Infraestrutura urbana não segrega mais pedestre e ciclista

Nova ponte Champlain, em Montreal-Canadá: ciclovia e calçada isoladas das pistas e com barreiras anti-ruído. Crédito: newchamplain.ca
Nova ponte Champlain, em Montreal-Canadá: ciclovia e calçada isoladas das pistas e com barreiras anti-ruído.
Crédito: newchamplain.ca

É o que ensinam engenheiros civis e arquitetos norte-americanos, canadenses e europeus que estão aderindo ao novo modelo de urbanismo. Para eles, não se trata de tendência, mas de uma adequação à nova realidade dos grandes centros urbanos. As ideias são apoiadas pela Global Environment Facility, que lançou a Plataforma Global de Cidades Sustentáveis ​​(GPSC). O projeto nasce com 151,6 milhões de dólares para financiamentos diretos e 2,4 bilhões de dólares em cofinanciamento.

A justificativa para alavancar projetos que mudem o cenário urbano está na projeção de que, até 2050, as grandes cidades do mundo ganharão um acréscimo de 2 bilhões de pessoas. “Este programa demonstrará como a inovação e os investimentos de alto impacto podem contribuir para uma gestão sustentável das cidades”, diz Naoko Ishii, CEO e presidente da Global Environment Facility. A primeira obra construída dentro dos conceitos da GPSC está na cidade de Rochester, no estado de Nova York- Estados Unidos, inaugurada em 2017.

Trata-se do Inner Loop East Transformation. Uma das principais avenidas da cidade passou por ampla transformação que resultou em 100% de iluminação LED, ciclofaixas de mão dupla protegidas do acesso dos veículos, faixas de pedestres mais seguras, calçadas mais largas e a transformação de uma parte da avenida em área com vegetação. Os aprimoramentos não apenas melhoram o espaço público como aumentam a segurança para pedestres, motoristas e ciclistas.

Usar material de construção produzido no entorno da obra também é sustentabilidade

Outra obra emblemática é a nova ponte Champlain, em Montreal, no Canadá. A construção está em andamento e a previsão é que seja inaugurada no final de 2019, para substituir a antiga ponte Champlain. O projeto atende o conceito de rodovia multiuso, com área para circulação de pedestres e ciclofaixas isoladas do tráfego de veículos, inclusive com barreiras anti-ruído. A estrutura permitirá mobilidade eficiente e segura. A nova ponte Champlain será estaiada e construída com elementos mistos de concreto e aço.

Outra característica da Plataforma Global de Cidades Sustentáveis é que ela incentiva o uso de materiais de construção produzidos no entorno das obras de mobilidade, para racionalizar a logística. Foi o que aconteceu com a nova ponte de acesso à University Pointe Boulevard, em Charlotte, Carolina do Norte-Estados Unidos. Aproximadamente 65% dos materiais utilizados na construção foram adquiridos localmente, incluindo o concreto. O projeto também empregou pavimentação asfáltica reciclada para agregar no asfalto novo. O processo eliminou a necessidade de recorrer a pedreiras, localizadas a quase 100 quilômetros da obra.

Veja como ficou o Inner Loop East após a transformação

 

Inner Loop East depois da obra de infraestrutura urbana: avenida ganhou espaço para pedestres, ciclistas e novo paisagismo. Crédito: City of Rochester
Inner Loop East depois da obra de infraestrutura urbana: avenida ganhou espaço para pedestres, ciclistas e novo paisagismo. Crédito: City of Rochester
Inner Loop East antes da transformação: tráfego de veículos tinha total prioridade. Crédito: City of Rochester
Inner Loop East antes da transformação: tráfego de veículos tinha total prioridade. Crédito: City of Rochester

 

Entrevistado

Global Environment Facility (via assessoria de imprensa)

Contato
@theGEF (Twitter) - www.thegef.org www.thegef.org/contact

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

CREASUL

CREASUL cobra MEC sobre ensino a distância na engenharia

CREASUL
Encontro do CREASUL leva o Confea a cobrar medidas do MEC quanto ao ensino a distância nas engenharias. Crédito: CREA-PR

Iniciativa do CREASUL, que reúne os CREAs de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, levou a um pedido de posicionamento do Confea sobre os cursos de EaD (ensino a distância) nas engenharias. A ideia é debater a viabilidade e a qualidade deste tipo de graduação, a fim de provocar a manifestação do ministério da Educação (MEC) sobre o tema.

O presidente do Confea/CREA, Joel Krüger, sugere que o colegiado do conselho discuta e faça uma proposta para ser levada ao MEC. “Como devem ser os cursos: inteiramente à distância, uma porcentagem pode ser por EaD, que matérias podem ser ensinadas a distância e quais exigem a presença dos alunos em sala de aula? São indagações que devem ser respondidas pelos CREAs e o assunto deverá permanecer na pauta de discussões dos conselhos regionais”, propõe o dirigente.

O EaD foi um dos temas debatidos na  reunião do colégio de presidentes de CREAs, que aconteceu no começo de maio de 2019 em Palmas-TO. No encontro, foi apresentado um estudo da comissão de educação e atribuição profissional do CREA-SC. O levantamento mostra que as modalidades em EaD, semipresencial ou híbrido não oferecem aos estudantes as condições mínimas para a aprendizagem da engenharia.

O estudo também aponta as seguintes falhas dos cursos de engenharia em EaD:

  • Não conseguem definir o perfil do egresso, como exigem as diretrizes curriculares nacionais.
  • Não oferecem laboratórios especializados e espaços em quantidade suficiente para o desenvolvimento de atividades práticas.
  • Não fornecem os materiais necessários para o desenvolvimento de atividades práticas.
  • Não garantem que as atividades práticas, como estágios e trabalhos de curso, sejam orientados ou supervisionados presencialmente.

Engenharia de produção é a única graduação com perfil para ter disciplinas em EaD

Atualmente, os CREAs só têm apoiado cursos à distância para a engenharia de produção - mesmo assim, no sistema semipresencial. No entanto, as universidades que aplicam o EaD nas engenharias se baseiam na Lei de Diretrizes de Base da Educação (Lei nº 9.394/1996), a qual define que o ensino a distância pode ser aplicado em todos os níveis e modalidades de educação continuada.

Por outro lado, existe desde 2017 um projeto parado na Câmara dos Deputados que revê a oferta ampla e irrestrita de cursos de EaD, com o objetivo de limitá-los. Antecipando-se, o CAU-BR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil) se posicionou totalmente contrário à expansão dessa prática nas graduações em arquitetura e urbanismo.

A decisão tem o apoio da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA) e do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Sobre a medida, o CAU-BR emitiu nota em que defende o “compromisso com a defesa da educação superior, cumprindo seu papel de filtro para valorizar os profissionais devidamente habilitados para exercer a profissão”. A decisão tende a incentivar os CREAs a irem na mesma direção, principalmente no que se refere à graduação da engenharia civil.

Entrevistado
Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) e CAU-BR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil)
(via assessorias de imprensa)

Contato
gco@confea.org.br
atendimento@caubr.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Nova versão da norma de fundações valoriza o concreto

A expectativa é de que a nova versão da ABNT NBR 6122 - Projeto e execução de fundações - seja publicada no começo do segundo semestre de 2019. A norma técnica passou recentemente por um processo de atualização e o novo texto, em breve, deve ser submetido a consulta pública. A revisão busca alinhar a norma de fundações às normas referenciais das estruturas de concreto, que são ABNT NBR 6118 - Estruturas de concreto armado - Procedimento; ABNT NBR 14931 - Execução de estruturas de concreto, e ABNT NBR 12655 - Concreto de Cimento Portland - Preparo, controle e recebimento.

É a segunda vez que a ABNT NBR 6122 passa por um processo de revisão. Lançada em 1996, foi revista em 2010 e, desde 2016, entrou novamente em fase de aperfeiçoamento. Desta vez, a coordenação está sob a responsabilidade do engenheiro civil Frederico Falconi, que é ligado à ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica). Em palestras no Instituto de Engenharia e na ABEG (Associação Brasileira de Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica) o coordenador destacou que o novo texto busca adequá-la às novas tecnologias do concreto. Por isso, a nova versão da norma sugere o uso de concreto autoadensável para fundações em hélice contínua.

Falconi explica as razões da mudança: “Concreto para fundação deve ter trabalhabilidade, não pode ter segregação, tem que ser coeso e possuir bastante massa. O concreto é vital como componente das fundações. Por isso, a norma sugere que o concreto adequado para fundações tenha as seguintes especificações: fck maior que 20 MPa, atendendo as normas 5738 (corpos de prova) e 12655 (Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento), e autoadensável com classificação SF2, de acordo com a norma 15823 (concreto autoadensável).”

Norma adota importantes ressalvas quanto à segurança no uso de tubulões

A norma também busca limitar o uso de tubulões, ao adotar importantes ressalvas quanto à segurança. Na revisão de 2010 já foram impostas algumas limitações, mas na nova versão decidiu-se que as NRs 18, 33 e 35 devem ser rigorosamente cumpridas. Elas tratam de espaço confinado, trabalho em altura e uso de equipamentos de proteção individual (EPI).

A nova ABNT NBR 6118 ainda propõe os seguintes avanços:

  • Melhor definição das cargas envolvidas nas estruturas.
  • Correção do dimensionamento do atrito negativo.
  • Revisão dos critérios de cálculo para estaca escavada e estaca hélice contínua.
  • Adesão às novas tecnologias e soluções para projetos de fundações.

O comitê responsável pela revisão da norma realizou 31 reuniões entre outubro de 2016 e março de 2019, quando foi entregue o texto. Agora, a redação da NBR 6122 está em revisão e adaptação de acordo com as exigências da ABNT. Finalizadas as adequações do texto, haverá um prazo de 60 dias para a aprovação da versão e de mais 60 dias para que fique em consulta pública, antes de ser definitivamente publicada. “Acredito que a comunidade técnica deve ficar mais tranquila com essa nova versão, pois a revisão não foi genérica, mas abrangente e bastante discutida”, diz Frederico Falconi.

Entrevistado
Reportagem com base nas palestras do coordenador da revisão da ABNT NBR 6122, engenheiro civil Frederico Falconi, no Instituto de Engenharia e na Associação Brasileira de Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica (ABEG)

Contato

abms@abms.com.br
site@iengenharia.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

ponte sobre rio Moju

Ponte que caiu no Pará será reconstruída com estais

Ponte sobre o rio Moju
Ponte sobre o rio Moju teve desabamento de 268 metros. Com a reconstrução, terá dois vãos livres de 134 metros cada um. Crédito: Agência Pará

O projeto de reconstrução da ponte Rio Moju, parcialmente destruída após o choque de uma embarcação contra um de seus pilares, vai transformá-la em uma estrutura estaiada. A nova concepção segue recomendação técnica do CREA-PA. Isso permitirá uma navegação mais segura no rio, sem levar risco à ponte, que faz parte da alça viária da rodovia PA-483, que liga Belém-PA com as regiões nordeste, sudeste e sul do Pará.

O desabamento ocorrido em abril de 2019 comprometeu 268 metros da ponte. Com a reconstrução desse trecho, a obra de arte terá dois vãos com 134 metros cada um. "O trecho destruído da ponte utilizava o sistema de pilares convencionais, com vão central de 80 metros e vãos menores contendo 40 metros. Os estais serão utilizados apenas neste trecho destruído, ou seja, nos 268 metros que desabaram”, explica o secretário de transportes do governo do Pará, Pádua Andrade.

Antes do desastre, a ponte já estava em obras. Uma vistoria havia detectado problemas de corrosão e de desgaste em pilares e estacas, além de uma dilatação maior do que o habitual entre dois blocos de concreto das pistas de rolamento. Também existia uma carência de proteção na estrutura, que estava desgastada após sucessivas colisões. “Foi realizada uma defensa metálica flutuante ineficaz”, destaca o presidente do CREA-PA, Carlos Renato Milhomem Chaves.

O custo para recuperar a ponte será de 113 milhões de reais. Antes do início das obras foi preciso retirar os escombros da estrutura que caiu. Foram removidas mais de 850 toneladas, abrindo espaço para que se iniciasse a operação de construção do pilar central que irá sustentar os estais do novo trecho da obra de arte. Existe a expectativa de que até o final de 2019 a ponte seja novamente liberada para o tráfego de veículos.

Técnica de construir pontes estaiadas é recente no Brasil e completa 20 anos

ponte sobre rio Moju
Escombros pesando 850 toneladas precisaram ser retirados do rio Moju antes do início da reconstrução da ponte. Crédito: Agência Pará

Até a reconstrução da estrutura, 13 balsas se revezam no transporte de veículos entre Belém e o interior do Pará. A ponte é considerada estratégica, pois dá acesso ao porto de Arapari, em Barcarena-PA. Antes de desabar, a obra de arte sobre o rio Moju era a única da alça viária que não era estaiada. O sistema de estais é utilizado nas pontes Rio Guamá, Moju-Cidade e Rio Acará. “Isso nos dará mais tranquilidade e fluidez no tráfego náutico no local”, diz Pádua Andrade.

O complexo rodoviário no entorno da capital paraense, conhecido como alça viária, soma 74 quilômetros, dos quais 4,5 quilômetros são sobre pontes. Para essa nova obra, o projeto conta com a consultoria dos especialistas em estruturas Remo Magalhães, Ph.D em engenharia estrutural pela Universidade da Califórnia, e Pedro Afonso de Oliveira Almeida, pós-doutor pela Universidade Politécnica da Catalunya. “São profissionais que conhecem o solo daqui da região e como funcionam as marés nos nossos rios. Isso é fundamental para o bom desenrolar dos trabalhos”, complementa o secretário de transportes.

A construção de pontes estaiadas no Brasil é recente. A primeira foi construída em São Paulo-SP, em 1999. Vinte anos depois, a engenharia nacional domina a técnica de construção, assim como a indústria do país já é capaz de fornecer todo o material para viabilizar obras com essas características. Na Bahia, a ponte Salvador-Itaparica, quando concluída, será a maior do Brasil. Terá 1 quilômetro de trecho estaiado, vão livre de 550 metros e pilares centrais com 125 metros de altura.

Entrevistado
Secretaria de Estado de Transportes do Pará
(via assessoria de imprensa)

Contato
nci@secom.pa.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Congresso Nacional ganha frente da engenharia civil

frente parlamentar
Congresso Nacional conta com 26 deputados e 8 senadores que têm formação em engenharia civil e integram a frente parlamentar.
 Crédito: Agência Câmara

Composta por 198 deputados federais e 15 senadores, surge no Congresso Nacional a Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional. O grupo espera trabalhar por uma série de objetivos. Entre eles, estabelecer um projeto de desenvolvimento sustentável de longo prazo. Outra meta é ampliar a representação da engenharia no Congresso - hoje, na ordem de 5,2% dentro da Câmara, com 26 deputados federais, e 9,8% no Senado, com 8 senadores.

O deputado federal Leônidas Cristino (PDT-CE) vai presidir a frente, que foi instalada dia 9 de abril no Congresso. O parlamentar avalia que os investimentos em infraestrutura também devem estar entre as prioridades do grupo. “Precisamos chegar, pelo menos, a 5% do PIB em infraestrutura, mas hoje estamos investindo 2%”, diz.  “Essa frente é um movimento político que pretende colocar a infraestrutura no centro do debate. Nós, engenheiros, sabemos como essa cadeia produtiva é a principal responsável pela geração de empregos”, completa o vice-presidente do movimento, deputado Antônio Idilvan (PDT-CE).

A frente terá reuniões mensais. Além das metas divulgadas pelo presidente e o vice, as obras paralisadas, a regulamentação do dispositivo da leniência para as empreiteiras investigadas pela Lava Jato e a definição de um programa habitacional que seja um projeto de Estado, e não de governo, também estão entre os objetivos dos parlamentares.

O evento que marcou a instalação da frente contou com a presença do presidente do Confea/CREA, Joel Krüger, para quem o Congresso precisa participar do debate de temas estruturais relacionados à engenharia brasileira. “São setores estratégicos para o desenvolvimento e não podemos perder os vetores fundamentais para a nossa estratégia de desenvolvimento”, afirma.

Sistema Confea/CREA encaminha pauta a ser defendida por deputados e senadores

Os 27 presidentes de CREAs também apresentaram uma pauta para que seja acrescentada na agenda legislativa. Ela pede a retirada da emenda 166 da medida provisória 873. A emenda propõe que se torne facultativo o pagamento das anuidades aos conselhos de regulamentação e fiscalização profissional. 

Para Joel Krüger, se a contribuição se tornar opcional, a tendência é que poucos profissionais paguem a anuidade, o que vai afetar o trabalho de fiscalização e normatização profissional do sistema Confea/CREA. “A gente presta um serviço à sociedade brasileira, que é mantido pelos profissionais. Assim, mantemos as nossas questões internas paralelamente à oportunidade de discutirmos os grandes temas nacionais. O desenvolvimento nacional passa obrigatoriamente pela engenharia, pela agronomia e pelas geociências”, enfatiza.

O próximo embate da frente parlamentar da engenharia será para impedir que o Projeto de Lei 617/19 avance na Câmara. Ele autoriza os conselhos regionais de engenharia e de agronomia a repassarem parte dos recursos arrecadados para entidades de classe que representam engenheiros civis e engenheiros agrônomos. De acordo com o texto, até 16% da receita líquida obtida pelos CREAs, com a cobrança da taxa de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e com a contribuição dos associados, poderá ser destinada às entidades de classe.

Entrevistado
Reportagem com base no evento que marcou o lançamento da Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional

Contato
imprensa@camara.leg.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Minha Casa Minha Vida

Minha Casa Minha Vida requer mudanças urgentes

Minha Casa Minha Vida
Minha Casa Minha Vida: verba suplementar dá sobrevida ao programa até o final de 2019. Crédito: Agência Brasil

Diante do risco de o Minha Casa Minha Vida (MCMV) ser paralisado em junho, o ministério da Economia autorizou aporte suplementar de 800 milhões de reais para o programa habitacional, que segue ameaçado de interrupção. O MCMV começou 2019 com orçamento de 4,17 bilhões de reais, um dos menores valores desde que foi criado, em 2009. No entanto, o programa precisa de R$ 5 bilhões para rodar o ano todo. A expectativa é de que os recursos extras assegurem que o Minha Casa Minha Vida honre os contratos atuais, porém sem realizar novos acordos.

O governo federal decidiu liberar verba suplementar ao programa depois de ter sido alertado por setores da construção civil de que sua paralisação poderia gerar a demissão imediata de 50 mil trabalhadores ainda no primeiro semestre de 2019. “A medida, por enquanto, equaliza o grave problema enfrentado pelo Minha Casa Minha Vida desde o início do ano, evitando a sua interrupção”, destaca o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. No entanto, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, afirma que, até julho, o governo federal deverá apresentar proposta de alteração no formato do MCMV.

Uma das medidas seria aumentar o volume de recursos provenientes do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) no Minha Casa Minha Vida, reduzindo os subsídios diretos do Tesouro. A alteração, se implementada, atingirá diretamente as faixas 1,5 e 2 do programa, que hoje contam com subsídios de 47,5 mil reais e 29 mil reais por unidade, respectivamente, e são destinadas a famílias com renda mensal até 2.600 reais e 4.000 reais. Atualmente, o FGTS subsidia 90% e o Tesouro 10%. Com a provável alteração, o Fundo de Garantia passaria a subsidiar 97% e o Tesouro 3%. A mudança precisa do aval do conselho curador do FGTS.

Novas formas de financiamento e uso de terrenos da União

O ministro do Desenvolvimento Regional também acena com a possibilidade de surgirem novas formas de financiamento, com o governo estimulando os bancos privados a abrirem mais linhas de crédito para o Minha Casa Minha Vida, aliviando a sobrecarga sobre a Caixa Econômica Federal. Uma alternativa seria permitir que o sistema financeiro recorresse a organismos internacionais, como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), para obter esses recursos. “Não temos orçamento e não teremos orçamento no curto prazo. Então, temos de buscar outra forma de viabilizar o programa”, alerta Gustavo Canuto.

A situação mais crítica do Minha Casa Minha Vida está na faixa 1, que atende habitações de interesse social e onde os subsídios chegam a 90% e a taxa de juros é 0%. Desde 2018 o governo federal parou de atender projetos voltados para essa faixa. Uma solução seria o governo oferecer terrenos da União para obras da faixa 1, em vez de subsidiar as unidades. Para Ronaldo Cury, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), a ideia é boa, mas desafiadora. "Será preciso mexer em várias leis", alerta, diante das incertezas no MCMV.

Entrevistado
Ministério do Desenvolvimento Regional, Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP)
(via assessoria de imprensa)

Contatos
ascom@cbic.org.br
comunicacao@sindusconsp.com.br
imprensa@integracao.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Contorno de Florianópolis

Pontes e viadutos pré-fabricados viram tendência no Brasil

Contorno de Florianópolis
Contorno de Florianópolis: complexo viário no entorno da capital catarinense investe maciçamente em elementos pré-fabricados. Crédito: Arteris

No XI Congresso Brasileiro de Pontes e Estruturas, realizado dias 16 e 17 de maio em São Paulo-SP, e promovido pela ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e pela ABPE (Associação Brasileira de Pontes e Estruturas), ficou evidente o quanto a construção industrializada do concreto tem se tornado uma tendência em projetos de pontes e viadutos. Em palestra, os engenheiros civis Luiz Livi e Charles Hipólito mostraram as vantagens do sistema e como ele vem se propagando em obras de infraestrutura.

Livi destaca que o cerne do pré-fabricado é fazer bem feito, e rápido. “É um sistema que dá agilidade às obras, por causa da repetição de peças, o que resulta em custo menor e mais segurança no canteiro de obras, assim como reduz substancialmente o contingente de mão de obra. Também define obras com maior sustentabilidade. Tanto é que boa parte dos projetos de infraestrutura que buscam certificação investe na construção industrializada”, afirma.

O engenheiro civil, que é associado da ABECE e da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto), além de atuar na consultoria de projetos focados na construção industrializada do concreto, citou o complexo viário do Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, como um exemplo bem-sucedido. A obra foi inaugurada em 2014 e o projeto original previa uma construção convencional, com a concretagem in loco, mas só foi viabilizado com a aplicação de pré-fabricados. O mesmo ocorre com o contorno rodoviário de Florianópolis-SC, que está em construção para desviar o tráfego pesado do trecho urbano da BR-101 na capital catarinense.

Contorno rodoviário de Florianópolis já consumiu 4.200 m3 de concreto industrializado

A alteração do projeto, para priorizar a construção industrializada, se deu por duas razões: a presença de uma fábrica na região de Governador Celso Ramos-SC, perto do canteiro de obras, e a possibilidade de racionalizar a construção de pontes e viadutos, usando vigas de 20 m, 25 m e 30 m, lajes protendidas e longarinas de até 30 m. “Padronizar obras de arte é o trunfo da pré-fabricação”, destaca Luiz Livi, que lança o desafio: “Vamos pré-fabricar mais? Que tal trazer a obra para dentro de uma fábrica, com controle do projeto, controle de insumos, controle de toda a interface da obra?”

O contorno rodoviário de Florianópolis já consumiu 4.200 m3 de concreto industrializado nos trechos em construção. No entanto, a obra encontra-se atrasada. Havia a previsão de que fosse inaugurada em 2019, mas a conclusão já foi adiada para 2021. Desapropriações, licença ambiental de 3,6 quilômetros e aprovação de novo projeto orçamentário são as principais causas do atraso. O empreendimento envolve um desvio de 50 quilômetros, dos quais 35 quilômetros já têm canteiro de obras instalado.

Entre os desafios do contorno rodoviário no entorno da capital catarinense, para a construção industrializada, estão os solos móveis da região. Isso exige uma compactação maior para a instalação das peças. “Independentemente do tempo da obra, as estruturas de concreto pré-fabricado estão guardadas na fábrica”, frisa Charles Hipólito, ao destacar mais uma das vantagens da aplicação do sistema na construção de pontes e viadutos.

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Pontes Pré-Fabricadas: viaduto de acesso ao Porto de Itaguaí-RJ e contorno rodoviário de Florianópolis”, concedida pelos engenheiros civis Luiz Livi e Charles Hipólito

Contato: abece@abece.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Bath-County

Novo desafio à engenharia: as hidrelétricas reversíveis

Bath-County
Bath County, no estado da Virginia-EUA: maior hidrelétrica reversível do mundo tem capacidade instalada de 3 GW. Crédito: NHA

Em países como Estados Unidos, Japão, China, Itália, Portugal e França cresce a demanda por hidrelétricas reversíveis, as PSHPs (do inglês, Pumped-storage hydropower plants). São usinas que operam com dois lagos, um inferior e um superior, o que permite que a água usada para gerar energia seja bombeada de baixo para cima e reutilizada para gerar mais eletricidade, quando houver necessidade. Isso poupa rios e a necessidade de grandes reservatórios, tornando a energia limpa das hidrelétricas ainda mais sustentável.

A construção dessas usinas cresce em regiões onde há parques eólicos e fazendas de energia solar. Elas compensam os períodos em que há pouco vento ou baixa insolação, abastecendo a rede com energia extra. Para a engenharia, o desafio está em construí-las, pois a instalação desse modelo de hidrelétrica exige perfurações em rochas, geralmente em áreas montanhosas, além da construção de grandes paredões de concreto. Em Portugal, a 40 quilômetros da cidade de Braga, foi executada a obra de uma das PSHPs mais ousadas do mundo: a Frades II.

Hidrelétricas reversíveis
Hidrelétricas reversíveis operam por demanda e preservam os rios. Crédito: NHA

A construção teve início em 2010 e foi concluída em 2015. Ela aproveita dois reservatórios naturais localizados no rio Rabagão. O projeto exigiu a escavação de 9 quilômetros de túneis em rocha, por onde fluem 200 m3 de água por segundo. A casa de força da usina está dentro de uma caverna com 95 metros de altura e revestido em concreto. Sua capacidade geradora varia entre 50 megawatts e 1.000 megawatts – a média é de 383 megawatts. As turbinas são reversíveis e funcionam também como bombas, impulsionando a água do reservatório inferior para o superior.

EUA e China disputam título da maior hidrelétrica reversível do mundo

Apesar de ser uma obra desafiadora, a Frades II não é a maior PSHP do mundo e nem Portugal é o país com mais quantidades de usinas com esse modelo de construção. A maior hidrelétrica reversível está nos Estados Unidos e tem capacidade instalada de 3 GW, mas em breve será superada. Em Fengning, na China, está em execução uma PSHP com 12 unidades de turbina-bomba, capaz de produzir 3,6 GW. A previsão é de que entre em operação em 2021. Na China, outras duas usinas também estão em construção, ambas com capacidade de 3 GW. Em 2020, o Japão vai concluir uma usina de 2,8 GW e a Ucrânia uma de 2,3 GW.

Pela contribuição ambiental e pelo modelo de negócio que proporcionam ao mercado de energia, as PSHPs são vistas atualmente como a alternativa mais lucrativa para o setor de hidrelétricas. “Elas operam em um ciclo fechado, empregando principalmente a mesma quantidade de água, poupando os rios. Este ciclo fechado representa uma grande oportunidade de lucro para os proprietários de PSHPs”, diz relatório de 2018 da National Hydropower Association (Associação Nacional de hidrelétricas dos Estados Unidos). O Brasil tem apenas duas hidrelétricas do gênero, ambas no rio Pinheiros, no estado de São Paulo, mas com tecnologia obsoleta: a usina Pedreira, com 108 MW, construída em 1939, e a usina Traição, com capacidade de 22 MW, de 1940.

Veja como funciona uma hidrelétrica reversível

Entrevistado

Reportagem com base no relatório anual do mercado de hidrelétricas, produzido pela National Hydropower Association (Associação Nacional de hidrelétricas dos Estados Unidos)

Contato: info@hydro.org

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

ENIC

Inovação e produtividade pautam 91ª edição do ENIC

ENIC
Cenário de abertura do 91º ENIC: encontro destaca o futuro da construção civil brasileira. Crédito: CBIC

O foco do 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), que aconteceu de 15 a 17 de maio na cidade do Rio de Janeiro-RJ, esteve no empreendedorismo e nas novas tecnologias. Para o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fabio Queda Bueno da Silva, é inadiável que o setor da construção absorva técnicas inovadoras para melhorar sua produtividade, reduzir custos e oferecer obras de melhor qualidade ao consumidor. “Grandes transformações precisam ser acompanhadas, compreendidas e utilizadas pelas empresas de construção. Isso é fundamental para a competitividade e a inovação futura do setor perante as mudanças da indústria no mundo e no Brasil”, explica.

O palestrante aproveitou o ENIC para lançar a plataforma digital Construção 2030, cujo objetivo é transformá-la em uma rede social que agregue tudo de inovador que estiver em desenvolvimento ou em aplicação na construção civil. “O Construção 2030 foi desenvolvido para ajudar a compreender as transformações que o presente está causando no futuro”, observa Fábio Queda, que fez a plateia refletir sobre as mudanças que estão a caminho. “O futuro não é imutável. Está sendo construído neste instante, pelas pessoas e pelas organizações de hoje. Queremos trazer a seguinte reflexão para o setor: quem está construindo o nosso futuro e qual a nossa participação nessa construção?”, questiona.

Ações que envolvam inovação dependem de mudanças de paradigmas na construção

Futurismo, tecnologias e novas formas de construção também nortearam as palestras do Congresso Técnico de Engenharia, que aconteceu dentro do ENIC. Foram apresentados dados sobre o avanço das construtechs no país. O Brasil já conta com 562 startups da construção civil atuando em vários tipos de projetos. São Paulo lidera o ranking com 230, seguido de Santa Catarina, com 79, e Minas Gerais, com 58. Cerca de 9% dessas empresas atuam no segmento de projetos e viabilidade de obras; 26%, na criação de inovações no segmento de construção; 35%, na aquisição de imóveis; e 30% estudam formas de melhorar propriedades que já estão em uso. No ano passado, as construtechs movimentaram 611,7 milhões de reais em investimentos.

Para o segmento da industrialização, a construção civil já oferece inúmeras oportunidades para que obras sejam mais eficazes no país. O que falta, segundo o engenheiro civil Davidson Deana, especialista em processos construtivos industrializados, é uma maior união entre as partes envolvidas em uma construção. “A área de projetos, construtoras e o setor de suprimentos devem estar integrados, devem ser parceiros na obra, transcendendo o produto e chegando efetivamente no serviço”, avalia. Mauro Campos, presidente do Sinduscon-Sul Fluminense, complementa que a construção industrializada e todas as outras ações que envolvam inovação dependem de mudanças de paradigmas do setor. “O empresariado precisa ter coragem de sair da zona de conforto para enxergar o futuro”, diz.

Acesse o Construção 2030

Entrevistado
Reportagem com base nas palestras ocorridas nos seminários “A Industrialização na Prática: como as construtoras e o mercado estão se preparando?”, “Congresso Técnico de Engenharia” e “O Futuro da Construção: Inovação e Trabalho”, que aconteceram dentro do 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC)

Contato: ascom@cbic.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Mentoria reversa: nunca é cedo ou tarde para aprender

Paulo-Sardinha
Paulo Sardinha, presidente da ABRH-Brasil: mentoria reversa exige que empresas estejam abertas para contrariar o fluxo natural de autoridade e hierarquia dentro da corporação. Crédito: ABRH-Brasil

O conceito mentoria reversa surgiu em 1999, quando o então presidente da General Electric, Jack Welch, pediu a uma equipe de executivos que procurassem jovens colaboradores para ensiná-los a navegar na internet. A prática foi aperfeiçoada ao longo de 20 anos e hoje grandes corporações globais a adotam. Para Paulo Sardinha, presidente da ABRH-Brasil, nem todas as empresas têm perfil para implantar a mentoria reversa. “Mentoria reversa exige que empresas estejam abertas para contrariar o fluxo natural de autoridade e hierarquia dentro da corporação. A empresa tem que estar muito bem preparada para ouvir, entender e comunicar”, alerta.

No Brasil, a mentoria reversa ainda está restrita às subsidiárias das companhias globais que atuam no país e às empresas que financiam startups e incubadoras. “Estamos falando de companhias abertas à inovação, às novas tecnologias e aos novos negócios. Também são empresas que têm práticas inovadoras de recursos humanos, o que faz com que a mentoria reversa seja adotada sem muitas mudanças em suas rotinas”, esclarece o presidente da ABRH-Brasil. “A mentalidade de trabalhar de forma inovadora, de gerenciar grupos, é o fundamento da mentoria reversa, a fim de desobstruir canais de comunicação dentro da empresa, permitindo que os mais jovens compartilhem seus conhecimentos”, completa.

Paulo Sardinha afirma que a mentoria reversa também pode ser útil para romper paradigmas dentro das empresas. “As organizações têm uma dificuldade natural de enfrentar mudanças, e isso é quase universal. É comum ouvir expressões como ‘no meu tempo era assim’, ‘isso já foi tentado e não trouxe resultados’ ou ‘isso não adianta fazer’. Então, soluções novas precisam de respostas novas. A mentoria reversa é uma forma de se buscar essas respostas”, diz. Ele destaca ainda que a adesão deve ser espontânea e contar com pessoas que tenham o que comunicar, o que transmitir em termos de conhecimento, assim como pessoas dispostas a aceitar o contraditório: o mais novo ensinando o mais velho - no caso, mentor e mentorado.

Construção civil pode adotar práticas básicas nos canteiros de obras

Na construção civil, a mentoria reversa tem sido usada para treinar engenheiros civis com larga experiência prática às novas tecnologias de gestão de canteiro de obras e de execução de projetos, como o BIM. Profissionais com menos experiência de campo, mas com familiaridade em softwares, ajudam a capacitar os mais antigos. O presidente da ABRH-Brasil, no entanto, avalia que a mentoria reversa não seja a mais alta prioridade da construção civil nacional no momento. Mesmo assim, ele sugere uma prática básica do conceito que pode ser adotada nos canteiros de obras. “Antes de começar o dia de trabalho, o engenheiro pode reunir os operários e colher opiniões sobre o que vem dando certo e o que está errado nos processos de produção. Com certeza, vai melhorar a gestão de pessoas, que é a essência da mentoria reversa”, finaliza.

Entrevistado
Paulo Sardinha, presidente da ABRH-Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos)

Contato: abrh_portal@abrhbrasil.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330