ter êxito, é recomendável que seja conduzido por um profissional como mediador. Seu papel é essencial e pode significar a diferença entre o sucesso e o fracasso”, explica.
Coworking valoriza o retrofit e o coliving as obras sob medida
Já no caso do coworking, o que tem predominado é o retrofit de espaços já construídos, e que são adaptados para o compartilhamento de profissionais. Neste caso, deve ser priorizada a pluralidade de quem frequenta o local, o que obriga que a adaptação do ambiente seja guiada pela neutralidade na escolha do mobiliário e das cores. A proposta luminotécnica do projeto também é muito importante. Outra tendência é que os coworking sejam voltados para segmentos profissionais. Por exemplo, coworking só para arquitetos, só para advogados, só para jornalistas e publicitários, o que também influencia na arquitetura.
Na opinião dos arquitetos alemães Susanne Brandherm e Sabine Krumrey, do escritório Brandherm + Krumrey (b-k-i), está consolidado que os espaços para coworking serão construídos a partir de retrofit e os coliving a partir de novas construções, pensadas para essa finalidade. “Estes espaços estão se desenvolvendo em escala global. No caso do coworking, são necessárias soluções de retrofit. Já para o coliving é importante pensar projetos arquitetônicos exclusivos”, reforçam Brandherm e Krumrey.
Entrevistados
Reportagem com base em workshop promovido pelo Secovi-SP sobre coliving e coworking (via assessoria de imprensa)
Contato: aspress@secovi.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Com Clube de Mão de Obra, Anamaco resguarda consumidor
A Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) chancela o Clube de Mão de Obra, que conta também com o apoio da indústria de materiais de construção e de lojas do varejo. Nascido para atender os três estados do sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), o programa procura minimizar as dificuldades do consumidor em encontrar profissionais para atuar em reformas, reparos, acabamentos e manutenções. Através do Clube de Mão de Obra, ocorre o cadastramento de especialistas e a capacitação de profissionais. Quem está à frente do programa é Márcia Santos, que pretende expandi-lo para todo o país. Especializada em marketing, varejo e mídias sociais, ela explica como funciona o Clube de Mão de Obra.
Qual o objetivo do Clube de Mão de Obra?
Através de um portal na internet, e de um aplicativo, ele busca fazer a conexão entre a necessidade do consumidor leigo e a mão de obra apta para realizar serviços. A busca é realizada sem cadastro prévio de quem consulta e reúne mais de 50 categorias, que podem ser encontradas por estado, cidade e bairro. Além disso, o profissional que se cadastra no clube recebe capacitação mensal e é avaliado pelos trabalhos que executa.
Houve um estudo prévio para a criação do Clube de Mão de Obra?
A leitura do mercado demonstrava claramente essa carência nas lojas de materiais de construção. O produto é vendido, mas sua garantia fica comprometida se quem vai instalá-lo não domina a técnica. Havia muita insegurança nesta área.
O Clube de Mão de Obra abrange todo o país. Quais estados mais participam dele?
O Clube de Mão de Obra iniciou em Florianópolis-SC e região metropolitana da capital catarinense, há dois anos. Fomos capacitando e entendendo as carências do mercado. Recentemente, passamos a atuar em Joinville-SC e região metropolitana, Curitiba-PR e região metropolitana e em Tubarão-SC. Em outubro, vamos lançar o Clube de Mão de Obra em Porto Alegre-RS e região metropolitana. O objetivo é abranger todo o país, mas não queremos que vire um simples classificado de mão de obra. Existe a necessidade de cuidar de cada mercado com atenção, para que sejam realmente profissionais capacitados.
O programa tem o apoio da indústria de materiais de construção e de lojas do varejo?
Sim. A Indústria, através de cursos ministrados por seus técnicos e de visitas técnicas aos seus parques fabris, ajuda na certificação dos profissionais. Da mesma forma, as lojas do varejo indicam esses profissionais para os clientes que adquirem produtos-parceiros. Nas lojas de materiais de construção que incentivam o Clube de Mão de Obra existem banners com a seguinte mensagem: encontre um profissional qualificado, assim como o endereço do clube na internet.
E a parceria com a Anamaco, como funciona?
A Anamaco é o grande guarda-chuva, debaixo do qual estão as Acomacs de todo o Brasil. Não abrimos nenhum mercado sem ter a parceria de uma Acomac. Primeiro, porque seus associados (lojas de varejo) nos trazem clientes (mão de obra) para se cadastrarem e se capacitarem. Assim, quem integra o clube são profissionais que já estão no mercado e desejam um selo de acreditação: “Faço parte do Clube, sei fazer”. O clube recebe uma mensalidade do associado profissional de mão de obra e 50% se reverte em renda extra para as Acomacs. Os espaços onde são feitos os treinamentos sempre são preparados pelas Acomacs. É como um convênio de benefícios para cada associação, que gera renda e movimento.
“Programa encurta caminhos e melhora a qualidade de toda a cadeia envolvida em uma obra”
Para o consumidor, quais as vantagens de existir um programa como o Clube de Mão de Obra?
O consumidor, através de um aplicativo que ele pode baixar sem custo e sem cadastro, obtém nome, referências e avaliações dos profissionais cadastrados na região, assim como pode ver fotos de obras e os cursos de capacitação realizados pela mão de obra que ele está consultando. É um ciclo onde todos ganham.
Quantos profissionais estão atualmente cadastrados no Clube de Mão de Obra?
Hoje temos cerca de 150. Alguns ainda estão se capacitando para depois disponibilizarem o serviço no app. Existem empreiteiras e construtoras parceiras que ensinam o ofício. Nossa projeção é de que até o final de 2018 chegaremos a 500 cadastrados. Nossa estrutura comercial e de treinamentos está se adequando a esse crescimento.
De que forma o programa serve para movimentar o mercado de trabalho da construção civil?
Ele encurta caminhos e melhora a qualidade de toda a cadeia envolvida em uma obra. A indústria tem mais segurança de que o know-how empregado em determinado produto não será desperdiçado, assim como o lojista tem confiança em indicar uma mão de obra para instalar o que ele está vendendo.
Engenheiros e arquitetos estão cadastrados no Clube de Mão de Obra?
Inicialmente não. Na medida em que observarmos a necessidade, vamos incluí-los no app. Recentemente, incluímos “limpeza de pós-obra” e “design de Interiores”. Até frete tem gente pedindo para inserir. Estamos verificando essas demandas.
Entrevistada
Márcia Santos, especialista em marketing e mídias sociais pela Unisul e desenvolvimento de dirigentes pela Fundação Dom Cabral. Atuou por 25 anos como representante comercial, gerente de mercado e executiva de entidade setorial
Contatos
www.clubedemaodeobra.com.br/contato
www.clubedemaodeobra.com.br/empresa
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Século 21 é do concreto, o material do futuro
“Esse é o século do concreto”. A frase marcou a palestra do engenheiro civil Robert Stark Feldman no 60º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado na semana passada em Foz do Iguaçu-PR. Conhecido engenheiro estrutural na América do Norte, Stark tem como honraria máxima a medalha Charles S. Whitney, concedida pelo American Concrete Institute (ACI) por ser um defensor convicto do concreto. Com base em sua crença no material, ele vem quebrando paradigmas no país em que está localizado seu escritório de consultoria: o México.
No país latino-americano as estruturas em aço ou mistas (aço+concreto) eram predominantes até que a Stark + Ortiz começasse a projetar edifícios em concreto e comprovasse que eles são mais resistentes a abalos sísmicos. “A engenharia mexicana estava toda concentrada no aço, por causa das questões sísmicas. Também havia a falsa ideia de que estruturas de aço são mais rápidas de erguer e que, consequentemente, podem tornar a obra menos custosa. Revertemos esses conceitos no canteiro de obras”, afirma.
Robert Stark, que é Ph.D em engenharia estrutural pela Universidade de Illinois e professor da Escola de Engenharia da Universidade Nacional do México (UNAM) desde 1979, começou a convencer de que estava certo quando iniciou a construção de prédios altos em concreto, a um custo 40% menor do que os que possuíam estruturas em aço. “Eu disse: em aço, consigo erguer um pavimento a cada três dias, mas em concreto eu levanto um pavimento em cinco dias, mas a um custo 40% menor. Provei e fiz, convencendo um dos escritórios mais renomados de arquitetura, o Norman Fosters, e que só construía com estruturas de aço”, relata.
Prédio mais alto do México tem estrutura 100% em concreto
Porém, a redenção das estruturas de concreto no México ocorreu quando Robert Stark projetou o KOI Tower, na cidade de Monterrey, tornando-o a edificação em concreto mais alta do país, com 280 metros de altura, e inaugurado em 2017. “É outro case em que o arquiteto queria estruturas de aço, mas o convenci a mudar de ideia com um simples argumento. Disse a ele que no México é permitido construir quase tudo com estruturas de aço, menos hospitais, que devem ter estruturas em concreto. Por quê? Pelo motivo de que os abalos sísmicos não podem derrubar os hospitais. Eles precisam ficar em pé para atender os feridos. Ora, se os hospitais são em concreto para suportar terremotos, por que não os prédios altos? O arquiteto se convenceu”, conta.
Pelas projeções de Robert Stark, a partir de 2025 nenhum arranha-céu no mundo será construído em aço ou em sistema misto (aço+concreto). Segundo ele, o concreto vai predominar 100%. “A tecnologia do concreto é uma das que mais evolui no mundo. Concretos de alta resistência hoje suportam grandes pressões, desde fenômenos climáticos intensos até abalos sísmicos. Digo que desde 2004 vivemos a era do concreto, e provo: de 1920, quando começaram a proliferar os arranha-céus, até 1983, a grande maioria dos prédios tinha estruturas de aço. De 1983 até o final do século passado, predominaram as estruturas mistas. A partir de 2004, quando começou a construção do Burj Khalifa, que é o maior prédio do mundo e todo em concreto, o mundo se convenceu de que esse é o material do futuro. Por isso, não tenho medo e afirmar: esse é o século do concreto”, finaliza.
Entrevistado
Reportagem com base em palestra concedida pelo Ph.D em engenharia de estruturas, e professor da Universidade Nacional do México (UNAM), Robert Stark Feldman, durante o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON
Contato: fainge@unam.mx
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Qualificar concreto exige união de esforços
O concreto foi o protagonista dos debates no 60º Congresso Brasileiro do Concreto, realizado na semana passada em Foz do Iguaçu-PR, pelo IBRACON. Em duas mesas-redondas, a qualidade do material esteve no centro das discussões. Não que o concreto produzido no Brasil não seja um dos melhores do mundo em termos de resistência e durabilidade, como defende o professor-doutor Paulo Helene, mas ainda há metas a serem atingidas para que o material alcance um nível de industrialização capaz de impulsionar a construção civil nacional a patamares ainda melhores.
Entre os obstáculos a serem superados estão os números trazidos pelo presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Concretagem), Jairo Abud. Ele relatou que existe uma estimativa de que mais da metade das concreteiras em operação no país (650) não possui engenheiro-responsável, não emite ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e não tem laboratório que comprove as características do material, de acordo com as especificadas em projeto. No entanto, disse Abud, são essas “concreteiras de fundo de quintal” que ditam o mercado, fazendo com que seus preços se tornem referência, o que gera concorrência desleal contra as empresas certificadas.
A crise que atinge a construção civil brasileira desde 2014 também alimenta a proliferação de concreteiras sem critérios técnicos, apesar de que, neste período, o volume de material vendido pelas empresas tenha caído. Hoje, as concreteiras respondem por 17% do concreto que chega aos canteiros de obra contra 21% de quatro anos atrás. “Em tempos de crise, a autoconstrução cresce, o que faz aumentar o concreto feito na própria obra”, afirmou Jairo Abud, citando que o preço do concreto nunca esteve tão barato. “Um litro de concreto custa 25 centavos atualmente. O concreto hoje representa 4% do custo total de uma obra. A despeito disso, perdemos mercado”, reforça.
Ações buscam ajuste fiscal para a construção industrializada do concreto
Por quê? Um dos motivos é o baixo estímulo à construção industrializada do concreto. Impostos como IPI e ICMS incidem sobre peças produzidas na indústria de pré-fabricados, e que chegam prontas no canteiro de obras. É um cenário de desigualdade fiscal que o setor tenta reverter na justiça, mas não consegue. Uma das ações que tramitam nos tribunais encontra-se parada há 30 anos no Supremo Tribunal Federal (STF). São obstáculos que vêm do século passado, ainda que haja empresas comprometidas com a inovação, como a Concresul, citada nas mesas-redondas como um exemplo de quem quer se diferenciar no mercado.
Os debates convergiram para o consenso de que existe a necessidade de uma união de esforços para que o mercado desperte para as boas práticas. Entre elas, destacam-se três: 1. Exigência de certificação para que a concreteira possa operar; 2. Normas técnicas rigorosas quanto à comprovação da qualidade do concreto; 3. Mecanismos que possam responsabilizar judicialmente quem produz concreto sem controle técnico. “O maior desafio é criar uma fórmula para diferenciar as boas empresas das de fundo de quintal, onde algumas sequer possuem caminhões-betoneira com facas adequadas para bater o concreto durante o transporte”, finalizou o presidente da ABESC.
Homenagem
O 60º Congresso Brasileiro do Concreto homenageou o engenheiro civil Arcindo Vaquero y Maior, que morreu na semana anterior ao evento. Ex-presidente da ABESC e membro do IBRACON, Arcindo teve atuação destacada em ações voltadas às melhores práticas para a produção de concreto. Sempre presente em seminários, congressos e comissões da ABNT que atualizam ou criam normas técnicas, Arcindo Vaquero y Maior faria uma palestra no 60º CBC, intitulada “Por que temos poucas centrais dosadoras no Brasil?”. O presidente da ABESC, Jairo Abud, o substituiu, mas resumiu a importância do engenheiro em uma frase: “O Arcindo fará muita falta ao meio técnico da construção civil.”
Entrevistado
Reportagem com base em mesas-redondas ocorridas no 60º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON, com foco na qualidade do concreto. Os debates reuniram representantes da ABESC, da ABECE, do IBRACON, da ABCP, dos SindusCons, da ABNT, dos laboratórios e das universidades
Contato: abesc@abesc.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330