Edifícios autossustentáveis transformam a economia
Atualmente, o Brasil possui 18 edificações credenciadas a conseguir o selo Zero Energy da GBC Brasil (Green Building Council Brasil). Lançada há um ano no país, a certificação é uma das mais procuradas entre as que reconhecem edifícios autossustentáveis. Ela abrange escolas, centros de distribuição, prédios corporativos, instituições financeiras e indústrias, ou seja, os setores que movimentam a economia do país.
No período de crise que o Brasil vive a partir de 2014, esses segmentos buscaram soluções que minimizassem desperdícios de recursos. Gastar altos valores com o consumo de energia elétrica e de água fez as empresas se voltarem para sedes autossuficientes nestes dois quesitos. Segundo o presidente do SindusCon-PR, Sérgio Crema, foi essa razão que levou os associados do sindicato, por exemplo, a aprovarem a construção de um prédio Zero Energy.
“A construção civil brasileira historicamente vive de ciclos. Há períodos de bonança e de crise. Recentemente, estamos saindo da pior crise do setor e, neste período, concluímos que tínhamos que ter um prédio autossustentável, e que nos permitisse uma gestão mais refinada. Seguramente, as próximas gestões do SindusCon é que vão colher os frutos deste prédio que estamos finalizando e que vai gerar muitas economias de recursos”, diz.
Sérgio Crema e outros líderes empresariais e setoriais que empreendem em edifícios autossustentáveis expuseram seus cases no GreenBuilding Brasil, que aconteceu em Curitiba-PR, de 5 a 7 de novembro. A capital paranaense não foi escolhida aleatoriamente. O estado é hoje o que tem o maior número de empreendimentos credenciados a ter o selo Zero Energy.
Em Curitiba, estão a Petinelli Engenharia, a RAC Engenharia e a De Paola & Panasolo Sociedade de Advogados. Em Londrina, a Plasmetal, e em Tamboara, a Geo Energética.
Autogeração de energia passou a ser estratégica para as empresas
Os edifícios que buscam a certificação Zero Energy precisam atender os seguintes requisitos: geração da energia consumida por meio de placas fotovoltaicas, cisternas, compostagem e separação de resíduos, além de captação de água da chuva para reuso e uma arquitetura que favoreça a luz e a ventilação natural, para a economia de energia consumida por lâmpadas e sistemas de ar-condicionado.
Com o custo da energia elétrica cada vez mais caro para as operações corporativas, esses prédios geram economia significativa. Há casos que chegam a consumir cerca de 10% de Kwh, em comparação com edificações convencionais. “Para a grande maioria das empresas, o custo com energia configura a segunda principal despesa, depois apenas de recursos humanos. Estamos falando de uma questão estratégica e a autogeração passa a ser avaliada como alternativa de redução de custos”, afirma Guido Petinelli, um dos palestrantes no GreenBuilding Brasil 2018.
Entrevistado
Reportagem com base no seminário “Zero Energy avança no Brasil – Cases em operação!”, ocorrido dentro do GreenBuilding Brasil 2018
Contato: contato@gbcbrasil.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Certificação sustentável migra para a habitação popular
Entre 2013 e 2017, o número de edificações que buscam certificação sustentável na região sul do Brasil cresceu 79,6%, enquanto nas outras regiões do país o aumento chegou a 41,4%. Foi isso que trouxe o GreenBuilding Brasil 2018 a Curitiba-PR. A capital paranaense lidera esse movimento pela construção sustentável entre os três estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). A cidade já tem 22 prédios-verdes - a maioria edifícios corporativos - e influencia positivamente sua região metropolitana.
A cidade de Pinhais-PR, por exemplo, está construindo o primeiro condomínio Minha Casa Minha Vida do Brasil com certificação LEED ™ (Leadership in Energy and Environmental Design). O empreendimento vai buscar o selo GBC CASA & CONDOMÍNIO, cujo foco é a saúde e o bem-estar dos moradores. Para isso, deverá atender, além das seis partes da Norma de Desempenho (NBR ABNT 15575), o uso eficiente da água, a economia de energia, a utilização de materiais certificados e a destinação comprovada dos resíduos. O Pinhais Park Residence terá 136 unidades em três torres de quatro pavimentos. O canteiro de obras está em fase de implantação.
A arquiteta Agatha Carvalho, coordenadora-técnica do Green Building Council Brasil, explicou no GreenBuilding Brasil 2018 como funciona a certificação GBC CASA & CONDOMÍNIO. “O processo de certificação segue um checklist rigoroso, que se dá desde o registro, passando pela verificação técnica do projeto, revisão e, por fim, a certificação, de fato. Ao implementar o selo objetivamos impactar diretamente, e positivamente, nas mudanças climáticas, na saúde e no bem-estar das pessoas, nos benefícios econômicos proporcionados por esses projetos, nos recursos hídricos e na biodiversidade”, salienta.
GBC CASA & CONDOMÍNIO almeja levar qualidade ao Minha Casa Minha Vida
A certificação GBC CASA & CONDOMÍNIO foi lançada no segundo semestre de 2017, e, até o momento, existem 58 projetos registrados no país, dos quais 9 já estão certificados. Para a engenheira civil Ana Rocha Melhado, coordenadora da pós-graduação em construções sustentáveis da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), que também palestrou no GreenBuilding Brasil 2018, o selo voltado para o mercado habitacional tem a oportunidade de diminuir as diferenças entre empreendimentos de alto padrão e as construções mais populares. “Podemos incorporar essas tecnologias em todos os tipos de empreendimentos, de alto padrão aos mais populares, que começarão a ganhar volume a partir de agora”, afirma.
A expectativa dos debatedores é de que, no médio prazo, a construção sustentável deixe de ser um ramo da construção civil para estar totalmente integrada ao setor. “Tenho uma visão positiva acerca dessa questão. Acredito que o setor caminha sempre em busca do desenvolvimento sustentável. Além disso, dados do GBC Brasil indicam que, dentre as razões da ascensão das construções sustentáveis, está o desejo das corporações de gerar economia. Prédios-verdes, por exemplo, possuem taxas de condomínio menores, bem como garantem aos consumidores que a edificação em que moram ou trabalham, isto é, onde passam a maior parte do tempo de suas vidas, apresente desempenho acima de todas as normas técnicas que disciplinam os diversos sistemas de uma edificação”, completa a professora-doutora da FAAP.
Entrevistado
Reportagem com base no seminário “O Promissor Setor Residencial: Principais Aspectos, Oportunidades e Lideranças”, ocorrido dentro do GreenBuilding Brasil 2018
Contato: contato@gbcbrasil.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Prédios-verdes dão lucro, desde que haja manutenção
O Brasil surpreende pela quantidade de edifícios com certificação LEED ™ (Leadership in Energy and Environmental Design). São 490 construções com o selo de prédio-verde, o que coloca o país em 4º lugar no mundo. Isso levou a escola de arquitetura da Universidade de Harvard a medir qual a economia que a profusão de edifícios sustentáveis gera ao Brasil. Os números levantados apontam que essas edificações pouparam o equivalente a R$ 931 milhões em consumo de energia, entre 2000 e 2017, e, no mesmo período, geraram R$ 319 milhões de economia associada à redução do absenteísmo, no que se refere à perda de dias de trabalho por razões médicas.
Segundo o Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), esses números poderiam ser mais significativos se os prédios-verdes tivessem um desempenho operacional mais rigoroso, ou seja, se realizassem todos os procedimentos para que a certificação fosse efetivamente seguida após a ocupação. Segundo o arquiteto e urbanista Luís Leal, que palestrou no GreenBuilding Brasil 2018 - ocorrido de 5 a 7 de novembro, em Curitiba-PR -, isso passa pela educação de quem utiliza o edifício. “Principalmente em edificações corporativas, é preciso que haja uma comunicação que priorize o usuário, a fim de que ele entenda e colabore com questões como manutenção preventiva, reciclagem e reformas que podem comprometer requisitos da certificação”, afirma.
Profissionais da arquitetura e da engenharia civil orientam edifícios sobre como manter a certificação
Na prática, boa parte dos empreendimentos com certificação LEED ™ apresenta desempenho abaixo do esperado depois que entra em operação. O que o CTE busca é aprimorar o processo de monitoramento e análise de desempenho das edificações, a fim de corroborar para que as estratégias e tecnologias embarcadas nos empreendimentos certificados resultem na eficiência projetada e, consequentemente, reduzam o impacto ambiental dos edifícios na fase de operação. De acordo com Luís Leal, o CTE faz esse acompanhamento de duas formas: pesquisas “in loco” nos edifícios e através da ferramenta ARC, que permite aprimorar o monitoramento de desempenho dos prédios. Atualmente, 50 empreendimentos já compartilham suas informações operacionais pela plataforma ARC.
É importante monitorar os prédios-verdes e também educar os usuários, pois a certificação LEED ™ só é renovada a cada cinco anos se a manutenção e a operação perseguirem as normas ao longo da vida útil do prédio. A preservação do selo é uma garantia de gestão consistente do empreendimento, embasada em políticas e processos de manutenção de equipamentos, que englobam consumo de energia e de água, destinação dos resíduos e serviços como os de limpeza e paisagismo. O objetivo é maximizar a eficiência operacional e minimizar danos da edificação ao meio ambiente. Tudo isso é alcançado com a correta manutenção, que é o que verdadeiramente garante a vida útil de um prédio-verde.
Entrevistado
Reportagem com base no seminário “Desempenho operacional, o futuro dos Greenbuilding”, ocorrido dentro do GreenBuilding Brasil 2018
Contato: contato@gbcbrasil.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Öresund: de “ponte impossível” a ícone da engenharia
Dezoito anos depois de sua inauguração, a ponte de Öresund segue ganhando prêmios. Também frequenta uma série de livros que listam recordes. A obra que liga a Dinamarca à Suécia é um ícone da engenharia moderna. De “ponte impossível”, transformou-se em modelo de projeto. Uma das lições que a megaobra deixa é que ela é fruto dos erros. Equívocos em outras superobras realizadas pelo mundo serviram para orientar os engenheiros que atuaram na Öresund de como não repeti-los.
A execução da ponte cumpriu rigorosamente o cronograma. Começou a ser construída em 1995 e foi inaugurada em junho de 2000. Antes do canteiro de obras ser efetivamente instalado, o projeto foi estudado por quatro anos. Todas as variáveis foram levadas em consideração para que o empreendimento atingisse a perfeição. Até a manutenção da ponte foi planejada antes que ela saísse do papel. Não é à toa que na literatura da construção civil a ponte de Öresund é citada como uma “aula de engenharia” em todos os seus aspectos.
Öresund tem 16 quilômetros de extensão, incluindo o trecho de ponte estaiada e o túnel submarino. Ela cruza o mar Báltico e liga Copenhague, na Dinamarca, a Malmö, na Suécia. A estrutura atende o fluxo de veículos e de trens. A parte superior é uma autoestrada pavimentada com concreto e destinada ao tráfego rodoviário, ao longo de suas 6 pistas – quatro para a circulação de carros, motocicletas e caminhões e duas que só são liberadas em situação de emergência. A parte inferior da ponte atende duas vias férreas.
O túnel submarino acoplado à ponte percorre 4 quilômetros debaixo do mar Báltico. Já o tabuleiro da ponte tem 8 quilômetros, sendo um quilômetro suspenso pelos estais. O vão central mede 490 metros, com altura de 57 metros acima do nível do mar, para possibilitar o tráfego marítimo. As torres que sustentam os estais estão a 240 metros de altura, equivalente a um edifício com mais de 60 andares. O projeto complexo ainda exigiu a construção de uma ilha com 4 km2, e que ficou pronta em 14 meses.
Estrutura consumiu trilhões de quilos de rocha e de concreto para viabilizar a ilha e o túnel
A construção da ponte de Öresund tem números superlativos. Para viabilizar a ilha, foram consumidos quase 2 trilhões de quilos de rocha, areia retirada do fundo mar e entulhos de construção que vieram de várias partes da Europa. Na ponte e no túnel submarino foram usados 280 mil m³ de concreto estrutural, 82 mil toneladas de aço estrutural e 60 mil toneladas de aço corrugado para protensão. Com exceção do concreto usado nos tabuleiros, todos os outros elementos foram pré-fabricados na Suécia.
Os elementos para o túnel são, até hoje, os maiores já produzidos pela indústria de pré-fabricados de concreto em todo o mundo. Cada uma das 20 peças tem 75 metros de comprimento, 38 metros de largura e 8,5 metros de altura, consumindo o equivalente a 8 trilhões de litros de concreto. Um único elemento possui tamanho semelhante a dois campos e meio de futebol e pesa aproximadamente 55 mil toneladas. Todos foram instalados com perfeição milimétrica, possibilitando que a ponte de Öresund se tornasse realidade. Atualmente, a estrutura recebe tráfego de 25 milhões de pessoas por ano, que transitam entre a Dinamarca e a Suécia.
Veja vídeo sobre a construção da ponte de Öresund
Entrevistado
Administração da ponte de Öresund (via assessoria de imprensa) e dados do documentário da National Geographic Channel
Contato: press@oresundsbron.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Edifícios-garagem de megacondomínio priorizam a qualidade
Imagine 16 carretas se deslocando diariamente pela rodovia Régis Bittencourt, no trecho de 400 quilômetros que separam Curitiba-PR de São Paulo-SP, todas transportando elementos pré-fabricados de concreto. Cada caminhão carrega peças que chegam a quase 21 metros de comprimento, para atender a um cliente que está construindo edifícios-garagem em um megacondomínio na zona norte da capital paulista. Neste caso, a logística se impôs, pois a prioridade é a qualidade das estruturas.
A MRV projeta 25 edifícios-garagem no Grand Reserva Paulista, considerado o maior empreendimento da construtora. Nove destas edificações já estão em obras. A complexidade dos elementos pré-fabricados de concreto fez a construtora buscar os serviços da MARNA PRÉ-FABRICADOS, localizada em Pinhais-PR, na região metropolitana de Curitiba. A empresa usa Cimento Itambé como matéria-prima para a fabricação de suas peças. Nesses 9 edifícios-garagem em construção, o consumo de concreto chega a 11.770 m3.
Na entrevista a seguir, o diretor da MARNA, Guilherme Fiorese Philippi, explica os desafios que envolveram o projeto estrutural, a fabricação, o transporte e a montagem das obras. Os elementos que compõem os 9 edifícios-garagem incluem pilares, vigas armadas, vigas protendidas, lajes alveolares, painéis de fechamento e escadas. A precisão das peças virou case para a Abcic (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), que cita a obra do megacondomínio da MRV como a comprovação da versatilidade das estruturas pré-fabricadas de concreto. Confira a entrevista:
A MARNA PRÉ-FABRICADOS é protagonista na construção de 9 edifícios-garagem em um condomínio da MRV na cidade de São Paulo-SP. Quais os principais desafios para viabilizar a obra?
Dentre os principais desafios se destacam a alta complexidade das peças na fase de fabricação, em especial os pilares com muitos consolos. A logística de transporte das peças para a obra também foi desafiadora, pois houve momentos com 4 obras sendo montadas simultaneamente. Finalmente, a montagem das obras trouxe outros cuidados, pois os edifícios são muito altos e esbeltos, chegando a 8 pavimentos de laje.
Qual o volume total de concreto a ser empregado na produção dos elementos pré-fabricados para essa obra?
O volume de concreto pré-fabricado para as 9 obras é de 11.770 m3 e a área total é de 71.110 m2.
Essa é a maior obra de que a MARNA participa?
Considerando a soma das 9 obras, é a maior obra de que a MARNA PRÉ-FABRICADOS participou até agora.
Quais as características do concreto usado nos elementos pré-fabricados?
A obra foi projetada com fck 40 MPa. No entanto a resistência média de nosso concreto para 28 dias é superior a 50 MPa. Utilizamos concreto autoadensável para pilares, vigas, painéis de fechamento e escadas.
A MARNA se responsabilizou apenas pela fabricação e logística dos elementos pré-fabricados ou também está envolvida na montagem?
A MARNA se responsabilizou pelo projeto estrutural, fabricação, transporte e montagem das obras. O planejamento rigoroso da sequência das peças transportadas foi fundamental para o êxito das obras, principalmente devido à distância de 400 quilômetros entre a fábrica, em Pinhais-PR, e o canteiro de obras em São Paulo-SP. Houve momentos em que foram necessárias 16 cargas de carreta por dia. Quanto à montagem, devido à altura e esbelteza das obras, houve a necessidade de solidarizar as mesmas com a execução do capeamento durante a fase de montagem de maneira intercalada. Também houve um cuidado muito grande com as ligações entre vigas e pilares, utilizando-se solda e grauteamento no local. Outro desafio foi o grande número de pilares com emenda. Foram fabricados pilares com 29,28 metros, divididos em 2 elementos de 20,93 metros e 8,35 metros. Porém, a principal questão técnica da obra, devido à complexidade e à altura, está nas ligações. Foram necessárias ligações com solda, ranhuras entre vigas e pilares com posterior grauteamento, vigas e painéis com armaduras para serem desdobradas e solidarizadas à capa, dentre outras soluções.
Comparativamente ao emprego de sistemas convencionais, no que a construção industrializada traz de economia aos edifícios-garagem da MRV?
A principal vantagem para o cliente é a velocidade da execução da obra e a possibilidade de vencer maiores vãos utilizando estruturas protendidas. Nesses edifícios tivemos lajes com vãos de até 14 metros com uso de lajes alveolares protendidas. Outra vantagem para a MRV foi a opção pelo uso de painéis de fechamento pré-fabricados, em substituição à execução de paredes com alvenaria em blocos de concreto. Isso trouxe uma grande agilidade de execução. Outro elemento que trouxe muita agilidade para a construtora foi o uso de escadas pré-fabricadas. Cada edifício garagem leva em torno de 90 dias para ficar pronto e o cronograma tem sido cumprido rigorosamente. Um aspecto interessante é que conforme os edifícios-garagem são finalizados estes passam a ser utilizados como áreas de apoio durante a obra, como escritório, áreas de vivência, almoxarifado e refeitório.
Quanto ao emprego de mão de obra, o que foi necessário para viabilizar os edifícios-garagem?
Para a fase de montagem foram necessárias equipes de 6 pessoas para cada edifício.
Entrevistado
Guilherme Fiorese Philippi, diretor da MARNA PRÉ-FABRICADOS
Contato: marna@marna.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Lajes de subpressão estanques: saiba como construir
A demanda por edifícios altos, com mais de 20 pavimentos, têm obrigado escavações cada vez mais profundas para as fundações. Não raramente, isso pode interceptar os aquíferos e levar a engenharia a buscar dois tipos de solução: o rebaixamento definitivo, usando estruturas de contenção, ou o uso de lajes de subpressão estanques.
A primeira opção começa a cair em desuso. Em muitas cidades brasileiras já se proíbe a utilização do rebaixamento definitivo devido aos prejuízos causados ao meio ambiente. Além disso, no longo prazo, essa solução se torna de elevado custo devido aos gastos com o acionamento das bombas d’água, para que elas mantenham o rebaixamento, retirando o excedente de água, além da manutenção dos equipamentos.
Portanto, a execução de estruturas estanques projetadas para receber os carregamentos de aquíferos é solução adequada do ponto de vista ambiental e econômico. O engenheiro-projetista Renato Salles Cortopassi aplicou essa técnica na construção de um edifício de 30 pavimentos na cidade-satélite de Águas Claras, no Distrito Federal, cujas escavações atingiram 10,5 metros de profundidade e ficaram 7 metros abaixo do nível do lençol freático que passava pelo subsolo do terreno.
O engenheiro explica que antes de optar pela técnica adequada foi importante determinar o nível do aquífero, através de sondagem STP. O processo, cuja sigla vem do inglês “Standard Penetration Test” (Teste de Penetração Padrão), é muito usado para conhecer o subsolo e fornecer subsídios indispensáveis para escolher o tipo de fundação. A norma técnica ABNT NBR 6484:2001 - Solo - Sondagens de simples reconhecimentos com SPT - Método de ensaio, é que define os padrões para a sondagem STP.
O engenheiro-projetista revela que também foram usados poços de pesquisa para confirmar o nível de água do lençol freático atingido pela obra. Esses poços podem incorporar medidores pontuais (medidores de fita) ou medidores automáticos (transdutores de pressão), que permitem um monitoramento contínuo da variação do nível de água do lençol freático ao longo do tempo.
Concretagem da laje de subpressão precisa atender requisitos especiais
Definida a escolha pela laje de subpressão, Renato Salles Cortopassi explica que o plano de concretagem precisa ser cumprido com exatidão, a fim de que se evitem retrações e trincas que podem gerar vazamentos. “Esse risco é evitado com o uso de aditivo cristalizante de profundidade, também conhecido como aditivo cristalizante integral. Sem o uso do aditivo, a possibilidade de fissuração é grande, já que o aditivo tampa a porosidade do concreto e cicatriza eventuais fissuras”, alerta o engenheiro-estrutural.
No caso da concretagem no edifício construído na cidade-satélite de Brasília, Renato Salles Cortopassi afirma que tecnologistas foram responsáveis pelo controle tecnológico do concreto. Em função das características do microclima na região da obra, a concretagem só podia ocorrer quando a temperatura ambiente estivesse abaixo de 30 °C. Também foi necessário realizar a aspersão de água antes do lançamento do concreto, para que a umidade do ar no microclima em que a edificação se localiza ficasse acima de 50%, já que a umidade média na época da construção era de 25%, o que é proibitivo para esse tipo de concretagem.
Para saber mais, acesse o web seminário. Clique aqui.
Entrevistado
Reportagem com base no web seminário “Estruturas estanques submetidas a carregamentos de aquíferos - Lajes de subpressão”, da AECweb, concedido pelo engenheiro-projetista Renato Salles Cortopassi
Contato: contato@email.aecweb.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Troque grandes estoques no canteiro de obras por TI
O uso da Tecnologia da Informação (TI) na logística de suprimentos permite que o estoque de materiais dentro do canteiro de obras possa condizer com o momento de cada etapa da construção. Isso evita perdas por superlotação, mau armazenamento e desperdício. Através da TI, também é possível desenvolver o planejamento estratégico da logística junto aos fornecedores, o que cria uma cadeia com comunicação eficiente, velocidade nas respostas e qualidade de atendimento.
Porém, é necessário um projeto que permita à Tecnologia da Informação coletar dados suficientes para compreender a logística de suprimentos. Isso é feito por um profissional que vem ganhando cada vez mais espaço nos canteiros de obras que operam com planejamento: o analista de materiais. Geralmente, a função é exercida por um engenheiro civil especialista em logística aplicada na construção civil. Ele também não atua sozinho, mas em equipe, a qual vai controlar a entrada, o recebimento e armazenamento de materiais no canteiro de obras.
No entender de engenheiros que palestraram no CONAPROC (Congresso Nacional de Produtividade na Construção Civil), a aplicação da tecnologia para desenvolver logística de suprimentos no canteiro de obras requer quebra de paradigmas. O primeiro deles é substituir a negligência com produção, automação, qualificação, produtividade e treinamentos por processos, programas de qualificação, programas setoriais, certificações e normalização. São medidas para combater improvisação, retrabalho, perdas e desperdícios.
Logística de suprimentos propõe que a autossuficiência dê lugar ao planejamento compartilhado
Outro paradigma a ser quebrado é o que inviabiliza construtoras e incorporadoras de obterem vantagens na cadeia de suprimentos, a qual engloba fornecimento, compra de materiais, produção, estocagem, armazenamento e distribuição. Isso possibilita um círculo virtuoso, que envolve comprar bem, construir bem e vender bem. Para tal - alertam os palestrantes -, precisa ser esquecida a máxima de que engenheiro bom é aquele que “bate escanteio e corre para cabecear”. Ou seja, faz desde a gestão da obra até a compra dos materiais.
O que a logística de suprimentos propõe é que a autossuficiência dê lugar ao planejamento e ao foco nos processos que compartilhem dados de TI e integrem os fornecedores ao projeto. Um exemplo citado pelos engenheiros que palestraram no CONAPROC é que a cadeia de suprimentos não pode nunca comprometer o trabalho no canteiro de obras por falta de materiais.
Então, se a obra estiver a 100 quilômetros do fabricante do material, é preciso a garantia do fornecedor de que o pedido será entregue de acordo com o cronograma estabelecido. Da mesma forma, é necessário pensar em situações em que a construtora possua obras ocorrendo simultaneamente em lugares diferentes. Neste caso, o recomendável não é buscar um fornecedor para cada obra, mas verificar se a estrutura de um único fornecedor consegue cobrir o raio de ação dos empreendimentos. Neste caso, a sugestão é optar pelo fabricante que tenha centros de distribuição e expertise em logística. Assim, ele também poderá contribuir com a TI da construtora no planejamento estratégico da obra.
Veja vídeo-aula sobre engenharia logística aplicada na construção civil
Entrevistado
Reportagem com base em vídeo-aula apresentada no CONAPROC (Congresso Nacional de Produtividade na Construção Civil)
Contato: luchezzi@luchezzi.com
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Trabalho de Conclusão de Curso
- Leonardo Zampieri Segalin - Universidade Tecnológica Federal Do Paraná
Lajes com EPS são seguras, mas precisam ser bem construídas
Lajes com EPS (Poliestireno expandido) são seguras, possuem capacidade de melhorar o desempenho térmico e acústico das edificações, são resistentes e ajudam a exercer menor carga sobre as estruturas. Essas são algumas das vantagens, mas também há desvantagens.
Principalmente, quando o projeto não leva em consideração características como espessura do material ou ocorrem equívocos relacionados à mão de obra responsável pela montagem das placas de EPS e pela concretagem. O escoramento durante a cura do concreto e a amarração das ferragens também são relevantes, assim como a hidratação do concreto durante o processo de cura.
Erros podem gerar transtornos, principalmente em prédios, prejudicando o desempenho da laje. Um dos cuidados é com a espessura do concreto sobre a laje, que deve ter pelo menos 3 centímetros. No caso da inserção de tubulações na laje, a espessura cresce para 4 centímetros, se os tubos possuírem diâmetro máximo de 12,5 milímetros.
Outro erro comum é furar ou quebrar as lajes, após montadas e concretadas, para passar conduítes e tubulações que estavam no projeto e foram “esquecidos”. Isso pode causar danos irreversíveis ao desempenho. É preciso cuidado também com o acabamento da laje com EPS. O recomendável é usar colas especiais que melhoram a adesão do chapisco de argamassa, para posterior aplicação do acabamento.
Bem construídas, as lajes que usam EPS agregam uma série de vantagens. Entre elas, a leveza. Uma laje com 200 m2 de área, que receba peças de EPS, pode ser até 10 toneladas mais leve que uma laje convencional. Isso significa menos impacto sobre as estruturas. Produtividade e segurança no canteiro de obras também estão entre os pontos positivos.
Outro requisito a favor é que o EPS usado na construção civil é da classe F, ou seja, recebe tratamento especial antichamas. Em caso de incêndio, as placas não propagam fogo e o material se extingue quando exposto a altas temperaturas. Por não cumprir função estrutural, não oferece risco à integridade da laje.
EPS também pode substituir brita para a produção de concreto leve
O EPS também serve de matéria-prima para a produção de concreto leve. Ele substitui os agregados graúdos e possibilita preparar um concreto que pode ser usado para a fabricação de blocos sem função estrutural, paredes de vedação ou servir para o nivelamento de contrapisos. O concreto leve requer o uso de aditivos que ajudam a criar uma camada de cimento em torno do EPS, impedindo que eles flutuem, possibilitando uma mistura mais homogênea.
A geotecnia é outra área que tem usado EPS com sucesso. A baixa densidade do material permite a utilização em muros de arrimo, estacionamentos, rampas de acesso, diques, barragens e obras viárias. As vantagens são desempenho térmico e resistência ao fogo, além de ser um material antimofo, facilitador do trabalho no canteiro de obras e que melhora a produtividade.
Entrevistado
Reportagem com base em web seminários sobre a aplicação do EPS na construção civil
Contato: contato@email.aecweb.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Macroeconomia mundial oferece oportunidades ao Brasil
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) promoveu recentemente o seminário “Macrotendências mundiais”. O objetivo foi debater as demandas mundiais até 2030 e de que forma o Brasil pode aproveitar as oportunidades que serão geradas. O país tende a se destacar nos seguintes pontos: gerador de alimentos para o mundo, fonte de energia sustentável, pólo de entretenimento e turismo e potencial para ter infraestrutura moderna e competitiva.
Neste ponto, o Brasil tem campo aberto para receber ferrovias para trens elétricos de alta velocidade, saneamento básico inteligente (tubulações com sensores capazes de perceber vazamentos), integrar bacias hidrográficas para navegação e avançar na indústria 4.0 dentro do setor da construção civil. “A infraestrutura pode ser o principal driver de crescimento, já que é imprescindível para o desenvolvimento de tecnologias”, sintetiza documento divulgado pelo seminário.
O encontro ocorrido na Fiesp se ampara em publicação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada): “Megatendências mundiais 2030: o que entidades e personalidades internacionais pensam sobre o futuro do mundo?”. Os documentos da Fiesp e do Ipea apontam que o Brasil também tem grandes oportunidades na área de energia, pelas seguintes razões:
- O país tem um dos maiores potenciais energéticos em fontes renováveis do mundo, principalmente a hidrelétrica;
- Tem também potencial de produção de máquinas e equipamentos para geração e distribuição de energia renovável;
- Possui tecnologias já desenvolvidas em biomassa para substituir o petróleo, como o etanol;
- Está entre os dez maiores produtores de energia eólica do mundo e conta com conhecimento tecnológico no desenvolvimento e produção de turbinas;
- O país praticamente ainda não utiliza energia solar. Com redução nos custos da tecnologia, tende a ampliar as oportunidades.
Para Fiesp e Ipea, o ano de 2030 já começou para o Brasil
Para o setor de infraestrutura, a aposta é que a demanda reprimida do Brasil desencadeie uma série de oportunidades nos próximos 12 anos. “A infraestrutura pode ser o principal driver de crescimento do país no curto e no médio prazo, por causa das defasagens e de suas insuficiências. Nos transportes, a infraestrutura brasileira ficou precária e desatualizada. As oportunidades vão desde a infraestrutura urbana das cidades até a infraestrutura hidroviária do país”, complementa o documento da Fiesp, que ressalta os obstáculos para que projetos avancem: “As principais restrições vêm da insegurança jurídica e do lado fiscal, já que os investimentos em infraestrutura são geralmente feitos por empresas em conjunto com governos.”
Mais uma vez, os apontamentos tirados do seminário da Fiesp coincidem com os argumentos contidos no documento do Ipea, que faz o alerta: “Quais as oportunidades e as ameaças para o Brasil que essas megatendências mundiais trazem? Qual deverá ser o posicionamento do Brasil frente a essas megatendências mundiais? É essencial que o estado e a sociedade brasileiros decidam o que fazer dessa ordem e como se inserir nela. Para tanto, o estado brasileiro necessita desenvolver pensamento e planejamento estratégicos de longo prazo, pois o ano de 2030 já começou para o Brasil.”
Acesse o documento do Ipea. Clique aqui.
Confira resumo do seminário ocorrido na Fiesp
Entrevistado
Reportagem com base em seminário promovido pela Fiesp e documento publicado pelo Ipea
Contatos
ascom@ipea.gov.br
cdecomtec@fiesp.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330