Brasil busca menor emissão de CO2 por tonelada de cimento
O Brasil já é um dos países com menor emissão de CO2 por tonelada produzida de cimento. Na média global, a indústria cimenteira responde por 7% de todo o gás carbônico lançado na atmosfera. No país, esse percentual é de 2,6%, mas com o Roadmap Tecnológico do Cimento, assinado em abril de 2019 pelo SNIC (Sindicato Nacional da Indústria Cimenteira) e as empresas associadas, o objetivo é fazer com que o Brasil reduza ainda mais a emissão de CO2 por tonelada de cimento. “Por trás desse produto tão essencial, está uma indústria altamente complexa, intensiva em capital humano e financeiro e firmemente comprometida com a mitigação dos impactos ambientais, inerentes a operações desse porte”, afirma Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
As metas serão alcançadas em duas etapas: até 2030 e até 2050. Elas estão traçadas no Roadmap Tecnológico do Cimento, documento que define as diretrizes para que o setor possa reduzir a emissão de CO2 nas cimenteiras. Um dos primeiros passos resultou na publicação da nova norma técnica de Cimento Portland, a ABNT NBR 16697. Além disso, a indústria definiu 4 pilares para cumprir os objetivos:
- Dobrar a utilização de combustíveis alternativos.
- Melhorar em 15% a eficiência energética do processo de produção.
- Estimular a busca de novas tecnologias para aumentar a utilização de resíduos de outras indústrias, e reduzir a utilização de clínquer.
- Investir em tecnologias inovadoras, como a captura do próprio carbono emitido no processo fabril.
O Roadmap Tecnológico do Cimento começou a ser produzido em 2014, por um corpo técnico coordenado pelo professor e ex-ministro da educação (1991 e 1992) José Goldemberg. Organismos internacionais também se envolveram na elaboração do documento. Entre eles, a Agência Internacional de Energia (IEA), a Iniciativa de Sustentabilidade do Cimento (CSI) do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) e a Corporação Financeira Internacional (IFC) - membro do Banco Mundial. “As soluções são realistas e a transição da indústria do cimento sugerida neste mapeamento só pode ser alcançada mediante uma estrutura reguladora de apoio e investimentos efetivos e sustentados. O roteiro mapeia políticas públicas necessárias, avalia mecanismos de fomento e descreve desafios técnicos para alcançar os objetivos propostos”, completa Paulo Camillo Penna.
Previsão é de que o Brasil aumente a produção de cimento entre 60% e 120% até 2050
O documento divulgado pelo SNIC e pela ABCP projeta ainda que, até 2050, o Brasil deve aumentar a produção de cimento entre 60% e 120% na comparação a 2014, ano de mais alta demanda no país, quando foram produzidas 70,9 milhões de toneladas. Por outro lado, estima-se redução da razão clínquer/cimento de 67% em 2014 para 52% em 2050. Pela projeção, seria possível evitar a emissão cumulativa de 290 Mt (megatoneladas) de CO2, o que representaria 69% do potencial de redução do setor até 2050. O desafio para se atingir tais metas está no fato de que as diferentes alternativas de redução não se encontram distribuídas de forma homogênea pelo país, considerando as dimensões continentais do Brasil e suas diferenças regionais. “É fundamental entender que as diversas ações apontadas neste Roadmap, bem como seus potenciais de penetração e redução de CO2, não necessariamente poderão ser replicadas em todas as regiões brasileiras com a mesma intensidade”, conclui o relatório.
Leia a íntegra do Roadmap Tecnológico do Cimento
Assista vídeo sobre a produção de cimento no Brasil
Entrevistado
Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), com base no prefácio do Roadmap Tecnológico do Cimento
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Retomar obras paradas abre 500 mil vagas na construção
Se as obras paralisadas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) fossem retomadas, permitiriam abrir 500 mil vagas na construção civil. É o que aponta levantamento encomendado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que detectou 4.669 projetos parados relacionados ao programa. A soma dessas obras chega a 135 bilhões de reais, dos quais 65 bilhões de reais já foram executados. Os dados foram obtidos de organismos do governo federal - portanto, são oficiais. As regiões nordeste e sudeste são as que têm mais obras paralisadas. Algumas não avançaram nem 10% desde o início da execução. Outras faltam menos de 10% para serem concluídas. Porém, não há previsão de que sejam retomadas no curto e médio prazo.
Os números fazem parte do estudo “Obras Paralisadas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, elaborado pela Brain (Bureau de Inteligência Corporativa) em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Das 4.669 obras detectadas, 33,4% representam investimento acima de R$ 15 milhões e 21,8% entre R$ 1 milhão a R$ 3 milhões. Os estados da região sudeste acumulam 39,8% dessas obras, enquanto os do nordeste têm 24,3%. Outro dado do estudo mostra que 29,8% dos empreendimentos paralisados estão em áreas urbanas e relacionados com saneamento e construção de unidades básicas de saúde, creches e pré-escolas.
O levantamento mapeou as razões para que as obras sigam paralisadas. Entre elas, há pendências de engenharia relacionadas com falhas na licitação, as quais envolvem 93% dos projetos analisados. Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, é relevante o governo federal se preocupar com a reativação desses empreendimentos. “Trata-se de um patrimônio em que já foram investidos 65 bilhões de reais, espalhado pelo Brasil, e que está deteriorando e sendo vandalizado. Pior: não gera renda, não gera empregos, não gera desenvolvimento social. Pelo contrário, consome recursos públicos e ainda precisa de mais algumas dezenas de bilhões de reais para que seja concluído. É um problema de grande gravidade”, analisa.
Governo federal define prioridades e espera atrair a iniciativa privada
Para o coordenador-geral da Comissão de Infraestrutura do TCU (Coinfra), o engenheiro civil e advogado Nicola Khoury, boa parte das obras paralisadas tem em comum um projeto básico deficiente. “Isso desencadeia outras deficiências, como estudo de viabilidade e projeto executivo. A lei 8.666, que trata das licitações de obras públicas, é clara: o projeto básico deve caracterizar a obra, avaliar custos, definir métodos, mas o que se vê na maioria das obras paralisadas é a antiengenharia. Isso resulta em construções que começam e não terminam, e que acabam judicializadas. São obras que, na verdade, não estão paralisadas. Elas já nasceram paralisadas”, reforça.
Em busca de soluções, está em estudo no governo federal a criação de um comitê específico para analisar o tema. A opção mais viável é incluir as obras paradas em um Programa de Parcerias de Investimentos, a fim de que elas sejam submetidas a novos processos de licitação e atraiam investidores privados. “São desafios que serão tratados na Secretaria de Obras Estratégicas do PPI ainda este ano (2019)”, promete o secretário especial do PPI, Adalberto Vasconcelos, que também participou do seminário Paralisação e Retomada de Obras de Infraestrutura no Brasil, realizado em abril, em Brasília. Para o governo, 4 projetos são prioritários: a usina nuclear de Angra 3, a linha de transmissão de energia entre Manaus e Boa Vista, a transposição do rio São Francisco e a hidrovia no rio Tocantins.
Assista o seminário Paralisação e Retomada de Obras de Infraestrutura no Brasil
Leia o estudo Obras Paralisadas do PAC
Entrevistado
Reportagem com base no seminário Paralisação e Retomada de Obras de Infraestrutura no Brasil
Contato: ascom@cbic.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Sem fiscalização, obras irregulares crescem no Brasil
A cidade do Rio de Janeiro-RJ ainda se recupera da tragédia ocorrida em abril de 2019, por conta de construções irregulares que desabaram e causaram a morte de 24 pessoas. No Brasil, o município é campeão de obras que burlam a lei e são erguidas sem nenhuma fiscalização e regras de boa engenharia. Nem a prefeitura tem dados precisos, mas estima-se que as construções irregulares em território carioca passem de 1,2 milhão. Em São Paulo-SP, a prefeitura calcula 830 mil. A região nordeste do Brasil também tem número elevado de obras sem habite-se legal.
Mas o que leva o país a ter tantas habitações nessa situação? A principal razão é a falta de fiscalização, principalmente em áreas conflagradas das cidades, onde o tráfico e as milícias impedem a atuação do poder público, assim como a falta de programas que efetivamente combatam o déficit habitacional. Outro motivo é que as construções irregulares erguidas nas regiões metropolitanas das grandes cidades brasileiras têm o propósito de abrigar a família do dono original do imóvel. Como os terrenos não possuem espaço suficiente para receber mais de uma casa, a solução é empilhar lajes.
O método de construir prédios sem conformidade também se tornou uma forma de investimento. Hoje é comum encontrar edifícios de até cinco pavimentos frutos de autoconstruções, como os que desabaram no condomínio Figueiras do Itanhangá, na Muzema, no Rio de Janeiro-RJ. A prática prolifera pelo país, como mostra pesquisa de 2015, encomendada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-BR). Os dados revelam que 85% dos brasileiros constroem sem a supervisão de um engenheiro civil ou de um arquiteto. O resultado são os inúmeros problemas relacionados à segurança nas edificações e aos acidentes de trabalho na construção civil.
Informalidade é um dos principais obstáculos ao crescimento sustentável da construção civil
Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também confirma que a informalidade é um dos principais obstáculos para o crescimento sustentável da cadeia produtiva da construção civil. A média nacional do setor é de 1 trabalhador formal para 1,7 informal. Isso reflete na qualidade e na legalidade da obra, assim como na indústria de materiais de construção. As chances de uma autoconstrução adquirir produtos de baixa qualidade são bem maiores que uma construção com projeto e atenta aos aspectos técnicos da obra.
Mesmo assim, iniciativas para combater a informalidade ainda são tímidas no país. O Paraná é que tem uma política mais consolidada de fiscalização, através do Comitê de Incentivo à Formalização na Construção Civil, criado em 2002. Ação conjunta entre CREA-PR, SindusCon-PR e organismos ligados aos trabalhadores da construção civil permite que o comitê tenha capilaridade em todo o estado. O resultado é que, em 17 anos de atuação, a informalidade nos canteiros de obras instalados no Paraná caiu abaixo de 30%, enquanto a média nacional supera os 50%.
Leia guia de incentivo à formalidade na construção civil
Entrevistado
Comitê de Incentivo à Formalização na Construção Civil e SindusCon-PR
Contato: imprensa@sindusconpr.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Centro-sul brasileiro se destaca em ranking smart cities
A edição mais atualizada do ranking Connected Smart Cities, da Urban Systems, mapeia os municípios com maior potencial de se tornarem cidades inteligentes no Brasil. A lista envolve 11 indicadores: mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia e inovação, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança. As cidades das regiões sul e sudeste dominam as primeiras posições no ranking. Por apresentar maior desenvolvimento econômico, o centro-sul brasileiro conta com avanços sociais mais consolidados que o norte e o nordeste do país, impactando no resultado do ranking.
A cidade de Curitiba-PR alcançou a 1ª colocação no ranking Connected Smart Cities, superando São Paulo-SP. A capital paranaense assumiu a liderança por causa de três novos indicadores: tecnologia e inovação, empreendedorismo e governança. Curitiba também se destacou nos eixos meio ambiente, educação, saúde e economia. O estudo analisa o potencial de desenvolvimento das cidades, dando mais pontos àquelas com as melhores oportunidades para se investir. Além disso, inclui os melhores municípios em infraestrutura, capital humano e desenvolvimento social.
A lista é composta por 100 cidades, divididas em 3 segmentos: de 50 mil a 100 mil habitantes, de 100 mil a 500 mil habitantes e acima de 500 mil habitantes. Todas as líderes do ranking são metrópoles localizadas nas regiões sul e sudeste, com população acima de 500 mil e entre 100 mil e 500 mil moradores. Além de Curitiba e São Paulo, destacam-se também Vitória-ES, Campinas-SP, Florianópolis-SC, Rio de Janeiro-RJ, Belo Horizonte-MG, Porto Alegre-RS, Santos-SP e Niterói-RJ. Campo Grande- MS, a melhor colocada no centro-oeste, aparece na 11ª posição, seguida por Recife-PE, do nordeste, na 12ª Palmas-TO, a melhor representante da região norte, aparece em 18º.
Viçosa-MG e Balneário Camboriú-SC foram as que deram o maior salto no ranking
A primeira cidade com menos de 100 mil habitantes a se destacar no ranking Connected Smart Cities é Viçosa-MG, na 26ª posição, impulsionada pela suas posições nos eixos de educação (2ª colocada), empreendedorismo (16ª), governança e tecnologia e inovação. A cidade mineira galgou 50 posições em relação ao ranking anterior. Quem também avançou consideravelmente foi Balneário Camboriú-SC, que saiu da 62ª posição para a 24ª. Entre as 10 cidades que se destacaram entre 2017 e 2018, Brasília-DF foi a que mais caiu, saindo da 7ª colocação para a 14ª.
Para elaborar a 4ª edição do ranking Connected Smart Cities, a Urban Systems mapeou as principais publicações internacionais e nacionais sobre os temas cidades inteligentes, cidades conectadas, cidades sustentáveis e artigos sobre assuntos correlatos. A partir daí, foram estudadas todas as publicações e destrinchados os indicadores, fontes de informações e conceitos, a fim de identificar a viabilidade de uso de cada indicador no nível municipal, pois alguns critérios utilizados em pesquisas internacionais não estão disponíveis para a aplicação no Brasil ou não se adaptam para uso na pesquisa nacional.
Veja a pesquisa documento em pdf anexo
Entrevistado
Reportagem com base no relatório do ranking Connected Smart Cities, da Urban Systems
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Ponte do Guaíba é principal obra rodoviária do Brasil
Principal obra rodoviária em execução no país sob a jurisdição do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), o novo complexo viário sobre o rio Guaíba, em Porto Alegre-RS, atingiu 83,5% de execução no mês de abril de 2019. A obra tem orçamento aproximado de R$ 1 bilhão e, ao todo, já foram investidos cerca de R$ 668 milhões no empreendimento, iniciado em outubro de 2014. A travessia amplia a interligação da região metropolitana de Porto Alegre com o sul do Rio Grande do Sul, sem as interrupções que ocorrem diariamente na ponte Getúlio Vargas, que possui vão móvel e está em operação desde 1958.
Com previsão de inauguração em 2020, o complexo terá extensão de 12,3 quilômetros, com um total de 5 quilômetros de trecho em aterro e 7,3 quilômetros em obras de arte especiais (ponte sobre os canais navegáveis, ponte elevada, viadutos e alargamento da ponte conhecida como Saco da Alemoa). Com 28 metros de largura nos vãos principais, a pista contará com duas faixas de rolamento com acostamento e refúgio central. A previsão do DNIT é de que 50 mil veículos utilizem as novas estruturas diariamente.
A obra atravessa o parque estadual Delta do Jacuí, considerada área de preservação ambiental, o que demanda atenção especial durante a execução. A opção da engenharia foi construir os pilares sobre a água. Já as aduelas para montar o tabuleiro foram pré-fabricadas no próprio canteiro. A estrutura elevada vai permitir que a fauna e a flora nativas não sejam isoladas pelo complexo rodoviário. Outro desafio está relacionado com a realocação de 450 famílias. A expectativa é de que essa etapa seja concluída ainda em 2019.
Previsão é de que obra consuma 170 mil m³ de concreto de alta resistência
Pelo projeto aprovado na licitação que definiu o consórcio responsável pela obra foi previsto o uso de 170 mil m³ de concreto de alta resistência, além de 17.600 toneladas de aço. Outro número que exprime o tamanho do empreendimento é o que envolve a contratação de mão de obra pelas empreiteiras Queiroz Galvão e Engevix. Mais de 2.000 operários atuam na construção do complexo rodoviário em Porto Alegre-RS. Metade trabalha no canteiro Industrial localizado em Canoas-RS, onde ocorre a fabricação das peças pré-moldadas. São 15.250 ao todo, entre estacas, blocos, vigas, pilares, aduelas e guarda-rodas.
Para a produção dos elementos há o emprego de 50,4 mil m 3 de concreto e 6,2 mil toneladas de aço, além de 1,2 mil tonelada de cordoalhas (cabos de aço). As peças pré-moldadas têm pesos variando de 2,6 toneladas (guarda-rodas) a 100 toneladas (aduelas). Para facilitar o transporte até o local da obra, o consórcio optou por trabalhar com dois modais: carretas pranchas e dollys para os trechos em terra e balsas para as obras em área fluvial.
Nove embarcações transportam matérias-primas, estruturas e equipamentos, além de trabalhadores. As balsas têm estrutura apropriada para que os trabalhadores possam executar as atividades de fundação de estacas, montagem, concretagem, deslocamento de cargas e construção dos pilares. O serviço por via fluvial também reduz o volume de caminhões nas ruas que circundam o complexo viário.
Veja em que estágio se encontra a obra
Acesse o projeto do complexo viário do rio Guaíba
Entrevistados
DNIT e Consórcio Ponte do Guaíba (via assessoria de imprensa)
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Contratar uma construtora é o 1º passo para obra legal
Não quer comprar um imóvel já construído? Prefere construir ou adquirir um imóvel na planta? Então, contrate uma construtora que atenda todos os requisitos da boa engenharia e os cuidados legais que envolvem a obra: documentação junto à prefeitura local, impostos e questões trabalhistas. Sem contar que uma construtora com experiência sabe fazer todo o processo de gerenciamento de execução da obra, além de ter uma visão global do projeto arquitetônico. A empresa que segue os parâmetros de uma obra legal abrange desde a sondagem do terreno, passando pelo cálculo estrutural e de fundações, além das instalações e compra de materiais de construção.
O ponto de partida para assegurar uma obra legal é o SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) ou o CREA de sua região. Suas equipes técnicas têm condições de indicar construtoras que oferecem segurança para quem quer fugir da informalidade na construção. No Paraná, por exemplo, o SindusCon Noroeste tem um sistema de controle que é o selo “Obra Legal”. Ele certifica as construtoras que aderem ao programa, o que dá ao consumidor ferramentas para verificar a credibilidade da empresa. O selo vale tanto para quem quer construir a casa própria como para quem pretende comprar um imóvel na planta.
O certificado se ampara na lei 4.591/64, que dispõe sobre as incorporações imobiliárias. O primeiro SindusCon a adotar um formato de selo Obra Legal foi o do Ceará, com o selo “Juridicamente Perfeito”. Em seguida, veio o SindusCon do Nordeste do Paraná, que abrange 126 municípios da região que têm Maringá como sua principal cidade. “O imóvel é um bem durável e representa a realização do sonho de muitos consumidores. É uma negociação que merece muito cuidado. Por isso, a iniciativa busca mostrar quais empresários da construção civil estão comprometidos com a transparência e a seriedade de uma obra”, diz nota do SindusCon Noroeste.
Veja os cuidados a serem tomados para uma obra legal Lote e código de edificações
A atenção deve começar já pela compra do lote
Os cuidados vão desde a posse do terreno, através de sua escritura, até a zona residencial em que ele está localizado, e que vai ditar que tipo de obra pode ser executado no local. Cada cidade tem um código de edificações, o qual estabelece suas regras para construções e reformas. Assim, é necessário ter certeza de que a construtora contratada tenha conhecimento das normas locais.
Referência da construtora
É importante consultar o histórico, ver se há portfólio e sempre procurar referências sobre as obras contratadas e os serviços prestados pela empresa. O SindusCon da região e o CREA têm como auxiliar neste item, informando sobre a qualidade da construtora e se não há autuações contra ela.
Garantia pós-obra
Ao entregar sua obra a uma construtora credenciada, o contratante assegura as garantias de pós-entrega, que é fundamental para sua segurança.
Mão de obra
O contratante precisa observar se os funcionários da construtora são próprios da empresa ou terceirizados. Neste caso, é importante verificar se a terceirizada mantém seus colaboradores de acordo com a lei trabalhista. Durante o processo de execução da obra, o contratante se torna corresponsável por todas as ações tomadas pela empresa contratada.
Material de construção
Deve-se ter acompanhamento físico e financeiro de tudo que for feito e usado na obra. Desde o material comprado até os funcionários. Por isso, a contratada deve emitir as notas fiscais referentes às compras realizadas e aos serviços prestados, inclusive os comprovantes de pagamento das guias de INSS e ISS.
Responsabilidades do contratante
Em um processo de auditoria fiscal ou trabalhista, caso seja identificada a não-conformidade da obra, o contratante é tão responsável quanto a construtora contratada.
Seguir a normalização vigente
A construtora precisa executar a obra de acordo com o projeto aprovado e com a legislação vigente. Também precisa cumprir as exigências técnicas e normativas estabelecidas pelos organismos competentes, sejam municipais, estaduais ou federais.
Entrevistado
Reportagem com base nas recomendações feitas por SindusCons que possuem certificados como “Obra Legal” e “Juridicamente Perfeito”
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Engenharia de manutenção: sempre ou de vez em quando?
Debate no Secovi-SP, reunindo os experientes engenheiros civis Eduardo Lafraia, presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo, e João Crestana, diretor e ex-presidente do Secovi-SP, colocou em xeque a forma como se pratica engenharia de manutenção no Brasil. Os dois concluíram que o país desperdiça muitos recursos financeiros para recuperar obras públicas degradadas, quando a manutenção sistemática dessas estruturas permitiria grande economia aos cofres públicos e não submeteria a população a riscos. “Obras de engenharia não são perpétuas e necessitam de manutenção”, diz Crestana.
O debate também lembrou que as obras de grande impacto construídas no Brasil raramente possuem seguro. “Obras de engenharia não são perpétuas. Por isso, deve haver um modelo de manutenção. Atualmente, existem modelos securitários, em que as seguradoras preveem planos de manutenção para obras seguradas”, reforça João Crestana, para quem a manutenção deve ser prevista desde o projeto. “Com os anos, as tecnologias vão mudando. Então, o projeto determina diretrizes do que vai acontecer na obra, inclusive com a manutenção”, completa.
Eduardo Lafraia reforça o argumento do diretor do Secovi-SP dizendo que a função da engenharia é minimizar ao máximo os riscos. “Em Brumadinho, por exemplo, não se aplicou a engenharia como se deve. O Brasil precisa mudar a cultura de manutenção, principalmente em obras de infraestrutura”, cita o presidente do Instituto de Engenharia, que aborda também a questão das obras paradas. “A guarda das obras paralisadas, bem como a deterioração desses empreendimentos, gera um desperdício de dinheiro que permitiria não só concluí-las, mas viabilizar outras obras”, diz.
Engenheiros e arquitetos perderam autonomia de decidir pela qualidade da obra
Lafraia também abordou a questão dos projetos. “Quem decide o melhor jeito de fazer a obra é o corpo técnico, formado por engenheiros e arquitetos. Atualmente, a engenharia não é mais controlada por engenheiros, mas por advogados, promotores públicos e pelos tribunais de contas. Esses organismos priorizam o menor preço, mas nem sempre o menor preço representa a melhor obra. O projeto mais barato é o que gera melhor custo-benefício no longo prazo. Um bom projeto representa de 3% a 4% do orçamento de uma obra. Economia no projeto é comprometer os outros 97% do empreendimento”, lembra.
João Crestana ainda alerta que os governos municipais, estaduais e federal desmontaram seus corpos técnicos e perderam seus melhores engenheiros. Ao mesmo tempo, as escolas de engenharia deixaram de investir em conhecimento prático e priorizaram a teoria. “O país vive um arcabouço político que não se preocupa com a manutenção de obras. Isso deve ser permanente, e não de acordo com o secretário ou o político de plantão no cargo”, complementa Eduardo Lafraia.
No dia 21 de maio de 2019, o Instituto de Engenharia volta a debater o assunto, com o seminário Manutenção do Patrimônio Público. Serão abordados os seguintes tópicos: aspectos institucionais do ambiente construído, a gestão de manutenção, impactos econômicos e sociais, aspectos jurídicos, procedimentos de contratação de serviços e responsabilidades jurídicas. O evento terá transmissão online pelo site do Instituto de Engenharia.
Assista o debate
Entrevistado
Reportagem com base em debate promovido pelo Secovi-SP, entre engenheiros civis Eduardo Lafraia, presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo, e João Crestana, diretor e ex-presidente do Secovi-SP.
Contato: aspress@secovi.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Brasil terá clima agressivo e exigirá projetos inovadores
Estudo elaborado em 2015, e que atualmente encontra-se no ministério do Meio Ambiente, faz previsões alarmistas para o Brasil de 2040. As enchentes nos grandes centros urbanos, a degradação de estradas por conta das chuvas e a seca em algumas regiões do país, que são realidades já conhecidas, tendem a potencializar nos próximos 21 anos. Isso vai exigir da engenharia nacional soluções inovadoras. O documento “Brasil 2040 - Alternativas de Adaptação às Mudanças Climáticas” avalia que cidades das regiões sul e sudeste terão que recorrer a diques, piscinões e rodovias pavimentadas com concreto para suportar o volume mais acentuado de chuvas.
Os cenários foram construídos a partir de dois modelos climáticos globais usados pelo IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, e regionalizados para o país pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O que a modelagem revela é que, em todas as projeções, o Brasil de 2040 será mais quente, com elevação da temperatura em até 3 °C na comparação com as que são registradas atualmente. Isso levará o país a praticamente ter uma estação chuvosa e uma seca, o que exigirá novas soluções energéticas e de abastecimento de água para enfrentar a realidade projetada pelo documento. “Haverá uma redução na vazão dos rios que abastecem a maior parte da população brasileira”, diz trecho do estudo.
Quanto às estradas, o levantamento tem um capítulo específico. Ele define que a vulnerabilidade das rodovias atingirá 22 estados. A análise ressalta que os custos de adaptação e reparos podem ser muito superiores à economia feita com obras mais baratas, que não serão satisfatórias em médio e longo prazo. Também recomenda o desenvolvimento de estudos sobre o risco de a infraestrutura rodoviária, que hoje roda majoritariamente sobre camada asfáltica, não resistir à maior intensidade de chuvas fortes. “Soluções de engenharia tradicional sairão mais caras”, estima Sérgio Margulis, economista que atuou na equipe que elaborou o “Brasil 2040 - Alternativas de Adaptação às Mudanças Climáticas”.
Investir em prédios verdes está entre as soluções para minimizar impactos climáticos
O estudo também alerta sobre a situação dos portos brasileiros, destacando que será preciso construir quebra-mares em boa parte dos terminais, por causa da elevação do nível do mar. O custo da adaptação é calculado em 7 bilhões de reais. Outra parte do documento traz capítulo especial sobre a cidade do Rio de Janeiro-RJ, que já sofre com as fortes chuvas. O quadro que emerge é de colapso urbano quando ocorrerem ressacas e inundações. Apenas no município do Rio, o patrimônio imobiliário sob alto risco é estimado em R$ 124 bilhões. Para minimizar o quadro, a proposta é que haja maciço investimento em prédios verdes.
Edifícios e casas com telhados verdes, jardins filtrantes e “piscininhas” foi a solução encontrada pela cidade de Portland, nos Estados Unidos, para minimizar as inundações em períodos de chuvas intensas. As “piscininhas” são caixas de concreto para reter as águas pluviais. Elas são dimensionadas de acordo com o tamanho do terreno e devem segurar a água da chuva por pelo menos uma hora, antes de liberá-la para a rua. Dependendo da condição do terreno, a devolução da água para a rede pública se dá por canalização ou por bombas. Passada a chuva, a caixa de retenção deve permanecer vazia. Trata-se de solução que mostra que as mudanças climáticas vão exigir adaptações em praticamente todas as metrópoles do mundo, e que o Brasil não é exceção.
Veja a íntegra do estudo “Brasil 2040 - Alternativas de Adaptação às Mudanças Climáticas”
Entrevistado
Reportagem com base no estudo “Brasil 2040 - Alternativas de Adaptação às Mudanças Climáticas”
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Varejo 4.0: a nova era já está a caminho, e vem rápido
O Varejo 4.0 cresce exponencialmente, como mostram números trazidos pela pesquisa da ebit/Nielsen e apresentados no 15º simpósio SINCOMAVI (Sindicato das empresas varejistas de material de construção, maquinismos, ferragens, tintas, louças e vidros) durante a FEICON 2019. O estudo revela que, em 2018, 35% dos pedidos (40,3 milhões) e 31,3% do faturamento do comércio eletrônico (16,7 bilhões de reais) vieram do m-commerce, como é chamada a venda online via smartphones - a porta de entrada do Varejo 4.0.
De acordo com os palestrantes que participaram do simpósio, vem mais por aí. IOT (internet das coisas), realidade virtual, realidade aumentada e IA (inteligência artificial) são tendências que deverão ser absorvidas pelo comércio eletrônico dentro de pouco tempo e causar também um impacto profundo nas modalidades de venda física do varejo. “Em breve, o varejista não poderá deixar de incluir esses canais em suas estratégias de negócio”, diz a consultora Flavia Pini, diretora de marketing da HiPartners Capital & Work.
A palestrante citou que a China atualmente é o país que melhor utiliza o Varejo 4.0, por duas razões: é um país de dimensões continentais e o governo controla e incentiva esse tipo de comércio. “A China já conseguiu a integração entre comércio eletrônico e físico, assim como sistemas de pagamento e processos logísticos”, cita. Complementando Flavia Pini, Patrícia Cotti, diretora-executiva do IBEVAR (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo), lembra que a China já obteve avanços no m-commerce que Europa e Estados Unidos ainda encontram dificuldades para implantar.
Para o varejo da construção civil, solução está nos conceitos de omnicanalidade
O comércio eletrônico na China já abrange até o varejo de materiais de construção, setor que em outros países ainda encontra dificuldades. No Brasil, por exemplo, as categorias com mais pedidos de m-commerce são perfumaria, cosméticos & saúde (com 51% de crescimento), informática (27%), alimentos & bebidas (23%), além de casa & decoração (16%), esporte & lazer (10%) e moda & acessórios (6%). Para 2019, a expectativa é de expansão de 15% para esses setores, com vendas totais de 61,2 bilhões de reais.
Para o varejo da construção civil, a solução se concentra nos conceitos de omnicanalidade, com a venda online culminando com a retirada do produto na loja física. A rede Obramax é a primeira no Brasil a adotar esse sistema, como explica Hubert Desmarest, diretor do atacarejo, e que também palestrou no simpósio SINCOMAVI. “A presença na internet influencia positivamente as vendas pelo televendas e nas lojas físicas. Toda a operação acaba por se beneficiar com a integração”, afirma.
Com a aposta na ferramenta omnichannel, o varejo da construção civil consegue minimizar o impacto do frete na venda online, que é sua principal barreira para crescer no comércio eletrônico. “Muitos dos produtos da área da construção civil têm a questão do frete que, dependendo do tamanho e do volume, inviabiliza a questão de atendimento para todo o território nacional. O frete é um grande desafio para toda a construção civil no segmento do e-commerce”, finaliza Márcio Eugênio, especialista nesta modalidade de venda.
Entrevistados
Reportagem com base nas palestras do 15º simpósio SINCOMAVI, durante a FEICON 2019
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
Saiba por que estanqueidade faz toda a diferença na obra
Quando se fala em estanqueidade na construção civil não se pode dissociá-la da impermeabilização. Ela é que dá garantia para que as estruturas da obra não apresentem vazamentos nem fiquem suscetíveis a patologias - principalmente, infiltrações. Um bom projeto de impermeabilização assegura não só a durabilidade da edificação como prolonga seu tempo de vida útil. Além disso, ajuda a reduzir custos tanto na etapa de execução quanto na de manutenção. É o que ressalta o diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), José Miguel Morgado, em palestra no web seminário “A impermeabilização sob a ótica da Norma de Desempenho”.
O sucesso de um projeto de impermeabilização depende de 5 pontos básicos: a qualidade da edificação sob o aspecto construtivo, a qualidade da execução, a qualidade dos materiais, a fiscalização e a manutenção. O engenheiro civil José Miguel Morgado destaca que o projeto de impermeabilização deve ser específico para cada obra. “Ele deve ser desenvolvido a partir de projetos de arquitetura, de estrutura, de paisagismo e demais projetos complementares. Da mesma forma, deve apresentar memorial descritivo relacionando serviços, materiais e planilhas de quantitativos, assim como a especificação das metodologias executivas”, afirma.
Para ajudar nos projetos de impermeabilização, o Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) disponibiliza em sua página uma série de informativos e manuais. Entre eles, “Diretrizes para a elaboração do manual de uso, operação e manutenção da impermeabilização”, o qual mostra que requisitos de estanqueidade se tornaram imprescindíveis a projetos que se submetem à Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575). Diz trecho do manual: “As negligências no atendimento integral dos programas definidos no manual, bem como ações anormais do meio ambiente, irão reduzir o tempo de vida útil, podendo este ficar menor que o prazo teórico calculado como vida útil de projeto.”
Três normas técnicas ligadas à impermeabilização estão em processo de revisão
O mais recente manual publicado pelo Instituto Brasileiro de Impermeabilização trata da “Utilização de aditivos para concreto dosado em central”. No entanto, o IBI alerta: “Impermeabilizar não é apenas aplicar produtos químicos. Para obter 100% de estanqueidade, é necessário um conjunto de soluções que devem estar no plano de impermeabilização da obra”. O documento também lembra que um projeto de impermeabilização custa o equivalente a 3% do valor da obra, enquanto que a correção de problemas causados por infiltrações pode chegar a 10% do custo do empreendimento.
Além dos manuais, o Instituto Brasileiro de Impermeabilização lidera o Comitê Brasileiro de Impermeabilização (CB-022) na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Atualmente, existem 29 normas técnicas relacionadas à impermeabilização, além de duas ISO e 4 Normas Regulamentadoras. Destas, três estão em processo de revisão:
• ABNT NBR 12171 – Aderência aplicável em sistema de impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros – Método de ensaio
• ABNT NBR 9574 – Impermeabilização, seleção e projeto (será dividida em 4 partes: nomenclatura, projeto, execução e manutenção)
• ABNT NBR 9575 – Execução de impermeabilização
Assista a íntegra do web seminário
“A impermeabilização sob a ótica da Norma de Desempenho”
Entrevistado
Reportagem com base em web seminário com o engenheiro civil José Miguel Morgado, diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI)
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Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330