Estudo mostra que otimismo voltou à construção civil

As recentes edições do Termômetro da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) sinalizam que o otimismo voltou ao setor da construção civil. O indicador é medido mensalmente e capta o ânimo dos empresários com a economia do país. Desde outubro, os dados coletados mostram confiança crescente. Na mais recente edição, de 30 de novembro de 2018, o estudo aponta que 45% das empresas estão confiantes sobre as ações do governo federal para o setor da construção civil nos próximos 12 meses. Esse percentual não era alcançado desde abril de 2012.

Segundo o presidente da ABRAMAT, Rodrigo Navarro, as expectativas em torno do novo governo alimentam o otimismo. "Historicamente, o Termômetro da ABRAMAT só apontou este nível de otimismo em abril de 2012, com indicativos de 66%, e em setembro do mesmo ano, com 58%. Estas ocasiões foram impulsionadas por medidas como o lançamento de obras do PAC e do Minha Casa Minha Vida. Agora, a expectativa de estabilidade econômica e de medidas para a retomada do crescimento alavancam a confiança e o otimismo na indústria de materiais de construção", afirma.

A confiança não se reflete apenas na expectativa de venda, mas de investimento. A recente pesquisa mostra que 73% das indústrias de materiais pretendem investir nos próximos 12 meses. As prioridades são modernização de equipamentos e aumento da capacidade de produção. Das empresas consultadas, apenas 5% se posicionaram com pessimismo sobre 2019. Para consolidar as previsões positivas, a ABRAMAT encomendou outro estudo à Fundação Getulio Vargas (FGV), a fim de medir se o clima de otimismo é de curto, médio ou longo prazo. De acordo com Navarro, o setor vive um momento de "otimismo consciente".

FGV traça quatro cenários para a construção civil de 2019 a 2022

Pela projeção da FGV, a produção de materiais de construção deverá ter crescimento anual médio em torno de 5%, entre 2019 e 2022. Para chegar a esse percentual, o levantamento traçou quatro cenários:

  • “Tempestade perfeita”
  • “Aos trancos e barrancos”
  • “Superando obstáculos”
  • “Os limites do possível”

Sempre levando em conta o período dos próximos quatro anos, o cenário menos otimista estima 0% de crescimento para o PIB do país, -0,5% para a construção, 0,5% para o varejo de materiais e -2,6% para a indústria de materiais, ou seja, o setor encolheria -2,6% no período.

Já o cenário "Aos trancos e barrancos" prevê crescimento médio de 1% do PIB, de 0,5% para a construção, de 0,75% para o varejo de materiais e de 0,6% para a indústria de materiais, com crescimento geral do setor de 1,85% ao ano. Na projeção "Superando obstáculos", as variáveis anuais consideradas são: PIB nacional de 2%, crescimento da construção de 1%, varejo de materiais com expansão de 2% e indústria de materiais com alta de 1,5% (4,5% no geral). Para "Os limites do possível", o PIB cresceria 3% em média; a construção 2%, o varejo de materiais 3% e a indústria de materiais 2,5%.

Esse último cenário, que para a FGV e a ABRAMAT é o mais provável de se materializar, permitiria que a construção civil voltasse a crescer 7,5% em um ou dois anos do próximo quadriênio. Por isso, a expectativa de que a cadeia produtiva do setor cresça, em média, 5% de 2019 a 2022. Já para 2018, a ABRAMAT mantém a estimativa de que o ano feche com crescimento de 1,5% para a indústria da construção, interrompendo três quedas anuais consecutivas (2015, 2016 e 2017).

Entrevistado
ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção)
(via assessoria de imprensa)

Contato: abramat@abramat.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Alonso Mazini Soler

Tecnologia terá força para definir a boa engenharia?

Alonso Mazini Soler
Para Alonso Mazini Soler, uma grande obra não se limita ao algoritmo previsível de um programa de computador
. Crédito: Schedio Engenharia Consultiva

Doutor em engenharia pela Poli-USP, e professor da pós-graduação do Insper, além de sócio da Schedio Engenharia Consultiva, o engenheiro civil Alonso Mazini Soler é autor de uma série de artigos que fazem reflexões sobre os profissionais da área e o futuro da construção civil. Sua abordagem tem foco, sobretudo, na convivência entre a tecnologia e a mão de obra que atua no canteiro de obras.

Em um de seus escritos, o professor avalia que a tecnologia é bem-vinda, mas não basta. Ele escreve que “dificilmente a máquina será capaz de trabalhar em equipe, acumular experiência, produzir e utilizar o conhecimento tácito, se motivar, pensar e agir como o trabalhador profissional, humano!”. Porém, alerta que o novo profissional da construção não deve lutar contra a tecnologia, mas aprender a utilizá-la em seu favor. Na entrevista a seguir, Alonso Mazini Soler explica de que forma isso pode ser alcançado. Confira:

Em seu artigo, “Na obra, a tecnologia é bem-vinda, mas não se basta, o senhor faz uma reflexão sobre o impacto da indústria 4.0 na construção civil. Como se poderá alcançar o equilíbrio entre homem e máquina no canteiro de obras?
A interpretação adequada do artigo não remete a um contraponto entre a adoção da tecnologia (indústria 4.0) e o ser humano, mas, exatamente, lança luz sobre o equilíbrio entre ambos. Pelo menos no tempo de um futuro previsível, homens e máquinas se acostumarão a trabalhar juntos no canteiro de obras.

O Brasil já vive essa realidade, de máquinas inteligentes se sobrepondo a homens, ou ainda estamos longe deste cenário?
Conheço exemplos de empresas que já vivem essa realidade no Brasil – tanto no segmento de infraestrutura quanto no de edificações. Elas estão fazendo a lição de casa de eficiência para quando o mercado for retomado em toda sua potencialidade. Quiçá, que seja rápido. Recomendo a leitura de um artigo meu intitulado “Uma ficção sobre inovação na construção civil. Nele, concluo afirmando que “... Apesar do conservadorismo típico da indústria da construção, as inovações tecnológicas que a cercam florescem de modo exponencial. O ecossistema das startups de construção (construtechs) exibe uma dinâmica energizada capaz de mudar rapidamente o modelo de negócios atual...”

Os defensores da indústria 4.0 na construção civil justificam que a máquina traz aumento de produtividade. O que o senhor acha dessa tese?
Eu concordo totalmente com essa tese. Não há como impor reação contrária ao avanço da tecnologia e deixar de reconhecer suas vantagens e benefícios. Entretanto, meu ponto de complementação à tese é que a máquina sozinha não substituirá a experiência, a criatividade e a capacidade laboral do ser humano numa obra.

Como o trabalhador poderá proteger seu emprego diante deste cenário de “ocupação das máquinas” na construção civil?
Em primeiro lugar, reconhecendo que o trabalho mudou (e vai continuar mudando), o que exige desse profissional é o ajuste de suas competências. Recomendo a leitura de um artigo meu intitulado “Recolocação na construção depois dos 50 anos. Nele, dou dicas sobre o perfil do novo profissional da construção: “Diante do novo que sustenta a transformação experimentada pelo setor da construção, configura-se o perfil necessário de um (igualmente) novo profissional: íntimo do uso e das potencialidades da tecnologia digital, intuitivo, pragmático, colaborativo, flexível em suas ideias, internacionalizado em sua networking e sensível às causas ambientais e sociais, aberto e disponível a aprender ininterruptamente...”

E os engenheiros civis, qual o papel deles neste cenário?
Volto a mencionar outro artigo meu, intitulado “Reskiling de profissionais de engenharia e construção. A conclusão é a de que, neste momento, permanecer na carreira de engenharia e construção tende a ser menos arriscado do que se aventurar fora dela. Obviamente, considerando que permanecer na carreira implica em atualizações constantes e aprendizagem contínua. 

Existem os engenheiros civis mais experientes e os da nova geração, que se alinham ao uso de máquinas e computadores na construção civil. Como adequar esse “conflito de gerações”?
As respostas estão nos dois artigos mencionados acima. Mas respondendo de forma direta, diria que o engenheiro mais experiente, que traz consigo a vivência, o aprendizado tácito obtido de acertos e erros em anos de trabalho, deve levar em consideração que o mundo mudou e que ele precisa se adaptar rápida e continuamente ao novo mundo da tecnologia, sem o qual ele será considerado um profissional obsoleto.

Quem está mais suscetível à indústria 4.0 na construção civil: as grandes obras de infraestrutura ou as do setor imobiliário?
As obras de edificação, do setor imobiliário, são mais simples e rápidas para se introduzir novas tecnologias. E a viabilidade dos investimentos nesse sentido são mais visíveis a curto prazo.

A construção industrializada, como a do concreto, não é uma alternativa para equacionar esse conflito entre máquina e homem?
Sim, essa é uma tendência visível. O Lean Construction pode ser aplicado imediatamente para a solução de problemas de habitação nas cidades, por exemplo. O programa Minha Casa Minha Vida seria muito mais eficiente e eficaz se as empreiteiras adotassem o modelo lean de industrialização com notório ganhos de escala.

Nossos cursos de engenharia estão preparando os futuros engenheiros para essa realidade?
Não estão. As faculdades não sabem ainda o que fazer para se adaptar. Veja relatório do “Mapa do ensino Superior 2018”, publicado pelo SEMESP em 1º de outubro de 2018, que aponta o curso de engenharia civil como um dos que precisam ser remodelados fortemente sob risco de serem extintos.

O senhor sabe se algum país está conseguindo boas soluções no canteiro de obras, usando máquinas e homens sem conflitos e desperdício de mão de obra?
A China nos divulga um avanço significativo na engenharia civil, adotando tudo de novo que se apresenta em termos de tecnologia, sem abrir mão do homem. Faço essa análise no artigo “Sim! Provavelmente você terá chefes chineses.

Entrevistado
Alonso Mazini Soler, doutor em engenharia civil pela Poli-USP, professor da pós-graduação do Insper e sócio da Schedio Engenharia Consultiva

Contato: alonso.soler@schedio.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Minha Casa Minha Vida

Minha Casa Minha Vida não combate déficit habitacional

Minha Casa Minha Vida
Para a FGV, o grande gargalo do programa Minha Casa Minha Vida está localizado nos grandes centros urbanos. 
Crédito: Divulgação

O estudo “Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez Anos”, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e contratado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), revela que até 2027 será necessária a construção de 11 milhões e 982 mil moradias no Brasil. O número representa o volume necessário para que o país não mergulhe em um hiato habitacional que pode tornar incontrolável o atual déficit, estimado em 7 milhões e 770 mil unidades segundo os dados mais recentes, de 2017.

Para atingir a meta estabelecida no estudo será necessário o investimento de 240 bilhões e 700 milhões de reais por ano, entre 2019 e 2027. A análise destaca ainda a importância da manutenção do Minha Casa Minha Vida (MCMV), mas alerta: sozinho, o programa não conseguirá atender a demanda reprimida de moradias no Brasil, principalmente para as famílias de baixa renda. Desde a sua criação, em 2009, até julho de 2018, mês de abrangência do estudo da FGV, o MCMV entregou 5 milhões e 311 mil unidades.

O crescimento de 6% na taxa de déficit habitacional entre 2009 e 2018 mostra que o Minha Casa Minha Vida não conseguiu dar conta do desafio. No período de existência do programa, apenas em 2012 a produção de moradias superou a demanda anual. O volume de construções daquele ano fez o déficit cair 7,9%, porém a escassez voltou a crescer a partir de 2013, anulando a melhora do período anterior. De acordo com o estudo da FGV, o grande gargalo do programa está localizado nos grandes centros urbanos.

MCMV não tem sido eficaz para atingir as famílias que vivem de aluguel

Confira o diagnóstico feito pela pesquisa: “Um dos pontos críticos recorrentes diz respeito à dificuldade de equacionar a questão habitacional. O programa não tem sido eficaz para atingir as famílias que vivem de aluguel nos grandes centros urbanos. O elevado preço da terra dificulta a produção de unidades habitacionais dentro dos parâmetros do programa, levando a oferta para áreas mais distantes dos centros urbanos, indicando a necessidade de se pensar outras soluções para o problema.”

Nas cidades do interior, o problema do Minha Casa Minha Vida é outro: ele tem dificuldades de agregar infraestrutura às unidades construídas. “Por outro lado, a produção de unidades habitacionais fora dos centros urbanos traz consigo outras demandas, tornando imprescindível a conjunção com o desenvolvimento da infraestrutura urbana, ou ainda, a inserção do programa dentro de um contexto mais amplo de política urbana”, destaca o estudo.

O relatório conclui que o Minha Casa Minha Vida não deve ser abandonado, mas aprimorado. “Há, portanto, diversas questões que permeiam a avaliação do programa e que apontam para a necessidade de aperfeiçoamentos e de inseri-lo dentro de uma política habitacional mais ampla, o que significa resgatar o próprio PlanHab. A formulação de uma política habitacional permanente de Estado, de combate ao déficit habitacional e de atendimento à população de baixa renda, conjugada a uma gestão urbana fortalecida confeririam uma maior eficácia ao programa. De todo modo, a importância do programa e a necessidade de sua continuidade são inquestionáveis.”

Veja a íntegra do estudo “Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez Anos”. Clique aqui.

Entrevistado
Reportagem com base no relatório do estudo “Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez Anos”, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e contratado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Contato: comunicacao@abrainc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

metrô

Maiores construtoras do mundo pedem passaporte brasileiro

metrô
Obra de metrô construída pela gigante China State Construction Engineering Corporation, a número 1 do mundo. Crédito: CSCEC

A publicação International Construction divulgou o ranking 2018 das maiores construtoras do mundo. A lista leva em conta a receita anual das empresas e o volume de obras contratadas e concluídas em 2017. Pelo segundo ano consecutivo, as empreiteiras chinesas ocuparam as primeiras colocações, seguidas das tradicionais Vinci (França), ACS (Espanha), Bouygues (França), Bechtel (Estados Unidos) e Hochtief (Alemanha). Em comum, essas empresas projetam empreender no Brasil em 2019. Todas têm a expectativa de que o mercado da construção civil possa se abrir no país, permitindo que elas participem de projetos de infraestrutura.

Para expandir e manter o volume de negócios, as maiores empreiteiras do mundo querem ter passaporte brasileiro. Por duas razões: a demanda reprimida por obras de infraestrutura no país e o encolhimento das gigantes da construção civil, após serem investigadas pela operação Lava Jato. Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS frequentavam com certa rotina a lista das cem maiores construtoras do planeta. Na edição de 2018 do ranking, apenas uma delas aparece entre as 200. A Andrade Gutierrez, com receita de 1 bilhão e 400 milhões de dólares ocupa a posição número 184.

No ranking de 2018, só outra empresa brasileira frequenta a lista das 200: a MRV Engenharia, que entrou na posição 199, com receita de 1 bilhão e 100 milhões de dólares. A publicação International Construction faz uma análise do futuro das grandes empresas brasileiras no ranking. “Com um país que precisa desesperadamente de investimentos em infraestrutura em grande escala, os resultados das eleições gerais a serem realizadas no Brasil em outubro deste ano determinarão quantas empresas brasileiras chegarão à lista no próximo ano”, disse, referindo-se ao processo eleitoral pelo qual o Brasil passou recentemente.

Um dos principais defensores de que o mercado brasileiro se abra para as grandes empreiteiras do mundo é o professor do departamento de administração da FEA USP, Paulo Roberto Feldmann. Para ele, três motivos já seriam suficientes para que construtoras internacionais passassem a disputar licitações de obras públicas no país: a chance de tirar do atraso a infraestrutura nacional, contratos mais baratos e a entrada de novas tecnologias, equipamentos e sistemas construtivos. “Haveria competição. Hoje há muita acomodação no setor. O dia que houver competição elas vão ter que se desenvolver tecnologicamente para enfrentar as estrangeiras”, avalia.

Veja o perfil das maiores construtoras do mundo

1. China State Construction Engineering Corporation
A empresa teve
um faturamento de 164 bilhões de dólares. Com atuação forte nos países do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein e Catar, a CSCEC tem sede também em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Além de seu envolvimento com obras de infraestrutura, a China State Construction Engineering Corporation é atualmente a que mais constrói unidades habitacionais no mundo.

2. China Railway Group
A China Railway Group teve um faturamento de 101 bilhões e
400 milhões de dólares em 2017. Apesar de pertencer a um conglomerado que abrange desde a construção de equipamentos até laboratórios de pesquisa, a expertise da China Railway Group é construir ferrovias, rodovias, pontes, túneis, hidrelétricas, portos e aeroportos.    

3. China Railway Construction Corporation Limited
A China Railway Construction Corporation Limited faturou 99 bilhões e 556 milhões de dólares em 2017. A CRCC tem um foco muito específico na construção de ferrovias convencionais, ferrovias de alta velocidade, pontes ferroviárias, túneis ferroviários, metrôs e trens urbanos.

4. China Communications Construction Company
A China Communications Construction Company (CCCC) tem como característica se associar a construtoras nos países em que atua. Sua mais recente aquisição foi a John Holland Group, uma das principais empresas de engenharia da Austrália. As obras mais emblemáticas da empresa chinesa são os aeroportos. Em 2017, seu faturamento chegou a 54 bilhões e 400 milhões de dólares.

5. Vinci
A Vinci é uma empresa italiana que atua globalmente. Atualmente, a empresa está envolvida na reforma do Mandarin Oriental Hotel, em Londres, na construção do Femern Tunnel, na Dinamarca, e atua paralelamente em outros 43 projetos em 19 países. Vinci emprega mais de 185.000 pessoas em todo o mundo. Sua receita no ano passado foi de 49 bilhões e 400 milhões de dólares.

6. Atividades de Construcción y Servicios
A Actividades de Construcción y Servicios (ACS) é uma empresa espanhola com atuação global. Porém, são nos Estados Unidos e no Chile onde se encontra o maior volume de obras atualmente. Em 2017, sua receita chegou à casa de 40 bilhões de dólares.

7. Bouygues
A francesa Bouygues é especializada em construções industriais e em obras de infraestrutura, mas atua em várias frentes. Entre seus projetos mais recentes está a construção do novo campus da Universidade de Cardiff, no País de Gales. A Bouygues emprega 118 mil pessoas e seu faturamento em 2017 chegou a 37 bilhões de dólares.

9. Bechtel
A norte-americana Bechtel tem forte atuação na Europa e na África, além do próprio Estados Unidos. A empresa possui cerca de 50 mil funcionários e seu faturamento em 2017 chegou a 32 bilhões e 800 milhões de dólares.

10. Hochtief
A alemã Hochtief fechou 2017 com pouco mais de 30 bilhões de dólares. A empresa é considerada atualmente a maior especialista em construção sustentável do mundo. Ela atua na área habitacional, mas também desenvolveu expertise na construção de rodovias verdes com pavimento de concreto. 

Entrevistado
Reportagem com base no ranking 2018 da revista International Construction, publicada pela KHL Groups

Contato: info@khl.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Saiba por que as estradas do futuro serão em concreto

e-highways
As e-highways em operação na Alemanha só foram instaladas em rodovias com pavimento de concreto. Crédito: Scania

Se a indústria automobilística quiser viabilizar as tecnologias em curso, como carros elétricos, pistas que auto-abastecem os veículos - as chamadas e-highways - e estradas capazes de armazenar energia, as rodovias em pavimento de concreto são a solução. A avaliação parte de especialistas que participaram recentemente do seminário “Infraestrutura rodoviária para veículos elétricos, autônomos e conectados”, promovido pela EUPAVE (European Concrete Paving Association).

O evento ocorreu no Parlamento Europeu, onde há uma série de leis a serem votadas para padronizar as estradas dos países que integram a União Europeia. Isso obriga os legisladores a considerarem o tráfego de carros elétricos. “Para se tornarem conectados e autônomos, os veículos elétricos precisam de infraestrutura viária com durabilidade e previsibilidade. “Nesse sentido, os pavimentos de concreto oferecem muitas vantagens e facilitam a transição para esse novo modelo de mobilidade sobre rodas”, cita Stéphane Nicoud, presidente da EUPAVE.

Diretor-geral da Oficemen (Grupo de Fabricantes de Cimento da Espanha), Aniceto Zaragoza destacou que a nova geração de caminhões elétricos que vai começar a trafegar na Europa na próxima década “precisa de uma nova geração de infraestrutura para uma nova mobilidade”. A ideia foi reforçada pelo engenheiro Patrick Akerman, da Siemens, que trabalha no projeto de e-highways, para abastecer caminhões elétricos em movimento. “Precisamos de rotas sem ondulações para que a recarga dos caminhões não sofra interrupções”, salienta.

O Parlamento Europeu criou uma comissão para estudar os novos conceitos de infraestrutura viária. Batizada de DG Move, ela é presidida pela deputada Cristina Marolda. Para a parlamentar, o desafio é fazer a transição entre as estradas convencionais e as estradas do futuro. “Haverá um momento, nesta transição, em que dois tipos de veículos totalmente diferentes terão que coexistir, os elétricos e os a combustão. Assim, a infraestrutura rodoviária desempenhará um papel importante neste período de transição para garantir a segurança”, avalia.

França, Alemanha e Itália saem na frente para construir e-highways

França, Alemanha e Itália são os países que saem na frente para combinar a tecnologia dos carros elétricos com o pavimento de concreto. Em Versailles-França, a Qualcomm testa uma pista capaz de carregar veículos em movimento. Na Itália, em Turim, sistema instalado no pavimento em concreto abastece os ônibus quando eles param nos pontos para embarcar e desembarcar passageiros. Na Alemanha, são as e-highways que estão em operação. O país tem a meta ousada de, até 2050, não ter mais veículos a combustão trafegando em suas estradas.

Em junho de 2018, a EUPAVE promoveu em Berlim, na Alemanha, o seminário “O concreto conecta”. O objetivo foi mostrar os avanços que o país tem feito para unificar as estradas em pavimento rígido com as novas tecnologias de mobilidade. Um dos temas abrangeu as estradas com concreto pré-fabricado, que podem ser industrializadas com todas as conexões necessárias para viabilizar as e-highways a partir do próprio pavimento. “A Europa está em movimento e na direção das estradas do futuro”, concluiu o presidente da EUPAVE, Stéphane Nicoud.

Veja como funciona uma e-highways na Alemanha

Entrevistado
Reportagem com base nas palestras concedidas no seminário “Infraestrutura rodoviária para veículos elétricos, autônomos e conectados”, da EUPAVE

Contato: info@eupave.eu

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Caximba

Caximba vai virar bairro sustentável em Curitiba

Caximba
Projeto de como ficará o Bairro Novo da Caximba, após intervenção urbanística prevista para 2021. Crédito: IPPUC

Um dos principais transtornos ambientais para a cidade de Curitiba-PR ganhou um projeto da prefeitura da capital paranaense, que prevê transformar a vila 29 de Outubro, na Caximba, em um bairro sustentável. O lugar tornou-se conhecido nacionalmente depois que o apresentador Luciano Huck, da TV Globo, esteve no local e o comparou ao Haiti, em agosto de 2018. O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, interveio na opinião de Huck e revelou o projeto de revitalização do local, cujo investimento está orçado em 200 milhões de reais.

Ele prevê a despoluição da área, incluindo os lagos, e a construção de um dique com 3 quilômetros de extensão, que irá mudar o cenário do bairro e permitir a construção de um parque linear. No local, as habitações irregulares construídas em áreas degradadas serão retiradas para dar lugar a um conjunto habitacional com mil unidades. As casas terão capacidade de gerar a própria energia, através de placas fotovoltaicas instaladas nos telhados, além de tecnologia para a coleta e o reaproveitamento da água da chuva.

O projeto na vila 29 de Outubro é do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e mobiliza quase todas as secretarias da prefeitura. A previsão é de que saia do papel a partir de 2021. A região da Caximba está localizada no limite de Curitiba com os municípios de Araucária e Fazenda Rio Grande. No local, atualmente, há 1.147 famílias (cerca de 4.500 pessoas) vivendo em situação irregular e em condições insalubres, e que precisam ser reassentadas do território que ocupam para habitações regularizadas.

Os recursos para a transformação da área virão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). O projeto tem o nome oficial de Bairro Novo da Caximba. Em nota, a prefeitura de Curitiba define o empreendimento como desafiador. “A meta a longo prazo é ambiciosa: dotar a região com nível adequado de condições urbanísticas, sociais e ambientais”, afirma. O plano foi apresentado recentemente no Smart City Expo World Congress, que aconteceu de 13 a 15 de novembro de 2018, em Barcelona-Espanha.

Bairro da Caximba
Bairro da Caximba, entre Curitiba, Araucária e Fazenda Rio Grande: região é depósito irregular de resíduos da construção. Crédito: Daniel Castellano/SMCS

Bairro é alvo de resíduos da construção depositados irregularmente

Um dos desafios na vila 29 de Outubro, antes do início de qualquer projeto, é a retirada de lixo e do entulho acumulado na região. Só neste ano, a prefeitura de Curitiba já destinou 244 toneladas de materiais depositados irregularmente na região. Entre esses materiais estão resíduos da construção civil despejados em desacordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que desde 2010 deveria ser adotada por todos os municípios brasileiros.

Antes mesmo do PNRS, a capital paranaense já possuía o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de Curitiba (Decreto 1.068/2004). Porém, segundo os dados mais recentes divulgados pelo SindusCon-PR, a cidade faz a destinação correta de apenas 25% dos entulhos recolhidos em canteiros de obras e áreas em reforma. Boa parte dos resíduos ainda são depositados irregularmente, e a maioria na região da Caximba.

Entrevistado
Prefeitura de Curitiba
(via assessoria de imprensa)

Contato: smcs@smcs.curitiba.pr.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

CONAREC

Consumidor fideliza produto se tiver uma boa experiência

CONAREC
Palestrantes no CONAREC 2018 foram unânimes em afirmar que o “cliente está preocupado em ser bem atendido”
. Crédito: CONAREC 2018

No CONAREC 2018 (Congresso Nacional das Relações Empresa-Cliente), que aconteceu em setembro na cidade de São Paulo-SP, o debate se concentrou na mudança de comportamento do consumidor. O evento foi embasado por pesquisa da PwC (PricewaterhouseCoopers), que apresentou parte do estudo “O futuro da experiência do cliente”. Nele, a consultoria identificou que o brasileiro é o cliente que mais valoriza a experiência. Prova disso é que 89% dizem que “experiência é o que mais impacta na decisão de compra”. Em outros países, onde foi realizada pesquisa semelhante, 73% citaram a experiência como prioridade.

Experiência, no caso, é a forma como o cliente é apresentado ao produto pela empresa, desfrutando de conveniência e eficiência. A conveniência vai da pré-venda até a venda, e engloba presteza do funcionário, conhecimento do produto e ética no fechamento da venda. Já a eficiência se dá no pós-venda, com a logística de entrega e a prestação de serviço na orientação de uso e manutenção do produto.

Mas o estudo da PwC mostra que para estimular a experiência no consumidor não significa que a empresa, necessariamente, tenha que investir em tecnologia. “Vale a pena investir em tecnologias, mas não é só isso. O cliente está preocupado em ser bem atendido”, diz trecho do relatório. A prova é que a pesquisa mostra que 80% dos consumidores esperam que haja mais interações humanas no futuro. “Cada consumidor quer sentir que estamos trabalhando para ele de forma única, fazendo o novo especialmente para ele, de forma diferente”, informa Alfredo Redondo, palestrante no CONAREC 2018, e que atua na área de softwares que detectam tendências no mercado consumidor.

Superconsumidores movimentam 400 bilhões de dólares por ano

O CONAREC 2018 também abordou um novo fenômeno, que é o superconsumidor. Trata-se daquele que tem alta fidelidade por um produto, e que aceita até pagar mais para se manter fiel à marca. Quem falou sobre o tema no CONAREC 2018 foi o consultor de negócios Eddie Yoon - criador do termo superconsumidor. Na visão do sul-coreano radicado nos Estados Unidos, os superconsumidores movimentam 400 bilhões de dólares por ano. O detalhe curioso, segundo relata Yoon, é que esse montante representa 10% dos clientes de uma empresa, mas, na prática, correspondem entre 30% e 70% das suas vendas. “O que existe entre um superconsumidor e a marca é algo mais emocional, e é isso que precisa ser buscado pelas empresas”, diz.

Eddie Yoon explica que o movimento de novos superconsumidores cresceu exponencialmente nos últimos oito anos. No entanto, a identificação desse modelo de consumidor não é tarefa fácil e exige grande esforço das empresas. “Eles agem muito nas redes sociais e funcionam como uma onda. Só que é difícil detectar o ponto de criação dessa onda. O que se sabe é que eles agem em vários setores, que vão desde a moda até produtos básicos de alimentação, passando por áreas mais sofisticadas, como a indústria automobilística, de telefonia e da arquitetura e construção”, define.

Entrevistado
Reportagem com base nos debates ocorridos dentro do CONAREC 2018 (Congresso Nacional das Relações Empresa-Cliente)

Contato: eventos@gpadrao.com.br 

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

ABRAINC

Potencial da construção é de 30 milhões de empregos

ABRAINC
Entre os dados apresentados no fórum está o de que o Brasil precisará de 35 milhões de moradias nos próximos 25 anos. Crédito: Youtube/ABRAINC

O Incorpora (Fórum Brasileiro das Incorporadoras), que aconteceu em setembro de 2018 na cidade de São Paulo-SP, debateu o futuro da construção diante do cenário do novo governo, que comandará o Brasil a partir de 1º de janeiro de 2019. No entender dos palestrantes convidados pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) medidas que barateiem o crédito e atraiam investidores podem alavancar a retomada do crescimento do setor, que, segundo os analistas, tem potencial para gerar 30 milhões de empregos.

Entre os argumentos, um chamou a atenção. Os debatedores lembraram que Estados Unidos e China já consolidaram o potencial de atrair investidores para a construção civil. Segundo eles, a bola da vez é o Brasil, pois existe um grande delay de obras no país clamando para sair do papel. O próximo governo - estimam os analistas - só precisa dar três passos: oferecer segurança jurídica, ter disciplina fiscal e baixar os juros. “O crédito imobiliário barato é uma das alavancas para impulsionar essa demanda”, sintetiza Luiz Antonio França, CEO da ABRAINC.

Durante o fórum foi traçada uma fotografia do setor imobiliário no Brasil para os próximos 25 anos. A estimativa é de que o país precisará construir 35 milhões de moradias, segundo dados apresentados por Rubens Menin, presidente do conselho da MRV. “Isso é muito mais do que já foi construído, e é fruto do delay demográfico, ou seja, temos um país continental, com mais de 200 milhões de habitantes. Só a China e os Estados Unidos têm características semelhantes e já têm consolidados os investimentos para o setor imobiliário. Agora é a vez do Brasil. Se esse potencial for materializado, podemos gerar 30 milhões de empregos”, diz.

Veja quais são os entraves que encarecem o crédito imobiliário

Para Luiz Antonio França, o Brasil só conseguirá viabilizar recursos para tornar sustentável o segmento da construção civil voltado para o mercado imobiliário se solucionar os entraves que encarecem o crédito. Ele começou lembrando que apenas os recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e da caderneta de poupança não conseguirão atender essa demanda. “É preciso estimular novos funding e também destravar mecanismos que facilitem o crédito, como o projeto do distrato, que se encontra paralisado no Senado, e o cadastro positivo”, ressalta.

O ministro das Cidades, Alexandre Baldy, lembrou no fórum de outro entrave que, se superado, poderia injetar mais de 700 bilhões de reais no segmento da construção civil. Esse dinheiro está contemplado na medida provisória (MP 844/2018), publicada em julho de 2018, e que atualiza o marco legal do saneamento básico. A MP facilita a privatização de empresas públicas de saneamento, estimula a competitividade no setor e obriga o pagamento de tarifas mesmo sem conexão ao serviço de água e esgoto.

No entanto, ela se encontra parada no Congresso Nacional e, muito provavelmente, terá que ser reeditada pelo novo governo para que volte a entrar em votação. “Essa MP está enquadrada nas perspectivas para 2019. Hoje o capital privado só detém 6% das operações de saneamento básico no Brasil e a medida provisória abre essa janela de oportunidades para zerar o déficit no setor, que está diretamente ligado ao setor da construção imobiliária no Brasil”, resume Baldy.

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>> Mesa Redonda - Propostas do setor de incorporação imobiliária


>> Painel 1 - Brasil 2019 – Desafios de um setor rumo ao crescimento


>> Painel 2 - O que ainda atrai investidores e até onde vai a disposição para riscos?

Entrevistado

Reportagem com base nos debates ocorridos dentro do Incorpora (Fórum Brasileiro das Incorporadoras), promovido pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias)

Contato: comunicacao@abrainc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Qual o impacto do novo governo na construção civil?

Sobratema
Balanço apresentado pela diretoria da Sobratema usa números balizados pelas vendas de equipamentos para a construção civil. Crédito: Marcelo Vigneron/Sobratema

É histórico que, quando o Brasil vai bem, e registra crescimento do PIB, a construção civil apresenta números ainda mais expressivos. Em 2010, o Produto Interno Bruto do país cresceu 7,5% e o setor teve alta de 11%, registrando seu pico neste século. Porém, quando a crise atinge a economia brasileira, o segmento que mais sofre é o da construção.

De acordo com o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, apresentado dia 8 de novembro de 2018, em São Paulo-SP, se o PIB brasileiro tivesse crescido a uma taxa de 3% ano entre 2013 e 2018, o PIB acumulado da construção civil neste período teria sido de 22%, ou seja, o setor estaria com quase pleno emprego e registrando crescimento sustentável.

No entanto, cinco anos de paralisia fizeram com que a construção civil brasileira retrocedesse a níveis de 12 anos atrás, mas não significa o fim do mundo. Se, de fato, o novo governo que assume dia 1º de janeiro de 2019 for reformista, estarão criadas as condições para recolocar o setor nos trilhos do desenvolvimento novamente.

De acordo com o estudo da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração), que tem como base o volume de vendas de equipamentos para a construção civil, o início de recuperação do setor já começou. Um dado interessante é que as vendas de equipamentos da linha amarela - movimentação de terra - devem crescer 40% em 2018 ante 2017, totalizando 11,6 mil unidades comercializadas neste ano contra 8,3 mil unidades no ano anterior.

Equipamentos voltados para a área de concreto confirmam crescimento

Já o segmento de retroescavadeiras deve ter expansão de 51% em 2018, chegando a 3.150 unidades comercializadas. Além disso, a estimativa é de que as pás carregadeiras tenham uma alta de 42% nas vendas, bem como as escavadeiras hidráulicas alcancem um percentual de crescimento de 30%. O mesmo percentual de crescimento é esperado para os equipamentos da área de concreto (autobombas, bombas estacionárias, centrais de concreto e caminhões-betoneira). Um percentual bem mais positivo que o obtido em 2017.

Somadas todas as categorias - linha amarela, demais equipamentos e caminhões rodoviários -, as vendas totais de máquinas para construção devem crescer 38% em 2018 em comparação a 2017. No total, serão 17,8 mil unidades comercializadas neste ano contra 12,9 mil unidades no ano anterior. “Esse aumento foi ocasionado pela melhoria geral do mercado, pela promoção de um número maior de licitações públicas e concessões e pela estabilidade de outros segmentos nos quais são vendidas máquinas utilizadas pelo setor de construção”, resume o estudo.

Entrevistado
Reportagem com base no “Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção” 
(via assessoria de imprensa)

Contato: sobratema@sobratema.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Para indústria hoteleira, sustentabilidade é inovação

Paulo-Mancio
Paulo Mancio, da AccorHotels: hóspedes são envolvidos por 60 práticas sustentáveis, sem perceber. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Ferramentas como o Airbnb levaram a indústria hoteleira a se reinventar. Não apenas na forma de atrair o cliente, mas de projetar suas edificações. O importante, agora, é fazer o hóspede se sentir em casa. Para chegar a esse resultado, não se constrói apenas com arquitetos e engenheiros civis. É preciso entender aonde o hotel será construído e o que o entorno pode oferecer para ajudar na concepção do projeto.

Essa nova realidade foi apresentada pelo vice-presidente de design e construção da AccorHotels para a América do Sul, o engenheiro civil Paulo Mancio, durante o GreenBuilding Brasil 2018, que aconteceu de 5 a 7 de novembro em Curitiba-PR. A empresa onde Mancio atua é global e vale 14 bilhões de euros na bolsa de valores de Paris. Ela agrega uma gama de mais de 20 marcas, distribuídas em 4.600 hotéis pelo mundo, e que envolvem 290 mil colaboradores.

A rede viabiliza 160 obras por ano, seja construindo novos hotéis ou reformando. Mas antes de construir, são os antropólogos que dão o primeiro parecer. Eles são contratados para diagnosticar o entorno da edificação e como isso pode ser traduzido para encantar o cliente. “Em seguida, as informações são passadas a um roteirista, que transforma os dados em um filme. É esse filme que vai embasar o projeto arquitetônico, e que vai traduzir tudo o que a obra precisa para agradar o hóspede”, revela Mancio.       

No Brasil, essa nova forma de construir hotéis será testada no projeto do Twenty Five Hours que será edificado no bairro de Pinheiros, em São Paulo-SP. “Será um hotel voltado para a geração millennials”, diz Paulo Mancio, que destaca ainda que o cliente que frequenta os hotéis do grupo para o qual ele trabalha têm também uma preocupação com a sustentabilidade. “Nós cuidamos desse serviço com 60 práticas sustentáveis, sem que o hóspede perceba”, completa.

Em média, os hotéis da rede AccorHotels espalhados pelo mundo tratam de 30% a 35% de seus efluentes, além de promover a reciclagem da água e usar fontes alternativas de energia, como a fotovoltaica. No Brasil, lembra Mancio, há um paradoxo. O país tem ao mesmo tempo o hotel mais sustentável do mundo, porém esbarra na burocracia pública, que impede que outras instalações possam usufruir da mesma tecnologia.

Ações a favor da sustentabilidade variam de município para município no Brasil

O Sofitel Jequitimar, localizado no Guarujá-SP, é o único do mundo que trata 100% seus efluentes líquidos. Para conseguir realizar essa operação, o hotel conta com três Estações de Tratamento de Água (ETAs). O mesmo foi tentado para um hotel Ibis em Macaé-RJ, mas o poder público municipal vetou e os efluentes são jogados diretamente no esgoto, mesmo com o hotel podendo tratá-los. “A legislação em alguns lugares é nociva, mas continuamos otimistas com o Brasil e convictos de que devemos investir mais”, diz Paulo Mancio.

Independentemente dos problemas nacionais, o vice-presidente de design e construção da AccorHotels para a América do Sul revela que sustentabilidade e inovação já estão inseridas no DNA do grupo. “Esse DNA é composto por design, sustentabilidade, inovação, tecnologia, food & beverage e originalidade. Tudo isso para atender o novo perfil de clientes de hotéis”, conclui.

Entrevistado
Reportagem com base no seminário “Sustentabilidade? Isso já fazemos. Agora a busca é por inovação”, ocorrido dentro do GreenBuilding Brasil 2018

Contato: contato@gbcbrasil.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330