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Oportunidades em infraestrutura podem somar R$ 250 bi

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Estradas, ferrovias, portos e aeroportos: não faltam projetos para que governo federal possa atuar. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

O governo do presidente Jair Bolsonaro herdou do antecessor, Michel Temer, um pacote fechado de projetos de concessões que tem condições de ser leiloado em abril de 2019. São licitações para 12 aeroportos, 4 portos e 3 ferrovias, com investimento estimado na ordem de 250 bilhões de reais. Existe ainda a expectativa de que seja destravada boa parte dos empecilhos que retardam ou inviabilizam a atração de capital privado em obras de infraestrutura.

Criado no governo anterior, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) foi mantido pela atual Presidência da República. O objetivo é acelerar licenciamentos ambientais, simplificar regulamentações e agilizar desapropriações para a entrega de concessões. Além da PPI, o novo governo tem em mãos um estudo que foi apresentado pelo professor da UnB, Paulo Coutinho, ao grupo de trabalho de infraestrutura durante o período de transição.

As metas são ousadas. Há a intenção de resolver até o fim do governo Bolsonaro boa parte dos gargalos de infraestrutura. Novos instrumentos financeiros para a captação de recursos no exterior devem ser lançados, segundo foi revelado pelo próprio Paulo Coutinho, no seminário “Infraestrutura: planos do governo Bolsonaro e novas oportunidades em concessões, privatizações e parcerias público-privadas”.

De acordo com o economista, no que tange à infraestrutura em transporte, o governo federal quer dar ênfase à expansão de ferrovias e estimular a navegação de cabotagem (transporte marítimo pela costa do país), além de acelerar o Plano Nacional de Segurança Hídrica, que prevê 114 obras. A intenção é atrair investimento estrangeiro. “O país é muito atrativo e os investidores virão", declarou Paulo Coutinho, durante o seminário realizado dia 21 de janeiro de 2019.

CBIC defende regulação que cuide da precarização das obras públicas

Para dar agilidade aos projetos, o governo Bolsonaro teve o cuidado de fortalecer o ministério de Infraestrutura, sob o comando do ministro Tarcísio Freitas. Há também a intenção de se criar uma superagência dedicada a viabilizar todas as obras pendentes. Para a comissão de infraestrutura (Coinfra), da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), os sinais são positivos. Principalmente, porque o governo demonstra que pretende atrair capital privado.

O secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Adalberto Vasconcelos, enfatiza a importância dessas iniciativas. “Se queremos um Brasil com crescimento competitivo e sustentável, não podemos esperar os investimentos públicos. O governo não tem capital estoque para investir em infraestrutura. Então, temos que recorrer à iniciativa privada”, ressaltou em evento promovido pela CBIC, no dia 12 de fevereiro de 2019.

Na reunião, o presidente da Coinfra, Carlos Eduardo Lima Jorge, destacou que o governo federal precisa implantar uma modelagem internacional de atração de investidores, a qual funciona bem em outros países, e que, segundo ele, não tem porque não dar certo também no Brasil. Lima Jorge diz ainda que é necessário ter uma regulação que cuide da precarização das obras públicas. “A gente tem assistido pelo Brasil afora muitas obras que precisaram ser demolidas por ficar muito tempo abandonadas ou por problemas na construção”, finaliza.

Acompanhe vídeo da reunião da Coinfra da CBIC

Entrevistado

Reportagem com base nas exposições realizadas nos seminários “Infraestrutura: planos do governo Bolsonaro e novas oportunidades em concessões, privatizações e parcerias público-privadas” e na primeira reunião de 2019 da Comissão de Infraestrutura (Coinfra) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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Comércio de material de construção espera crescer 8,5%

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Organismos com representatividade na cadeia da construção civil são unânimes: haverá crescimento do setor em 2019. Crédito: Aaron Guides

Pesquisa da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção) realizada no fim de 2018, revela que 87% dos varejistas do setor estão otimistas em relação a 2019. Isso faz a associação projetar crescimento de 8,5% para este ano – maior que os 6,5% do ano passado, quando o varejo da construção civil movimentou 112 bilhões de reais. Para Cláudio Elias Conz, presidente da ANAMACO, mesmo que o governo não priorize o setor de habitação, mas invista em saúde, segurança pública e educação, estará influenciando positivamente no setor de materiais de construção. “Obras para escolas, hospitais e presídios também movimentam o comércio de materiais de construção”, resume.

O otimismo da ANAMACO se propaga por outros segmentos da cadeia produtiva da construção civil. Mesmo projetando percentuais menores, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) prevê avanço de 2% no faturamento do setor em 2019. O presidente do organismo, Rodrigo Navarro, explica que esse número pode ser revisado em função de variáveis políticas e econômicas. “O resultado está sujeito a uma série de fatores, como a aprovação da reforma da Previdência, expansão de programas habitacionais e retomada de obras paradas de infraestrutura. O novo governo sabe que um caminho rápido para gerar emprego, renda e movimentar a economia é retomar essas obras”, diz.

Setor de cimento também projeta crescer, após quatro anos consecutivos de retração

A expectativa do empresariado da indústria de materiais de construção se traduz em números. De acordo com a ABRAMAT, 56% das associadas estão confiantes com as medidas econômicas que virão a ser tomadas ao longo de 2019. Por isso, 64% das indústrias de materiais pretendem investir nos próximos 12 meses. Outro dado positivo é a expectativa positiva sobre as vendas de fevereiro. Para 44% das empresas, o desempenho deste mês deve ser “bom ou muito bom”, enquanto que para 54% o período será “regular”. Nenhuma associada declarou prever um mês de fevereiro “ruim ou muito ruim”. “Notamos a continuidade de um otimismo dos últimos meses, algo que não era observado nas lideranças do setor desde 2012”, avalia Rodrigo Navarro.

Quem também projeta crescimento, depois de quatro anos consecutivos colhendo resultados negativos, é o setor de cimento. O Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) projeta aumento próximo a 3% nas vendas do material em 2019. “A indústria cimenteira do Brasil tem capacidade de produção de cerca de 100 milhões de toneladas por ano, mas está utilizando 52% de seu potencial”, cita o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna. No ano passado, houve retração de 1,2% nas vendas em comparação a 2017. Se as projeções para 2019 se confirmarem, o volume negociado ao final do ano deve ultrapassar os 54 milhões de toneladas. O auge de consumo de cimento no Brasil aconteceu em 2013, quando foram vendidas 70 milhões e 974 mil toneladas no ano.

Entrevistado
Reportagem com base em pesquisas e projeções da ANAMACO, da ABRAMAT e do SNIC

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Saiba por que barragens de rejeito não usam concreto

Barragem Brumadinho
Imagem que correu o mundo: momento do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, que espalhou 12,7 milhões de m³ de rejeitos e devastou parte de Brumadinho-MG. Crédito: Reprodução/Youtube

Em 9 de maio de 2018, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados rejeitou o projeto de lei 4214/15, o qual criava novas regras de segurança de barragens e depósitos de resíduos tóxicos. Um dos pontos mais relevantes da proposta indicava que barragens com capacidade superior a 4 milhões de m3, sejam de rejeitos minerais, de resíduos industriais tóxicos e de reservatórios de água, deveriam priorizar sistemas construtivos à base de concreto para dar mais segurança para essas estruturas.

O projeto de lei é de 2015, e passou a tramitar no Congresso Nacional desde o rompimento da Barragem do Fundão na região de Mariana-MG. Após a rejeição da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, foi arquivado nos termos do artigo 105 do regimento interno da Câmara dos Deputados no dia 31 de janeiro de 2019. Coincidentemente, 6 dias depois do rompimento da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, localizada em Brumadinho-MG. A estrutura, assim como a de Mariana-MG, era uma barragem construída pelo método de alteamento a montante.

A barragem que vitimou mais de 300 pessoas tinha 86 metros de altura e a área ocupada pelos rejeitos era de aproximadamente 250 mil m2, com volume de 12,7 milhões de m3. A forma como foi construída parece condenada, como definem organismos ligados à engenharia. Em manifesto, o Instituto de Engenharia reforça a ideia. Nele, o instituto critica a “abordagem excessivamente financeira” que envolve as obras, o que conduz à “redução progressiva da utilização da engenharia brasileira nos processos de escolha e contratação de projetos, construção, gerenciamentos, fiscalização de obras e montagens. Cabe lembrar que o que interessa é o menor preço no fim da obra”, alerta.

Barragens de rejeitos descartam uso de concreto para minimizar custos

UFMG
Professores da Universidade Federal de Minas Gerais debatem razões do acidente: método de alteamento a montante está condenado. Crédito: Foca Lisboa/UFMG

O Comitê Brasileiro de Barragens também procurou se manifestar sobre o rompimento da barragem em Brumadinho-MG.  No documento, referenda os argumentos do Instituto de Engenharia. “É importante frisar que as decisões de engenharia devem ser independentes de pressões, e as ações necessárias devem ser feitas dentro dos prazos necessários. Não deve haver submissão dos processos de segurança à produção, minimizando o risco de demora na decisão da ação de correção ou alerta. As barragens e seus órgãos complementares são estruturas extremamente complexas, necessitando de sedimentação do conhecimento para sua execução e operação. Portanto, é necessário o treinamento constante e qualificação dos profissionais envolvidos em todas as fases destes empreendimentos”, diz.

Seguindo a mesma linha de pensamento, o chefe do departamento de engenharia de minas da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Roberto Galéry, avalia que as barragens de rejeitos, por não pagarem seus custos, utilizam sistemas construtivos menos onerosos para as empresas. Por isso, as tecnologias que usam concreto são descartadas nesta modelagem de negócio. “A barragem de rejeito é feita para minimizar custo operacional. As hidrelétricas são feitas de concreto, mas a geração de energia paga o custo”, salienta. O especialista participou do workshop “Opções tecnológicas para a mineração: extração, barragens e rejeitos”, promovido pela UFMG na primeira semana de fevereiro de 2019. Também participaram os professores Evandro Gama e Beck Nader, que consolidaram a tese de Galéry.

Entrevistado
Reportagem com base no conteúdo do projeto de lei 4214/15, nos manifestos do Instituto de Engenharia e do Comitê Brasileiro de Barragens e no workshop “Opções tecnológicas para a mineração: extração, barragens e rejeitos”, da UFMG

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Sete mandamentos do merchandising na loja de construção

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Em lojas de pequeno e médio porte, a organização das gôndolas é decisiva para convencer o cliente a comprar
. Crédito: Divulgação

Pesquisas mostram que 85% das compras são decididas dentro da loja. O consumidor raramente sai de casa convencido de que vai adquirir determinada marca. Às vezes, entra na loja não sabendo sequer qual produto quer comprar. Por isso, muitas empresas têm aumentado o foco em merchandising para garantir que todo seu esforço não se perca naqueles segundos finais no ponto de venda. Para Regina Blessa, com experiência de 28 anos em marketing, propaganda e merchandising, existem sete mandamentos que ajudam a desencadear a compra de um produto, principalmente em lojas de materiais de construção.

Os mandamentos se resumem em produto certo, na hora certa, no lugar certo, pelo preço certo, com a exposição certa, promovendo certo, para o público certo. “Seguindo a lista, as chances de venda aumentam consideravelmente”, diz a palestrante, para quem o merchandising deve, prioritariamente, ser visual. “A visão é responsável por 83% da percepção. Se o consumidor não ver o produto, não se convence a comprar. O que não é visto não é comprado”, reforça Regina Blessa. Ela ressalta que seu alerta vale, principalmente, para lojas pequenas.  “Lojas que ocupam espaços menores têm maior risco dos produtos ficarem bagunçados”, diz.

Outro conselho da palestrante é que a loja não deve ter a cara do dono, mas a cara que o cliente quer ver. “O dono da loja diz: eu sei onde estão todos os produtos. Mas o cliente sabe? Então, merchandising visual deve envolver design, arquitetura, iluminação, vitrinismo, fachada e, até, o visual dos funcionários. A loja tem que dar informação e visibilidade aos produtos. Por exemplo, uma gôndola vazia é erro grave. A reposição deve ser constante, assim como o controle do estoque. Além disso, é necessário incentivar o cliente a praticar o autosserviço. Deixá-lo percorrer os corredores e escolher o que quer levar. Para isso, precificar todos os itens é fundamental”, destaca.

Em tempos de internet, loja precisa casar endereço físico com vendas online

Regina Blessa lembra ainda que, em tempos de internet, e-commerce e venda online, a loja precisa casar o físico com o virtual. “O ideal, para lojas de menor porte, é ter o site, mostrar o produto com o preço, e fazer o cliente vir comprá-lo no endereço físico. As promoções de mercadorias que não têm tanta saída também são muito importantes. Tem lojista que fica com produtos estocados por mais de 6 meses. É importante ter um mix de materiais que giram. Para isso, o dono da loja precisa conhecer seus clientes e saber o perfil dos consumidores em seu entorno. Neste ponto, os balconistas são muito importantes”, reforça.

Autora do livro Merchandising no Ponto-De-Venda, Regina Blessa complementa seus sete mandamentos com outras 10 dicas sobre como atrair mais clientes para uma loja, que são:

 

  1. Se o ponto é bom, abrace os que entram. Se o ponto é ruim traga público através da vitrine e da propaganda. Se o ponto é virtual torne-se conhecido e cuide da vitrine (homepage).
  2. Certifique-se que seu produto é necessário ou novidade. Pesquise e se adapte.
  3. Confira se o consumidor entende tudo o que você expõe nas gôndolas. Informe-o adequadamente.
  4. Dê lugar nobre para os melhores produtos e não para os encalhes. Pense sempre na imagem da sua loja.
  5. Ilumine sua loja como um show. Os destaques merecem uma cor especial. Um vitrinista ajuda muito.
  6. Não deixe que a mobília (equipamentos) apareçam mais do que a mercadoria. Ela é a atriz principal.
  7. Coloque a cada 15 dias uma cara diferente na sua loja. Seja dinâmico.
  8. Faça parcerias com seus fornecedores e ganhe em todas as promoções.
  9. Tenha um calendário promocional afiado e não tenha medo de gastar com boas ideias.
  10. Coloque seu consumidor sempre à frente de suas negociações e intenções. É sempre ele que paga a conta, e pode resolver voltar ou não.

Veja vídeo de palestra de Regina Blessa


Entrevistada
Reportagem com base em palestra da profissional de marketing e propaganda Regina Blessa, para a ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)

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Brasil precisa construir 1,2 milhão de moradias por ano

Entre 2015 e 2017, o déficit avançou em mais de 200 mil unidades por ano. O estudo FGV/Abrainc aponta que, para atender à demanda por moradias no país, será necessário construir 1 milhão e 200 mil habitações por ano, até 2029. Esse é um dos desafios do governo federal: barrar o avanço do déficit habitacional e criar um novo ambiente para que o mercado se sinta estimulado a construir. Porém, os números mais recentes mostram que se trata de meta inalcançável no momento. Em 2018, foram vendidas 115.876 unidades em todo o Brasil, já incluídas as do programa Minha Casa Minha Vida.

Os dados da pesquisa FGV/Abrainc mostram que os números reais não representam nem 10% da quantidade de unidades que deveriam ser construídas e vendidas anualmente para amortizar o déficit habitacional do país. No entanto, dentro do quadro real, há o que comemorar. O volume de vendas de imóveis novos cresceu 6,6% em 2018, em relação a 2017. Também houve um aumento expressivo de negociações de imóveis novos de médio e alto padrão (50,6% na comparação com 2017) e ainda um bom desempenho do programa Minha Casa Minha Vida nas faixas 2 e 3, com alta de 23,5% nos lançamentos e de 14,7% nas vendas – também em comparação a 2017.

Volume de imóveis novos vendidos foi absorvido por famílias com alta renda

O volume de imóveis novos construídos e vendidos em 2018 foi absorvido por consumidores que possuem renda familiar acima de 8 salários mínimos (algo perto de 8 mil reais por mês). O estudo da FGV/Abrainc observou que famílias com renda intermediária (entre 4 e 7 salários mínimos) mas que ainda vivem de aluguel ou em regime de coabitação, ou seja, dividindo a mesma casa ou terreno com outros familiares, decidiram adiar o sonho da casa própria por dois motivos: a instabilidade do mercado de trabalho (medo de perder o emprego) e a escassez do crédito imobiliário.

No entanto, grande parte do déficit habitacional brasileiro se concentra nas famílias que ganham até três salários mínimos por mês, as quais não conseguiram se beneficiar das faixas 1 e 1,5 do Minha Casa Minha Vida. “Chegamos ao recorde da série histórica de déficit habitacional. Hoje, ele ocorre, sobretudo, pela inadequação da moradia, com famílias que dividem a mesma casa, moram em cortiços ou favelas, e pelo peso excessivo que o aluguel passou a ter no orçamento das famílias nos últimos anos”, afirma o economista Robson Gonçalves, que coordenou os trabalhos da FGV/Abrainc.

Entrevistado
Reportagem com base nas exposições do professor Robson Gonçalves, coordenador da FGV Projetos, no 5º Encontro de entidades da incorporação imobiliária, promovido pela Abrainc em 18 de dezembro de 2018

Contato: comunicacao@abrainc.org.br

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No pós-crise, construtoras optam por compartilhar máquinas

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Mercado de rental fatura o equivalente a 0,25% do PIB nos EUA. No Brasil, está na faixa de 0,06%. Crédito: MT&Expo 2018

O lema das construtoras é “ligar as máquinas e voltar a trabalhar”. Só que as máquinas serão compartilhadas. No entender do setor, a falta de obras entre 2014 e 2018 levou à ociosidade de equipamentos e gerou uma nova cultura: a de que as empresas não querem mais ser donas de máquinas, mas podem locá-las pelo período de execução do projeto e depois devolvê-las. Trata-se de uma tendência que tem duas razões: há muitas máquinas que foram compradas entre 2012 e 2013, e que estão relativamente novas por terem sido pouco usadas no período de crise, e o potencial do mercado de locação de equipamentos para a construção civil.

Quem descreve essa tendência é Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) e secretário da Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas (Analoc). “Isso não é uma tendência no Brasil, mas mundial. O compartilhamento de maquinário é o caminho, assim como já existe os de carros. Muitas empresas que compravam deixarão de comprar para locar. É uma mudança cultural, da compra para o compartilhamento”, diz.

O dirigente lembra que, nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão e em alguns países europeus, o mercado de rental fatura o equivalente a 0,25% do PIB em cada uma das nações citadas. No Brasil, está na faixa de 0,06% do PIB. “Isso mostra o quanto ainda temos para crescer neste mercado”, afirma Eurimilson Daniel. Para ele, esta será uma das particularidades de 2019 na cadeia produtiva da construção civil. A outra será preparar o terreno para atender a demanda reprimida por obras de infraestrutura no país. “As obras de infraestrutura geram emprego muito rapidamente e deixam um legado de sustentabilidade econômica nas regiões em que são realizadas”, completa.

Apesar de existir um bom estoque de máquinas para locação, e que estão relativamente novas pelo pouco uso no período de crise, Eurimilson Daniel alerta que a construção civil terá que ir às compras quando as grandes obras forem retomadas. “O mercado de compra de equipamentos no Brasil caiu de 30 mil máquinas por ano no período pré-crise para menos de 10 mil na crise. Ou seja, só o mercado de locação não vai conseguir atender a demanda quando as construções forem retomadas”, alerta.

Veja três razões para locar máquinas

Redução de custos
Optar por alugar equipamentos de construção civil ao invés de comprá-los gera economia não apenas no custo para adquirir a máquina, mas também com a manutenção, com os impostos e com a logística para armazená-la e transportá-la.

Equipamento ideal
Ao alugar equipamentos, a empresa tem acesso à máquina que precisa para o tipo de trabalho a ser executado, sem a necessidade de improvisações. A locação é uma ótima opção para as várias frentes de trabalho em um canteiro de obras.

Manutenção
Locadoras contam com serviços de manutenção específicos para os equipamentos emprestados, o que permite que o construtor mantenha o foco apenas em seu negócio principal, que é a obra.

Entrevistado
Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) e secretário da Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas (Analoc)

Contato: contato@analoc.org.br

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IoT chega aos equipamentos de proteção individual

Os equipamentos de proteção individual (EPIs) estão entrando na era da Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things). Usando a tecnologia RFID (Identificação por Radiofrequência) luvas, capacetes, óculos de proteção, mangotes, roupas-antichama, botas, coletes, cintos e outros acessórios podem transmitir informações em tempo real sobre uso correto dos equipamentos, situação de risco na obra, localização do profissional no canteiro, tempo trabalhado, produtividade e qualidade.

Cada EPI possui uma etiqueta RFID com sua identificação. O cadastro de todos os equipamentos, com informações sobre tempo de utilização, atividade à qual se destina e funcionário que está usando, fica armazenado em uma base de dados. Quando o trabalhador recebe a ordem para executar determinado serviço, o sistema identifica os EPIs necessários para aquela atividade e envia o arquivo com a lista para um leitor RFID portátil.

Por meio de radiofrequência, o leitor capta a identificação das etiquetas RFID dos EPIs, compara com a lista de referência recebida e alerta as equipes de gestão de segurança do trabalho quando detecta a falta de algum EPI necessário à execução do serviço. Todas as informações ficam disponíveis, o que facilita o planejamento de recursos, o gerenciamento de equipes e o controle da vida útil dos equipamentos.

Tecnologia já está em uso na construção civil brasileira

No Brasil, duas empresas já utilizam EPIs conectados à IoT: a CCDI (Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário) e a Coelce, distribuidora de energia elétrica do Ceará. Segundo o diretor da CCDI, Luís Iervolino, os equipamentos possibilitam o monitoramento em tempo real de profissionais no canteiro de obras, quantificando tempo trabalhado, permanência em áreas de trabalho e produtividade individual dos colaboradores.

A tecnologia RFID também é aplicada na gestão de materiais de construção. “O desperdício é reduzido drasticamente”, assegura Luís Iervolino, que relatou o case de sua empresa no IV Encontro de Construtores e Incorporadores do Secovi-SP. A Identificação por Radiofrequência torna mais preciso o controle do estoque, o que faz minimizar os custos com reposições desnecessárias e perdas de materiais por conta de degradação e desgaste.

Com a adoção das novas tecnologias, a CCDI conseguiu, entre outros resultados positivos, diminuir de quatro para um chamado de assistência técnica no primeiro ano de entrega de seus imóveis e reduzir o equivalente a uma árvore o impacto ambiental por torre construída. Na Coelce, houve redução de acidentes de trabalho e diminuição de ações para corrigir erros na execução de tarefas.

Para o uso da Internet das Coisas em equipamentos de proteção individual e no controle do estoque do canteiro de obras é imprescindível investimento em Tecnologia da Informação. Até porque, a entrada da IoT no dia a dia da construção civil, assim como outros setores da economia, é caminho sem volta. Há 10 anos havia cerca de 6 bilhões de equipamentos conectados. Hoje, o número já ultrapassa os 20 bilhões e, até 2021, deve ultrapassar a marca de 50 bilhões de dispositivos interligados em todo o mundo.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “IoT para o gerenciamento da produtividade na construção civil”, no IV Encontro de Construtores e Incorporadores do Secovi-SP

Contato: aspress@secovi.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Projeto transforma WhatsApp em fiscal de obra pública

Projeto de lei à espera de votação no Congresso Nacional permite que qualquer cidadão possa acompanhar e denunciar irregularidades em obras públicas em construção, através do WhatsApp. Pela proposta, os organismos públicos das três esferas de poder (federal, estadual e municipal) deverão criar grupos na ferramenta, sempre que lançarem uma obra pública. Assim, os cidadãos poderão fazer o acompanhamento em tempo real, denunciando atrasos, desperdícios e malfeitos.

Cada grupo no WhatsApp deverá ter obrigatoriamente um representante do poder público responsável pela obra, assim como da empresa contratada para a execução, prestação do serviço e aquisição de materiais. Os responsáveis têm sete dias para responder as demandas de quem estiver no grupo, define o projeto, exceto quando o pedido de esclarecimento não estiver relacionado ao objetivo do grupo, for formulado fora dos termos do regulamento ou de forma ofensiva.

O projeto de lei se estende também para autarquias, fundações públicas e estatais, quando estas contratarem obras. Aprovada pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, de Finanças e Tributação e também pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, ambas na Câmara dos Deputados, a proposta está pronta para ser votada em plenário. Se virar lei, ela prevê que a empresa ou o consórcio contratado para a execução de obra possa ser impedido de concorrer a futuras licitações por dois anos, caso não faça a “gestão compartilhada” pelo WhatsApp.

Em caso de aprovação, lei entrará em vigor após 180 dias de sua publicação oficial

A iniciativa partiu do Senado Federal, através do projeto de lei 9617/18. Segundo o texto, a ideia é que “os olhos e ouvidos das autoridades responsáveis pelos processos de execução do orçamento sejam amplificados pela participação atenta da cidadania, apoiada pela tecnologia”. Cada obra poderá ter até três grupos no WhatsApp. Caso exista número superior de pedidos de cadastro, os grupos serão definidos por critérios de desempate. Terão preferência os grupos que tiverem moradores, trabalhadores ou empresários da região afetada pelo objeto da “gestão compartilhada”.

Desde 2016, a ferramenta permite que cada grupo comporte até 256 pessoas. No entanto, em 21 de janeiro de 2019, o WhatsApp anunciou que em sua próxima atualização vai reduzir para 1/4 seu atual limite de encaminhamento de mensagens. Isso significa que os usuários, antes autorizados a enviar um mesmo conteúdo para 20 pessoas, passarão a fazê-lo para, no máximo, 5 contatos. Os dispositivos Android receberão primeiro a versão atualizada. Atualmente, no Brasil, o WhatsApp tem 125 milhões de usuários.

Não há prazo para que o projeto de lei vá à votação após 1º de fevereiro de 2019, quando os deputados federais e senadores eleitos tomam posse. Em caso de aprovação, a lei entrará em vigor após 180 dias de sua publicação oficial.

Entrevistado
Reportagem com base em publicação da Agência Câmara de Notícias

Contato: imprensa@camara.leg.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Faixa de pedestre em 3D lembra elementos de concreto

Santo André
Santo André é a primeira cidade brasileira com mais de 500 mil habitantes a adotar as faixas de pedestres em 3D. 
Crédito: Prefeitura de Santo André

Cidades do Amazonas, do Acre, do Mato Grosso e de São Paulo decidiram copiar ideias que trouxeram bons resultados na Índia, na China e na Islândia: as faixas de pedestres em 3D. As pinturas criam uma ilusão de ótica que induz o motorista a frear. A uma distância de até 20 metros, lembram elementos de concreto encravados no asfalto. Na Islândia, é onde há os resultados mais positivos. Os atropelamentos caíram 25% nas ruas em que as faixas 3D foram pintadas. No Brasil, existe a expectativa de alcançar percentuais próximos disso.

A ponto de a ideia começar a se espalhar pelo país. Também já existem cidades dos estados do sul pensando em adotar o mesmo modelo de faixa de pedestre. A iniciativa deve partir das Circunscrições de Trânsito, as Ciretrans, que são os organismos municipais encarregados de fiscalizar, organizar e planejar o trânsito em cada cidade.

No Brasil, quem primeiro colocou a ideia em prática foi o município de Primavera do Leste, no Mato Grosso, onde quatro faixas de pedestres em 3D foram pintadas por grafiteiros. O secretário de infraestrutura da prefeitura, Eduardo Wolff, comenta os resultados. “A repercussão foi boa. Como é algo novo, os motoristas se assustam com o aparente volume da faixa e diminuem a velocidade. Já deu para sentir o efeito”, diz.

A segunda cidade brasileira a adotar a ideia também avalia como positiva as pinturas de faixas de pedestres em 3D. “Essa faixa em 3D cria um impacto visual maior. Isso deve alertar mais o condutor em relação à existência da faixa de pedestres nestes locais. Queremos que o condutor tenha o sentido de alerta aguçado”, afirma o chefe da Ciretran de Cruzeiro do Sul, no Acre, Valdeci Dantas.

Na Islândia, os atropelamentos foram reduzidos em 25% nas ruas com faixas de pedestres em 3D. Crédito: Gusti Productions
Na Islândia, os atropelamentos foram reduzidos em 25% nas ruas com faixas de pedestres em 3D. Crédito: Gusti Productions

Alto índice de atropelamentos levou Nova Déli, na Índia, a ser pioneira

Primavera do Leste e Cruzeiro do Sul são municípios com menos de 100 mil habitantes. A cidade brasileira mais populosa a adotar as faixas de pedestres em 3D é Santo André, no ABC Paulista, com mais de 500 mil habitantes. Dois projetos-pilotos foram instalados no município, no final de 2017. O trabalho foi executado por funcionários do Departamento de Engenharia de Tráfego (DET) de Santo André, treinados para esse tipo de pintura. 

Fora do Brasil, a cidade pioneira na pintura de faixas de pedestres em 3D foi Nova Déli, na Índia, em 2015. A metrópole indiana tem algumas das maiores incidências de atropelamentos de pedestres no mundo. A ideia se espalhou para outras cidades do país e chegou em Xingsha, China. Na Europa, Ísafjörður, na Islândia, foi a primeira.

Primavera do Leste
Primavera do Leste, em Mato Grosso, foi a pioneira no Brasil a adotar faixa de pedestre em 3D. Crédito: Prefeitura de Primavera do Leste

Na Califórnia, nos Estados Unidos, também existem faixas de pedestres em 3D. O conceito se espalha pelo mundo para conseguir combater uma estatística perversa. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 22% das mortes no trânsito no mundo são causadas por pedestres atropelados. O Brasil aparece em 5º lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, precedido por Índia, China, EUA e Rússia e seguido por Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito.

Entrevistado
Reportagem com base em relatório da Organização Mundial de Saúde sobre alternativas para minimizar mortes no trânsito

Contato: eportuguese@who.int

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Curitiba

Perfil imobiliário de Curitiba é amplamente residencial

Curitiba
Curitiba tem dois cinturões de edifícios altos, que se estendem nas direções Leste-Oeste e Nordeste-Sudoeste. Crédito: Prefeitura de Curitiba

De acordo com o estudo “Perfil da Produção Imobiliária Formal em Curitiba”, coordenado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a capital paranaense tem sua construção ainda altamente focada em obras residenciais. O levantamento, que coletou dados dos últimos 18 anos, e também projeta números até 2020, revela que 72% dos empreendimentos imobiliários que despontaram na cidade neste período contemplaram exclusivamente a produção habitacional. Deste percentual, 61% foram voltados para a construção de habitações unifamiliares (casas e sobrados).

A análise mostra ainda que Curitiba tem dois cinturões de edifícios altos, mas na maior parte de seu território ainda predomina a construção de casas, sobrados e condomínios de até cinco pavimentos. Os prédios se concentram na região central e, especialmente, na porção do território que se estende nas direções Leste-Oeste e Nordeste-Sudoeste. O cenário mostra que a verticalização se concentra em duas frentes de crescimento. Uma que inicia no bairro Portão, e se estende até o Cabral, e outra que vai do bairro Cristo Rei ao Bigorrilho.

A pesquisa, concluída no final de 2018, influenciou o projeto encaminhado à Câmara Municipal, e que propõe uma nova Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo para Curitiba. A expectativa é de que a votação ocorrerá em 2019. “É um trabalho inédito, referenciado nos alvarás de construção emitidos pela Secretaria Municipal do Urbanismo, e que já obtiveram Certificado de Vistoria de Conclusão de Obras (CVCO), ou seja, os empreendimentos imobiliários efetivamente concluídos”, explica a arquiteta Mônica Máximo da Silva, coordenadora do estudo.

Cidade ainda tem disponibilidade de terrenos a preços relativamente baixos

A nova Lei de Zoneamento busca estimular áreas comerciais em Curitiba. Ela propõe o aumento da área de comércio e serviços para 400 m² em qualquer lugar da cidade, aumenta o coeficiente para habitação no centro e amplia de 400 m² para 2.000 m² o tamanho de obras comerciais em vias setoriais e coletoras. Além disso, cria uma nova tipologia: a Zona de Uso Misto 3 (ZUM-3) que estimula a convivência entre habitação e não-habitação. Essas alterações tendem a incentivar a construção conhecida como built to suit (construção sob medida) na capital paranaense.

Outro dado relevante é que a cidade tem alta disponibilidade de terrenos a preços relativamente baixos, se comparado a outras capitais do país. Principalmente no sentido sudoeste do município, onde a ocupação urbana ainda não está consolidada e onde o preço da terra é significativamente barato. Já a zona central, o Centro Cívico e os eixos estruturais, onde há um elevado grau de consolidação de edificações, são as áreas onde o valor da terra é o mais caro de Curitiba. Por fim, a pesquisa do Ippuc ainda revela que, desde 2000, a capital paranaense teve uma média de 1.970 empreendimentos imobiliários concluídos por ano. 

Leia a íntegra da pesquisa intitulada “Perfil da Produção Imobiliária Formal em Curitiba

Entrevistado
Reportagem com base no relatório da pesquisa “Perfil da Produção Imobiliária Formal em Curitiba”, divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc)

Contato: ippuc@ippuc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330