EUA prevêem maior crescimento da construção em 50 anos
Todas as projeções de indicadores econômicos dos Estados Unidos apontam que a construção civil do país vai bater recorde de produção em 2019. Um sinal é a taxa de desemprego do setor, que já é histórica, superando o menor nível registrado em 1969 (3,7%). Cinquenta anos depois, o índice de desemprego da construção civil norte-americana está em 3,6%, segundo dados preliminares de janeiro de 2019. Porém, as projeções são de que fique abaixo de 3% ao longo do ano.
No auge da crise desencadeada em 2008, o desemprego na construção civil dos EUA chegou a 27,1%. Atualmente, há quase 7 milhões de empregos disponíveis na cadeia produtiva da construção civil dos Estados Unidos. Em cidades como Orlando e Tampa, na Flórida; Riverside, na Califórnia; Houston e Dallas, no Texas; Phoenix, no Arizona; Charlotte, na Carolina do Norte; Portland, no Oregon; Seattle, em Washington, e Denver, no Colorado, já falta mão de obra. A ponto de ocorrer recrutamento de trabalhadores em outros países.
Na cidade de Suzano-SP foi instalado um processo de seleção para levar 600 profissionais para fora do Brasil. As vagas são para armador (50), carpinteiro (50), encanador (50), gesseiro (50), marceneiro (50), montador (50), pedreiro (50), pintor (50), servente (100) e soldador (100). Os salários oferecidos são a partir de 6 mil reais e boa parte tem Miami como destino, para trabalhar na construção de um shopping center. Outra parte vai para Portugal, atuar na construção de uma rodovia.
Polêmico muro na fronteira com o México pode impulsionar ainda mais o setor
Está tão pujante a construção civil nos Estados Unidos, que nem as enchentes na Carolina do Sul, em setembro de 2018, e os incêndios na Califórnia, em novembro do ano passado, foram capazes de conter o crescimento do setor. Um dos índices que baliza a construção dos EUA, o Conference Board’s Leading Economic, mostra não haver sinais de queda de ritmo ao longo de 2019. Pelo contrário, se o presidente republicano Donald Trump conseguir viabilizar a construção do muro na fronteira com o México, daí sim é que o setor tende a crescer mais.
Também contribui para o volume de obras o fato do país ter passado por uma reforma tributária em 2017. Os resultados começam a ser colhidos agora e 34 dos 50 estados norte-americanos experimentam sobra de caixa para investir em obras de infraestrutura. Os setores que mais recebem investimentos são abastecimento de água (cresceu 37% de 2017 para 2018), conservação e abertura de estradas (34%), transporte público (23%) e mobilidade urbana nas cidades (14%).
Para o economista-chefe da Associated Builders and Contractors (Associação de Empreiteiros e Construtores) dos EUA, Anirban Basu, “as perspectivas econômicas dos Estados Unidos para 2019 parecem benignas”. Ele só alerta para as pressões inflacionárias e o excesso de crédito, que foram cenários que levaram para as recessões de 1980-1981, 1990-1991, 2001 e 2007-2009. “Os empreiteiros devem estar cientes de que as recessões geralmente ocorrem dentro de dois anos após o pico de confiança”, avisa.
Entrevistado
Reportagem com base em análise da Associated Builders and Contractors (Associação de Empreiteiros e Construtores) assinada pelo economista-chefe Anirban Basu
Contato: basu@abc.org
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Pesquisa tenta criar "filtro solar" para o concreto
Fibras extraídas de cenouras, e transformadas em nanopartículas, têm sido agregadas ao concreto em pesquisa desenvolvida na Universidade de Lancaster, no Reino Unido. A constatação é que os efeitos causados no material são semelhantes aos que protetores solares à base do legume propiciam à pele humana. Ou seja, protegem o concreto dos raios UV (ultravioleta). O objetivo do estudo, que tem prazo até 2020 para ser concluído, é chegar a um aditivo natural para o concreto.
O estudo revela que as nanopartículas atuam como “filtro solar” e ajudam a proteger o concreto principalmente nas primeiras idades do material, quando ele está mais exposto a fissuras provocadas por retração de origem térmica. “A capacidade de resistência mecânica do concreto apresenta significativa evolução”, diz relatório preliminar, já que a pesquisa terá mais um ano para chegar às conclusões finais. Em 2019, a pretensão dos pesquisadores é testar nanopartículas extraídas de outros legumes para comparar os resultados obtidos com a cenoura.
As primeiras impressões revelam que as nanopartículas à base de cenoura trabalham tanto para estimular a reatividade do hidrato de silicato de cálcio como para prevenir contra rachaduras. O estudo está a cargo do pesquisador Mohamed Saafi, professor do departamento de engenharia civil da Universidade de Lancaster. “Os compósitos cimentícios que testamos apresentaram microestruturas mais densas, o que é importante para evitar a corrosão e aumentar a vida útil dos materiais”, diz.
Estudo também quer chegar a uma tinta que proteja melhor fachadas e estruturas à base de cimento
Os elementos de concreto produzidos nos laboratórios na Universidade de Lancaster utilizam Cimento Portland comum. No estudo, os pesquisadores detectaram que a flexibilidade do concreto melhorou com a aplicação das nanofibras vegetais. A constatação é de que o material tem desempenho semelhante aos que utilizam fibra de carbono. “Produzimos vigas de concreto capazes de resistir a forças potencialmente prejudiciais quando submetidas a uma carga de flexão”, explica Mohamed Saafi.
Os próximos passos da pesquisa serão no sentido de descobrir o volume ideal de nanopartículas por m³ de concreto, a fim de que possa ser testado o fck (resistência à compressão) do material. Para os pesquisadores, essa etapa será muito importante, pois pode significar a aprovação do compósito para uso em grandes estruturas, como pontes e viadutos. “Ter esses dados será a fronteira entre uma mera pesquisa de laboratório e a aplicação prática de nossa pesquisa”, afirma o coordenador do estudo.
Paralelamente aos testes em concreto, o departamento de engenharia civil da Universidade de Lancaster também pesquisa sobre a aplicação das nanopartículas na composição de tintas para revestimentos à base de cimento. A intenção é criar um material que proteja as estruturas e fachadas das ações das intempéries e também das ações dos raios UV e que, ao mesmo tempo, cause menos danos ambientais, substituindo elementos noviços das tintas por componentes naturais.
Entrevistado
Reportagem com base em relatório preliminar a da pesquisa, publicado pela Universidade de Lancaster
Contato: engineering@lancaster.ac.uk
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“Sonho da casa própria” tem um vilão: o frete
Está pensando em realizar o sonho da casa própria em 2019? Saiba que o plano pode ficar mais caro. A culpa não é do mercado imobiliário, mas do frete cobrado para transportar materiais de construção e até os móveis que podem decorar a futura residência. A questão é polêmica. A ponto do Supremo Tribunal Federal (STF) adiar a decisão sobre a constitucionalidade do tabelamento do frete, que foi adotado depois da greve dos caminhoneiros, em maio de 2018. Porém, existe a expectativa de que o novo governo restabeleça a lei de mercado para o frete e que o STF não interfira favoravelmente ao setor de transporte.
Convictos de que o frete deve ser regulado pela lei de mercado, 75 organismos de classe empresarial entregaram uma carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro, a fim de que seja revogada a lei 13.703/18, que instituiu a tabela de fretes. A medida gerou mais de 60 questionamentos judiciais, sob a alegação de que prejudica a competitividade da economia brasileira ao aumentar a burocracia e os custos dos produtos brasileiros para os mercados domésticos e internacionais. “Isso atrapalhará, em especial, as exportações de produtos de maior valor agregado, que ficarão mais caros do que seus concorrentes internacionais, e impedirá que mais recursos estrangeiros venham para o Brasil”, alegam os organismos que assinam a carta aberta.
Entre as signatárias do documento estão a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e o SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento). Segundo Maurício Lima, especialista da consultoria ILOS, o setor de cimento é um dos que viram o custo com frete aumentar em 2018. “Para as cimenteiras, a frota própria pode valer a pena, pois o transporte representa mais de 30% do preço do produto. Outra alternativa é alugar caminhões com motoristas próprios ou contratar uma frota dedicada. Porém, há uma insegurança muito grande no momento, até que o STF tome uma decisão”, avalia.
Custo com logística varia de 5% a 12% da receita líquida das empresas
Hoje, 58% de tudo que é transportado no Brasil circulam em rodovias. O encarecimento do frete ainda é potencializado pelo envelhecimento da frota, o baixo investimento em infraestrutura e o aumento dos registros de roubos de carga. Atualmente, o custo com logística no orçamento das empresas cresceu consideravelmente, variando de 5% a 12% da receita líquida, dos quais cerca de 2/3 estão diretamente ligados com os meios de transporte. No fim de 2018, atendendo o recurso da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) o ministro Luiz Fux decidiu em caráter liminar que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) está proibida de multar os transportadores que não seguirem a tabela de preços mínimos de fretes. No entanto, vai caber ao plenário do STF uma decisão final. Ainda não existe data para o julgamento.
Cenário atual da logística no Brasil
- 45% da frota brasileira têm mais que 20 anos
- 85% da frota são de profissionais autônomos
- 58% do que é transportado são por rodovias
- 5% a 12% da receita líquida das empresas equivalem ao custo logístico (2/3 apenas com transporte)
Leia a íntegra da carta aberta encaminha à Presidência da República.
Entrevistado
Reportagem com base em documento conjunto da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
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Engenheiro civil precisa entender de Real Estate? Sim
Aos engenheiros civis com vocação para empreender é imprescindível ter conhecimento de Real Estate. O termo abrange toda a cadeia do mercado imobiliário. Desde a prospecção do terreno, passando pelo desenvolvimento do projeto, a pesquisa de mercado e o perfil de público a quem vai se destinar a edificação. Envolve também a produção e a construção do empreendimento, além da etapa comercial e a fase pós-ocupação. Portanto, conhecer sobre Real Estate é como um divisor de águas entre o engenheiro civil que sabe viabilizar bons negócios para sua construtora e o que pode vir a ter problemas.
Na prática, a formação dos engenheiros civis no Brasil tem pouco foco no tema. Entre as escolas de engenharia do país, apenas a Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) conta com uma disciplina em sua graduação. Além disso, a universidade oferece um curso de MBA para quem quer se aprofundar, ministrado pelo Núcleo Real Estate da USP, criado na década de 1980. Batizado de Real Estate, Economia Setorial e Mercados, o MBA é presencial, com carga horária de 420 horas, e também online, com um pacote mínimo de 10 aulas. O próximo ciclo presencial está previsto para começar no dia 19 de fevereiro de 2019.
As grades do MBA presencial e do online são semelhantes, mas no presencial há um aprofundamento maior. O curso também abrange graduados em arquitetura, administração de empresas e em direito, e engloba os seguintes temas:
- Ajuste do produto a ser lançado ao mercado-alvo, o valor do imóvel e os fatores que o influenciam
- Análise da qualidade do investimento para empreendimentos imobiliários
- Ciclos de mercado e configurações que favorecem o surgimento de bolhas, através de técnicas de análise de risco
- Financiamento imobiliário
- Parceria nas incorporações
Comitê do Núcleo Real Estate faz prognósticos para o mercado imobiliário em 2019
O coordenador do curso, professor-doutor João da Rocha Lima Jr., explica as razões que levaram à escolha das disciplinas. “Elas envolvem a formatação do produto residencial, a construção de modelos de análise para dar suporte à decisão de empreender e as técnicas para construção de cenários e decisão diante do risco. Também abrangem os sistemas de funding para a implantação desses empreendimentos e a formação de parcerias para seu desenvolvimento. Esses são pilares do conhecimento em Real Estate, sobretudo no Brasil, e que, com raras exceções, é pouco abordado nos cursos de graduação de engenharia, arquitetura ou administração”, diz.
Além de ensinar, o Núcleo Real Estate da USP também faz avaliações do mercado, que são publicadas bimestralmente pelo seu comitê de mercado. A mais recente, divulgada em novembro de 2018, analisa o mercado imobiliário para 2019. No documento, o grupo faz projeções para empreendimentos residenciais, corporativos, hotéis, shopping centers, galpões logísticos e industriais. No estudo, destacam-se alguns pontos relevantes. Entre eles, o prognóstico de que os preços de imóveis residenciais estarão sob pressão inflacionária e que o FGTS não será suficiente para financiar a continuidade de programas como o Minha Casa Minha Vida. O estudo também aponta que empresas de porte médio da construção civil vão ganhar protagonismo. “Empresas de menor escala terão mais facilidades para desfrutar das oportunidades diferenciadas que vão surgir”, avalia a nota do comitê.
Clique aqui para ler a íntegra da nota do comitê de mercado do Núcleo Real Estate da USP
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Entrevistado
Reportagem com base em estudo do Núcleo Real Estate da Universidade de São Paulo (USP)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Mão de obra é peça-chave para concreto aparente colorido
Em obras com concreto aparente colorido, seja em fachadas ou áreas internas, a mão de obra é peça-chave para o sucesso do projeto. Autor do livro “Como Qualificar a Mão de Obra na Construção Civil”, e especialista em trabalhar com concreto aparente colorido, o engenheiro civil Gabriel Regino expôs em web seminário quais os cuidados que se deve ter para o uso do material. O bom resultado é uma combinação de fatores que incluem a escolha e a dosagem correta dos pigmentos, a produção e o controle técnico do concreto e a execução dos elementos moldados in loco. “Executar concreto aparente colorido é igual a andar de moto. Quem acha que sabe muito, cai”, exemplifica Gabriel Regino.
Na escolha dos pigmentos que serão misturados ao concreto, para que ele ganhe cor, o recomendado é que a opção recaia sobre os inorgânicos, pois resistem aos raios ultravioletas (UV) e às intempéries climáticas, diferentemente dos orgânicos, que tem baixa resistência e perdem propriedades quando expostos à alcalinidade do cimento. No Brasil, não existe uma norma técnica para concreto aparente colorido, por isso quem trabalha com esse material se baseia nas instruções da norte-americana ASTM C979 - partes 1, 2, 3, 4 e 5, normalização dos pigmentos para concreto aparente (concreto colorido). Entre suas recomendações está, por exemplo, a escolha do cimento.
O cimento gera influência na cor final do concreto aparente colorido, em função de suas adições - principalmente as pozolânicas. Os agregados finos, como a areia, também afetam a pigmentação. Da mesma forma, a relação água-cimento no preparo do concreto, juntamente com a dispersão do pigmento na mistura. O recomendável é que a concentração de pigmento não passe de 8% do volume total do concreto. No mercado, estabeleceu-se como padrão um percentual entre 4% a 6%. Gabriel Regino lembra que trabalhar com concreto aparente colorido é um “processo empírico de tentativa e erro”. Por isso, ele recomenda que, para chegar na cor ideal, engenheiro, arquiteto e cliente definam o tom almejado na fase de projeto.
Concreto colorido comprado em concreteira requer controle técnico mais rigoroso
No web seminário, Gabriel Regino lembra ainda que a validação do material com arquiteto e cliente deve ser feita com uma amostra em escala real. Antes, é necessário definir também a textura e o tipo de fôrma. Os mais comuns utilizam compensado plastificado, compensado OSB, fôrma de bambu, tábuas ou ripas de pinus. Outra recomendação é quanto o uso do concreto comprado em concreteira. É necessário um controle técnico mais rigoroso, para que o tom não destoe de um caminhão-betoneira para outro. “O ideal é que a concretagem se dê em etapa única, o que nem sempre é possível. Neste caso, existem aditivos que ajudam no ajuste fino”, revela o engenheiro.
No Brasil, atualmente o concreto aparente colorido tem sido usado com maior frequência em projetos de residências de alto padrão, como decoração interna ou para realçar fachadas. A obra pública mais emblemática do país com essa tecnologia é o complexo de edifícios da Praça das Artes, em São Paulo-SP. Na Espanha e nos países do Oriente Médio é mais comum a aplicação do material. Já a Alemanha está testando o concreto colorido em rodovias, para alertar os motoristas em trechos que carecem de maior atenção. Neste caso, os pigmentos amarelo e vermelho são os mais usados.
Clique aqui para assistir ao web seminário.
Entrevistado
Reportagem com base no web seminário “Soluções sustentáveis de pigmento com alta performance para concreto colorido”, com o engenheiro civil Gabriel Regino e o químico Nitemar Vieira
Contato: contato@email.aecweb.com.br
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Saneamento básico vira foco de estrangeiros no Brasil
O mercado de saneamento básico do Brasil, antes uma prerrogativa do poder público, tende a ser cada vez mais entregue ao investimento privado. Por dois motivos: os governos não conseguem universalizar o tratamento de água e a coleta de esgoto, e existe amplo interesse de empresas estrangeiras em atuar neste setor – destaque para chinesas, espanholas e canadenses. O foco inicial está em 447 projetos paralisados no país, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O potencial de negócios pode superar 100 bilhões de reais.
Boa parte do sistema de saneamento básico brasileiro está sob a gestão de governos estaduais e prefeituras. Isso facilita os negócios, pois as parcerias com o setor privado independem de ações do governo federal. Assim, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) são firmadas com menos burocracia e as concessões operam com mais rapidez. Desde 2013, quando o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) foi lançado, prevendo a universalização nacional do sistema até 2033, surgiu a autorização para que houvesse a privatização do setor.
Atualmente, 322 municípios têm o sistema de saneamento básico operando através de concessões plenas ou parciais. Essas cidades respondem por 20% de todo o investimento anual em saneamento no país. Os recursos das concessões privadas no setor devem chegar a 34 bilhões e 800 milhões de reais até 2020. De acordo com ranking divulgado pela ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) 7 dos 14 municípios que estão próximos de atingir 100% no tratamento de água e na coleta de esgoto têm o saneamento gerido pela iniciativa privada.
Os municípios que lideram o ranking da ABES são Niterói-RJ (concessão plena), Araçatuba-SP (concessão plena), Limeira-SP (concessão plena), Votorantim-SP (concessão plena), Jundiaí-SP (concessão parcial de esgoto), Piracicaba-SP (Parceria Público-Privada (PPP) de esgoto) e Birigui-SP (concessão parcial de água). As demais ranqueadas, mas que ainda estão sob o controle do poder público, são Araraquara-SP, Curitiba-PR, Franca-SP, Maringá-PR, Santos-SP, São José dos Campos-SP e Taubaté-SP.
País não tem como dispensar o capital privado, diz o Instituto Trata Brasil
O mais recente estudo do Instituto Trata Brasil, intitulado “Benefícios Econômicos e Sociais de Expansão do Saneamento no Brasil”, mostra que não há mais como o país dispensar o capital privado neste tipo de serviço. O diagnóstico é de que o Brasil não conseguirá universalizar o sistema apenas com recursos públicos. Em 12 anos (2004 a 2016) a distribuição de água tratada passou de 80,6% para 83,3%. Já a parcela da população com acesso aos serviços de coleta de esgoto progrediu de 38,4% para 51,92%, entre 2005 e 2016. “A despeito dos inegáveis avanços do saneamento básico no Brasil, o número de brasileiros sem acesso a esses serviços ainda é enorme e o desafio da universalização é cada vez maior”, diz a Trata Brasil.
Pelas metas traçadas pelo Plansab, o país deverá fazer um investimento de 304 bilhões de reais até 2033, a fim de universalizar o saneamento básico. No entanto, a diferença entre o que deveria ser investido e o orçamento real do poder público destinado para essas obras é abissal. Em 2018, para se ter ideia, os governos federal e estaduais disponibilizaram 5 bilhões e 500 milhões de reais para o saneamento básico, quando o valor mínimo deveria ter sido de 22 bilhões de reais. É por isso que a entrada do capital privado parece ser inadiável para o setor.
Veja a íntegra do estudo Benefícios Econômicos e Sociais de Expansão do Saneamento no Brasil. Clique aqui.
Entrevistado
Reportagem com base no estudo do Instituto Trata Brasil, intitulado “Benefícios Econômicos e Sociais de Expansão do Saneamento no Brasil”
Contato: tratabrasil@tratabrasil.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
IPTU Verde: veja se você pode usufruir desta vantagem
No Brasil, já são 65 municípios com mais de 200 mil habitantes que adotam o IPTU Verde. Trata-se de desconto sobre o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na medida em que a edificação faz uso de soluções sustentáveis, seja em construções novas ou reformadas. As exigências impostas pelas prefeituras não variam muito para casas individuais, condomínios horizontais ou verticais. O que muda de cidade para cidade é o valor do desconto, que pode ir de 5% até a isenção total do imposto.
A adoção do IPTU Verde é uma prática recente. Começou em 2008 e veio se espalhando pelo país. Tornou-se mais comum nos estados do sul e sudeste e gradativamente foi alcançando outras regiões. No entanto, ainda é novidade em algumas partes do Brasil. Em Pernambuco, por exemplo, a cidade de Caruaru será a primeira do estado a dar desconto para construções sustentáveis ou que preservem áreas verdes. A novidade será implantada a partir de 2020, com desconto máximo de 20%.
Além de IPTU Verde, o imposto predial diferenciado também recebe outros nomes pelo país afora, como IPTU Ambiental, IPTU Sustentável ou IPTU Ecológico. A primeira cidade brasileira a adotar o sistema foi São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, em 2008. Depois vieram Guarulhos, também na região metropolitana de São Paulo-SP, e Poços de Caldas, em Minas Gerais. No ranking de municípios que mais oferecem descontos, dois paulistas também lideram a lista: Tietê, a única que concede isenção total do imposto, e Campos do Jordão, onde o abatimento pode chegar a 90%.
Edificações com certificações sustentáveis obtêm melhores descontos
Nos estados das regiões sul e sudeste do Brasil, todas as capitais já possuem o IPTU Verde, assim como no centro-oeste. No nordeste, a capital que tem o programa mais consolidado é Salvador, na Bahia. Outras cidades possuem um sistema de desconto menos abrangente e focado principalmente no aproveitamento da energia solar em residências, como é o Palmas Solar, na capital do Tocantins. Nos municípios com ampla cobertura do IPTU Verde, edificações com certificações sustentáveis, com LEED e AQUA-HQE, asseguram melhores descontos no imposto. Quanto mais graduada a certificação, maior o percentual de abatimento.
Para as construções que se credenciam aos descontos, os requisitos para obter os benefícios do IPTU Verde são os seguintes:
- Captação de água da chuva e utilização
- Reúso de água
- Aquecimento com uso de painéis fotovoltaicos
- Uso de materiais sustentáveis na construção
- Separação e encaminhamento de resíduos sólidos inorgânicos para reciclagem (sistema de coleta seletiva de lixo)
- Plantios de espécies arbóreas nativas
- Disposição de áreas verdes de acordo com a extensão total do imóvel
- Sistema para manutenção de áreas permeáveis
- Permitir recarga do lençol freático
- Construção de calçadas ecológicas
- Arborização no calçamento
- Instalação de telhado verde
- Uso de lâmpadas de LED
Entrevistado
Reportagem com base no seminário “Sustentabilidade? Isso já fazemos. Agora a busca é por inovação”, ocorrido dentro do GreenBuilding Brasil 2018
Contato: contato@gbcbrasil.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Acordo busca padronizar calçadas e ciclovias no Brasil
Apesar de existirem pelo menos oito normas técnicas que dão diretrizes para a construção de calçadas e ciclovias, não há nenhum padrão nesse tipo de obra pelo Brasil afora. Para equacionar o problema, a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) vão desenvolver um trabalho que resulte em normas técnicas específicas para o sistema construtivo de calçadas e ciclovias.
O termo foi assinado em dezembro de 2018 com o ministério das Cidades, mas é importante averiguar como ficará esse plano a partir do novo governo, já que o ministério das Cidades deixou de existir e foi incorporado pelo ministério de Desenvolvimento Regional. Pelo acordo, serão estabelecidos sistemas construtivos efetivos para que os investimentos sejam planejados e empregados corretamente, com infraestruturas sólidas e resistentes, traçados seguros e adequados, além de durabilidade e economia na manutenção.
Segundo o presidente da ABCP, Paulo Camillo Penna, o objetivo é que as prefeituras tenham instrumentos para monitorar e propiciar equipamentos urbanos com maior durabilidade, menor desperdício na fase de construção e que atendam as normas técnicas. “A padronização levará a uma melhor gestão das verbas públicas destinadas a projetos de calçadas e ciclovias. Além disso, quanto mais adequado às normas técnicas e aos sistemas construtivos, mais investimentos em obras poderão ser feitos”, diz.
O vice-presidente da ABNT, Mario William Esper, explica que a normalização é fundamental, pois define parâmetros de como fazer, executar e usar as infraestruturas. “Adotar esses padrões previne acidentes e gera maior segurança aos usuários. É importante a certificação, para que a norma técnica seja de fato cumprida”, explica. Outra meta do acordo é oferecer suporte às prefeituras para que elas propaguem o transporte ativo, estimulando os pedestres a caminharem e também o uso de bicicletas.
Normalização existente será referência para o estudo encomendado no fim de 2018
O acordo encabeçado pela ABCP e pela ABNT deverá criar uma norma técnica que leve em conta as já existentes, e que tratam da acessibilidade e de sistemas construtivos que usam pavimentos com peças de concreto. Entre elas:
ABNT NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos ABNT NBR 16537 - Acessibilidade - Sinalização tátil no piso - Diretrizes para elaboração de projetos e instalação
ABNT NBR 15953 - Pavimento Intertravado com Peças de Concreto – Execução
ABNT NBR 9457 - Ladrilho Hidráulico – Especificação
ABNT NBR 9458 - Assentamento de Ladrilho Hidráulico
ABNT NBR 9457 - Ladrilho Hidráulico - Formatos e Dimensões
ABNT NBR 15805 - Placa de Concreto para Piso - Requisitos e métodos de ensaio
ABNT NBR 16416 - Pavimentos Permeáveis de Concreto - Requisitos e Procedimentos
Um dos principais defensores de que o poder público estabeleça a regulamentação de calçadas e ciclovias é o arquiteto e paisagista Benedito Abbud. Segundo ele, em boa parte dos municípios brasileiros, sobretudo nas capitais, essa responsabilidade é do morador. O resultado são pavimentos irregulares, sem padronização, o que acaba gerando uma visão negativa do ambiente urbano. “A cidadania passa pelas calçadas, pois consta na Constituição o direito de ir e vir com segurança. Se é lei, o poder público é quem deve instalar esses equipamentos e preservá-los”, prega.
Entrevistado
Ministério das Cidades, Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Contato: cidades@abcp.org.br
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O que são vistoria, inspeção, auditoria, perícia e consultoria?
Na engenharia civil, vistoria, inspeção, auditoria, perícia e consultoria são termos usados diariamente. Por isso, é importante saber a diferença entre cada um deles. Muitas vezes, um engenheiro é convocado para fazer uma perícia em uma edificação, mas, na verdade, o que o cliente quer é uma vistoria. Ou então, o profissional é chamado para uma inspeção, quando, de fato, o solicitado é uma consultoria, como explica Alex de Souza Cardoso, especialista em engenharia diagnóstica.
Em palestra para a Estude AE, que oferece cursos online para engenheiros civis e arquitetos, Alex de Souza Cardoso define vistoria, inspeção, auditoria, perícia e consultoria como ferramentas da engenharia diagnóstica. Ele também busca sinônimos para explicar melhor o que cada termo significa. A consultoria, por exemplo, é uma prescrição. Já a perícia examina e apura, enquanto a auditoria é o atestamento. Inspeção pode ser entendida como análise e vistoria como a constatação do problema.
O engenheiro civil explica que essas são premissas básicas que precisam também ser conhecidas não apenas pelos profissionais da engenharia diagnóstica, mas também pelos usuários das edificações, principalmente síndicos de condomínios. Além disso, cada uma dessas ferramentas vai exigir do especialista um determinado tipo de conhecimento técnico, assim como maior ou menor tempo de trabalho. Também irá definir se haverá a necessidade de uma equipe multidisciplinar para o trabalho, o que impactará no custo do serviço.
Alex de Souza Cardoso alerta que o diagnóstico em uma edificação não pode ter quebra de etapas. “É como uma escada, em que se avança degrau por degrau. Primeiro se faz a vistoria, depois a inspeção, a auditoria, a perícia e a consultoria. Todas estão integradas e os dados coletados servirão para a emissão de um laudo, onde o especialista fará quatro análises: profilaxia, para prevenir patologias da construção; diagnóstico, identificando as patologias encontradas; prognóstico, onde vai estimar a evolução do problema, e prescrição técnica, a qual indicará o tratamento para eliminar a patologia”, explica.
Quando o assunto é obra, não há um único tipo de vistoria nem de inspeção
No caso de vistoria e inspeção, há variáveis: a vistoria cautelar de vizinhança, a vistoria de entrega e recebimento de obra e a inspeção de procedência predial. No primeiro caso, trata-se do trabalho de constatação e tem como objetivo registrar a situação de segurança e de conservação dos imóveis que já existem ao redor da uma obra ainda a ser construída. Deve atender a ABNT NBR 12722/1992 - Discriminação de serviços para construção de edifícios.
Quanto à vistoria de entrega e recebimento de obra, ela tem o objetivo de constatar a plena conclusão da edificação. Se enquadra em três normas técnicas: ABNT NBR 5671 - Participação dos Intervenientes em Serviços e obras de Engenharia e Arquitetura; ABNT NBR 14037 - Manual de Uso, Operação e Manutenção da Edificação, e a ABNT NBR 5674 - Manutenção de Edificações - Procedimentos.
Já a inspeção de procedência predial propicia a completa avaliação da edificação em uso, relacionada à manutenção, operação, uso, garantia, reforma, vida útil de projeto, anomalia endógena e desempenho. A fase ideal para que aconteça são os cinco primeiros anos de existência da edificação, considerado o melhor momento para incentivar os bons hábitos de uso e manutenção. O principal objetivo é evitar reclamações e conflitos jurídicos entre condomínios, construtoras e incorporadoras.
Leia o conteúdo da vídeo-aula de Alex de Souza Cardoso. Clique aqui.
Entrevistado
Reportagem com base em vídeo-aula sobre engenharia diagnóstica, concedida pelo engenheiro civil Alex de Souza Cardoso, na Estude AE
Contato: contato@estudeae.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Lei que regulamenta o distrato muda mercado imobiliário
Publicada no Diário Oficial da União no dia 28 de dezembro de 2018, a Lei do Distrato promete mudar o mercado imobiliário brasileiro. O texto da legislação incentiva a compra responsável, como destaca Flavio Amary, presidente do Secovi-SP. “A aprovação da medida tem decisiva importância para devolver maior segurança jurídica a todos os envolvidos na produção, venda, financiamento e aquisição de bens imóveis. Seu maior mérito é o reforço do vínculo contratual e o estímulo à compra responsável. Além disso, diminui as incertezas que o não-pagamento do preço trazia aos demais participantes adimplentes, às empresas e aos agentes financeiros”, diz.
O projeto de lei tramitava no Congresso Nacional desde 2015. O texto final foi sancionado sem vetos. Ele determina que metade do valor pago pelo comprador seja retido pela incorporadora se o contrato de venda for desfeito e o imóvel estiver no regime conhecido como patrimônio de afetação, no qual é criada uma empresa para tocar o empreendimento, com patrimônio separado da construtora. Nos demais casos, a penalidade será de 25%. A lei também permite que as construtoras possam atrasar em até 180 dias a entrega do imóvel sem serem penalizadas. Se esse prazo for ultrapassado, o cliente poderá cancelar a compra e receber o valor integral pago.
Para o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, a lei restabelece o equilíbrio nas transações comerciais de empreendimentos imobiliários. “Nos negócios imobiliários ficaram definidas com precisão as obrigações das partes e os ressarcimentos devidos nos casos de desistência do comprador do imóvel novo e de atraso na entrega da obra pelo vendedor. Será reinstituído o equilíbrio na comercialização dos empreendimentos imobiliários, dando segurança jurídica para construtoras e incorporadoras continuarem concretizando o maior sonho das famílias brasileiras: a casa própria”, comenta.
Contratos devem trazer quadro-resumo com as condições das negociações
A última emenda acrescentada ao projeto de lei, antes que fosse definitivamente votado no Congresso Nacional, obriga os contratos a apresentarem um quadro-resumo com as condições das negociações, que deve ter informações como preço, taxa de corretagem, forma de pagamento, índice de correção monetária, taxas de juros e as consequências da rescisão do contrato. Com isso, segundo o relator, incorporador e comprador não mais poderão alegar desconhecimento das principais obrigações contratadas.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, a Lei do Distrato deve favorecer a ampliação do investimento e a consequente geração de novos empregos. “O setor imobiliário precisava de regras mais claras que punissem os que não cumprem os contratos, sejam eles compradores ou construtores. A legislação aprovada estabelece isso de forma clara. As novas normas reduzirão o litígio e a especulação no mercado imobiliário, beneficiando os consumidores adimplentes e os negócios jurídicos”, avalia.
Veja os principais pontos da Lei do Distrato
Para construtoras e incorporadoras
- O atraso de até 180 dias para a entrega do imóvel vendido na planta não gerará ônus para a construtora.
- Se o atraso na entrega das chaves for maior que 180 dias, o comprador poderá desfazer o negócio e terá direito a receber tudo o que pagou de volta, além da multa prevista em contrato, em até 60 dias.
- O comprador pode optar por manter o contrato no caso de atraso, com direito a indenização de 1% do valor já pago.
- É vedada a cumulação de multa moratória com a compensatória em favor do comprador.
Para os compradores
- O inadimplente é punido com multa compensatória de 25% do valor pago ou, se houver patrimônio de afetação, com multa de até 50%.
- O comprador perderá integralmente os valores pagos a título de comissão de corretagem.
- O comprador inadimplente terá de arcar com despesas de fruição do imóvel, se já tiver sido entregue.
- Em caso de arrependimento, o comprador terá prazo de 7 dias a partir da assinatura do contrato.
- A rescisão do contrato permitirá que o comprador tenha de volta o valor pago, decrescido dos encargos decorrentes da inadimplência, após 180 dias do distrato ou, se houver patrimônio de afetação, após 30 dias da obtenção do “habite-se” da construção.
Entrevistado
Secovi-SP, SindusCon-SP e CBIC (via assessoria de imprensa)
Contatos
sindusconsp@sindusconsp.com.br
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