Uso do BIM já consegue reduzir 10% do custo da obra

Seminário da ABDI e da ABRAMAT revelou plano do governo federal para que BIM seja integrado às obras públicas.
 Crédito: Youtube
Seminário da ABDI e da ABRAMAT revelou plano do governo federal para que BIM seja integrado às obras públicas.
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Paralelamente à FEICON 2019, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (ABRAMAT) promoveram o 2º Seminário de Disseminação do BIM e a Indústria de Materiais de Construção no Brasil. O evento mostrou dados reveladores. Entre eles, o de que quem já está usando o BIM (do inglês, Building Information Modelling) em seus projetos tem reduzido em até 10% o valor total da obra.

Apesar de a ferramenta elevar o custo com TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), design, arquitetura e engenharia, existe a compensação ao diminuir gastos com desperdício de insumos e outros materiais de construção, além de um gerenciamento mais eficaz da mão de obra, reduzindo retrabalhos. "Nosso objetivo é contribuir para a mudança de paradigma da construção civil no Brasil. E nesse ponto, o BIM é uma revolução”, diz a coordenadora de difusão tecnológica da ABDI, Talita Daher.

Registro histórico mostra que o BIM teve a primeira incursão no Brasil em 2004. Após uma década de expansão, a ferramenta passou a ser deixada de lado por escritórios de engenharia e arquitetura, a partir de 2014. Motivo: o aprofundamento da crise econômica inibiu o investimento em softwares, em computadores mais potentes, em pessoal especializado e em tempo maior para desenvolver os projetos.

Expectativa é de que até 2028 o BIM esteja totalmente integrado à construção civil brasileira

Convicto de que o BIM é eficaz no monitoramento de desvios em obras públicas, o governo federal decidiu incentivar o uso da ferramenta. "O governo está absolutamente comprometido com a disseminação do BIM. Prova disso é que a estratégia, lançada em maio de 2018, envolveu a participação de nove ministérios. As ações estão em curso e a meta é que, até 2028, o BIM esteja integralmente adotado pelo setor, inclusive como critério para as obras públicas", aponta a subsecretária da Indústria, da Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade (SEPEC), do Ministério da Economia, Talita Saito.

O plano prevê que a primeira fase de exigência do BIM em obras públicas comece em 1º de janeiro de 2021, com os projetos de arquitetura e de engenharia. A segunda fase terá início em 1º de janeiro de 2024, quando envolverá projetos de execução. A última etapa iniciará em 1º de janeiro de 2028, com abrangência total da obra: projetos, execução e pós-obra (gerenciamento e manutenção). “O BIM é um instrumento de economia de escala, mas só vai pegar com o envolvimento e a cooperação do setor produtivo", destaca a subsecretária.

Para que essas metas sejam atingidas, a Biblioteca Nacional BIM (BNBIM) é fundamental. A plataforma faz parte da Política Nacional de Disseminação do BIM, também conhecida como Estratégia BIM BR. Atualmente, a primeira biblioteca BIM pública no mundo conta com 1,6 mil itens.

Acesse a Biblioteca Nacional BIM
https://plataformabimbr.abdi.com.br/bimBr/#/


Assista a íntegra do 2º Seminário de Disseminação do BIM e a Indústria de Materiais de Construção no Brasil
https://www.youtube.com/embed/_71FT8RdldE

Entrevistado
Reportagem com base em dados apresentados no 2º Seminário de Disseminação do BIM e a Indústria de Materiais de Construção no Brasil

Contato
abdi@abdi.com.br abramat@abramat.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Água, Cimento Portland e Concreto: por que não se vive sem eles?

O concreto é o segundo produto mais consumido na economia global, depois da água. Consequentemente, o Cimento Portland - principal matéria-prima do concreto - também está entre os mais consumidos. E continuará assim por muitos anos ainda, estima Chris Cheeseman, professor de engenharia de recursos de materiais do Imperial College London. “A explicação é simples: o concreto é muito bom no que faz, graças ao cimento. Ainda não inventaram um material capaz de, em estado líquido, se moldar a praticamente qualquer forma. Já em estado sólido, também não criaram algo capaz de se tornar tão resistente quanto a rocha, sobretudo quando combinado com o aço”, analisa o professor.

Outro fato que torna o concreto praticamente insubstituível é que as matérias-primas usadas para fabricar o Cimento Portland são baratas e abundantes na maioria dos lugares ao redor do globo, ou seja, se o mundo quiser continuar progredindo terá que seguir usando concreto. “A ONU estima que haverá quase 10 bilhões de pessoas vivendo no planeta por volta de 2050. Elas precisarão morar e se locomover pelas cidades, e só o concreto poderá lhes dar moradias e vias para trafegar”, completa Chris Cheeseman. A prova é que, em 15 anos (2002 a 2017), a produção global de cimento mais que dobrou. Saiu de 1,8 bilhão de toneladas para 4,1 bilhões de toneladas.

Para Paulo Helene, o mundo se divide em a.C e d.C: antes e depois do concreto

O professor do Imperial College London destaca outra razão que torna o concreto praticamente insubstituível. “Concreto e aço têm propriedades semelhantes de expansão térmica. Então, o aço pode ser usado para reforçar o concreto, tornando-o mais forte e flexível como material de construção do que poderia ser por conta própria. Essa combinação é difícil de superar. Inventar um material com propriedades semelhantes será muito difícil”, estima Chris Cheeseman. A tese é apoiada por um dos principais estudiosos do concreto no Brasil: o professor-doutor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Helene. “O que ocorre entre o concreto e o aço é um milagre divino. Nenhum outro material preserva tanto o aço quanto o concreto”, afirma.

O concreto foi patenteado em 1892, na Suíça. A partir daquele ano passou a se incorporar às cidades, propiciando transformações na engenharia e na arquitetura, além de mudanças radicais na cena urbana. “O concreto criou a arte de projetar e construir estruturas. As obras, antes limitadas à alvenaria estrutural, ganharam novas alternativas geradas pelo concreto armado. As estruturas passaram a não depender mais das paredes de vedação e isso mudou o curso da história. Vieram os prédios com vários pavimentos e uma série de outras transformações. O concreto armado é umas das grandes invenções que transformaram o século 20. Diria até que o mundo se divide em a.C e d.C: antes e depois do concreto”, conclui Paulo Helene.

Entrevistado
Reportagem com base em artigo do professor Chris Cheeseman, do Imperial College London, ao jornal britânico The Guardian, e em palestras de Paulo Helene, registradas pelo Massa Cinzenta

Contato
c.cheeseman@imperial.ac.uk

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Veja o que leva à baixa produtividade na construção civil

Juntas, as 500 maiores empresas do Brasil, incluindo as ligadas à cadeia produtiva da construção civil, perdem R$ 230 milhões por ano com a baixa produtividade em suas operações. O levantamento é da Levee, startup que desenvolve ferramentas de gestão usando Inteligência Artificial. O estudo constatou que a distância entre moradia e trabalho é um dos fatores que mais contribui para a baixa produtividade do trabalhador brasileiro. Em setores como o de serviços e de varejo, os obstáculos entre sair de casa e chegar ao trabalho podem causar até 10% das faltas diárias.

A rotatividade no quadro de funcionários também é outro fator que atrapalha a produtividade. Há empresa em que o turnover chega a 40% ao ano. Neste caso, na maioria das vezes, o trabalhador, mesmo satisfeito com as políticas da companhia, troca de emprego para reduzir seu tempo de deslocamento em 30 minutos. Para minimizar esse impacto na produtividade, a recomendação é que se leve a geolocalização em conta na contratação de funcionários. “Embora a tecnologia não consiga resolver os problemas do trânsito, pode ajudar a encontrar os profissionais com o perfil mais adequado à vaga e que morem mais próximos do local de trabalho, o que pode cortar faltas, atrasos e rotatividade”, diz Jacob Rosenbloom, CEO da Levee.

O executivo lembra ainda que discutir a produtividade ainda é um tema relegado na empresa. “Inevitavelmente, a discussão sobre produtividade da força de trabalho passa por outros inúmeros fatores, mas o começo pode ser com práticas simples e escaláveis que possam ser disseminadas posteriormente de forma orgânica pela companhia”, sugere. Para que ocorra essa mudança, Jacob Rosenbloom propõe uma lógica batizada de “70-20-10”, na qual 70% do tempo do funcionário deve se concentrar nas metas de produção. Outros 20% em projetos-pilotos e testes e 10% a uma fase exploratória, em que são estimuladas oportunidades em áreas não óbvias, e ficam a critério do funcionário.

Trabalhador brasileiro é 4 vezes menos produtivo que o dos Estados Unidos

Rosenbloom destaca que nesses 10% é que podem ser gerados os frutos para que a empresa se consolide como inovadora. “Pode ser que as ideias que estejam nos 10% nem virem projetos para a fase de produção, mas eles podem ajudar a impulsionar a inovação. De toda forma, a prática é um estímulo para que os gestores e as equipes mantenham suas cabeças abertas e conectadas a novas possibilidades”, resume. Com o uso de Inteligência Artificial, China e Estados Unidos têm conseguido implementar esses conceitos. É o que eles chamam de "algoritmização" de suas operações. Só que para alcançar esse estágio, o Brasil vai precisar investir mais em educação.

Hoje, o trabalhador brasileiro demora uma hora para desempenhar uma tarefa que o norte-americano leva 15 minutos e o alemão e o chinês demoram 20 minutos. Essa diferença é sentida principalmente nos canteiros de obras. Com nível educacional mais elevado, o operário nos EUA consegue absorver treinamentos e tecnologias com mais rapidez, assim como operar equipamentos mais complexos. Isso resulta em menor tempo consumido para a execução de um trabalho. Estudo recentemente desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas vai ao encontro dessa tese. Ele constatou que, além das correções estruturais necessárias para melhorar a produtividade, o Brasil precisa trilhar dois caminhos: melhorar a educação em todos os níveis (inclusive técnico) e investir na modernização do capital físico (máquinas e equipamentos das empresas).

Entrevistado
Reportagem com base em estudo realizado pela Levee, startup que desenvolve ferramentas de gestão usando Inteligência Artificial

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levee@levee.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Luciano-Guimaraes

Norma prepara ambiente para cidades inteligentes.

Luciano-Guimaraes
Luciano Guimarães: CAU-BR apóia conceitos de cidades inteligentes que atendam metas definidas pelas Nações Unidas.

A ABNT NBR 16636 - Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos - ganhará uma 3ª parte. Ela terá foco em assentamentos urbanos e áreas urbanas a serem renovadas. O objetivo é orientar o planejamento e o desenvolvimento de projetos urbanísticos ao longo de todas as etapas. O processo de aprimoramento busca adaptar a norma técnica aos novos conceitos de cidades inteligentes, que começam a permear os grandes centros urbanos do Brasil.

O arquiteto e urbanista João Carlos Correia, representante do CAU-BR no grupo que discute a ABNT NBR 16636-3, e também presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), concorda que a revisão da norma ordena uma metodologia de intervenção que pode ser aplicada aos conceitos de cidades inteligentes no Brasil. “Ela tem como premissa a diretriz para o conjunto de projetos das diversas especialidades para a execução de novos espaços urbanos ou intervenção nos espaços existentes”, diz.

A parte 3 da ABNT NBR 16636 é um conteúdo novo a ser acrescentado à norma técnica. O objetivo é definir claramente todas as etapas de um projeto urbanístico. “Ela tem o propósito de orientar o planejamento e o desenvolvimento de projetos urbanísticos ao longo de todas as suas etapas, bem como o inter-relacionamento com as demais especialidades da arquitetura, urbanismo e engenharia”, esclarece João Carlos Correia. A previsão é que a parte 3 da norma técnica seja publicada ainda em maio de 2019.

Rumo das cidades realça protagonismo de arquitetos e urbanistas

Para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-BR), o posicionamento é de incentivo aos projetos de cidades inteligentes e sustentáveis. “O CAU- BR tem apoiado as ações definidas pela agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015, e que é composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030”, afirma Luciano Guimarães, presidente do CAU- BR. “O CAU entende que, se o conceito de cidade inteligente caminha para o que determina a agenda acima descrita, apoiará tais conceitos”, completa.

Para o representante do CAU no grupo que analisa a ABNT NBR 16636, o protagonismo de arquitetos e urbanistas no rumo das cidades está cada vez mais acentuado. “A discussão sobre as cidades está na pauta atual. Esta, ainda que tardiamente, é uma preocupação sobre este espaço fantástico do que é uma cidade e seus reflexos na qualidade de vida, expansão econômica e meio ambiente. Novos conceitos produtivos incluem as cidades como ponto estratégico. Ao analisarmos a economia criativa, a cidade também tem um papel importantíssimo neste conceito. Estamos num momento crucial para rearranjar o espaço urbano, metropolitano e regional”, destaca João Carlos Correia.

As partes 1 e 2 da ABNT NBR 16636 já foram publicadas e substituem as antigas NBR 13531 (Elaboração de projetos e Edificações-Atividades técnicas) e a NBR 13532 (Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura). Com a parte 3, a ABNT NBR 16636 se torna mais completa. Entrevistados Luciano Guimarães, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-BR), e João Carlos Correia, presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA) (via assessoria de imprensa)

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atendimento@caubr.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

 


Obras de infraestrutura: a vez das empresas de médio porte

Grupo de trabalho da CICA dedica-se a abrir espaço para as empresas de médio porte no mercado de obras de infraestrutura. Crédito: CICA
Grupo de trabalho da CICA dedica-se a abrir espaço para as empresas de médio porte no mercado de obras de infraestrutura. Crédito: CICA

Na era pós-Lava Jato, o que começa a ocorrer é a abertura do mercado de infraestrutura para empreiteiras de médio porte. Até recentemente, essas empresas enfrentavam obstáculos para participar de grandes licitações e mostrar suas competências para atuar em obras públicas. O modelo anterior era concentrador e envolvia a participação de um seleto grupo de grandes construtoras. Agora, existe uma nova realidade empresarial, econômica e jurídica no país. É o que aponta estudo da Confederação Internacional de Associações de Empreiteiros (CICA) e repercutido pela Comissão de Infraestrutura (Coinfra) da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Para Carlos Eduardo Lima Jorge, vice-presidente da área de Infraestrutura da CBIC e presidente da Comissão de Infraestrutura (Coinfra), transparência, eficiência e isonomia são as palavras de ordem que devem reger essa nova realidade. “Quando nos voltamos para incentivar o mercado para empresas de menor porte, temos também que adaptar tais critérios à nova realidade empresarial e econômica do país”, avalia. A expectativa é de que o Brasil siga uma tendência mundial, onde as empreiteiras de médio porte contribuem com até 60% dos empregos formais do setor da construção civil e têm participação de 40% no PIB do setor, dentro das economias em desenvolvimento.

Para a CICA, as construtoras de médio porte podem desempenhar um papel relevante no mercado brasileiro de obras de infraestrutura. Por três razões: 1. As administrações públicas podem economizar recursos públicos; 2. As empresas são mais abertas a adotar processos criativos e inovadores; 3. Ao compartilhar o mercado com um número maior de empresas, em vez de um mercado mais restritivo, é possível se obter uma melhor distribuição da riqueza. “Esses objetivos são relevantes o suficiente para justificar os esforços para a criação de políticas voltadas ao fomento de uma maior e eficiente participação de empresas de médio porte no mercado de infraestrutura”, avalia a Confederação Internacional de Associações de Empreiteiros.

Obras entre R$ 200 milhões e R$ 1 bilhão são ideais para empreiteiras de médio porte

De acordo com o estudo da CICA, as empreiteiras de médio porte são aquelas com capital social que varia entre 60 milhões de reais e 300 milhões de reais. O estudo também indica que essas empresas estão aptas a concorrer a obras com orçamento entre 200 milhões de reais e 1 bilhão de reais. Na Europa, por exemplo, projetos que se enquadram nestes valores contam com o incentivo dos governos e dos investidores para que sejam tocados por construtoras de médio porte. Já no Brasil, é necessário melhorar alguns ambientes de negócio. Entre eles, segurança jurídica, autonomia dos municípios para contratar obras de infraestrutura, consórcios formados por empresas de porte médio, incentivos às PPPs, resolução de conflitos e compliance.

Em seu relatório, a CICA conclui: “As empresas de médio porte desempenham papel importante no crescimento econômico em todo o mundo. Elas são consideradas fator-chave para impulsionar o desenvolvimento econômico e aumentar a criação de empregos, especialmente em países emergentes. No entanto, apesar da recente relevância no cenário econômico, sua participação no setor de infraestrutura ainda é muito restrita. Como resultado, o mercado de grandes obras, em geral, tem sido explorado quase exclusivamente por grandes empresas, embora algumas de suas operações possam ser realizadas por empresas menores.”

Entrevistado
Reportagem com base em estudo da Confederação Internacional de Associações de Construtores (CICA), elaborado pelo Grupo de Trabalho de Acesso das Médias Empresas ao Mercado de Infraestrutura.

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cica@cica.net

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Shopper assume protagonismo na hora de fechar negócio

era da experiência
Para Fátima Merlin, varejo vive a “era da experiência” e da diversidade de consumidores e de produtos. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

O cliente continua valorizado na cadeia de consumo, mas há um novo protagonista na hora de decidir a compra: o shopper. A tradução literal do inglês é comprador, mas a definição é mais abrangente. É esse personagem quem efetivamente realiza a compra. Ele decide o que, quando, quanto e como comprar, além de interagir com o vendedor e fazer o pagamento. Muitas vezes, o shopper não é nem quem vai consumir o produto, mas ele é o designado a finalizar a compra. Por isso, o foco de quem vende deve se voltar para esse protagonista. O motivo: é o shopper quem está diretamente sujeito às influências exercidas pelo ambiente da loja, como experiência de compra, conveniência, preço e variedade de produtos.

Mas, afinal, como identificar um shopper dentro da loja? Segundo a economista e especialista em marketing Fátima Merlin, boa parte dos shoppers hoje é formada por mulheres e jovens até 25 anos. Na palestra “A nova economia, o Shopper do futuro e aspectos relevantes da economia feminina”, a profissional citou pesquisa que mostra o quanto as empresas devem estar atentas a esse novo tipo de consumidor. Para 72% deles, a preferência de compra é dada às empresas que “cumprem aquilo que prometem”, “não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente” e são “coerentes na execução e na entrega do que se propõem a vender”. “Os clientes estão mais seletivos. Vivemos a Shoppercracia”, destaca a palestrante.

Outro dado relevante da pesquisa coordenada pela Connect Shopper e pelo Youpper, e que envolveu 2 mil consumidores e shoppers, é que responsabilidade social, ambiental e econômica são valores considerados cruciais para 63% dos entrevistados. “Estamos vivendo em uma economia pautada por valores. Nesse novo momento, é importante promover, construir e disseminar estratégias de varejo que valorizem as seguintes características: acolhimento, proximidade, orientação às pessoas, atenção ao ambiente, forte tendência à cooperação, ações inclusivas e empatia”, diz Fátima Merlin.

Internet e suas redes sociais potencializam diversidades que transformam o varejo

Ainda em sua palestra, que ocorreu no espaço Núcleo de Conteúdo - evento dentro da FEICON 2019 -, Fátima Merlin reforçou que o desafio não é ser gênero, cor ou raça, mas seres humanos. “É a diversidade que maximiza o resultado”, destaca a palestrante, para quem a diversidade não se limita aos consumidores mais exigentes e mais seletivos, mas também às mercadorias. “Há 20 anos, um varejo de alimentação em um espaço com 2 mil metros quadrados trabalhava com 5 mil itens. Hoje, esse varejo atua com 25 mil itens. Na construção civil não é diferente”, completa.    

Para Fátima Merlin, o varejo vive a “era da experiência”. “Todos estão propensos a experimentar. Então, a diversidade envolve também a quantidade de produtos disponíveis para o consumidor fazer seus experimentos”, afirma. A palestrante destaca ainda que a internet e suas redes sociais potencializam as informações sobre produtos, serviços e lojas, estimulando a diversidade do consumo. “A forma de comprar foi alterada e isso mudou também a forma como as empresas realizam negócios”, finaliza.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “A nova economia, o Shopper do futuro e aspectos relevantes da economia feminina”, de Fátima Merlin, e concedida dentro do espaço Núcleo de Conteúdo, na FEICON 2019

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Varejo da construção é ambiente fértil para as startups

Carlos Zago
Carlos Zago: startups são abertas, desburocratizadas e atendem a todos os segmentos da economia. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Especialista em desenvolvimento de startups, Carlos Zago avalia que os conceitos disseminados por essas empresas abertas à inovação podem se encaixar em qualquer segmento. Inclusive, o de lojas de varejo de material de construção. Para o CEO da Innovster, que palestrou no encontro VMC (Varejo de Material de Construção), ocorrido dentro da FEICON 2019, o que importa é estar aberto a novas ideias. “O primeiro passo para que o pequeno e o médio varejistas inovem em suas lojas é estar disposto a ouvir novas ideias. Independentemente do tamanho da empresa, o dono tem que dizer: estou aberto a novas ideias que possam impulsionar meu negócio”, diz.

Carlos Zago, que é médico de formação, lembra que as startups trouxeram conceitos e metodologias muito ágeis para todos os setores em que atuam. “Com elas, a inovação se tornou um espaço aberto. Antigamente, o dono da empresa era quem tinha as grandes ideias. Só que ele mantinha aquilo em sigilo, para uso exclusivo. Depois, as empresas cresceram e a inovação foi entregue aos setores de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Desde 2012, as grandes corporações passaram a perceber que estavam precisando investir cada vez mais em P&D para alcançar o mesmo nível de inovação, ou seja, a inovação burocratizou dentro das empresas e abriu espaço para as startups”, revela.

O palestrante destaca que as startups conseguem colocar inovações mais rapidamente no mercado. “Elas são abertas, desburocratizadas. São laboratórios de inovação. Hoje, por exemplo, um smartphone é feito de diversas inovações desenvolvidas por startups. É mais fácil, mais rápido e mais barato. Isso começa a chegar na construção civil com as construtechs”, afirma. Projeções estimam que até 2050 as construtechs devem influenciar todas as etapas da obra: do projeto ao processo de compras entre fornecedores e construtores, passando pelo canteiro de obras, a segurança no trabalho e chegando à gestão da manutenção predial.

O que mais cresce no Brasil são tecnologias de relacionamento com o consumidor

O varejo da construção também não está alheio às startups, apesar de ainda ser o mais tímido dos segmentos, se comparado com outros setores. O que mais cresce no Brasil, segundo dados da Retail Tech Mining Report, com apoio do Centro de Estudos e Pesquisas do Varejo (CEPEV) da USP e da Associação Brasileira de Startups, são as tecnologias voltadas para melhorar a forma de relacionamento com o consumidor. Entre março de 2018 e março de 2019, o número de empresas focadas neste tipo de inovação subiu de 194 para 269 no país. A região sudeste possui a maior concentração de startups (67,1%), seguida pela região sul (25,6%), Nordeste (5%), Centro-Oeste (1,8%) e Norte (0,8%). Metade destas empresas está no estado de São Paulo. O Rio Grande do Sul ocupa a segunda posição no ranking, com quase 10% das startups. Depois vêm Minas Gerais (9%), Paraná (8,2%), Santa Catarina (7,8%) e Rio de Janeiro (7,4%).

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Tecnologia e Inovações para o Varejo de Material de Construção”, de Carlos Zago, concedida no encontro VMC (Varejo de Material de Construção), na FEICON 2019

Contato: feicon@reedalcantara.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Soluções para vender mais na loja de material de construção

Loja 4D
Marcos Marrone e Margarete Candossim criaram o projeto Loja 4D para pequenos e médios comerciantes de materiais de construção. Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Gargalos que atrapalham pequenos e médios comerciantes podem ser resolvidos facilmente e melhorar faturamento.


O comércio online se expande, mas a
loja física não deixará de existir. A constatação é da arquiteta, publicitária e especialista em marketing, Margarete Candossim, que no espaço Núcleo de Conteúdo - evento dentro da FEICON 2019 - concedeu a seguinte palestra: “Melhore suas vendas sem investir muito”. Junto com o designer Marcos Morrone, a profissional desenvolveu o projeto Loja 4D. Eles detectam os gargalos que atrapalham as vendas de pequenos e médios comerciantes da construção civil e, em 4 dias, reformulam os conceitos da loja para que ela consiga ser mais atraente para os clientes.

Todo o processo de mudança é feito com o comércio em funcionamento, mas o planejamento se desenvolve ao longo de 3 meses. “No projeto, detectamos todas as dores da loja, no sentido do que é empecilho para ela interagir com o consumidor. A ideia é reduzir os atritos no percurso que o cliente percorre para escolher o produto que quer comprar, para pagar e para sair satisfeito da loja”, revela Margarete Candossim. Segundo a arquiteta, há casos em que a simples retirada de um balcão, permitindo o acesso direto do consumidor aos produtos, pode representar um aumento de até 30% no faturamento da loja.

O projeto Loja 4D envolve um passo a passo. Durante a fase de planejamento, o perfil do público que frequenta o comércio tem um peso significativo nas alterações. “O pequeno e o médio varejista, que representam 70% do comércio de material de construção no Brasil, têm entre seus clientes leais pessoas da terceira idade (acima de 65 anos). Esse público, que hoje equivale a 25% da população, possui grande representatividade nas classes A e B e, em muitos casos, são provedores de famílias. Por isso, merecem uma atenção especial. Neste caso, a loja precisa ter corredores seguros, bem iluminados e com os produtos de fácil acesso”, diz.

Layout da loja deve atender as 3 fases da obra: construção, acabamento e decoração

O layout da loja, destacam os palestrantes, deve atender as 3 fases da obra: construção, acabamento e decoração. “Produtos de decoração devem sempre ficar perto do caixa. Os de acabamento devem ter um lugar de destaque e os materiais de construção devem ser bem organizados no depósito. Quando o cliente entra na loja, uma pergunta que o vendedor não pode deixar de fazer é: em que fase está sua obra? Normalmente, quando o consumidor é uma mulher, ela está em busca de itens de acabamento ou de decoração. Por isso, esses departamentos precisam sempre estar bem iluminados, limpos e organizados. Ali é a área do sonho de consumo”, resume Margarete Candossim.

Outros tipos de público que costumam frequentar as lojas de materiais de construção são os que compram por impulso e os que têm preocupações com a sustentabilidade. “Os que compram por impulso dão preferência às lojas que estimulam suas sensações. Então, a iluminação, o som ambiente e até o olfato são muito importantes para esse tipo de cliente. Já os que têm preocupações ambientais valorizam as lojas que têm iniciativas como logística reversa, encaminhando as embalagens para reciclagem”, destaca a palestrante.   

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Melhore suas vendas sem investir muito”, de Margarete Candossim e Marcos Morrone, concedida no espaço Núcleo de Conteúdo, na FEICON 2019

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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Gestão colaborativa entre indústria e varejo: todos ganham

Rosana-Carvalho
Rosana Carvalho: em 2012, gestão colaborativa ocupava o 14º lugar no ranking de prioridades do mercado; hoje, está em 6º
Crédito: Cia. de Cimento Itambé

No ranking de prioridades do mercado, um dos itens que mais cresce é o da gestão colaborativa. Até 2012, entre 31 quesitos considerados fundamentais para o sucesso de um negócio, a boa parceria entre indústria e varejo ocupava o 14º lugar. Hoje, está na 6ª posição. Os dados foram passados pela diretora da Advantage Brasil, Rosana Carvalho, em palestra no encontro VMC (Varejo de Material de Construção), dentro da FEICON 2019.

O tema abordado por Rosana Carvalho foi “Como a experiência em outros setores pode contribuir para o varejo de material de construção”. Na palestra, ela lembrou que o setor alimentício e o setor farmacêutico estão bem mais adiantados que o de material de construção no que se refere à adoção de práticas de gestão colaborativa. “Eles já entenderam as necessidades de seus negócios e já ocorreu um alinhamento estratégico bem definido entre a indústria e o varejo destes dois segmentos, em busca de soluções customizadas”, diz.

Para a palestrante, independentemente do setor em que indústria e varejo estejam atuando, os pontos em comum para que haja uma gestão colaborativa eficaz devem ter como prioridades a confiança, a transparência, o cumprimento de acordos e metas e a comunicação. “São requisitos básicos, e que vão nortear uma jornada de plano de negócios para o sucesso da parceria”, cita Rosana Carvalho.

Segundo a diretora da Advantage Brasil, no mercado nacional as 15 principais parcerias melhor sucedidas em termos de gestão colaborativa envolvem empresas globais. “No país, o mercado se divide entre empresas abaixo da média, na média e acima da média para fazer gestão colaborativa”, afirma. Para superar essa barreira, o que ela recomenda é que essas parcerias se dêem por etapas. “A gestão colaborativa existe em vários estágios. Não precisa começar tudo de uma vez. É preciso primeiro entender a necessidade do negócio”, completa.

Não há mais espaço no mercado para o modelo ganha-perde, e sim para o ganha-ganha

gestão colaborativa
Alinhamento estratégico entre indústria e varejo traz soluções customizadas para os dois setores. Crédito: Divulgação

Exemplos práticos de gestão colaborativa surgem quando o varejista não tem capacidade para oferecer descontos, mas a indústria atua junto neste quesito para encontrar soluções que não onerem a loja. Há casos também em que a sinergia pode envolver um terceiro parceiro, no caso o setor de serviços. Ou seja, se o consumidor comprar no varejo o produto de determinado fabricante ele ganha desconto na contratação da mão de obra ou pode ter facilidades para adquirir um projeto de um escritório de arquitetura para a reforma que pretende para sua casa.

Seja qual for o plano estratégico para estabelecer uma gestão colaborativa, a conclusão é que não há mais espaço no mercado para o modelo ganha-perde, em que somente uma empresa lucra. Isso não representa mais expertise e nem longa vida para o fabricante ou o varejista. O que prevalece é a interação entre cliente e fornecedor na busca do ganha-ganha. “Nós monitoramos mais de 100 empresas e observamos que aquelas que têm alto relacionamento e processo de colaboração evoluído entre varejo e indústria conseguem resultados financeiros melhores. Por isso, é vital ter esse alinhamento estratégico hoje em dia”, conclui Rosana Carvalho.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Como a experiência em outros setores pode contribuir para o varejo de material de construção”, de Rosana Carvalho, concedida no encontro VMC (Varejo de Material de Construção), na FEICON 2019

Contato: feicon@reedalcantara.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Construções sustentáveis

Brasil segue no top 5 da construção sustentável mundial

Construções sustentáveis
Construções sustentáveis enfrentaram a crise e redefiniram o mercado imobiliário no Brasil. Crédito: GBCI

De acordo com o ranking anual dos países com maior área certificada LEED, o Brasil se manteve em 2018 no top 5 dos países com o maior volume de construções sustentáveis do mundo. A lista abrange os mercados reconhecidos pela Green Business Certification Inc. (GBCI), criadora do selo LEED há 25 anos. A certificação busca criar espaços mais saudáveis ​​para as pessoas, além de priorizar a economia de energia e de água, a redução na emissão de carbono e, consequentemente, economizar recursos financeiros para famílias e empresas.

Com 531 certificações LEED até o final de 2018, o Brasil está atrás dos Estados Unidos, que lideram com 33.632 construções sustentáveis, seguido de China, Canadá e Índia. Por causa da disparidade para os demais países, os EUA são mantidos como “hors concours” da lista. O país é o berço da LEED e os conceitos da certificação já foram incorporados por inúmeras políticas públicas. “As nações que integram o ranking representam uma comunidade global comprometida em melhorar a qualidade de vida”, resume Mahesh Ramanujam, presidente e CEO do USGBC e da GBCI.

Além de Estados Unidos, China, Canadá, Índia e Brasil, o top 10 da certificação LEED ainda conta com Coreia do Sul, Turquia, Alemanha, México e Espanha. Para o CEO da Green Building Council Brasil, e presidente do Comitê Regional das Américas pelo World Green Building Council, Felipe Faria, a posição consolidada pelo Brasil no ranking mundial mostra o quanto os prédios verdes se tornaram a melhor opção para o mercado imobiliário nacional. “Mesmo enfrentando um período longo de desafios políticos e econômicos, e que afetaram a construção civil, essa posição é mais que uma vitória para o movimento de construções sustentáveis”, relata.

Recente estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) confirma que as construções verdes são as melhores opções ao mercado imobiliário. Os dados da pesquisa mostram que o reconhecimento de uma construção comercial como sustentável promove valorização que varia de 4% a 8% por m2. “Através das certificações, conseguimos contribuir para a inovação tecnológica da construção civil, além de conciliar o desenvolvimento com aspectos ambientais, interesses coletivos e melhor experiência de conforto das pessoas”, afirma Felipe Faria.

Na comparação com 2018, a construção sustentável deve crescer 40% no país em 2019

Atualmente, a certificação LEED se expandiu para outros níveis, que não medem apenas a sustentabilidade de edifícios, mas também de bairros e de cidades. Trata-se da LEED v4.1, que abrange construções que passaram por retrofit (LEED v4.1 O + M), novas construções (LEED v4.1 BD + C) e interiores (LEED v4 .1 ID + C). O LEED v4.1 enfatiza a saúde humana e adota métricas de desempenho mais eficazes para monitorar as construções ao longo de sua vida útil. No Brasil, já existem 22 registros de pedidos de certificação na categoria LEED ID+C, que engloba projetos internos em escritórios comerciais, lojas de varejo e estabelecimentos de hospedagem, como hotéis, motéis, pousadas e outros estabelecimentos que forneçam alojamento. Quanto ao LEED O+M, existem 39 pedidos de registros. Para 2019, a Green Building Council Brasil estima crescimento de 40% nas construções sustentáveis, comparado ao ano anterior.

Entrevistado
Green Building Council Brasil
(via assessoria de imprensa)
Contato: ffaria@gbcbrasil.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330