Inovação requer metodologia e agilidade

Inovação demanda uma agilidade das empresas para validar múltiplas hipóteses.
Crédito: Romão Filmes

Para atingir o net zero até 2050, a indústria do cimento no Brasil certamente terá que apostar muito em inovação. No entanto, inovar é muito mais do que ter ideias criativas – é preciso ter uma metodologia e agilidade para testar novas hipóteses. Esse foi o tema da palestra sobre inovação no 8º Congresso Brasileiro do Cimento, que contou com a participação de Marcelo Nakagawa, professor de inovação, empreendedorismo e transformação digital. 

Como inovar?

De acordo com Nakagawa, a inovação vai muito além de copiar os modelos do Google com salas coloridas, pufes e post-its para o pessoal escrever. “Na verdade, quem trabalha com inovação mesmo está nadando contra a maré, tentando convencer e fazer algo diferente. Muitas vezes, ninguém acredita, tem riscos”, pontua.

Para explicar o que é inovação, Nakagawa traça um paradoxo com a saúde. “Se eu perguntar aqui quem acha importante cuidar da saúde, a maioria irá concordar. No entanto, se eu perguntar sobre o que está fazendo para manter a saúde, as pessoas começam a hesitar. Em inovação, ocorre o mesmo”, afirma. 

Ao prestar consultoria para as empresas com C-Levels e diretoria, Nakagawa relata que costuma pedir, primeiramente, para elencar inovações que a empresa fez nos últimos 4 ou 5 anos. “Normalmente, eu peço cinco e vem vinte. No entanto, ao perguntar sobre quais destas inovações estão conectadas com a visão de futuro da empresa, normalmente fica um silêncio. Isso acontece porque muitas vezes a visão da companhia não é uma coisa clara – nem mesmo para a alta direção”, revela.

Outras questões que a empresa deve responder é: dessas soluções pensadas, qual é a mais inovadora? Como a empresa define e mensura a inovação? “São perguntas bastante óbvias, mas a imensa maioria das companhias não consegue respondê-las”, pontua. 

Para Nakagawa, as empresas primeiramente têm o desafio de olhar de um jeito mais processual.
Crédito: Envato

Nakagawa compara a inovação à questão da gestão da qualidade. “O que aconteceu com qualidade, especialmente depois da ISO 9000, é que ela virou disciplina, processo, indicador. Aí tivemos um boom do controle de qualidade. No fundo, inovação também é processo, disciplina, objetivo, indicador e meta. A inovação, na minha perspectiva, tem suas raízes na visão de futuro da empresa. Qual é a projeção da sua empresa para os próximos 5, 10 ou 20 anos? Parte dessa resposta pode estar ancorada no que vocês realizam atualmente, mas uma parcela significativa das ações futuras permanece incerta. É nesse ponto que a inovação entra em cena. Consideremos o exemplo da Gerdau: estimativas apontam que 20% do faturamento em 2030 será proveniente de soluções inexistentes hoje. Essas previsões possuem uma lógica, objetivos claros e indicadores delineados”, destaca.

Na visão de Nakagawa, as empresas primeiramente têm o desafio de olhar de um jeito mais processual, mais objetivo para a inovação. Posteriormente, há a necessidade do aprendizado de novas lógicas. “Essas empresas tradicionais se especializaram em ser eficientes. No entanto, a inovação frequentemente demanda uma agilidade maior para validar múltiplas hipóteses. Isso implica uma mudança significativa nos processos e na cultura organizacional”, conclui o professor.

Fonte:

Marcelo Nakagawa é professor de inovação, empreendedorismo e transformação digital (INSPER, FDC, FIA, VANZOLINI, UNICAMP, USP). Tem atuado como consultor de Inovação e Transformação Digital, além de ministrar treinamentos e palestras para diversas grandes corporações. Foi colunista do Jota, Época Negócios, Estadão PME, revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios, Jornal Brasil Econômico e Harvard Business Review Brasil. É autor dos livros Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa (Ed. Senac, 2022), Empreendedorismo: Elabore seu plano de negócio e faça diferença (Ed. Senac, 2013) e Plano de Negócio: Teoria Geral (Ed. Manole, 2011) e co-autor de Empreendedorismo Inovador: Como criar startups de tecnologia no Brasil (Ed. Evora, 2012), Sustentabilidade & Produção (Ed. Atlas, 2011) e Engenharia Econômica e Finanças (Ed. Elsevier, 2009) . É doutor em Engenharia de Produção (POLI-USP), mestre em Administração e Planejamento (PUC-SP) e graduado em Administração de Empresas (FEA-USP). Foi um dos primeiros mentores da Endeavor Brasil, Diretor de Empreendedorismo da FIAP, Diretor de Pesquisa da Naspers/MIH, Diretor de Inovação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Chefe da área de pesquisa da Eccelera Brasil e pesquisador da A.T. Kearney.

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Marina Pastore
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Coprocessamento de RSU: veja desafios e oportunidades

A responsabilidade da logística reversa abrange toda a cadeia produtiva, desde a fabricação até a distribuição e comercialização.
Crédito: Envato

O Brasil ainda é um país que conta com altos números de lixões e baixos índices de reciclagem. No entanto, a destinação e tratamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) têm se tornado uma questão relevante no contexto nacional, demandando atenção dos órgãos governamentais e privados. Este foi o tema da palestra “Balizas jurídicas na utilização de resíduos sólidos urbanos (RSU) em processo de coprocessamento em fornos rotativos de cimento”, ministrada no 8º Congresso Brasileiro do Cimento, por Luciano Loubet, promotor de justiça e diretor do Núcleo Ambiental do Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MPMS).

“Aqui em Campo Grande, por exemplo, mesmo tendo coleta porta a porta em quase 70% da cidade, aproximadamente R$ 1,6 milhão gastos pela Prefeitura nessa coleta seletiva são enterrados no aterro sanitário todos os meses. Temos apenas 2% de desvio de aterro e 10% de adesão à coleta seletiva. Frente a isso, temos que analisar a potencialidade do coprocessamento em fornos rotativos de cimento, na questão dos resíduos sólidos urbanos”, destaca Loubet.

Enquadramento Legal

A Lei Federal n0. 12.305/2010 delineia os resíduos sólidos urbanos como aqueles provenientes de atividades domésticas, limpeza urbana e pequenos geradores comerciais. Já o coprocessamento em fornos de cimento, regulamentado pela Resolução Conama n0. 499 de 06/10/2020, envolve o processamento de resíduos sólidos como substituto parcial de matéria-prima e/ou de combustível no sistema forno de produção de clínquer, na fabricação de cimento.

Considerações Jurídicas e Responsabilidades

Há premissas cruciais estabelecidas pela legislação, destacando que os resíduos não são lixo, possuindo valor econômico e social, segundo Loubet. Ainda, o promotor destaca que existe uma ordem de prioridade estabelecida na lei para a questão dos resíduos sólidos: não geração, redução, reutilização, reciclagem, aproveitamento energético, tratamento dos resíduos e, por fim, a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Outra questão é que boa parte deste resíduo é de responsabilidade do setor privado, por meio da logística, de acordo com Loubet. “A responsabilidade da logística reversa abrange toda a cadeia produtiva, desde a fabricação até a distribuição e comercialização. Todos os elos desse processo, como fabricantes, envasadores, distribuidores e comerciantes, são encarregados de financiar essa prática. Nesse sentido, acredito que a logística reversa representa um dos pilares fundamentais para promover a sustentabilidade financeira nesse contexto”, sugere.

O promotor enfatiza ainda a inclusão dos catadores de materiais recicláveis nesse processo, com destaque na participação ativa desses agentes na coleta seletiva e logística reversa, conforme estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. “É imprescindível dar prioridade na participação dos catadores e devida remuneração pelo setor privado e público”, afirma Loubet.

Desafios para a indústria cimenteira

Uma situação muito delicada que a indústria do cimento deve levar em conta é a sua eventual responsabilidade civil de fiscalizar se o RSU que está vindo para cogeração realmente está passando por um processo de triagem.

Inclusão dos catadores de materiais recicláveis é fundamental nesse processo.
Crédito: Romão Filmes

“A utilização de CDR-SU sem essa verificação pode acarretar responsabilidade civil para a indústria cimenteira, pois ela se torna corresponsável por essa fiscalização. Com base em nossa jurisprudência, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabelece que a indústria pode ser responsabilizada por danos ambientais ao permitir, auxiliar, financiar ou de alguma forma contribuir para esses danos. Portanto, é crucial que a indústria cimenteira, em sua abordagem de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance - Governança Ambiental, Social e Corporativa), de descarbonização e de colaboração com os catadores, mantenha vigilância constante nesse aspecto da responsabilidade”, pontua Loubet.

Na ótica do promotor, em uma perspectiva de longo prazo para a sociedade, é crucial avançar na redução dos resíduos provenientes das cooperativas, buscando sua reintegração progressiva na cadeia produtiva por meio da reutilização e reciclagem. Quando a reciclagem ou o reuso não se mostram viáveis, o coprocessamento se apresenta como uma alternativa de aproveitamento energético de nível superior em comparação ao simples descarte em aterros sanitários.

Créditos de logística reversa

Para Loubet, é necessário ter muito critério na questão de créditos de logística reversa. “É imprescindível evitar a comparação entre os créditos referentes à reciclagem e aqueles relacionados ao CDR, pois tal prática poderia comprometer a hierarquia estabelecida. Isso poderia resultar na desestimulação da reciclagem e na preferência pela cogeração, levando materiais passíveis de reciclagem a serem direcionados para essa via. Como sociedade, é essencial buscar uma abordagem que utilize os recursos da logística reversa, uma obrigação primordial da indústria, para financiar o CDR, sem prejudicar os catadores de materiais recicláveis ou comprometer o aumento dos índices de sustentabilidade”, justifica.

Fonte:

Luciano Furtado Loubet é promotor de justiça e diretor do Núcleo Ambiental do Ministério Público do Mato Grosso Do Sul (MPMS). Mestre e Doutorando em Direito Ambiental e da Sustentabilidade pela Universidade de Alicante - Espanha (em cotutela com a Universidade Católica Dom Bosco). 2º Vice-presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente – ABRAMPA. Membro Fundador e Primeiro Coordenador da Rede Latino-Americana de Ministério Público Ambiental. Autor do livro "Licenciamento Ambiental: a Obrigatoriedade da Adoção das Melhores Técnicas Disponíveis (MTD)". Palestrante em mais de 10 países.

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Indústria do cimento enfrenta desafios de produtividade e ambientais

Para Vanderley John, CO₂ com custo progressivo e inovação são algumas das soluções.
Crédito: Romão Filmes

Como aumentar a produtividade na indústria do cimento e da construção ao mesmo tempo em que se mitiga as emissões de CO2? Isto é o que discutiu Vanderley John, professor titular de Materiais e Componentes de Construção da Escola Politécnica da USP, durante o 8º Congresso Brasileiro do Cimento, em sua palestra “O Papel da Inovação na Produtividade, Custos e Descarbonização”. 

Produtividade

A indústria da construção brasileira enfrenta um desafio significativo com relação à produtividade. “Este termo é quanta riqueza a gente cria com o nosso trabalho. E a construção brasileira tem uma produtividade muito baixa. Nós geramos pouca riqueza com muito trabalho”, pontua John.

Com uma produtividade cerca de um quinto da média mundial, o setor se vê diante de implicações profundas para a economia, a sustentabilidade e a força de trabalho. “Baixa produtividade traz baixos salários e baixa atratividade de mão de obra. E o setor tem relatado que sempre que a construção começa a esquentar, falta mão de obra”, afirma o professor. 

Envelhecimento Populacional 

O Brasil experimenta um envelhecimento de sua população, resultando em uma diminuição anual da força de trabalho. “Historicamente, o crescimento econômico brasileiro contou com o aumento da força de trabalho para impulsionar a riqueza nacional. Entretanto, com a mão de obra jovem se tornando escassa, especialmente na construção, o país enfrenta a necessidade de uma mudança fundamental”, explica John.

Ao mesmo tempo, o mercado de cimento, vital para a construção, depende significativamente da autoconstrução, representando cerca de 60-65% das vendas de cimento em saco. No entanto, com a população envelhecendo, a tendência é que esse mercado diminua, apresentando desafios importantes para a indústria do cimento.

“O drama do cimento é que 70% dele é misturado em canteiro, uma atividade manual superpesada. Só 7% do cimento usado no Brasil é usado para industrializado, o que inclui pré-moldados e placas de fibrocimento, que é um componente grande e leve que poderia competir nesse mercado. Todo o resto está ligado a construções de baixa produtividade. O que mais me preocupa é que o envelhecimento da população impacta diretamente no mercado de cimento. Isso não dá para negociar, não tem subsídio para envelhecimento”, comenta John. 

Para a lidar com estes desafios, John sugere que a construção formal aposte em soluções como a construção industrial, cimentos com alta resistência inicial, cimento autoadensável e produção digital. Já para a construção informal, a recomendação é apostar em soluções com baixo esforço físico, facilidade e velocidade de construção e montagem de peças leves

Desafios Ambientais 

As mudanças climáticas representam uma ameaça crescente, com a frequência de eventos climáticos extremos aumentando. “Dados indicam que, dos 30 meses mais quentes desde 1940, 97% ocorreram desde 2000, sendo que 40% ocorreram desde 2020 e 13% apenas em 2023. Essa realidade tem implicações práticas, como as recentes chuvas em São Paulo, que deixaram boa parte da cidade sem luz”, lembra John.

Para os problemas de produtividade e mudanças climáticas, a solução tradicional de mitigação é a substituição do clinquer por moagem conjunta. “Isso explica 90% da redução da pegada de carbono entre 1990 e 2020. Ganhos de energias são outros 10%. Conseguimos grandes reduções nos primeiros anos, mas desde 2005-2010 estamos praticamente estagnados. A nossa capacidade de mitigar as emissões utilizando a nossa rota de moagem conjunta e resíduos se esgotou. Tem também o fíller, cuja grande vantagem é acelerar a resistência inicial do cimento, impulsionando também a taxa de hidratação. No entanto, o efeito positivo dele vai se esgotar rapidamente”, alerta John.

Outro grande desafio do setor é relacionado ao financeiro. “Quanto mais elevado o preço de nosso cimento e maior a emissão de CO2, mais oneroso torna-se o produto, resultando em uma redução do nosso espaço de mercado. Compreendo plenamente a complexidade de substituir o cimento em sua forma atual, considerando o custo. Contudo, se houver um aumento de 10% a 15% no preço, alternativas como a madeira começam a se tornar competitivas. Se as condições mudarem, incluindo a dinâmica da mão de obra e uma eventual baixa produtividade, corremos o risco de perder participação no mercado. Vale ressaltar que a Associação Global de Cimento e Concreto (GCCA) é pioneira ao reconhecer explicitamente que o setor enfrentará um crescimento reduzido devido à precificação do carbono”, declara John.

Crédito: Romão Filmes

A captura de carbono, embora com uma abordagem eficaz, não é isenta de desafios financeiros, com um custo significativo de 100 dólares por tonelada. “Este valor impactaria negativamente nossa produtividade de maneira drástica, enquanto outros setores podem ganhar escala mais facilmente”, afirma o professor. A aplicação de argila calcinada em produtos de alta resistência inicial e sofisticado, como uma viga criada em uma impressora 3D, não é uma solução viável, segundo John.

Ponderações e soluções 

Durante o 8° Congresso Brasileiro do Cimento, o professor comentou algumas das soluções possíveis para a mitigação de emissões. “Nós temos uma meta muito ambiciosa (zerar emissões de CO2 na indústria do cimento até 2050), mas sem investimento, e sem mudança de postura, não vamos evoluir. Então precisamos de plano de investimento e de execução para dar credibilidade para meta e não desgastar a autoridade que o setor tem hoje para falar de CO2”, comenta. 

Veja algumas conclusões do professor:

  • CO2 com custo progressivo 

Ao abordarmos a inovação, é imperativo considerar não apenas os custos atuais, mas também os custos futuros, incluindo o preço do carbono. “Esta é uma lacuna crítica em nosso modelo atual, uma vez que não há certeza quanto ao valor futuro do carbono. Uma atenção cuidadosa à precificação do carbono, juntamente com um plano de investimento e execução, é essencial para conferir credibilidade às metas estabelecidas e fortalecer a posição do setor na discussão sobre CO2”, defende John.

O professor ainda aponta que o CO2 terá custo progressivo e que o setor precisa trabalhar para que o processo seja rápido e sob controle.

“Inicialmente, é crucial estabelecer um mercado para produtos de baixo carbono à base de cimento. Podemos promover ativamente a aquisição desses produtos por parte do governo, criando assim uma demanda significativa. Além disso, é imperativo dar um suporte sólido ao desenvolvimento do mercado de carbono. O setor, naturalmente, está altamente interessado em um mercado de carbono que estabeleça uma precificação previsível e progressiva para o carbono. Vale ressaltar um ponto essencial: um imposto de 2 ou 10 dólares por tonelada não representa uma solução substancial. Isso beneficia principalmente o governo em termos de arrecadação, sem oferecer uma mudança real no panorama ambiental. Devemos aprender com as experiências da Colômbia e da Argentina, onde abordagens semelhantes não foram eficazes”, comenta John.

  • Carbono zero aumenta o custo f (fator clínquer)

O futuro do cimento da indústria é a alta produtividade. “A alta indústria de produtividade hoje é só com fator de clinquer. Não vai ser competitivo. Como a gente vai fazer isso funcionar? Se a gente quer ter fator de clinquer 0.5 na média, eu tenho que ter cimentos com fator de clínquer 0.2 ou 0.3 no mercado e não posso ter cimento com fator de clínquer 0.9. Como eu vou resolver isso? Quando eu cruzo produtividade com CO2 com a solução estabelecida, eu tenho um problema. E para isso ninguém tem solução acabada. Nossa solução é inovar”, pontua. 

  • Especificação do cimento baseada em desempenho

Segundo John, a parceria USP ABCP, vem trabalhando nisso e está tendo avanços. “Temos boas ideias e com consenso”, explica. 

  • Indústria 4.0

Para enfrentar esse desafio, uma abordagem informada por dados e tecnologias avançadas, como inteligência artificial e Indústria 4.0, surge como um caminho promissor. Para o professor, isso implica não apenas em maturidade, mas em uma busca por informações mais sofisticadas e métodos inovadores, a fim de automatizar eficientemente os processos de construção.

Fonte:

Vanderley John é professor titular de Materiais e Componentes de Construção da Escola Politécnica da USP. Coordena o Instituto Nacional de Tecnologias Cimentícias Ecoeficientes Avançadas, o Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS USP) e a unidade EMBRAPII CICS USP. Representa a USP na coordenação do hubIC. Tem se dedicado ao desenvolvimento de soluções de baixo carbono em grande escala para a área de materiais cimentícios, especialmente em cooperação com empresas. É coautor do relatório ONU Meio Ambiente Eco-efficient cements: Potential economically viable solutions for a low carbon cement-based materials industry. 

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PIB deve crescer 2,9% em 2023

Fatores como geopolítica mundial, política fiscal, baixa produtividade e reforma tributária podem afetar o setor da construção civil.
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Quais as perspectivas da economia para 2024? E quais os impactos na construção civil? Este foi o tema da palestra de Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos FGV-IBRE e sócio-gerente da Ecconit, no 8º Congresso Brasileiro do Cimento. Com o tema “Mercado Imobiliário Habitacional: Desempenho Recente e Tendências”, ela fez um balanço dos últimos anos e trouxe algumas perspectivas para o setor. 

Em 2021, a taxa de juros do crédito habitacional atingiu patamares historicamente baixos, impulsionando vendas e mitigando o menor volume de contratações de programas habitacionais.

"Quando falamos no setor da construção, não podemos perder de vista que é um setor com ciclos longos. A decisão de investir e a sua concretização numa obra envolvem um processo longo. A taxa de juros é fundamental para tomar decisões. Atualmente, estamos num contexto em que os projetos em andamento foram iniciados com taxas de juros muito baixas, levando a um boom imobiliário. Este é um aspecto crucial por trás de muitos números", afirma Ana Maria.

Entretanto, em 2022, a situação começou a mudar devido à elevação das taxas e a uma oferta mais restrita. "Do mesmo modo que tivemos taxas historicamente muito baixas, a elevação foi historicamente muito alta em um curto período. Isso impactou decisões que já haviam sido tomadas", aponta a coordenadora de projetos FGV-IBRE.

Em 2023, Ana Maria destaca que as pesquisas apontam queda no número de lançamentos, mas as vendas resistem em algumas capitais, como São Paulo. "As empresas se reorganizaram devido a um contexto mais adverso. Em cidades como São Paulo, vimos o crescimento dos lançamentos no modelo studio e 1 dormitório, atraindo principalmente investidores. Este é um público de maior renda, onde o impacto é menor diante das dificuldades de um cenário mais adverso", comenta.

Perspectivas para 2023 e 2024:

Toda essa situação impactou negativamente no PIB, cuja previsão de crescimento para 2023 é de 2,9%, segundo Ana. "Consolidando os números de 2023, podemos dizer que vemos uma frustração de resultados. A atividade registrou uma desaceleração, mas um aspecto positivo é o ciclo imobiliário resiliente com a participação muito grande do mercado de habitação popular. Os investimentos em infraestrutura também têm representado ao longo de 2023 uma força importante para mitigar a queda da demanda das famílias por obras de reformas e pequenas construções, que foram fortes durante a pandemia, além da queda dos preços de materiais de construção. Finalmente, os programas governamentais trazendo um novo alento, principalmente olhando para a frente", pondera Ana.

Para 2024, Ana pontua que já está prevista uma desaceleração da atividade geral da economia. "Justamente essa taxa muito alta que permaneceu ao longo de todo o ano de 2023 tem um efeito defasado. Já começamos a observar o efeito sobre a atividade. Comércio e serviços começaram a desacelerar refletindo justamente o impacto. Serviços, principalmente, puderam ao longo de 2023 ainda registrar resultados que contribuíram para este crescimento de 2,9%, muito em função do efeito pós pandemia. Eram atividades que estavam se recuperando", comenta Ana Maria.

De acordo com o boletim Focus de 27 de outubro de 2023, as expectativas são estas:

2023 2024
PIB 2,89% 1,5%
IPCA 4,63% 3,9%
SELIC 11,75% 9,25%
TAXA DE CÂMBIO
(R$/US$)
5,00 5,05

FOCUS 27/10/2023

Tendências e Desafios:

Ana Maria destaca que há algumas tendências, desafios e incertezas presentes que devem influenciar resultados futuros (a curto, médio e longo prazos):

- Geopolítica mundial: Atualmente, o estresse e a tensão não afetaram enormemente os preços da energia, do barril de petróleo e das commodities metálicas. No entanto, isso não significa que uma piora no cenário não possa ocorrer, reverberando nos preços das commodities;

- Baixo crescimento da economia mundial: Países desenvolvidos estão com taxas de juros muito altas. A desaceleração do crescimento mundial é uma questão importante, pois influencia a taxa de câmbio e, consequentemente, a nossa própria taxa de juros;

- Política fiscal: É uma questão que pode estabelecer um piso mais alto para a taxa de juros, afetando toda a perspectiva;

- Novo ciclo imobiliário puxado pela habitação popular;

- Projetos de infraestrutura que já estão em andamento e já estão contratados: Isso também deve representar uma força para o mercado imobiliário, para o setor da construção e para a própria economia, pois são investimentos que têm impacto multiplicador na geração de renda e emprego;

- Crescimento populacional: O Censo mostra que a população cresce a taxas cada vez menores. Isso influenciará nossa demanda futura, uma vez que temos menos jovens e uma população que está se tornando mais madura e mais feminina. A mudança na faixa etária altera a demanda por moradia;

- Baixa produtividade: É um setor com índices muito baixos de utilização de sistemas pré-fabricados. Essa é uma lição que precisamos aprender para avançar e atender às necessidades dos próximos 10 a 20 anos;

- Reforma tributária: Tem a promessa de acabar com o viés antiprodutividade da tributação e responde por uma boa parte dos números de produtividade. “Não é apenas a questão da industrialização. A reforma tributária tem a promessa de acabar com o conflito do ICMS e ISS, facilitando a industrialização. A incidência será sobre o consumidor final. A transição, mesmo com a aprovação da PEC, será longa, e discutir as alíquotas será um ponto fundamental que definirá o percurso futuro. Se for pagar mais caro pela infraestrutura e pela construção, não teremos nenhum avanço nesse sentido. 

Fonte:

Ana Maria Castelo é coordenadora de projetos FGV-IBRE e sócia-gerente da Ecconit. Mestre em economia pela Universidade de São Paulo (USP). Desde 2010 coordena e desenvolve trabalhos e levantamentos, principalmente na área de economia da construção, incluindo estudos de caracterização e análise de cadeias produtivas, com amplo uso de bases de dados setoriais, estimação/atualização de Matrizes Insumo-Produto, inclusive em nível regional; estimativa de indicadores para a construção civil, incluindo déficit e demanda habitacionais; elaboração de análises sobre conjuntura macroeconômica e setorial. 

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ana.castelo@fgv.br

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8 passos para reduzir emissões de carbono na indústria do cimento

A precificação do CO₂ é um mecanismo-chave para reduzir a poluição por gases de efeito estufa.
Crédito: Romão Filmes

Um grande desafio enfrentado pela indústria global do cimento é a redução das emissões de carbono. Embora algumas alternativas já estejam em curso, outras ainda precisam ser criadas ou colocadas em prática para que se atinja a condição net zero até 2050. Esse tema foi abordado na palestra "Tendências mundiais e seus impactos na construção e no cimento", ministrada por Arnaud Pinatel, sócio da On Field Investment Research, durante o 8º Congresso Brasileiro do Cimento.

“Excluindo a China, onde se prevê um declínio estrutural, a expectativa é que a maior parte do crescimento da demanda por concreto a médio prazo provenha da África, Índia, e o restante da Ásia e América Latina. Nessas regiões, a demografia impulsiona a urbanização e as necessidades de infraestrutura. Nas Américas, antecipa-se um crescimento moderado impulsionado pela demografia e pela necessidade de atualizar uma infraestrutura envelhecida. Prevê-se uma pequena queda na demanda na Europa à medida que materiais mais ecológicos corroerão a participação de mercado do concreto. O crescimento a longo prazo resultaria em mais emissões se nenhuma ação fosse implementada para reduzi-las. As preocupações relacionadas às mudanças climáticas globais estão colocando um foco crescente na sustentabilidade”, afirma Pinatel.

Dentro desse contexto, como promover a redução das emissões de CO2? Pinatel propõe as seguintes medidas:

1) Precificação do CO2: A precificação do CO2 é um mecanismo-chave para reduzir a poluição por gases de efeito estufa e direcionar investimentos para a transição para energia limpa e sustentabilidade. Pinatel destaca que, para desencadear mudanças sustentáveis, o preço do carbono precisa atingir US$ 75 por tonelada. A indústria do cimento é particularmente sensível a isso, pois o custo adicional de um preço de CO2 de US$ 75 por tonelada poderia mais que dobrar o custo de produção em muitas áreas;

2) Esforços de toda a cadeia: O Protocolo de Gases de Efeito Estufa categoriza as emissões em três escopos. O primeiro inclui emissões diretas de fontes próprias, o segundo refere-se a emissões indiretas de energia adquirida e o terceiro abrange todas as emissões indiretas não incluídas no segundo escopo, que ocorrem na cadeia de valor. “No entanto, as empresas de construção podem desencadear ações (ou seja, limitar os produtores de cimento a agir) à medida que o terceiro escopo delas concentra a maior parte da pegada de carbono construída. Ao mesmo tempo, arquitetos e construtores podem impor critérios cada vez mais sustentáveis em seus contratos”, propõe Pinatel;

3) Financiamento: Para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, a indústria precisa de financiamento antes da implementação do intensivo em Capex "Captura e Armazenamento de Carbono-Uso" (CCS-U). Investimentos em tecnologias inovadoras, como a CCS-U, são cruciais para atingir a meta de 2050, e o acesso ao capital é vital. Metas para 2030 estão impondo pressão significativa na indústria do cimento.

Na Europa, o acesso ao capital é desafiado pela "Revolução da Taxonomia" e pela crescente importância das classificações ESG. “A UE apresentou critérios (kg/t de CO2) para determinar quais atividades podem ser consideradas sustentáveis. Empresas com as melhores pontuações terão acesso aprimorado a capital próprio e dívida de investidores da UE, resultando em benefícios como custos de financiamento mais baixos para títulos verdes e múltiplos de valoração mais altos. As empresas devem divulgar a porcentagem de suas vendas e capex (CAPital EXpenditure, que pode ser definida como Despesas de Capital ou Investimentos em Bens de Capitais) alinhadas aos critérios da taxonomia (enquanto os gestores de fundos revelarão a porcentagem de seus ativos sob gestão alinhada com os mesmos critérios). As empresas de cimento têm preocupações devido às reações químicas da calcinação. Os mercados de capitais dos EUA também estão considerando dar mais importância às classificações ESG”, aponta Pinatel;

4) Inovação: Alternativas ao clínquer, como biomassa, combustíveis alternativos e energia eólica e solar já são utilizadas. A substituição de matérias-primas por resíduos de demolição de concreto e tecnologias avançadas de captura e utilização de CCS-CCU são passos subsequentes. Quanto aos produtos, alternativas como recarbonatação e uso de agregados reciclados já estão em uso, enquanto a perspectiva futura inclui o uso de ligantes alternativos e fibras isolantes;

5) Concreto verde e inteligente: A combinação de clínquer descarbonizado, resíduos reciclados, e elementos cimentícios resulta em cimento de baixo carbono, proporcionando uma mistura otimizada que inclui agregados reciclados, água recuperada e aditivos químicos de valor agregado. Esse concreto verde é comercializado a preços premium;

6) Valorização de emissões e resíduos: Transformar as emissões de CO2 e resíduos de demolição em ativos valiosos é uma oportunidade. Apesar de não ser possível produzir clínquer sem emitir CO2, esse CO2 pode ser utilizado em vários processos industriais. Um dos usos mais promissores é a produção de hidrogênio/metanol e mineralização de resíduos de demolição de construção;

7) Cooperação com governos: Uma transição bem-sucedida requer um arcabouço regulatório favorável. Quatro áreas críticas foram identificadas, incluindo licenciamento para materiais cimentícios suplementares, financiamento público para CCS-U, novos padrões para cimento/concreto verde e proteção contra vazamento de carbono.

Para Pinatel, as empresas devem ser proativas na definição do roteiro da indústria e cooperar com os governos para garantir que novas regulamentações permitam uma transição lucrativa para indústrias de cimento com zero carbono em todo o mundo. “A transformação também está começando a ser impulsionada por clientes que solicitam produtos mais verdes, e os pioneiros em soluções de baixo carbono provavelmente ganharão uma vantagem competitiva quando regulamentações mais leves forem impostas”, afirma.

Os primeiros adotantes de soluções de baixo carbono têm a oportunidade de obter uma vantagem competitiva quando regulamentações mais rigorosas entram em vigor. “As entidades que já possuem essa cultura fornecerão clínquer descarbonizado, gerenciarão materiais cimentícios suplementares acessíveis e terão a capacidade de comercializar cimento e concreto verde com margens premium. Essas entidades desfrutarão de uma vantagem de custo, tornando-as mais lucrativas, e de uma pegada de carbono reduzida, tornando-as mais atrativas para os investidores”, defende Pinatel.

8) Circularidade: A economia circular é uma oportunidade clara para aproveitar. “Ela permitirá que a indústria passe da poluição para soluções e do volume para o valor. Uma visão que concilia sustentabilidade com lucratividade é a melhor garantia para ação climática”, informa Pinatel.

Desafios brasileiros

O Brasil enfrenta a necessidade de concreto e cimento para atender à demanda de infraestrutura, mas busca reduzir as emissões de CO2. Para Pinatel, a indústria brasileira de cimento, embora líder em sustentabilidade na América Latina, enfrenta desafios financeiros, obstáculos para a obtenção de materiais alternativos e dificuldades para obter financiamento para tecnologias de redução de carbono. “O sucesso da transição para zero carbono depende de um arcabouço regulatório favorável, promoção de práticas sustentáveis e colaboração entre indústrias. Medidas como a implementação de um sistema de comércio de emissões, estímulo à economia circular e apoio à inovação são cruciais para acelerar essa transição”, opina.

Fonte:

Arnaud Pinatel é Sócio da On Field Investment Research (Londres). Ele iniciou a sua carreira no Grupo Vicat em 1991, onde trabalhou primeiro como controlador financeiro e mais tarde como assistente estratégico do CFO e CEO do Grupo. Entre 1997 e 2017, Arnaud chefiou diferentes equipes europeias de materiais de construção e construção para Oddo Equities e Exane BNP Paribas (classificado como número 1 em uma década por investidores institucionais globais) e trabalhou como analista de investimentos para fundos de hedge com sede em Londres. Desde 2018, Arnaud é sócio-gerente da On Field Investment Research, empresa que fundou em 2018 com Yassine Touahri para oferecer pesquisas proprietárias aprofundadas a investidores globais e executivos seniores de empresas da indústria do cimento.

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Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.


GCCA destaca importância do CCUS para redução de emissões de CO₂

Para Guillot, nações mais consolidadas precisam encontrar uma maneira de ajudar países em desenvolvimento com relação ao CCUS.
Crédito: Envato

A indústria do cimento e concreto está diante de um desafio crucial: atingir a neutralidade de emissões de carbono. Durante o 8º Congresso Brasileiro do Cimento, Thomas Guillot, chefe executivo da Global Cement And Concrete Association (GCCA), falou sobre iniciativas realizadas ao redor do mundo para alcançar a neutralidade climática.

De acordo com o estudo GNR 2.0 – GCCA in Numbers, mostram uma redução de 23% nas emissões de CO2 por tonelada de material cimentício desde 1990. Por outro lado, a proporção de combustíveis alternativos utilizados é 10 vezes maior do que em 1990. A eficiência energética melhorou em 19%.

Iniciativas para reduzir as emissões

Apesar da redução, ainda há muito a ser feito. De acordo com Guillot, as ações dos membros da GCCA estão impulsionando progressos decisivos na missão da indústria de descarbonizar completamente. No último ano, uma série de ações, projetos e investimentos estão em andamento:

  • Cement Breakthrough: É uma plataforma colaborativa de países que se comprometem a trabalhar juntos para transformar a agenda política, tornando as tecnologias limpas e soluções sustentáveis para a opção mais acessível e atraente em cada setor emissivo globalmente até 2030. Será lançado durante a COP 28;
  • Colaboração internacional entre setores público e privado: a GCCA tem duas iniciativas neste sentido. A primeira delas é GCCA – CEM CCUS Collaboration declaration (Pittsburgh 2022), para ajudar no avanço da Captura e Armazenamento de Carbono (CCUS) no setor de cimento. E a outra é Going forward: GCCA – GCCSI – CEM CCUS collaboration on India 2023-2024, que analisa detalhadamente os possíveis centros de captura e armazenamento de carbono (CCUS) na indústria de cimento na Índia;
  • Oportunidades de Financiamento: GCCA estabelece relações sólidas com bancos de desenvolvimento, como o ADB, Banco Mundial e IFC. Além disso, monitora oportunidades de subsídios;
  • Plataformas para discutir inovação: A primeira é a Global Research Network, onde 75 PhDs trabalham em questões essenciais de inovação. Há também a Open Challenge, uma plataforma de discussões para envolver startups. 

Para a GCCA, as prioridades do momento são: desenvolver roadmaps locais do cimento e do concreto, alavancar parcerias e iniciativas internacionais para avançar no diálogo político local, identificar e aproveitar o suporte financeiro para projetos

Envolvimento de toda a cadeia

Desde 2019, o GCCA passou a encarar a redução de emissões como uma discussão abrangente, que envolve toda a cadeia de construção. “Esta é uma discussão muito importante porque frequentemente colocamos a carga apenas sobre o cimento, mas é uma para toda a cadeia. Pessoas externas que observam nossa indústria fazem julgamentos, têm um pré-conceito. Mas precisamos fazer com que a metodologia do nosso setor seja compreendida”, explica Guillot. 

O chefe executivo da GCCA também ressalta a importância de compreender a pedagogia e a realidade da escalabilidade de certas opções. “Falam muito em substituição do concreto pela madeira. No entanto, é importante analisar a seriedade dessas propostas, defendendo o setor e explicando a pedagogia por trás da viabilidade e escalabilidade dessas opções”, afirma.

Guillot também ressalta que é importante trazer a discussão sobre as formas de construção e uso de novas tecnologias. “Se olharmos para um canteiro de obras no início do século XIX e no final do século XX, pouco mudou. Então, precisamos ter uma discussão com as empresas de construção: estão prontas para implementar essas novas tecnologias (a pré-fabricação, por exemplo)?”, pondera Guillot. 

Desafios da Captura de Carbono e Políticas de Transformação

O GCCA destaca a importância do Carbon Capture, Utilization, and Storage (CCUS) como uma tecnologia essencial para setores difíceis de abater. Embora promissora, enfrenta desafios consideráveis, sendo que o custo é um dos principais. Especialmente quando se fala em países em desenvolvimento, que terão uma alta demanda por cimento nos próximos anos. No entanto, Guillot destaca que, em primeiro lugar, é preciso estabelecer um arcabouço legal sólido para avançar na segurança, compreensão da gestão do carbono, regras de armazenamento, transporte e responsabilidades.

Depois disso, vem a pergunta “quem paga?”. Guillot diz que, em um primeiro momento, as nações mais consolidadas precisam encontrar uma maneira de ajudar países em desenvolvimento, certificando-se em ajudar no progresso da tecnologia. “Na Índia, por exemplo, há 400 milhões de pessoas que acordam todas as manhãs e não sabem o que comer. Você acha que o governo investirá em CCUS? Ou você acha que o governo investirá em poder social? E esse é o dilema”, pontua.

Ainda assim, o chefe executivo da GCCA aponta que hoje existem 41 projetos de uso de CCUS, mas nem todos estão na Europa. “Alguns deles estão também em países como Índia ou Colômbia”, lembra.

Fonte:

Thomas Guillot é chefe executivo da Global Cement And Concrete Association (GCCA). Thomas juntou-se à GCCA vindo da Holcim, trazendo 20 anos de experiência em sustentabilidade com um foco principal na circularidade e ecologia industrial em funções operacionais e funcionais. Mais recentemente, liderou o desenvolvimento do programa de descarbonização da Holcim e do seu negócio circular (Geocycle) em toda a região EMEA, e desempenhou papéis de liderança no desenvolvimento de várias iniciativas estratégicas, atividades de desenvolvimento empresarial, redesenho organizacional e programas de racionalização industrial. Thomas também ocupou cargos de liderança em várias associações industriais – incluindo presidente da EUCOPRO, co-presidente do Grupo de Trabalho B (Economia Circular e Processos) no CEMBUREAU, ex-membro ativo da UEPG e fundador da Associação Búlgara de Produtores de Agregados.

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Marina Pastore
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Simpósio sobre argamassas reúne especialistas em inovação e sustentabilidade

Simpósio sobre argamassas discutiu inovações no setor.
Crédito: Envato

O 14º SBTA - Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas foi realizado de 3 a 5 de outubro em João Pessoa, na Paraíba, com a presença de especialistas que trataram de temas relacionados ao desempenho, à sustentabilidade e à inovação.

Os debates contaram com a participação de professores, estudantes, empresários, construtores, fabricantes de insumos, pesquisadores e outros convidados, que contribuíram para o compartilhamento de informações neste que é considerado o principal evento técnico do Brasil voltado às argamassas de construção e aos revestimentos em edificações.

Um dos destaques do Simpósio foi a presença de Adolpho Guido de Araújo, professor do curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, que apresentou o seminário "Proposta para a avaliação do desempenho ambiental aplicada aos revestimentos em argamassa".

O especialista, que possui doutorado em Construção Civil pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestrado em Construção Civil pela Escola Politécnica de Pernambuco (POLI/UPE), avalia que o setor da construção no país apresentou avanços no tema da sustentabilidade, mas que ainda há espaço para mais empenho, integrando os estudos acadêmicos com as práticas da indústria.

"Em comparação com outros países, o Brasil está caminhando na direção certa, mas há muitos desafios a serem superados", afirma Araújo, em entrevista ao Massa Cinzenta. "Observamos algumas iniciativas sustentáveis, tais como: o uso de materiais alternativos, a implementação de práticas de eficiência energética e a adoção de certificações ambientais. No entanto, urge a necessidade de um maior comprometimento e conscientização por parte da indústria da construção civil para que a sustentabilidade seja realmente prioritária nas suas três dimensões (social, ambiental e econômica) durante todas as etapas do processo construtivo."

Em relação aos impactos causados especificamente pelo uso de argamassas, o professor diz que as alterações ambientais dependem de muitos fatores, mas que os estudos indicam que as principais delas podem ser divididas e simplificadas em três etapas. "O impacto na extração da matéria-prima finita (impacto no consumo dos recursos naturais), na fabricação (impacto na produção de gases do efeito estufa e no consumo de energia) e na aplicação (impacto na geração de resíduo da construção civil e no uso de água)."

Professor Adolpho Guido de Araújo aponta impactos da argamassa no meio ambiente.
Crédito: Divulgação

Para isso, a indústria, de forma geral, vem buscando alternativas para oferecer produtos e soluções cada vez mais adequados à nossa realidade. De acordo com Araújo, alguns dos exemplos são que empresas já oferecem argamassas com baixa emissão de CO2 (eficiência energética na produção), realizam estudos para adições de materiais alternativos com base em itens reciclados, promovem a racionalização dos insumos para reduzir o consumo direto dos componentes das argamassas (dosagem racional) e adotam técnicas de aplicação que minimizam perdas no processo construtivo.

Quando perguntado sobre quais mudanças precisam ser feitas a curto e médio prazo para que o setor se torne menos nocivo ao meio ambiente, o professor destaca, como prioridade, a conscientização e a capacitação dos profissionais da construção civil sobre as práticas sustentáveis em todos os níveis das organizações. 

"Outra mudança significativa seria identificar, quantificar e mitigar os aspectos ambientais na fase de projetos, monitorando durante a fase de construção. Por fim, uma integração público-privada na formulação de políticas públicas que estimulem e incentivem as indústrias da construção civil a adotarem práticas sustentáveis, por meio de incentivos fiscais, tributos e benefícios", afirma. 

Fonte
Adolpho Guido de Araújo, professor de Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco, doutor em Construção Civil pela UFPE e mestre em Construção Civil pela POLI/UPE, com MBA pela FGV

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
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Construção civil gerou mais de 243 mil empregos de janeiro a setembro no Brasil

Novas vagas em 2023 já superam 243 mil.
Crédito: Envato

Os dados mais atualizados do Novo Caged mostram que a construção civil gerou 20.941 empregos com carteira assinada no Brasil, em setembro, ficando em quarto lugar na divisão por ramos de atividade, que também contempla serviços (98.206), comércio (43.465), indústria (43.214) e agropecuária (5.942).

Quando se realiza a divisão por segmentos, identificamos que a maior parte das vagas do setor ficou com obras de infraestrutura (8.047), seguida por serviços especializados (6.671) e construção de edifícios (6.223).

Já no acumulado do ano, a construção registrou 243.410 novos postos de trabalho no país e quase ultrapassou o número obtido durante todo o ano de 2021 (245.157), que foi o recorde desde a implementação do Novo Caged, em 2020. Para efeito de comparação, o setor computou 192.682 em 2022 e 94.712 em 2020. 

Previsão de crescimento de vagas para 2024

Os dados do Ministério do Trabalho e Emprego indicam que o Sudeste é o Estado que contribui com a criação de mais vagas de emprego, chegando a 11.371, com São Paulo na primeira posição (4.948), Rio de Janeiro em segundo (3.386) e Minas Gerais em terceiro (2.435). Em relação a Minas, o registro de novas carteiras de trabalho em setembro superou o dos dois meses anteriores, sendo mais do que o dobro na comparação com agosto (1.019). 

Renato Michel, presidente do Sinduscon-MG, prevê crescimento ainda maior em 2024 e destaca o fato de que a construção civil é um setor com forte geração de emprego e renda na economia. "Quando o setor está crescendo, os reflexos são sentidos imediatamente no mercado de trabalho. A tendência é que a construção continue criando novas vagas com carteira assinada no próximo ano", avalia, em entrevista ao Massa Cinzenta

O executivo cita alguns fatores que justificam essa projeção. "As novas condições do programa 'Minha Casa, Minha Vida', que devem movimentar o mercado de segmento econômico; 2024 é um ano eleitoral e, geralmente, nesses períodos, observa-se incremento no número de obras, e, portanto, de empregos; temos o processo de redução da taxa de juros, a taxa Selic, e, com isso, espera-se uma redução nas taxas de juros de financiamento imobiliário; e, ainda, os lançamentos realizados em 2023 estão se transformando em obras, e, portanto, em novos empregos."

Renato Michel, presidente do Sinduscon-MG, prevê aumento de vagas em 2024.
Crédito: Sinduscon-MG/Divulgação

Mesmo com muitos pontos jogando a favor, Renato Michel aponta os principais desafios observados atualmente no mercado, tanto em Minas como no país, de forma geral. "A taxa de juros elevada, há cerca de um ano, é o principal problema enfrentado pela construção", diz, referindo-se aos dados divulgados pela Sondagem da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (ENIC), com empresários do setor em todo o país.

"Os juros altos retiram recursos dos setores produtivos, como a construção, e direcionam para o mercado financeiro. Além disso, a caderneta de poupança, que é uma das principais fontes de financiamento imobiliário, perde recursos para outros tipos de aplicação, com maior rendimento", explica. "Com menor volume de recursos, observa-se recuo no financiamento imobiliário com recursos da poupança. Ou seja, menor volume de recursos ao financiamento imobiliário, maior dificuldade de aquisição da casa própria."

Além de fatores como elevada carga tributária e burocracia excessiva, o presidente do Sinduscon-MG também destaca a escassez de mão de obra qualificada como um dos principais problemas para o setor. "A construção vivenciou um grande período de queda de atividades (2014 a 2019) e, com isso, perdeu trabalhadores para outros segmentos. Além disso, o setor está avançando com a utilização de novos métodos construtivos, novos produtos, etc., e isso requer, cada vez mais, profissionais capacitados, com treinamentos específicos."

Fonte
Renato Michel, presidente do Sinduscon-MG

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience


ABNT apresenta norma ESG no 64° Congresso Brasileiro do Concreto

ABNT e o IBRACON firmaram uma parceria para oferecer cursos de ESG.
Crédito: Envato

Em outubro, Mario William Esper, presidente da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), participou como representante da entidade no 64° Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON).

Durante o evento, Esper destacou a relevância da indústria da construção civil, com especial ênfase no setor do concreto. “De 2019 a 2022, nossa entidade lançou 2.591 normas. Deste total, 272, ou seja mais de 10%, são referentes à construção civil”, ressaltou. 

Nesta edição, o congresso teve como tema “Concretizando a inovação e a sustentabilidade” e promoveu discussões a respeito de assuntos como metodologias construtivas, gestão e normalização, materiais e suas propriedades, análise estrutural e sustentabilidade.

Norma ESG

De acordo com Esper, a ABNT e o IBRACON assinaram um termo de cooperação para desenvolver normas na área de concreto e, principalmente, aquelas que impactam mudanças climáticas. 

“Durante o IBRACON, apresentamos a norma ESG (ABNT PR 2030), que foi lançada em 2022 e foi muito bem aceita. Estamos trabalhando em conjunto nesse tema de sustentabilidade e mudanças climáticas. Esse é o assunto do momento,”, afirma Esper.

Esta norma estabelece conceitos, diretrizes, critérios de avaliação e orientações para organizações no contexto da agenda ESG (ambiental, social e de governança). Trata-se de um documento normativo pioneiro não apenas no Brasil, mas também no cenário global relacionado a ESG. Embora não seja uma lei, essa norma serve como uma orientação para as empresas do país. O documento faz referência à Agenda 2030 da ONU, que estabelece os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

Para disseminar a norma, a ABNT e o IBRACON firmaram uma parceria para oferecer cursos de ESG para os associados do IBRACON, segundo Esper.

NBR 6118

No Congresso do IBRACON, Esper também lembrou o recente lançamento da edição revisada da NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto, que foi a primeira norma técnica do Brasil, publicada em 1940. Esse projeto de revisão, iniciado em 2018, cancelará e substituirá a NBR 6118:2014 por completo. “A ABNT e o IBRACON firmaram uma parceria muito forte na revisão desta norma”, lembra Esper.

A revisão se fez necessária por tratar de um assunto (Projeto de Estruturas de Concreto) que está em constante evolução tecnológica, tanto nas pesquisas como nas aplicações práticas, bem como no desenvolvimento de novas metodologias e de novos materiais.

Nesta revisão, a base de 2014 foi mantida. Ao todo, foram analisadas 182 sugestões nas plenárias, dentre as quais 134 foram aprovadas. A grande maioria das novidades consiste na introdução de textos e figuras, certas vezes com a imposição de limites, cujo objetivo é esclarecer os procedimentos e requisitos. “Não há alterações significativas nas metodologias e formulações atuais, com exceção para concretos de alta resistência, em que foi introduzido um novo coeficiente de fragilidade, baseado no código-modelo europeu” informaram a engenheira Suely B. Bueno, diretora de Normas Técnicas da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), e Alio Kimura, diretor-adjunto de Normas Técnicas da ABECE, em entrevista ao Massa Cinzenta. 

Entrevistados

Mario William Esper é presidente da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A engenheira Suely B. Bueno é diretora de Normas Técnicas da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE) e coordenadora da CE-002:124.015 – Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto – Projeto e Execução, que revisou a NBR 6118. 

O engenheiro Alio Kimura é diretor-adjunto de Normas Técnicas da ABECE e secretário da CE-002:124.015.

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Marina Pastore
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Selic a 12,25%: qual o impacto para a construção civil?

O Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), diminuiu a taxa Selic pela terceira vez seguida, estabelecendo-a em 12,25% ao ano, o nível mais baixo desde maio de 2022.

Além de desestimular o setor de Construção, a taxa de juros alta provoca queda em uma das principais fontes de financiamento imobiliário.
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De acordo com o Informativo Econômico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), produzido pela economista Ieda Vasconcelos, o Copom ainda se reúne mais uma vez neste ano (12 e 13 de dezembro) e a expectativa é que a taxa volte a ter uma nova redução de 0,5 ponto percentual. “Assim, ela encerraria 2023 em 11,75%. Para 2024, espera-se a continuidade do processo de queda. A pesquisa Focus, divulgada semanalmente pelo Banco Central, projeta que a Selic encerre 2024 em 9,25% a.a”, explica a economista. 

Desafios nacionais e internacionais

Embora haja a perspectiva de futuras reduções na taxa Selic, existem inquietações tanto no âmbito doméstico quanto no cenário internacional. “As incertezas em relação às contas públicas do país e os juros elevados nas economias desenvolvidas podem impedir uma aceleração no processo de redução da Selic. Neste contexto, é importante ressaltar que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central nos Estados Unidos, manteve sua taxa de juros de referência entre 5,25% e 5,50%, o que corresponde ao maior patamar dos últimos 22 anos. A inflação persistente e o crescimento da economia americana pode levar o Fed a aumentar os juros, impactando mais as economias emergentes”, afirma Ieda. 

No que se refere às finanças públicas no Brasil, é relevante notar que na ata da reunião de setembro, o Copom já enfatizou a necessidade de manter o foco na meta estabelecida. “É importante destacar que a arrecadação federal começou a declinar em junho. Conforme os últimos resultados divulgados pela Receita Federal, a arrecadação de impostos, contribuições e demais receitas federais registrou queda em junho, julho, agosto e setembro de 2023 (última informação disponível). Em termos reais, os recuos em relação a igual mês de 2022 foram de -3,37%, em junho, -4,20% em julho, -4,14% em agosto e -0,34% em setembro”, aponta Ieda.

Taxa de juros x construção civil

Para os empresários do setor da Construção Civil, a taxa de juros elevada tem sido apontada como o principal desafio nos últimos doze meses. Essa é a conclusão extraída dos resultados do 3º trimestre/23 da Sondagem Nacional da Indústria da Construção, conduzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em colaboração com a CBIC.

Em entrevista ao Massa Cinzenta, Paulo Camillo Penna, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), destacou que a taxa de juros inibe a atividade econômica e tem um impacto direto sobre a indústria do cimento em renda, em massa salarial, atividade econômica, além de gerar disputa com o mercado de ativos financeiros e uma série de outros problemas que fazem com que haja um crescimento pouco significativo da economia brasileira. “Estamos falando de um pouco mais de 2% do PIB do ano que vem. Para este ano, será em torno de 2,9%. Mas ainda é suficiente para a economia decolar de maneira adequada. Para melhorar este cenário e estimular o consumo do cimento, é preciso melhorar a massa salarial, diminuir o endividamento da população, reduzir a taxa de juros e aumentar a confiança do empresariado na economia e na construção. Por fim, o consumidor ter uma visão positiva a respeito do país”, conclui Penna.

Ainda segundo o informativo da CBIC, além de desestimular os setores produtivos, como a Construção, a taxa de juros provoca queda em uma das principais fontes de financiamento imobiliário. De acordo com os dados divulgados pelo Banco Central, de janeiro a setembro/23, a caderneta de poupança já perdeu R$ 72,291 bilhões. Segundo informações fornecidas pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), durante os meses de janeiro a setembro de 2023, o montante financiado atingiu a cifra de R$ 114,6 bilhões, representando uma redução de 16% em comparação ao mesmo período do ano anterior. No mesmo período, 380,4 mil imóveis foram financiados, refletindo uma diminuição de 32% em relação ao período correspondente de 2022.

Fontes

Ieda Vasconcelos é economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Paulo Camillo Penna é presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC).

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