Paraguai lança plano para ter só estradas em concreto
No 9º Congresso Iberoamericano de Pavimentos de Concreto, que aconteceu recentemente em Assunção, o Paraguai apresentou o conteúdo de sua nova lei de pavimentos. Trata-se do projeto mais ousado entre os países da América Latina. Em 10 anos, o país pretende substituir o pavimento asfáltico pelo pavimento rígido em suas principais rodovias. A meta já começou a ser colocada em prática. Segundo explica autoridades do governo paraguaio, ligadas aos organismos de infraestrutura do país, é menos custoso para o país ter pavimento rígido.
A explicação é que o país importa 100% do petróleo que utiliza e o custo do asfalto é mais caro para o uso em rodovias. Já o cimento para a construção de rodovias é mais barato, mesmo que parte da produção tenha que ser importada. “Há dez anos tentou-se que o ministério de Obras Públicas licitasse pavimento rígido e não houve bons resultados. Desta vez, a INC (Indústria Nacional do Cimento) deu força ao projeto de lei, e tanto a CAHIPE (Câmara Paraguaia da Indústria do Concreto Elaborado) como as demais organizações privadas do setor de construção se mantiveram fortes em sua posição, o que dá respaldo para que o projeto avance”, diz Felix Zelaya Méndez, porta-voz do ministério de Obras Públicas.
Parte do pavimento em concreto do projeto paraguaio será empregado na Rota Bioceânica – rodovia que pretende ligar o Atlântico ao Pacífico, cruzando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. No território paraguaio, a estrada terá 678 quilômetros. O Paraguai garante que em três anos concluirá a pavimentação do tronco rodoviário. Segundo o ministério das Relações Exteriores do Paraguai, o país investirá mais de R$ 3,4 bilhões na obra. O dinheiro sairá de uma aliança do governo paraguaio com o setor privado.
Técnica de whitetopping será usada para substituir o asfalto pelo concreto
Para o presidente da CAPIHE, José Vinader Ashwell, segundo afirmou na abertura do 9º Congresso Iberoamericano de Pavimentos de Concreto, o Paraguai é hoje o país da América que mais investe em pavimento rígido. “Estamos trabalhando para que o pavimento de concreto seja uma realidade no Paraguai”, diz. A meta do plano paraguaio é ter 30% de suas rodovias asfaltadas substituídas pelo pavimento de concreto até 2021. Para isso, a técnica de whitetopping (revestimento de um pavimento asfáltico existente com uma camada de concreto de cimento Portland) será priorizada.
Vale lembrar que o Paraguai é um país com baixíssima taxa de pavimentação em suas rodovias. Dos 71.250 quilômetros oficialmente reconhecidos como estradas no território paraguaio, apenas 6.832 são pavimentados, ou seja, menos de 10%. A meta é, em 10 anos, atingir 10.200 quilômetros. Além da Rota Bioceânica, a Rota Trans Chaco também é relevante para esse projeto. A rodovia, que atualmente é usada para provas internacionais de rali, será totalmente pavimentada em concreto. Ela liga o parque nacional do Chaco, na fronteira com a Bolívia, até Encarnación, na divisa com a Argentina.
Entrevistado
Reportagem com base no projeto apresentado no 9º Congresso Iberoamericano de Pavimentos de Concreto pelo governo do Paraguai
Contato: bhconcre@telesurf.com.py
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Material de construção descobre seu espaço no marketplace
O marketplace pode ser definido como um shopping center virtual, onde, quem navega na plataforma, pode encontrar diversas empresas, produtos, lojas e serviços em um único lugar. O segmento de materiais de construção está descobrindo a ferramenta. As primeiras lojas virtuais com esse perfil surgem no mercado. Elas reúnem diversas revendas regionais em um único ponto de venda digital, com a vantagem de ampliar o número de produtos ofertados, a preços mais competitivos.
Especialistas avaliam que há muito espaço para a cadeia produtiva da construção civil crescer dentro do marketplace, principalmente por meio de parcerias. “Os grandes portais do varejo eletrônico brasileiro fazem uso do conceito de marketplace e abrem espaços em suas lojas virtuais para que outros setores realizem a venda de seus produtos. Por consequência, a empresa ganha em acessos e novos clientes para sua base de dados, e os players conseguem alcançar mais pessoas, fazendo seus negócios crescerem”, diz o diretor de marketplace da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Carlos Alves.
Em 2017, o marketplace movimentou 8,8 bilhões de reais. Foi registrado um aumento de 32,1% no número de lojistas oferecendo seus produtos por meio de marketplaces, segundo dados da ABComm. São números que incluem não apenas fabricantes de materiais de construção, mas também construtoras nessa modalidade de comércio eletrônico. Um dos cases envolve a parceria entre a MRV Engenharia e a Magazine Luiza. A ferramenta oferece produtos com descontos para mobiliar e equipar os apartamentos. Atualmente, um em cada cinco clientes da MRV já compra no marketplace da marca, movimentando cerca de 4 milhões de reais por mês.
Ferramenta já cresceu 12,1% no primeiro semestre de 2018, em relação a 2017
A construtora alega que a opção pelo marketplace se deve às mudanças nos hábitos de consumo. “Entendemos que nossos principais clientes são os jovens e por isso temos que investir em inovação para atender e acompanhar as necessidades desse público", justifica o diretor de marketing e vendas da MRV, Rodrigo Resende. A entrada da construção neste mercado tem ajudado a impulsionar os números do marketplace em 2018. A ferramenta já cresceu 12,1% no primeiro semestre de 2018, no comparativo com o mesmo período do ano passado. De acordo com a ABComm, de setembro de 2017 a setembro de 2018, o número de lojas virtuais com marketplaces aumentou mais de 90%.
Ainda de acordo com a ABComm, há sete razões que impulsionam esse crescimento:
- Visibilidade, já expõe produtos em sites voltados para milhares de consumidores todos os dias.
- Baixo investimento, pois basta negociar a comissão com o marketplace e sair vendendo.
- Alto retorno, haja vista que o lucro é elevado comparado com o investimento em tecnologia, marketing e mídia.
- Aumento das vendas, que o número é exposto a um número maior de visitantes.
- Relevância SEO, já que a marca e os produtos ganharão mais visibilidade e serão mais procurados.
- Diversificação de público, pois novos consumidores serão atraídos.
- Crescimento de nichos de negócio, tornando a marca mais conhecida.
Entrevistado
Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) (via assessoria de imprensa)
Contato: contato@abcomm.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Concreto colorido de alta resistência atrai universidades
Um concurso cujo protagonista era o concreto colorido de alta resistência (COCAR) mobilizou quase 40 universidades do país. O evento aconteceu dentro da programação do 60º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON), em Foz do Iguaçu-PR. A escola de engenharia mais premiada foi o Instituto Mauá de Tecnologia, do estado de São Paulo, que conquistou ouro no concurso COCAR, prata no Concrebol e bronze no Quem sabe faz ao vivo (dosagem de concretos autoadensáveis).
No concurso COCAR, o objetivo era produzir um artefato que alcançasse a maior resistência. O do Instituto Mauá de Tecnologia suportou carga máxima de 403,080 kN (kilonewton). O segundo lugar também ficou com o Instituto Mauá (391,090 kN), enquanto a Universidade Presbiteriana Mackenzie obteve o terceiro lugar (354,310 kN). A equipe vencedora foi coordenada pela professora da disciplina sobre materiais de construção, Heloísa Cristina Fernandes.
Ela explica a importância de participar destes concursos do IBRACON. “Além de conhecimento técnico acerca das propriedades dos materiais, são trabalhadas outras habilidades, como trabalho em equipe, liderança, organização e prazos”, diz. As equipes do Instituto Mauá também foram orientadas pelo professor Fabio Selleio Prado, da área de estruturas. A estratégia envolveu reuniões periódicas, com os alunos produzindo e testando protótipos e modelos ao longo do ano para chegar ao melhor produto.
No concurso Concrebol, o primeiro lugar ficou com o Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI), também do estado de São Paulo. Para vencer, a equipe tinha que desenvolver uma esfera de concreto com os materiais e as dimensões estabelecidas em regulamento. O objeto, além de resistência, precisava ser capaz de desenvolver uma trajetória retilínea em uma minicancha de futsal e marcar um gol. Apesar da concrebol do Instituto Mauá ter alcançado uma resistência maior (289,16 kN), a esfera da FEI atendeu todos os requisitos com mais equilíbrio.
Concursos envolveram a participação de mais de 700 estudantes
Boa parte das escolas de engenharia que conseguiram bons resultados nos concursos realizados dentro do 60º Congresso Brasileiro do Concreto tem em comum o fato de possuírem laboratórios bem equipados em seus departamentos de engenharia civil. “Escolas com laboratórios dedicados aos alunos conseguem cumprir as atividades exigidas nos concursos acadêmicos e desenvolver projetos e atividades especiais”, relata Heloísa Cristina Fernandes.
Durante os cinco dias do evento do IBRACON foram realizadas cinco competições estudantis, com participação de 700 estudantes de 36 instituições de ensino. Além do COCAR, do Concrebol e do Quem sabe faz ao vivo, aconteceram também o Aparato de Proteção ao Ovo (APO) e o Ousadia e Concreto. Os concursos estudantis são uma tradição que o IBRACON promove desde a sua fundação, em 1972. Na avaliação da diretora de atividades estudantis do instituto, a engenheira Jéssika Pacheco, trata-se de uma ação essencial para que o IBRACON siga cumprindo sua missão.
Entrevistada
Engenheira civil Heloísa Cristina Fernandes, professora da disciplina sobre materiais de construção do Instituto Mauá de Tecnologia
Contato: heloisa.fernandes@maua.br
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Logística reversa é mais educação que estratégia
A logística reversa é um tema ainda recente para a construção civil brasileira, mas trata-se de estratégia industrial com mais de 60 anos. Começou no pós-guerra. Para reconstruir as cidades europeias, o Plano Marshall já previa a reciclagem de escombros para gerar materiais que pudessem ser reutilizados nas obras ou minimizassem o consumo de energia. Ao longo das décadas, a logística reversa consolidou-se na Europa e em outros países desenvolvidos, graças à educação. Nas escolas de engenharia, se tornou disciplina e, desde a graduação, os engenheiros em fase de formação sabem que devem usá-la no canteiro de obras.
No Brasil, o mestre em engenharia de materiais, Celso Luchezzi, admite que falta a cultura da logística reversa dentro da construção civil do país. “É preciso educar desde o engenheiro em formação até o incorporador e o construtor. Hoje existe uma série de gaps dentro da política de logística reversa praticada no Brasil. Isso fez com que no período de 2008 a 2017 o Brasil deixasse de reciclar 270 milhões de toneladas de resíduos de construção. Esse número envolve apenas o que conseguiu ser rastreado. Então, não se trata apenas de uma questão ambiental, mas de uma questão econômica para o país”, alerta.
Dados de organismos como Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB) e Associação Brasileira de Logística (Aslog) revelam que o país produz cerca de 30 milhões de toneladas de resíduos por ano com potencial para serem reciclados e retornar na forma de material de construção para os canteiros de obras. “O resíduo é uma mina de ouro. Pode se tornar areia, pedrisco, rachão, mas também gerar outros novos produtos”, ressalta Celso Luchezzi, que é o autor do livro “Logística reversa na construção Civil – Um mundo de oportunidades”. “No livro, mostro que é importante as empresas mudarem a forma de olhar para os resíduos da construção civil, pois eles podem ser reprocessados e voltarem à cadeia produtiva com um custo menor”, completa.
Deliberação traz luz a sistemas modernos de logística reversa
Apesar da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ter sido instituída em 2010, faltava que o CORI (Comitê Orientador para Implementação de Sistemas de Logística Reversa) disciplinasse os sistemas de logística reversa e estabelecesse quais as abrangências municipal, estadual e federal dentro da PNRS. Isso só ocorreu em setembro de 2017, por meio da deliberação número 11, assinada em conjunto pelos ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Fazenda e da Saúde.
A expectativa é de que a nova regra do CORI faça com que os setores industriais vejam janelas de oportunidades na logística reversa e não deixem que os “catadores” sigam protagonizando a coleta e a reciclagem. “Afinal, reciclagem e logística reversa de verdade, requerem investimento, automação, tecnologia e regras claras de mercado, alem de políticas públicas modernas e eficientes”, escreve o advogado Antonio Fernando Pinheiro Pedro, membro do Conselho Consultivo da União Brasileira de Advocacia Ambiental.
Entrevistado
- Celso Luchezzi, mestre em engenharia de materiais, consultor e coaching, e autor do livro “Logística reversa na construção Civil – Um mundo de oportunidades”
- Reportagem também usou informações do artigo “Nova regulação sobre a logística reversa”
Contato: luchezzi@luchezzi.com
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Drones se transformam em “mestre de obras do futuro”
De ferramentas usadas no marketing imobiliário, os drones estão se transformando em “mestres de obras do futuro”. Os veículos aéreos não-tripulados, associados a sensores e softwares, têm sido utilizados tanto para estudar o terreno quanto para fiscalizar as várias fases da obra. As máquinas se revelam eficazes para detectar erros e minimizar retrabalhos. Também auxiliam na segurança do canteiro de obras, evitando que colaboradores acessem lugares perigosos.
Segundo Georges Aoude, em artigo publicado na Harvard Business Review, em parceria com Guillaume Thibault - ambos engenheiros com formação na Massachusetts Institute of Technology -, atualmente 60% dos drones ainda são usados para a produção de reportagens, filmes e peças publicitárias, mas já há sinais de que ocorra uma inversão na utilização dos veículos aéreos não-tripulados. “Os drones têm uma vantagem significativa em termos de precisão, conveniência e custo sobre soluções mais tradicionais. Acoplados a sensores, podem ser usados para capturar uma impressionante variedade de dados”, dizem.
Na construção civil, Georges Aoude e Guillaume Thibault definem o uso de drones nos canteiros de obras como “construção inteligente”. Além de auxiliar no avanço da obra, os equipamentos também contribuem com a logística. “A visão ampla proporcionada pelos drones ajuda a definir os melhores locais para o armazenamento de materiais e a distribuição dos equipamentos. Eles também auxiliam na manutenção da limpeza e da organização do canteiro de obras, assim como sinalizam para o correto descarte de resíduos”, citam.
Hoje já existem construtoras utilizando os drones acoplados à ferramenta BIM. Os benefícios incluem medidas mais precisas, inspeções mais rápidas, dados disponíveis em tempo real, menor índice de erros e, consequentemente, a diminuição do retrabalho. “Por meio de ferramentas tecnológicas é possível transformar a produtividade dos projetos e aprimorar a execução de inúmeras etapas construtivas. Dados e cálculos imprecisos podem ser rapidamente corrigidos e a empresa evita custos extras e atrasos junto aos clientes”, revelam os engenheiros.
Manutenção de obras também se inclui entre as benefícios dos drones
O surgimento de empresas que oferecem o serviço de drones, muitas delas startups, tem baixado o custo da utilização desses equipamentos em áreas industriais, incluindo a construção civil. Os veículos aéreos não-tripulados também têm sido utilizados em serviços de manutenção em obras de infraestrutura, como hidrelétricas, rodovias, ferrovias e pontes. “No caso das empresas que oferecem o serviço de drones para a construção civil, algumas já possuem engenheiros especializados em operar esses equipamentos, o que facilita o trabalho, pois eles têm conhecimento técnico para operar na obra”, argumentam Georges Aoude e Guillaume Thibault.
Desde 3 de maio de 2017, os drones que operam no Brasil estão sob a regulamentação da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Aeronaves não-tripuladas com peso acima de 250 gramas precisam ter cadastro na agência. Para operações mais complexas, como o uso em canteiro de obras, os drones também necessitam de autorização da ANAC. A agência, em geral, exige a comprovação de que os operadores estão capacitados para guiar os equipamentos. Além do Brasil, Estados Unidos, Irlanda, Rússia, China e Turquia têm legislação semelhante.
Leia a íntegra do artigo “Empresas estão transformando drones em uma vantagem competitiva”
Entrevistado
Reportagem com base no artigo dos engenheiros Georges Aoude e Guillaume Thibault, na Harvard Business Review
Contato: HBP@pancomm.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Dia do trabalhador da construção: vagas reabrem
A criação de empregos com carteira assinada atingiu, em setembro de 2018, o maior nível para o mês em cinco anos. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do ministério do Trabalho, 137.336 postos formais foram gerados. Somando os números mais recentes, a criação de vagas totaliza 719.089 de janeiro a setembro. A construção civil responde por 77,8 mil dos empregos gerados em 2018. São números que começam a tirar o setor do vermelho e dão motivos para que o trabalhador da construção civil comemore seu dia em 26 de outubro.
A data abrange todas as profissões que atuam em obras - do engenheiro civil ao servente. Atualmente, esses profissionais, de acordo com dados do Caged, somam 2,07 milhões e formam o estoque de trabalhadores formais da construção civil. Entre as funções englobadas pelo setor, quatro destacam-se como as mais afetadas pela redução de vagas durante o período da crise: supervisor da construção civil, montador de fôrmas, especialistas em montar estruturas de concreto e engenheiros civis. São cargos em que o volume de demissões ainda supera os de admissões, desde 2013.
O levantamento que aponta essas quatro profissões como as que mais sentem os reflexos da crise é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). "A construção civil continua sofrendo com a baixa taxa de investimento e a falta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Um dos destaques foi a queda nas vagas para engenheiros civis. Ou seja, mesmo os trabalhadores mais qualificados não estão encontrando oportunidade de trabalho", ressalta Fábio Bentes, chefe da divisão econômica da CNC e responsável pelo estudo divulgado em julho pela confederação.
PIB da construção civil fica com viés de alta para 2019
O ponto positivo destes números é que as vagas pararam de ser fechadas e começam a ser reabertas lentamente. No entanto, o vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, entende que boa parte dos profissionais que atuam em canteiros de obras só terá uma retomada efetiva do emprego quando os investimentos voltarem a movimentar a construção civil, principalmente em obras de infraestrutura. "A construção civil reage a investimentos e, sem isso, não há possibilidade de melhora no curto prazo", diz. "O fundo do poço ficou para trás, mas está melhorando bem devagarzinho", completa Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos na Superintendência de Estatística Públicas do Ibre/FGV.
Setores da construção civil estimavam crescimento do PIB de 0,5% em 2018. No entanto, após a greve dos caminhoneiros, os números foram revistos para baixo, com perspectiva de que o ano possa fechar com recuo de 0,6% a 1%. Trata-se de uma queda menos acentuada do que em anos anteriores, e que aponta viés de alta para 2019. Sinal de que a esperança é o principal alicerce do trabalhador da construção, cuja data de 26 de outubro é alusiva ao padroeiro da construção civil, São Judas Tadeu.
Entrevistado
Reportagem com base em estudos do ministério do Trabalho, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do SindusCon-SP e da FGV
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Saneamento é setor que mais tem obras paralisadas
Seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas, intitulado “Saneamento: investimento social de alto impacto” revela que o setor de saneamento é o que mais possui obras paralisadas no Brasil. Mesmo com a lei do saneamento criada há 11 anos, o que obriga a disponibilidade de recursos no orçamento-geral da União, as obras não saem do papel. Entre as razões que travam projetos está o desconhecimento de boa parte das prefeituras em saber como tomar esses recursos.
O ministério das Cidades busca uma política que atraia a iniciativa privada para o setor, a fim de que ela possa ocupar lacunas que os municípios não conseguem preencher. Além disso, pretende dar suporte institucional aos municípios, para ensiná-los como captar recursos e viabilizar PPPs (Parcerias Público-Privadas). “Em 2017, dos 6 bilhões de reais disponíveis no orçamento, apenas 4 bilhões de reais foram contratados. Em 2018, até o fim do primeiro semestre, apenas 1 bilhão de reais havia sido contratado”, cita o secretário nacional de saneamento ambiental do ministério das Cidades, Adailton Ferreira Trindade.
O representante do governo federal lembra que, desde 2013, a contratação de obras de saneamento despenca no país, apesar de haver 15 bilhões de reais de projetos contratados. “O que se percebe é que o ente público municipal apresenta um projeto-básico para assegurar aquele recurso, mas depois não sabe como viabilizá-lo. Então, o problema do saneamento básico no Brasil não é por falta de dinheiro, mas por falta de planejamento das prefeituras. Existem obras contratadas de 2010 que estão paradas porque ainda não possuem sequer projeto de engenharia”, destaca o secretário.
Rankings apontam menos de 100 cidades perto da universalização
Atualmente, o ciclo de saneamento básico só se completa se o município atender os seguintes serviços: abastecimento de água, coleta de esgoto, tratamento de esgoto e coleta de resíduos sólidos. Das 5.570 cidades brasileiras, só 80 atingem 100% em alguns destes itens, como aponta o ranking 2018 da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Entre as capitais, Curitiba é a única que completa 100% o ciclo. Também estão no mesmo patamar da capital paranaense as seguintes cidades paulistas, segundo o ranking da ABES: São Caetano do Sul, Piracicaba, Santa Fé do Sul e Uchoa.
O ranking 2018 do Instituto Trata Brasil qualifica 20 municípios como próximos da universalização. Entre as cidades ranqueadas, nove localizam-se no estado de São Paulo, cinco no Paraná, dois em Minas Gerais, um no Rio de Janeiro, um na Bahia, um na Paraíba e um em Pernambuco. Pela ordem do ranking, são: Franca-SP, Cascavel-PR, Uberlândia-MG, Vitória da Conquista-BA, Maringá-PR, Limeira-SP, São José dos Campos-SP, Taubaté-SP, São José do Rio Preto-SP, Uberaba-MG, Campina Grande-PB, Santos-SP, Londrina-PR, Ponta Grossa-PR, Petrolina-PE, Piracicaba-SP, Curitiba-PR, Campinas-SP, Niterói-RJ e Jundiaí-SP.
Veja a íntegra do seminário “Saneamento: investimento social de alto impacto”
Acesse o ranking 2018 da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária
Acesse o ranking 2018 do Instituto Trata Brasil
Entrevistados
Reportagem com base no seminário “Saneamento: investimento social de alto impacto” e dos relatórios da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) e do Instituto Trata Brasil
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Engenharia mundial se une por 10 desafios do século 21
A engenharia internacional elenca os 10 principais desafios que o setor terá que enfrentar no século 21. Especialistas definem os novos tempos como engineering grand challenges (grandes mudanças da engenharia), conceito que passa a ser debatido exaustivamente nas 20 principais economias mundiais, incluindo o Brasil. Entre os temas centrais, estão energia sustentável, tecnologia do sequestro de carbono, acesso a água limpa, infraestrutura urbana, tecnologia da saúde, engenharia reversa, combate à energia nuclear, realidade virtual, educação personalidade e robótica.
No Brasil, o primeiro encontro sobre engineering grand challenges ocorreu na USP, e reuniu palestrantes internacionais e estrategistas. Os debatedores salientaram que a engenharia do século 21 deve estar focada em criatividade e comprometimento. Eles também têm convicção de que apenas com tecnologia e boa engenharia o mundo conseguirá superar os desafios. “A tecnologia e a engenharia continuam sendo inevitavelmente as melhores opções para superar os grandes desafios da humanidade”, defende o professor da Poli-USP, Emílio Carlos Nelli Silva, um dos organizadores do evento.
No encontro realizado na USP, houve o consenso de que a engenharia global deve atuar de forma associativa, como explica Nelli Silva. “Isso criou um movimento global nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, chamado de convergência tecnológica”, completa. O professor lembra ainda que em outros países essa consciência já atinge estudantes antes mesmo de eles chegarem à escola de engenharia. Como explica Shimon Y. Nof, professor da Purdue University, nos Estados Unidos. “Estamos começando a trabalhar com adolescentes, para que, quando eles se tornarem estudantes de engenharia, saibam quais conceitos perseguir”, diz.
Para a engenharia civil, a infraestrutura das cidades está entre os maiores desafios
No âmbito da engenharia civil, os estrategistas avaliam que um dos maiores desafios está na manutenção da infraestrutura das cidades, cuja prevenção ao processo de envelhecimento requer planejamento. Mantê-las em funcionamento tem relação com o equilíbrio ecológico e com a sustentabilidade dos espaços habitacionais e da mobilidade urbana. Para atingir esse objetivo, os especialistas reunidos na USP entendem que deverá existir uma nova fórmula de financiamento público. Foi citado o exemplo dos Estados Unidos, que a cada ano vê o orçamento governamental reduzir bilhões de dólares em relação ao aumento da demanda por novas obras e pela manutenção da infraestrutura existente no país.
Para William J. Perry, ex-secretário de Defesa dos EUA e atualmente professor do departamento de engenharia da Universidade de Stanford, o ponto de partida dos desafios que estão a caminho não pode deixar de ter uma visão otimista do futuro. “Não tenho dúvidas de que o quadro mundial de engenheiros buscará maneiras de colocar o conhecimento em prática para enfrentar esses grandes desafios. Aplicando as regras da razão, as descobertas da ciência, a estética da arte e a centelha da imaginação criativa, os engenheiros continuarão a tradição de criar um futuro melhor”, finaliza um dos idealizadores do movimento que debate as grandes mudanças da engenharia.
Veja vídeo do encontro na USP
Saiba mais sobre engineering grand challenges
www.engineeringchallenges.org
Entrevistado
Comitê Grandes Mudanças da Engenharia, localizado no campus da National Academy of Engineering (NAE), em Washington,D.C (via assessoria de comunicação)
Contato: engineeringchallenges@nae.edu
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Por que há países em que pedreiro ganha até R$ 25 mil?
A média salarial de um pedreiro em países escandinavos, assim como na Suíça, na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos, equivale a 25 mil reais. No Brasil, essa média salarial varia de 1.532 reais a 4.238 reais, segundo dados dos SindusCons. A diferença está na qualificação. Nas nações em que o profissional que atua no canteiro de obras ganha bem ele se forma em cursos técnicos e profissionalizantes, já a partir da adolescência. São jovens que não priorizam chegar à universidade, mas se capacitar para exercer profissões técnicas, que, aliás, são muito valorizadas em países desenvolvidos.
Com capacitação, esses profissionais, não raramente, conseguem salários tão competitivos quanto os que concluem a universidade. Países como a Suíça, por exemplo, oferecem 250 cursos de nível profissionalizante acoplados ao ensino médio. São profissões que vão desde açougueiro, padeiro e cozinheiro até operadores de máquinas, pintores, marceneiros e pedreiros-construtores. A formação varia de dois anos a quatro anos, dependendo da complexidade da profissão. Um bom pedreiro-construtor só consegue chegar ao mercado de trabalho após quatro anos.
Normalmente, as aulas teóricas são intercaladas com estágios em construtoras. Há uma parceria intensa entre as escolas profissionalizantes e as empresas, normalmente estimuladas pelos governos locais. É comum que, entre os que concluem os cursos, as próprias empresas parceiras absorvam a mão de obra. Há também grupos de alunos que se unem para formar pequenas empreiteiras, no caso dos pedreiros-construtores. Nos países europeus em que esse sistema já está consolidado, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos é de 4%. No Brasil, a taxa de desemprego dentro desta faixa etária é de 26,6%.
UNESCO alerta que educação profissionalizante é porta para a indústria 4.0
Dados da OCDE (Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica) revelam que um dos principais desafios globais é gerar emprego para a força de trabalho jovem. São informações corroboradas pela UNESCO, que aponta que o grande obstáculo da educação mundial está na reforma do ensino secundário, a fim de que ele possa garantir competências para os jovens poderem ingressar no mercado de trabalho. “Chamamos todos os governos e a comunidade internacional para se unirem nesse esforço”, destacou a UNESCO, em comunicado no dia mundial dos professores, em 15 de outubro de 2018.
Nos países em que o ensino profissionalizante está acoplado ao ensino médio, o acesso dos estudantes às universidades politécnicas é facilitado. Isso permite que pedreiros-construtores se tornem engenheiros civis, por exemplo. Para especialistas em educação, esses profissionais tecnólogos serão fundamentais para consolidar a quarta revolução industrial, também conhecida como indústria 4.0. “Eles possuem habilidades para atuar no novo mercado de trabalho que surge no mundo, mas é necessário que as escolas estejam preparadas para ensiná-los”, finaliza a UNESCO, em seu comunicado.
Entrevistado
Reportagem com base em relatórios da OCDE (Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica) e da UNESCO (Organização das nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) (via assessoria de comunicação)
Contatos
brasília@unesco.org
news.contact@oecd.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Dez fatores que fazem a diferença no varejo da construção
Para auxiliar o setor do varejo da construção civil, o SEBRAE mapeou, através de pesquisa com empresários do setor, quais os dez fatores que fazem a diferença para o sucesso de uma loja de materiais de construção. O que não pode faltar são estratégia de posicionamento no mercado, gestão dos produtos na loja, controle financeiro, comodidade ao cliente, parcerias com fornecedores, marketing de relacionamento, gestão dos processos dentro da loja, gestão do estoque, layout da loja e atendimento.
Confira as dicas do SEBRAE para cada um dos fatores apontados na pesquisa:
1. Posicionamento de mercado
Defina bem o público-alvo, faça pesquisas de mercado e implemente estratégias de preço e promoções para os clientes, de acordo com o perfil deles. Lembre-se que posicionamento é a “personalidade” do produto ou objeto de comercialização. É a posição que se deseja ocupar na mente do cliente.
2. Gestão de produtos
Organize os produtos por categoria, analise as necessidades dos clientes e faça um controle rígido do estoque de mercadorias. A gestão inclui a criação de um ambiente agradável, capaz de despertar o desejo do cliente para consumir. A arrumação dos produtos, por ordem de preços e prioridade aos clientes, também deve ser levada em conta.
3. Controles financeiros
Mantenha o registro do fluxo financeiro da loja e planeje os investimentos necessários para aprimorar os resultados do negócio. Para se atingir a meta é preciso ter controle de caixa (registro de todo o dinheiro movimentado pela empresa), controle de bancos (entradas e saídas da conta bancária), controle de contas a receber, controle dos vencimentos (o que pagar) e controle do fluxo de caixa (mostra a necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes em operações rentáveis).
4. Comodidade
Ofereça acesso à loja sem complicações, como estacionamento e boa localização, além de facilidades de pagamento e possibilidade de entrega dos materiais em locais escolhidos pelos clientes. É importante estar preparado para atender a todos os tipos de clientes e formas de pagamento: à vista, cartões de débito e crédito, sejam eles físicos ou presentes em smarthphones. Outras tecnologias e hábitos tradicionais de pagamento, como carnês e o “caderninho”, não podem ser descartados, dependendo da região em que a loja está localizada.
5. Parcerias
Tenha um bom relacionamento com fornecedores e profissionais da construção civil, assim como empresas que trabalham com produtos específicos e oferecem serviços complementares. A recomendação é que se invista na relação ganha-ganha, onde a negociação gera bons negócios para todos os parceiros.
6. Marketing de relacionamento
Conheça as necessidades e as expectativas de compra dos clientes, aproximando-se deles, e foque em uma estratégia de relacionamento que leve em conta os objetivos do negócio.
7. Gestão de processos
Invista na melhoria dos processos de compra e venda da loja e mantenha controle dos indicadores do negócio para conseguir atingir metas de redução de custos e de aumento de vendas. Essa etapa depende de um bom entrosamento com sócios e gestores da loja. Não cabe ao empresário impor, mas refletir e absorver a visão de cada um dos envolvidos no processo.
8. Gestão de estoque
Mantenha um registro dos fornecedores e dos produtos em estoque, controlando as baixas e a necessidade de novos materiais, por meio de um sistema informatizado. Três passos são fundamentais:
- Registrar no controle de estoque a quantidade, o custo unitário e o custo total das mercadorias vendidas.
- Periodicamente, confirmar se o saldo apurado no controle de estoque confere com o estoque físico existente na empresa.
- Calcular no controle de estoque o saldo em quantidade, custo unitário e custo total das mercadorias que ficaram em estoque.
9. Layout da loja
Organize os produtos por categorias. Os de maior fluxo de vendas devem ficar em pontos estratégicos, para que o cliente possa visualizá-los com mais facilidade. A ideia é deixar a circulação pela loja a mais fluida possível. Não esqueça que logotipo, vitrine, disposição dos produtos, mobiliário, iluminação, cores e limpeza são fatores importantes para atrair clientes.
10. Atendimento
Capacite continuamente os funcionários sobre os produtos e serviços oferecidos, além de investir para que eles aprendam novas técnicas de venda. Com isso, é possível gerar vendas adicionais no processo de compra. O colaborador, além de saber cativar o cliente, deve demonstrar convicção e conhecimento sobre a qualidade e a aplicação do produto, assim como os serviços que sua empresa oferece.
Veja a íntegra do documento do SEBRAE
Entrevistado
Reportagem com base em documento do SEBRAE, intitulado “Dez fatores-chave de sucesso no varejo de materiais de construção”
Contato: imprensa@sebrae.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330