canteiro de obras 4.0

Canteiro de obras 4.0 já é realidade no Brasil

canteiro de obras 4.0
Tiago Campestrini (centro) e sua equipe: criadores do primeiro modelo de canteiro de obras 4.0 do Brasil. Crédito: Prefeitura de Curitiba

Dentro do seminário "Os caminhos da inovação na construção civil", o engenheiro civil Tiago Campestrini, CEO do Tecza e sócio-proprietário da Campestrini Tecnologia, mostrou que o canteiro de obras 4.0 já é realidade no Brasil. O conceito busca interligar e melhorar o desempenho de diversos processos ao longo da execução de um empreendimento. Através dos dados do BIM (Building Information Model) a tecnologia possibilita, por exemplo, usar a projeção do que se pretende construir para calcular a quantidade de material de construção a ser empregada na obra.

Além disso, o sistema antecipa problemas que possam surgir no decorrer da construção, como atrasos e desintegração de etapas. O canteiro de obras 4.0 também é personalizado, ou seja, pode ser configurado de acordo com as necessidades de cada cliente. “O Tecza surgiu com base em três pilares: processo, capacitação e ferramenta. O sistema é único no Brasil e oferece dados precisos e atualizados do acompanhamento e projeção da obra, economizando recursos financeiros, mão de obra e principalmente tempo”, ressalta Tiago Campestrini.

O sistema possibilita adotar o “canteiro de obras 4.0” em quatro semanas. É o tempo mínimo para que o software possa ser abastecido com os dados de gestão e controle da obra. O processo se dá em quatro etapas: implantação de modelos e planilhas, consultoria para uso da tecnologia na obra, acesso para gestão simultânea em mais obras e impacto do sistema no planejamento e controle do empreendimento. “Mais do que incentivar a racionalização, queremos oferecer alternativas, processos e padrões para estabilizar e tornar linear o processo construtivo, seja ele tradicional ou industrializado. A disrupção, para nós, é permitir que se faça melhor o que se faz bem. Nossas ferramentas são a tecnologia, a obsessão por dados e a paixão pelo problema”, completa Campestrini.

Ferramenta foi desenvolvida no Vale do Pinhão, em Curitiba-PR

A ferramenta foi desenvolvida no ecossistema de inovação do Vale do Pinhão, em Curitiba-PR. “Apostamos na cultura da inovação fomentada pelo Vale do Pinhão da Prefeitura de Curitiba, e com essas conexões queremos ampliar o nosso valor. É preciso que experimentem as soluções disponíveis e avaliem o impacto para resolver os problemas. Essa é a melhor forma de inovação”, reforça Campestrini.

Quando implantado, o Tecza oferece as seguintes vantagens:

1. Atualização do cronograma
A cada inspeção de obra, o sistema gera um novo cronograma. Assim, a equipe de planejamento sabe o que foi feito e o que precisa ser executado.

2. Medição automática
A cada tarefa aprovada, e com base na última medição, o sistema gera os relatórios de pagamentos aos empreiteiros, dispensando a consolidação em relatórios mensais.

3. Rastreabilidade de quantidades
O modelo BIM fornece todos os quantitativos de materiais, permitindo ainda rastrear os objetos e suas características tanto no modo planilha como em 3D.

4. Visão geral da obra
Dashboards com visão tática e operacional da obra permitem visualizar tarefas que estão em execução, que estão atrasadas e que foram reprovadas. Ela também controla a demanda de material.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra do engenheiro civil Tiago Campestrini, CEO do Tecza e sócio-proprietário da Campestrini Tecnologia, durante o seminário "Os caminhos da inovação na construção civil"

Contato: cs@gotecza.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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NY inova e reserva 15% das vagas em obras para mulheres

mulher na construção civil
Em Nova York, projeto para valorizar a mulher na construção civil tende a ter influência global. Crédito: J.C. Rice/NYPost

Um programa inédito no mundo começou a operar na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Após acordo entre sindicatos da construção civil, prefeitura local e organizações não-governamentais, foi definido que 15% das vagas em canteiros de obras deverão ser reservadas para as mulheres na principal metrópole dos EUA. As trabalhadoras também terão direito a receber treinamento para atuar nas funções de encanador, eletricista, carpinteiro e acabamento de obras.

Atualmente, o mercado de trabalho norte-americano para mulheres representa apenas 3,4% da mão de obra empregada pela construção civil no país, incluindo as engenheiras civis. É o que mostram dados do Bureau Federal of Labor Statistics. São 285 mil trabalhadoras, em um universo de 8,3 milhões de empregados da construção civil nos EUA. Apesar de ser um ambiente ainda altamente dominado pelos homens, o setor observa que a entrada da mulher na indústria da construção só faz crescer. De 2008 a 2018, as vagas ocupadas por profissionais do gênero feminino aumentaram 31%.

A luta das mulheres para conseguirem trabalhar na construção civil dos EUA teve um marco em 1985, quando 19 trabalhadoras recorreram ao tribunal federal de Manhattan sob a alegação de que a prefeitura de Nova York se negou a contratá-las por que eram mulheres.  A decisão favorável à causa feminina abriu as portas para que pudessem atuar em canteiros de obras. No entanto, os salários seguem, em média, 30% menores que os oferecidos aos homens.

Salário da mão de obra feminina na construção civil brasileira é, em média, 33% menor

A realidade nos Estados Unidos não é diferente para as mulheres que atuam na construção civil no Brasil. De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o gênero feminino que atua na cadeia produtiva do setor ganha, em média, 33% menos que os homens. A diferença salarial, no entanto, não é motivo para elas desistirem de aumentar a presença nos canteiros de obras. O mercado para as mulheres cresceu 120% em pouco mais de 10 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007 havia 109.006 trabalhadoras registradas. Em 2018, eram 239.242.

Uma das razões é que a "Lei das Domésticas”, promulgada em 2013, passou a estimular ainda mais o fluxo de mulheres em direção à construção civil. A procura mais intensa de trabalhadoras por uma área antes vista como exclusivamente masculina torna o cenário bem diferente do encontrado pelas pioneiras da engenharia civil na primeira metade do século 20. Uma das protagonistas foi Enedina Alves Marques, a primeira mulher negra a se formar engenheira civil no país, pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), em 1945. Antes dela, em março de 1917, formava-se na Escola Polythecnica do antigo Distrito Federal - hoje Escola Politécnica da UFRJ - a primeira mulher engenheira civil do Brasil: Edwiges Maria Becker Hom’meil.

Entrevistado
- Building and Construction Trades Council of Greater New York (organização sindical de NY que engloba trabalhadores da construção civil)
(via assessoria de imprensa)
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
(via assessoria de imprensa)

Contatos
@ NYCBldgTrades
(Twitter)
rbarletta@marinopr.com
(email da assessoria)
comunica@ibge.gov.br
(email da assessoria)

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

É preciso resgatar confiança e credibilidade da construção civil

construção civil
Economista Gilmar Mendes Lourenço (esq.) e engenheiro civil José Carlos Martins (dir.): consenso de que crescimento virá pelas mãos da construção civil. Crédito: Cia. Cimento Itambé

Para o presidente da Câmara Brasileira de Indústria da Construção (CBIC), o engenheiro civil José Carlos Martins, é urgente que o Brasil resgate os dois principais ativos do setor da construção civil, que são confiança e credibilidade. “Sem eles não se voltará a investir no setor”, diz. O alerta foi dado no seminário “Cenário macroeconômico e as perspectivas para a indústria da construção”, realizado dia 1º de abril na sede do SindusCon-PR, em Curitiba.

O debate envolveu também o economista Gilmar Mendes Lourenço, que é professor na FAE Curitiba, e que concordou com a análise de José Carlos Martins. Para ele, a insuficiente abrangência das reformas estruturais de que o país precisa tem impactado diretamente na capacidade do Brasil de recuperar sua infraestrutura. “Hoje investimos 1,7% do PIB para evitar o estrangulamento da infraestrutura, enquanto países como Chile e China investem 7% e 16% do PIB, respectivamente. Não conseguiremos superar esses gargalos se não houver mudança de prioridades”, afirma.

Ainda de acordo com Gilmar Mendes Lourenço, o Brasil tem gastado muita energia para debater a reforma da previdência e esquecido de medidas que poderiam movimentar a economia muito mais rapidamente.  “Se fosse priorizada a reforma tributária, ela vitaminaria fontes de financiamento e arrecadação de recursos para cobrir buracos nas contas do país. A reforma da previdência restaura o equilíbrio a médio e longo prazos, já a tributária resolveria problemas de curto prazo. Entre eles, recuperar a funcionalidade do estado, devolver a capacidade competitiva das empresas, gerar simplificação tributária e criar um novo federalismo fiscal”, ressalta. 

Números revelam tamanho do impacto que recessão causou na construção civil

Embasado pela análise do economista, o presidente da CBIC foi categórico em afirmar que a construção civil só sairá do cenário de recessão se conseguir recuperar a capacidade de atrair investimento privado. Foi por isso que ele destacou que é preciso resgatar os dois principais ativos do setor: confiança e credibilidade. “Ocorre que o poder público perdeu completamente sua capacidade de investir. Hoje, a principal fonte de financiamento dos investimentos em um novo ciclo de crescimento deverá vir prioritariamente do setor privado da construção. Quer dizer, a saída para o Brasil passa necessariamente pelo nosso setor”, reforça.

No seminário foram apresentados alguns números que revelam o tamanho do impacto que a recessão causou na construção civil nacional. Hoje, a margem de ociosidade do setor está superior a 40%. Em 5 anos, a queda do PIB da construção chegou a 27,5%. Já a perda da capacidade de empregabilidade passa de 30%. Ao mesmo tempo, a cadeia produtiva da construção participa com 4,8% do PIB nacional, representa 22,4% do PIB industrial e 52,2% da composição dos investimentos nacionais. Para José Carlos Martins, além da retomada das obras de infraestrutura, o resgate do programa Minha Casa Minha Vida ajudaria significativamente a construção civil. “O Minha Casa Minha Vida equivale a 2/3 do mercado imobiliário do país. Não há como ignorá-lo”, defende.

Entrevistado
Reportagem com base nas palestras do economista Gilmar Mendes Lourenço e do engenheiro civil José Carlos Martins, no seminário “Cenário macroeconômico e as perspectivas para a indústria da construção”, do SindusCon-PR

Contato: imprensa@sindusconpr.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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Maior ponte de concreto em 3D é inaugurada na China

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Para testar a estrutura, ponte recebeu 100 pedestres de uma só vez no dia de sua inauguração, em janeiro de 2019. Crédito: Tsinghua University

Uma ponte pedonal (ponte para tráfego de pedestres) com 26,3 metros de comprimento e 3,6 metros de largura é a maior obra de arte em concreto construída por meio de impressão 3D. A estrutura foi concluída recentemente em Xangai, na China. O tabuleiro da ponte é composto por 44 elementos de concreto, enquanto os guarda-corpos são divididos em 68 unidades. Os componentes foram impressos a partir de materiais compósitos, contendo concreto misturado a fibras de polietileno para melhorar o desempenho estrutural da ponte. O projeto é do professor Xu Weiguo, da escola de arquitetura da Universidade de Tsinghua.

Construída para a circulação de pedestres, a ponte teve seus elementos impressos em 450 horas e foi montada em uma semana, por 10 operários da construção civil. O projeto causou economia de 33% em relação a um sistema convencional de construção. Os dois robôs que atuaram na impressão trabalharam ininterruptamente. Com isso, evitou-se a obstrução no processo de extrusão e eventuais colapsos durante o empilhamento de camadas do material. Outra inovação envolve a fórmula da pasta para a impressão, cujo foco se concentrou no desempenho acima de 80 MPa e na estabilidade da reologia do concreto.

A ponte também incorpora sistema de monitoramento em tempo real, incluindo sensores de tensão e de deformação de alta precisão. Isso permite coletar os dados e possibilita aos pesquisadores rastrear o desempenho do concreto e as propriedades mecânicas dos componentes da estrutura. “A conclusão da ponte representa mais um passo na consolidação da tecnologia de impressão 3D em concreto e coloca a China como um dos países de vanguarda no uso deste modelo de construção”, avalia o professor Xu Weiguo. A impressão e a construção da ponte contaram com a participação da empresa Wisdom Bay Innovation Park, que já atuou em outros projetos com impressão 3D na China.

Estrutura se inspira na ponte mais antiga da China, construída há 1.400 anos

A estrutura para pedestres em Xangai foi inspirada na ponte mais antiga da China, construída entre 589 e 618 d.C, em Zhaoxian, no norte do país. Apesar de ser a maior obra de arte em concreto construída por meio de impressão 3D, o projeto não é inédito. A primeira ponte de concreto impressa em 3D do mundo foi inaugurada na Holanda, em outubro de 2017, medindo 8 metros. A estrutura foi projetada pela Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na cidade de Gemert, com a função de ligar dois pontos de uma ciclovia.

Em seu comunicado sobre a construção da ponte, o professor Xu Weiguo constata que a impressão 3D em concreto ainda precisará amadurecer para ser utilizada pela “engenharia real”. “Ainda há muitos pontos de estrangulamento que precisam ser resolvidos na construção da impressão 3D de concreto. O ponto positivo é que já existem algumas instituições de pesquisa científica e empresas de construção no mundo que estão comprometidas com a pesquisa técnica nesta área. Entendemos que será a tecnologia do futuro, até porque a demanda por mão de obra em projetos de construção será cada vez mais escassa", finaliza.

Veja vídeo sobre a construção da ponte construída em Xangai

Entrevistado
Professor Xu Weiguo, da escola de arquitetura da Universidade de Tsinghua

Contato: xwg@mail.tsinghua.edu.cn

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Jon Belkowitz

Novas tecnologias para o concreto: dizer sim ou dizer não?

Jon Belkowitz
Jon Belkowitz: papel dos pesquisadores é permitir que o mundo continue usando concreto. Crédito: Intelligent Concrete

Implantar novas tecnologias na indústria de concreto não é como lançar um smartphone para o público, diz Jon Belkowitz, diretor de P&D do Instituto Concreto Inteligente, localizado no estado do Colorado, nos Estados Unidos. “À medida que o concreto endurece as tecnologias cessam”, complementa o engenheiro civil e pesquisador do material. Belkowitz, que palestrou no WOC (World of Concrete) 2019, afirma ser favorável que a tecnologia atenda as necessidades de quem vai usar o concreto. “As práticas diárias é que definem se uma tecnologia é interessante para aquele concreto ou não”, completa.

Para o pesquisador, existem problemas do mundo real que não precisam de grandes tecnologias para se obter uma solução. No entanto, ele reconhece que a adoção de uma nova tecnologia deixa um legado importante para a construção civil. Porém, alerta: a decisão de adotar algo inovador na obra precisa ser em conjunto. “Empreiteiros costumam só adotar uma tecnologia depois de cinco anos. Antes disso, a pergunta que eles mais fazem quando lhes mostram uma inovação é: quem vai pagar por isso se algo der errado? Assim, a tomada de decisão deve envolver o engenheiro responsável pela obra, a concreteira, o empreiteiro, o incorporador e o projetista”, diz.

Jon Belkowitz ressalta que cada um dos atores envolvidos com a obra tem responsabilidades profissionais. “Independentemente do concreto ser inovador ou não, todos devem se certificar de que o material é fabricado e entregue com qualidade e controle, e que a colocação atenderá aos requisitos de vida útil e de resistência e durabilidade”, resume. Essa dinâmica, continua o diretor do Instituto Concreto Inteligente, oferecerá à nova tecnologia do concreto uma chance justa de mostrar a sua eficácia. “Dizer não economiza tempo e dinheiro, mas também reduz a curva de aprendizado que a indústria do concreto consegue ter quando uma nova tecnologia é agregada ao material”, complementa.

Tecnologias inovadoras do concreto trazem soluções para o amanhã

O pesquisador lembrou que uma tecnologia, quando bem sucedida, aumenta a resistência, a durabilidade e a vida útil do concreto. “Ao empregar novas tecnologias, agimos nas moléculas do concreto e endurecemos sua espinha dorsal contra manifestações patológicas. Nenhuma inovação agregada ao concreto, e comprovadamente eficaz, deixou de melhorar o material. As tecnologias sempre deixam seu legado positivo”, reconhece Jon Belkowitz, para quem as universidades e os centros de pesquisa têm papel relevante neste trabalho. “Nosso papel, como inovadores do concreto, é permitir que o mundo continue usando concreto. Isso é feito por meio da educação, da pesquisa e da adoção de tecnologias inovadoras que trarão soluções para o amanhã”, finaliza.

Entrevistado
Reportagem com base em palestra de Jon Belkowitz, diretor de P&D do Instituto Concreto Inteligente, na edição 2019 do World of Concrete (WOC)

Contato: jon.belkoiwitz@intelligent-concrete.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Infinito Vão

Portugal desvenda 90 anos da arquitetura brasileira

Infinito Vão
Exposição “Infinito Vão - 90 Anos de Arquitetura Brasileira”: o melhor da história da arquitetura brasileira agora está em Matosinhos, em Portugal. Crédito: Lara Jacinto/Casa da Arquitectura

“Infinito Vão - 90 Anos de Arquitetura Brasileira” é considerada a mais completa exposição sobre os principais arquitetos do país e suas obras. Organizada pela Casa da Arquitectura (CA), ela acontece até 28 de abril de 2019 em Matosinhos-Portugal. Foram dois anos de pesquisa para reunir um patrimônio com mais de 200 doações, e que vai integrar o acervo permanente da CA. O acervo ainda conta com 103 projetos originais e mais de 50 mil elementos entre desenhos, fotografias, documentos textuais, filmes, maquetes, cerâmicas e outros objetos históricos. O material foi todo digitalizado e, em breve, poderá ser visto também pela internet. Porém, os originais não retornam mais ao Brasil.

O título da exposição foi inspirado no trecho da música Drão, de Gilberto Gil, onde um dos poemas diz: “... o verdadeiro amor é vão, estende-se infinito, imenso monolito, nossa arquitetura...”. A seleção dos projetos e dos objetos esteve a cargo dos curadores brasileiros Fernando Serapião e Guilherme Wisnik, que procuraram abranger diferentes gerações de arquitetos brasileiros. Entre os autores selecionados destacam-se Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, MMM Roberto, Sergio Bernardes, Roberto Burle Marx, Vilanova Artigas, Lina Bo Bardi, Rino Levi, Severiano Mario Porto, João Filgueiras Lima (o Lelé) e Paulo Mendes da Rocha.

Os projetos que estão em Portugal resultaram de contratos de doação assinados pelos arquitetos e seus herdeiros. A maior parte dos desenhos originais destes autores estava no acervo de coleções públicas e privadas (faculdades, fundações e instituições brasileiras), com quem os curadores, em nome da Casa da Arquitectura, realizaram um acordo, a fim de viabilizar a exposição. A maior parte da coleção é dedicada à fase contemporânea dos autores, mas contempla também profissionais de gerações mais jovens da arquitetura brasileira, como Marcos Acayaba, Brasil Arquitetura, Angelo Bucci, Andrade Morettin e Carla Juaçaba.

Veja os períodos abordados na exposição

1924 a 1943
Envolve o vertiginoso processo de “formação” da arquitetura moderna brasileira, documentado na mostra Brazil Builds, em 1943, no Museu de Arte Moderna de Nova York.

1943 a 1957
No período que vai da Pampulha até o concurso para o Plano Piloto de Brasília, o Brasil viveu o apogeu de uma geração que inventou uma arquitetura arrojada, de espaços amplos e perfis sinuosos, que sublima os esforços da construção e seus grandes vãos. Destacam-se nesta fase Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.

1957 a 1969
Enquanto a arquitetura carioca declina, surge em São Paulo, o centro industrial do país, uma produção vigorosa, baseada no uso pleno do concreto armado e aparente, na afirmação do peso e na exploração formal das estruturas.

1969 a 1985
No norte do país, Severiano Porto cria uma arquitetura que combina a linguagem moderna com a tradição construtiva indígena. Em São Paulo, aproveitando o clima de distensão da ortodoxia moderna, Lina Bo Bardi, no Sesc Pompeia, e Eurico Prado Lopes e Luiz Telles, no Centro Cultural São Paulo, criam edifícios lúdicos, nos quais a didática estrutural já não é o centro da questão.

1985 a 2001
Sediado na Bahia, João Filgueiras Lima, o Lelé, adapta as “formas livres” de Niemeyer a um raciocínio de industrialização, utilizando da fabricação pré-fabricada do concreto para amparar a construção dos hospitais da rede Sarah Kubitschek por todo o Brasil.

2001 a 2018
Esse período aborda a convivência contrastante entre uma valorização hedonista da arquitetura, em edifícios culturais e prédios ligados ao mercado imobiliário, e um forte ativismo de coletivos e movimentos sociais por moradias.

Números da exposição

• Anos de preparação: 2
• Arquitetos com obras na exposição: 136
• Projetos em exposição: 90
• Metros quadrados de área expositiva: 1.000
• Meses de programação: 7
• Coleção: 103
• Projetos doados: 2.822
• Quilos de material levados do Brasil: 50.292
• Documentos doados: 45.581
• Desenhos originais: 2.950
• Fotos: 1.485
• Publicações: 150
• Documentos em texto: 92
• Maquetes: 18
• Fac-similes: 11
• Filmes: 3
• Cerâmicas: 10

Entrevistado
Reportagem com base no material de divulgação da exposição “Infinito Vão - 90 Anos de Arquitetura Brasileira”
(via assessoria de imprensa)

Contatos
info@casadaarquitectura.pt
http://casadaarquitectura.pt/exposicoes/

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Barragem

Tecnologia faz lama de barragem virar agregado do concreto

Barragem
Resíduos de barragens de mineradoras: em vez de tragédias, eles podem gerar artefatos para a construção civil. Crédito: Evandro Moraes da Gama/UFMG

No Brasil, já existe tecnologia para transformar a lama de rejeitos de mineradoras, acumulada em perigosas barragens a montante, em agregados que podem ser empregados na produção de concreto, argamassa, cerâmica, tijolos e blocos, com aproveitamento em várias obras. A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) mantém linhas de pesquisa relacionadas ao aproveitamento de rejeitos. O departamento de engenharia de minas da universidade já consegue, através do processo de calcinação (queima controlada), separar componentes da lama, como areia, pozolana e pigmentos, que podem ser reaproveitados pela indústria da construção civil.

Segundo o chefe do departamento de engenharia de minas da UFMG, Roberto Galèry, já há tecnologias que possibilitam o aproveitamento de 100% desses rejeitos e sua transformação em artefatos cimentícios e cerâmicos. "Não são tecnologias caras”, argumenta. Seu colega de departamento, Evandro Moraes da Gama, também defende que o resultado destas pesquisas possa integrar o processo de economia circular na área da mineração. De acordo com o professor, o conceito de aproveitamento total de rejeitos já é adotado em vários países, como a China, que tem como meta aproveitar 22% de seu volume de rejeitos minerais até 2022.

Pesquisas têm o apoio da ABCP e ganham impulso para virar lei

Uma casa-protótipo construída em Pedro Leopoldo-MG, pela escola de engenharia da UFMG, demonstra a viabilidade desses materiais. Estudo semelhante também envolve o grupo de pesquisa em resíduos sólidos (RECICLOS) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais. Todas essas inovações contam com o apoio da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), a exemplo do que ocorre também no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CEPED), ligado à Universidade Estadual da Bahia. Nesta pesquisa, o foco está na produção de tijolos solo-cimento a baixo custo, a fim de construir habitações populares na região cacaueira do estado.

Recentemente, a tecnologia para transformar a lama de rejeitos de mineradoras em agregados e artefatos ganhou um impulso importante. Passou a tramitar no Senado Federal o projeto de lei (PL 1496/2019) que altera a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e obriga as empresas a destinar parte dos resíduos de mineração para a fabricação de materiais de construção. O texto determina que a lama não-tóxica seja destinada à fabricação de blocos para alvenaria, tijolos, telhas, cerâmicas e lajotas. A medida deverá ser implantada progressivamente. O objetivo é que, a partir do quinto ano após a publicação da lei, 100% dos resíduos sejam destinados à produção de artefatos para a construção civil. Atualmente, o projeto tramita na Comissão de Serviços de Infraestrutura  e depois será apreciado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado.

Veja vídeo sobre as pesquisas na UFMG

Entrevistado

Departamento de engenharia de minas da UFMG, ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e Senado Federal (via assessoria de imprensa)

Contatos
agencia@senado.gov.br
meioambiente@abcp.org.br
assessoriadeimprensa@ufmg.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Vila olímpica Pan 2019

Lima, no Peru, é canteiro de obras. Motivo: o Pan 2019

Vila olímpica Pan 2019
Vila olímpica do Pan 2019: tecnologia de paredes de concreto e uso de conceitos inéditos de acessibilidade no Peru. Crédito: Agência Andina

Outro evento esportivo transforma uma cidade sul-americana em canteiro de obras. Desta vez, é Lima, no Peru, que de 26 de julho a 11 de agosto vai sediar o Pan. Além das instalações esportivas, cuja execução das obras passou de 98% em março, a capital peruana investe também em saneamento básico e em projetos de mobilidade, que vão desde a implantação de linhas de BRT até a construção de pontes, metrô e ampliação do aeroporto. Os projetos se apóiam maciçamente na construção industrializada do concreto para conseguir cumprir o cronograma, que pretende estar com 100% das obras concluídas até abril deste ano.

O Peru investe 1,5 bilhão de dólares na infraestrutura esportiva para sediar os jogos. O maior e mais caro projeto envolve a construção da Vila Pan-Americana. Trata-se de um complexo de 1.120 apartamentos, divididos em um edifício de 20 andares e outros três com 19 pavimentos, onde ficará hospedada a maioria dos 9.000 participantes do evento. Para atender o cronograma, os prédios foram construídos usando a tecnologia de paredes de concreto moldadas in loco, através de fôrmas metálicas. São 548 apartamentos de 70 m2, 212 de 73 m2 e 336 de 75 m2 - esses, habilitados para receber paratletas. "Esses sete prédios são os primeiros que atendem conceitos de acessibilidade no país”, revela o operations-manager do Pan, Alberto Valenzuela.

O complexo esportivo do Lima 2019 está em construção em uma área de 21 hectares, que engloba três arenas poliesportivas, um centro de surfe e campos de tiro. Entre as edificações está o estádio aquático, com capacidade para 4.300 pessoas, e uma arena poliesportiva para 1.800 espectadores. Também se encontra em reforma o estádio de atletismo, com capacidade para 10.000 lugares. A pista foi construída com materiais semelhantes aos que serão usados nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e aprovada nos testes de certificação da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, por sua sigla em inglês).

Ampliação do aeroporto de Lima e nova linha de metrô serão legados dos jogos

Entre as obras de infraestrutura em andamento, duas são relevantes para a cidade-sede do Pan: a ampliação do aeroporto internacional Jorge Chávez, que terá capacidade de receber 23 milhões de passageiros/ano, entre voos nacionais e internacionais, e a construção da Linha 2 do Metrô de Lima, com 27 quilômetros de extensão. Havia a expectativa de que a obra ficasse pronta para o evento esportivo, mas os reflexos da operação Lava Jato, deflagrada no Brasil, se fizeram sentir no Peru. Isso porque, do consórcio construtor faziam parte as empreiteiras Odebrecht Latinvest Peru, Construtora Andrade Gutierrez Filial Peru e Construtora Queiroz Galvão Filial Peru.

O primeiro trecho da Linha 2 do Metrô de Lima só deverá ser inaugurado em 2020. A obra está estimada em 5,2 bilhões de dólares e envolve 3 mil trabalhadores. Quando pronto, terá capacidade para transportar 660 mil passageiros por dia. É a primeira obra de metrô subterrâneo do Peru. A perfuração dos túneis usa duas tecnologias: o Novo Método Austríaco para Abertura de Túneis (NATM, New Austrian Tunnelling Method), que utiliza concreto projetado nas paredes, e o TBM (Tunnel Boring Machine) em que aduelas de concreto pré-fabricado são montadas na parede da escavação, dando acabamento ao túnel. Essa etapa está bem atrasada, pois a fábrica para a produção de aduelas só deve entrar em operação no fim do primeiro semestre de 2019.

Entrevistado
Comitê
Olímpico dos Jogos Lima 2019 (via assessoria de imprensa)

Contato: prensacop@coperu.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Omnichannel na construção civil: como usar a ferramenta?

O cliente está cada vez mais propenso a comprar em ambientes integrados, ou seja, utilizar diversos canais e poder cruzar experiências em lojas físicas e online. Para facilitar esse novo comportamento do consumidor, e traçar uma estratégia aos varejistas, surgiu a ferramenta omnichannel. Ela permite acompanhar o ciclo de compras de um cliente através de qualquer um dos canais de atendimento da empresa: loja física, loja online e loja integrada. Do latim, omni significa “tudo”, ou seja, é preciso se preocupar em oferecer um atendimento amplo ao cliente, utilizando o máximo de tecnologia e inovação disponíveis. Quem explica é a especialista em Omnichannel, Fabíola Paes. Confira a entrevista:

Para um leigo, como poderia se definir Omnichannel?

De uma forma simples, o conceito se traduz pela unificação de todos os canais de venda (e-commerce, assistentes virtuais, aplicativos e lojas físicas) em uma só experiência. Desta forma, o cliente pode usar o e-commerce ou app para comprar e a loja física para fazer a retirada dos produtos. Também pode pesquisar na loja física e comprar de madrugada usando a plataforma como uma “prateleira infinita”, que, além de trazer os produtos e as ofertas, oferece formas de pagamento, entrega e retirada eficazes. É por isso que dizemos que, dentro do chamado Varejo 4.0, as soluções tecnológicas vieram para facilitar tanto a vida do cliente - onde ele pode pesquisar à vontade, fazer comparações, comprar com segurança e ter rapidez na entrega -, como a do varejista, que pode integrar seus estoques, transformando-os em minicentros de distribuição, diminuindo custos, ampliando a conversão das vendas e melhorando o seu diálogo com o consumidor. Outra possibilidade é a integração de canais com o chamado clique & retire, que traz comodidade e diminuição de taxas, ao mesmo tempo em que alavanca o fluxo de clientes no PDV.

Dos setores da economia brasileira, qual está usando com mais frequência o Omnichannel?

O conceito de omnicalidade ainda é algo novo no Brasil, mas já tem muitos adeptos na área do varejo. Isso porque, um varejo conectado vende até 20% a mais, pois além de enviar ofertas exclusivas ao cliente estimula a vontade de ir até à loja para conhecer ou experimentar determinado produto. Pesquisas também mostram que 47% dos consumidores conectados vão até as lojas físicas por que desejam experimentar ou ver algo pessoalmente. Entre os segmentos mais maduros estão o de eletroeletrônicos e móveis (impulsionados pela Magazine Luiza, Lojas MM e Via Varejo) e moda (impulsionados pela Centauro, Hering e C&A).

A cultura Omnichannel já foi apresentada à construção civil? Caso sim, como tem sido essa relação?

Acredito que a cultura omnichannel tem chegado ao setor por meio das revendas de construção e pelas grandes lojas de departamento que trabalham com produtos e insumos voltados para esta área. O objetivo desta cultura é a convergência de todos os canais e a possibilidade de fazer com que o consumidor não veja a diferença entre o mundo online, offline e o PDV (ponto de venda) físico. Varejistas desse setor podem se digitalizar para atender consumidores que estão em busca de materiais para obras, por exemplo. A escolha e compra do produto pode ser feita por um canal digital (e-commerce, aplicativo, WhatsApp ou assistente virtual) e a retirada é feita na loja no mesmo dia. Vale a pena investir em sistemas omnichannel nesse setor. Segundo estudo do IDC Retail Insights, divulgado recentemente no portal Home Center View, varejistas que utilizam o conceito multicanal omnichannel perceberam um aumento de 15% a 35% no ticket médio das transações, e alta de 5% a 10% na rentabilidade com clientes. As informações tomam como base dados do 3º trimestre de 2018.

Especificamente, no varejo de materiais de construção, como a ferramenta pode ajudar, por exemplo, a alavancar vendas?

A inovação é uma aliada importante para quem deseja crescer e se manter atualizado. Além de alavancar vendas e trazer novos consumidores para o PDV, que estejam interessados em conhecer determinado produto já pesquisado na internet, as ferramentas proporcionam o conhecimento de hábitos e interesses do consumidor. Isso proporciona uma gama ainda maior de negócios e estratégias de marketing exclusivas para o cliente. Importante lembrar que, segundo estudo da Criteo, 22% de todas as transações em desktop no Brasil são precedidas de um clique em um dispositivo mobile. Das empresas que atuam com produtos para o segmento da construção civil, uma que investiu forte na cultura omnichannel foi a Leroy Merlin. Entre os resultados anunciados pela companhia estão “crescimento de 36% nas visitas às lojas e 26% de redução no custo por visita, após a implementação de campanhas no Google Shopping”.

“Os varejistas precisam estar dispostos a enfrentar as barreiras para conseguir evoluir dentro do processo de relacionamento e experiência entre consumidor e marca.”

Quando apresentada aos colaboradores de uma empresa, qual impacto o Omnichannel causa?

O que as organizações precisam é de uma real sintonia entre objetivo e prática. Isso significa que, além dos investimentos em tecnologia e inovação, é preciso observar a operação dentro e fora da loja e centralizar o consumidor diante todas essas ações. Atualmente, existem no Brasil diversas startups que podem ajudar nesse processo. Por outro lado, já existem muitos varejos implementando os “labs” (laboratórios de inovação) dentro da própria infraestrutura empresarial. Com essa proximidade, fica mais simples e rápido expandir e colocar em prática todas as ideias de sucesso. Os varejistas, sobretudo, precisam estar dispostos a enfrentar as barreiras para conseguir evoluir dentro do processo de relacionamento e experiência entre consumidor e marca. Nem sempre o novo é bem aceito, por isso é interessante despir-se de preconceitos e investir em conhecimento. 

É necessário treinamento dos colaboradores para usufruir o melhor do Omnichannel?

Sempre digo que o primeiro passo é estar aberto às inovações e tendências do novo varejo e desejar conhecer e compreender esse universo omnichannel. O segundo passo é procurar investir em soluções tecnológicas que permitam a integração de canais de venda, de acordo com o modelo de negócios do segmento. O terceiro é preparar e remodelar as estratégias de marketing e comerciais, oferecendo treinamentos às suas equipes, a fim de que todos vejam a tecnologia como uma aliada na geração de novos negócios e ferramenta essencial para o crescimento exponencial em vendas e engajamento do consumidor.

Qual o futuro do Omnichannel no Brasil?

A tendência é a consolidação e uma permeabilidade cada vez maior em vários setores da cadeia comercial. Encontraremos mais lojas integradas, experiências envolvendo tecnologia e o consumidor sempre centralizado em meio a toda modernização para que ele tenha uma jornada sem atritos em todos os canais. No entanto, já caminhamos para a era do chamado “Commerce Relevancy”, onde as ofertas e promoções em qualquer canal de vendas serão individualizadas e personalizadas. Como conhece melhor o consumidor, o varejo poderá ser mais preciso nas ofertas de real interesse dos seus clientes.

Por fim, como a senhora se tornou especialista em Omnichannel?

A minha trajetória vem de uma longa caminhada no varejo. Conheci o termo Omnichannel na NRF, a maior feira do setor nos Estados Unidos e, com o objetivo de me aprimorar, estudei este conteúdo no mestrado, defendendo na minha dissertação, em 2016, com base na utilização de diversos canais para compras, integrando a experiência das lojas físicas e online. Assim, passei a difundir um conceito no qual acredito e no qual vejo um infinito de possibilidades para o varejista e para o consumidor.

Entrevistada 
Fabíola Paes, especialista em varejo, co-fundadora da Neomode (startup que oferece soluções omnichannel para o mercado varejista), professora da ESPM e no MBA de Varejo e Mercado na USP/Esalq.

Contato: fabiola@neomode.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Marcel Malczewski

Inovar não é modismo, mas fundamental à construção civil

Marcel Malczewski
Marcel Malczewski: construtechs devem se concentrar em soluções que tenham como foco a redução custos. Crédito: Prefeitura de Curitiba

Em palestra no seminário “Novas Perspectivas no Mercado Imobiliário”, Marcel Malczewski, fundador da empresa de tecnologia Bematech e CEO da M3 Investimentos, afirmou que investir em inovação é uma necessidade vital para as empresas – principalmente, as ligadas à construção civil. Ele citou cases como a CONAZ e a AMBAR Brasil, construtechs que agregaram sistemas novos à forma de se construir. Ambas trabalham para transformar o canteiro de obras em linha de produção, melhorando a cadeia de suprimentos e investindo na indústria de pré-fabricados de concreto. Com a palestra “Inovar é preciso... e você não tem mais escolha”, Marcel Malczewski revela também como entrou para o mundo das startups da construção civil.

Apelidado de “Bill Gates curitibano”, Marcel Malczewski aderiu a um mercado que só faz crescer no Brasil. Atualmente, existem no país 350 startups ligadas aos setores da construção civil e imobiliário no país. A porta de entrada para que investisse neste segmento foi a CONAZ - construtech de Florianópolis-SC voltada para a orçamentação e a tomada de preços para pequenas e médias construtoras. Santa Catarina, aliás, destaca-se no mercado de construtechs. O estado também é sede da Welob, que atua no planejamento e no controle de obras. O empreendedorismo catarinense em inovação só fica atrás de São Paulo, onde a USP tem papel importante no fomento a startups, através do Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), a incubadora de empresas da Universidade de São Paulo.

Target das construtechs é atuar na desintermediação das várias etapas de uma obra

Marcel Malczewski lembra que o target das construtechs é atuar na desintermediação de processos nas várias etapas de uma obra. “Basicamente, elas buscam soluções para aumentar a produtividade”, diz. Partindo deste princípio é que a AMBAR Brasil se transformou na construtech mais bem sucedida do país. A empresa, que tem sede em São Carlos-SP, faturou 100 milhões de reais em 2018 e está avaliada em mais de 230 milhões de reais. A startup da construção criou um processo batizado de “full installation”. Ele diminui o tempo de produção, a quantidade de mão de obra necessária, melhora a qualidade e minimiza desperdício de materiais. O segredo está na prioridade que se dá aos produtos industrializados e à instalação modular, a fim de transformar o canteiro de obras em uma linha de montagem.

Para Malczewski, o Brasil vive o melhor momento para startups e construtechs. Porém, ele orienta quem pretende empreender nesse nicho. “Pense em um produto ou solução que tenha como foco a redução de custos de alguma etapa da obra que as grandes construtoras não conseguem resolver”, diz. Quanto à disponibilidade de recursos, ele assegura que uma boa ideia sempre vai conseguir atrair investidores. “Hoje, há mais dinheiro disponível do que projetos realmente inovadores e que podem ter escala. Além disso, a tecnologia está disponível para todos. Muito diferente de quando fundamos a Bematech, nos anos 1980”, recorda o palestrante.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Inovar é preciso... e você não tem mais escolha”, de Marcel Malczewski, ocorrida dentro do seminário “Novas Perspectivas no Mercado Imobiliário”

Contato: contato@m3invest.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330