Vale do Anhangabaú

Blocos de concreto para calçadas: o que vem por aí?

Artefatos emborrachados
Artefatos emborrachados se moldam ao crescimento das árvores e evitam ruptura do pavimento das calçadas
. Crédito: CityLab

Cidades brasileiras estão modificando suas calçadas por conta da aprovação de estatutos do pedestre pelas câmaras municipais. A pedra portuguesa, quando não é transformada em patrimônio cultural - como ocorre em Curitiba -, fica para a história e cede lugar às placas de concreto e aos blocos intertravados. Fora do país, esses artefatos estão agregando tecnologias e se misturando a outros materiais para criar calçadas mais duradouras, sustentáveis e com capacidade para gerar energia.

Nos Estados Unidos, por exemplo, elementos de concreto que se aquecem já são realidade. Nas cidades de Nova York e Minneapolis, estão em teste placas cimentícias embutidas com um sistema vascular de tubos que transporta água aquecida. A temperatura que a calçada atinge é suficiente para derreter a neve que se acumula na superfície. Apesar do conforto oferecido ao pedestre, o sistema ainda é inviável economicamente. Um trecho de 100 metros custa o equivalente a 100 mil dólares (aproximadamente 390 mil reais).

Na Inglaterra e na França, blocos de concreto cobertos com placas emborrachadas convertem a energia cinética gerada pelos passos dos pedestres em eletricidade. Nos dois países, o sistema é testado em calçadas instaladas na frente de duas estações de trens e transfere a energia para a iluminação pública. Outra tecnologia que usa o calçamento para gerar energia está em teste na Universidade George Washington, nos Estados Unidos. Placas de painéis solares coladas sobre os artefatos, em uma área de 10 m2, produzem eletricidade suficiente para alimentar 450 lâmpadas LED.

Tecnologia que usa artefatos de cimento permeáveis se consolida no Brasil

energia cinética
Blocos que convertem a energia cinética gerada pelos passos dos pedestres em eletricidade já são realidade na Inglaterra. Crédito: Pavegen

Em Cambridge, na Inglaterra, blocos de concreto revestidos com uma película que absorve e armazena a luz UV (ultravioleta) são capazes de se auto-iluminar durante a noite. Outra inovação em teste acontece na cidade de Santa Mônica, na Califórnia-EUA, onde blocos emborrachados circundam as árvores e conseguem se moldar ao crescimento do tronco e das raízes. Isso evita a ruptura das placas, causada pelo crescimento das plantas.

No Brasil, uma tecnologia que se consolida é a que utiliza artefatos de cimento permeáveis nas calçadas. A técnica, usada há mais de 30 anos em países como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, é vista como uma ferramenta que pode ajudar no combate às enchentes nos centros urbanos do país. A cidade de São Paulo decidiu aderir e está promovendo uma grande intervenção em sua mobilidade urbana, trocando as pedras portuguesas por placas cimentícias permeáveis no centro histórico e na região do Vale do Anhangabaú.

A intervenção vai agregar sistema LED na iluminação pública e permitir que toda a rede de energia e de telecomunicações fique enterrada em galerias técnicas e banco de dutos. A inovação no calçamento paulistano virá com a instalação de 850 pontos de jatos d’água para melhorar o microclima da região em dias de calor. A água será aspergida, molhando apenas a calçada, e depois recolhida por ralos para reaproveitamento. Um tanque subterrâneo, com capacidade de 1.500 m3, irá coletar a água para alimentar o sistema de drenagem.

Vale do Anhangabaú
Projeção de como ficará o Vale do Anhangabaú, em São Paulo-SP, após revitalização do calçamento
. Crédito: prefeitura de São Paulo-SP

Entrevistado
Reportagem com base em estudo da CityLab, laboratório que pesquisa os problemas e as soluções para as cidades, e prefeitura da cidade de São Paulo-SP.

Contatos
permissions@citylab.com
siurbimprensa@prefeitura.sp.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

ABCP

Cursos da ABCP completam 65 anos propagando conhecimento

ABCP
Em São Paulo-SP, na sede da ABCP, cursos contam com laboratórios e um centro de treinamento para 50 pessoas. Crédito: ABCP

Os cursos da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) começaram a ser ministrados em 1954. Em 2019, chegam a 65 anos propagando conhecimento sobre as tecnologias do concreto. Seja em sua sede em São Paulo-SP ou em suas subsedes espalhadas pelas principais capitais do país, a ABCP disponibiliza em seus cursos a experiência de seus profissionais, ensinando não apenas a teoria, mas a prática. Na entrevista a seguir, Hugo Rodrigues, diretor de comunicação da ABCP, revela como os cursos ajudam a capacitar profissionais que atuam na construção civil e o impacto deles no mercado de Cimento Portland, concreto e seus derivados. Acompanhe:

Atualmente, a ABCP tem quantos cursos em sua grade?
São pouco mais de 20 diferentes cursos, distribuídos em 9 macrotemas e sistemas construtivos (veja quadro abaixo). Entretanto, vale lembrar que há um elenco de outras tecnologias que a ABCP já ofereceu em seus cursos e pode voltar a fazê-lo, além de outras novas que podem ser agregadas. Afinal, transferir tecnologias por intermédio de cursos faz parte do DNA da ABCP.

Macrotema

Curso

Alvenaria Estrutural

Básico de Alvenaria Estrutural com Blocos de Concreto

Avançado de Alvenaria Estrutural com Blocos de Concreto

Artefatos

Aprofundamento Tecnológico na Produção de Artefatos de Concreto

Instalação e Operação de Fábrica de Artefatos de Cimento

Laboratorista de Artefatos de Cimento

Produção Otimizada e com Qualidade de Blocos de Concreto

Concreto

Intensivo de Tecnologia Básica do Concreto

Estrutura de concreto

Conservação e Reabilitação de Estruturas de Concreto

Parede de Concreto

Tecnologia Básica das Paredes de Concreto

Execução de Edificações em Paredes de Concreto

Projeto Estrutural em Paredes de Concreto

Pavimento de Concreto

Diretrizes de Projeto e Execução de Pavimentos de Concreto

Execução de Pavimentos de Concreto com Equipamentos de Pequeno Porte

Reabilitação de Pavimentos de Concreto – Whitetopping, Inlay e Overlay

Tecnologia de Pavimentos de Concreto

Pavimento Intertravado

Projeto e Execução de Pavimentos Intertravados

Treinamento de Execução de Pavimento Intertravados

Treinamento sobre Pavimento Intertravado e Permeável

Pisos Industriais

Pisos Industriais: Conceitos e Recomendações para a Boa Execução

Revestimento de Argamassa

Intensivo de Revestimento de Argamassa

Revestimento de Fachadas: Patologia X Manutenção

Utilização da Argamassa para Revestimentos e Assentamento

Mini curso Revestimento de Fachadas: Patologia x Manutenção

Revestimento de Fachadas: Patologia x Manutenção

Existe um curso que é o mais procurado ou todos possuem uma demanda igualitária?
Todos são bem procurados, porém o “best-seller” é o de Tecnologia Básica do Concreto, cuja oferta regular teve in
ício em 1955. Desde então, anualmente ele integra a grade de cursos que a ABCP oferece. O curso sofreu adequações ao longo de todos esses anos, em especial no que se refere à carga horária. No princípio era de 80 horas (10 dias úteis seguidos ou duas semanas consecutivas) e hoje é de 3 dias seguidos ou 24 horas, em função dos profissionais já não poderem estar longe de suas organizações por longos períodos. Atualmente, o tema Paredes de Concreto - tecnologia de alta produtividade empregada pelas construtoras, e que abrange cerca de 80% do programa Minha Casa Minha Vida - apresenta crescente procura. Três cursos sequenciais e interligados, todos elaborados pelo Grupo Paredes de Concreto, coordenado pela ABCP, em parceria com ABESC (concreteiras) e IBTS (telas soldadas), apresentam com riqueza de detalhes a tecnologia projetual e executiva do sistema aos profissionais e construtoras que desejam conhecê-la e aplicá-la.

Qual o perfil de quem busca os cursos da ABCP: estudantes, jovens engenheiros, profissionais em busca de qualificações específicas?
Todos os perfis mencionados se inscrevem nos cursos da ABCP, com maior presença de profissionais de escritórios de projetos e empresas do trade da construção civil. Vale lembrar que, para estudantes e aposentados, há tarifas subsidiadas.

Quem ministra os cursos: profissionais da própria ABCP, profissionais parceiros da associação ou professores universitários?
O elenco de instrutores dos cursos da ABCP resulta de uma mescla de profissionais próprios com especialistas reconhecidos do mercado, muitos deles ligados à área acadêmica. Todos reúnem experiência de campo, isto é, atuam com a prática daquilo que transmitem, de modo que a transferência de conhecimento e de tecnologia seja a mais real possível. Este é um pré-requisito para que um profissional possa integrar o rol de professores-colaboradores da ABCP, fato que se une com muita frequência à graduação em renomados institutos de ensino superior. Muitos são mestres ou doutores na área que ensinam.

Qual o efeito dos cursos da ABCP no mercado de Cimento Portland, concreto e seus derivados?
A graduação da engenharia e arquitetura nas áreas correlatas à construção civil sempre apresentou lacunas e falta de profundidade no ensino de determinadas tecnologias. Na grande maioria, são falhas involuntárias, fruto de insuficiência de carga horária para acomodar seus ensinos. Dentro desse cenário, as entidades técnicas representativas de determinados materiais, sistemas e tecnologias, passaram a cumprir um importante papel de complementar o ensino com cursos de capacitação, atualização ou informação, colaborando na ampliação do conhecimento de determinadas tecnologias pelos profissionais e empresas interessados. Isso ajuda na formação e permite ampliar e consolidar a cultura do emprego dos sistemas construtivos à base de cimento, ajudando a manter a hegemonia do concreto nas construções brasileiras, o que amplia o leque de aplicações do Cimento Portland.

Os cursos da ABCP estão completando 65 anos. Essa tradição tem qual peso na qualidade dos cursos?
Os cursos regulares da ABCP nasceram em 1954. Já a ABCP foi fundada em 1936 e o objetivo sempre se pautou na correta e qualificada aplicação do cimento, o que leva naturalmente à transferência de tecnologia por intermédio de palestras e atividades práticas que compõem um curso. Porém, de modo gradual, ordenado e crescente, os cursos nasceram em 1954, com a introdução no Brasil da tecnologia do solo-cimento para bases e sub-bases de pavimentação.

“Passaram pelos cursos da ABCP nos últimos 15 anos perto de 55 mil profissionais.”

Qual o curso mais tradicional da ABCP?
Diria que durante longo tempo a ABCP teve 3 tradicionais cursos, todos Intensivos (2 semanas de duração), que eram: Solo-Cimento com ênfase em pavimentação, Pavimento de Concreto e Tecnologia Básica do Concreto. Provavelmente, não há nenhum profissional que atua na área de tecnologia e controle de qualidade do concreto que não tenha frequentado o curso da ABCP de tecnologia do concreto. Por isso, ele é o nosso “best-seller”.

Quantos profissionais já passaram pelos cursos da ABCP?
Em números gerais, passaram pelos cursos da ABCP nos últimos 15 anos perto de 55 mil profissionais - média de 4.250 profissionais por ano.

O que os cursos da ABCP oferecem a quem os procura, em termos de estrutura?
A sede da ABCP, em São Paulo-SP, tem laboratórios de excelência e dispõe de um centro de treinamento para 50 pessoas. Os laboratórios permitem a realização das aulas práticas. Além disso, a área externa, que carinhosamente é tratada de Parque de Exposições, é um showroom a céu aberto das soluções construtivas à base de cimento. Ele dá acesso a demonstrações práticas desses sistemas. A estrutura dos cursos engloba coffee break, almoço, material didático, material de apoio e certificado. Porém, deve-se ressaltar que os cursos podem acontecer em todo o Brasil, em especial nas capitais onde se encontram nossas regionais, bem como pode
m ser feitos in company e taylor made.

Qual a agenda dos cursos para o 2º semestre de 2019?

Mês

Data

Cidade

Horário

C. H

Tema

JUL

16

16, 17 e 18

São Paulo/SP

16h00 às 22h00

18

Intensivo de Tecnologia Básica do Concreto

17

29, 30, 31, 1ago

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

32

Avançado de Alvenaria Estrutural com Blocos de Concreto

SET

19

10 e 11

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

24

Intensivo de Revestimento de Argamassa

21

24 e 25

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

16

Tecnologia dos aditivos e adições para concreto de cimento Portland

OUT

22

1 e 2

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

16

Conservação e Reabilitação de Estruturas de Concreto

23

8

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Revestimento de Fachadas: Patologia X Manutenção

24

15 e 16

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

16

Instalação e Operação de Fábrica de Artefatos de Cimento

25

22

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Pisos Industriais: Conceitos e Recomendações para a Boa Execução

26

29

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Produção Otimizada e com Qualidade de Blocos de Concreto

27

30

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Laboratorista de Artefatos de Cimento

NOV

28

5, 6, 7

São Paulo/SP

16h00 às 22h00

18

Intensivo de Tecnologia Básica do Concreto

29

25

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Curso Tecnologia Básica das Paredes de Concreto

30

26

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Execução de Edificações em Paredes de Concreto

31

27

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Projeto Estrutural em Paredes de Concreto

32

28

São Paulo/SP

8h00 às 17h00

8

Arquitetura Estrutural em Paredes de Concreto

Para mais informações, consulte a agenda de cursos no portal da ABCP: www.abcp.org.br

Entrevistado
Hugo da Costa Rodrigues Filho, diretor de Comunicação da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)

Contato: hugo.rodrigues@abcp.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Pré-fabricado do concreto

Industrialização do concreto chegará a US$ 130 bi até 2025

Pré-fabricado do concreto
Pré-fabricado do concreto tende a crescer mais no segmento de construção de edifícios, prevê estudo. Crédito: The Constructor

Relatório da consultoria norte-americana Grand View Research estima que até 2025 o mercado global da construção industrializada do concreto movimentará 130,11 bilhões de dólares por ano. Significa crescimento superior a 50 bilhões de dólares em comparação com o levantamento anterior, feito em 2016, quando a mesma empresa calculou que a industrialização do concreto já movimentava US$ 78,44 bilhões de dólares. O estudo leva em consideração apenas a produção de elementos pré-fabricados e pré-moldados, sem contabilizar outros materiais industrializados.

As projeções da Grand View Research consideram que países emergentes como China, Índia, Brasil, Malásia e África do Sul vão impulsionar essa escalada de crescimento. A estimativa se baseia no fato dessas nações terem alta demanda por programas habitacionais e de infraestrutura rodoviária, ferroviária, aeroportuária e de mobilidade urbana. Porém, a consultoria avalia que o setor voltado para a construção de edifícios seja o que vai crescer mais rapidamente. “O curto período de construção oferecido pelos produtos pré-fabricados é o que vai impulsionar o crescimento desse segmento”, diz o relatório.

O documento também cita que o aumento da urbanização nos países emergentes resultará em maior demanda por melhores sistemas de transporte. “À medida que surgirem projetos para atender a mobilidade, a construção industrializada do concreto vai avançar neste setor. Espera-se que o segmento de transporte registre um avanço significativo nos próximos anos, principalmente em países como a Índia e a China”, estima a Grand View Research. Para a consultoria, entre 2019 e 2025, a construção industrializada do concreto terá um CAGR (Compound Annual Growth Rate), ou taxa de crescimento anual de 6,1%, em média.

Abcic Networking IV confirma previsões e vê retomada do setor a partir de 2020

As previsões coincidem com as projeções feitas no Abcic Networking IV, que ocorreu recentemente em São Paulo-SP. No encontro promovido pela Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto, a aposta é que, a partir de 2020, as obras de infraestrutura vão impulsionar o setor de pré-fabricados de concreto no Brasil. "Hoje discutimos muito sobre a realidade brasileira e caminhos que devemos tomar para fazer o país crescer. Acreditamos que tanto a pavimentação de concreto quanto obras de arte, pontes e viadutos, são o caminho para estimular a infraestrutura no Brasil que, por sua vez, irá incentivar todos os demais setores", pontua Carlos Gennari, membro do conselho da Abcic.

Também presente no evento, o presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Camillo Penna, afirmou que o emprego de pré-fabricados de concreto em obras de infraestrutura viária é um dos segmentos mais promissores para a indústria cimenteira, com destaque para o pavimento de concreto. "Isso acontece por causa da viabilidade econômica desse tipo de pavimento. Além disso, é uma solução mais sustentável, pois exige menos iluminação artificial em vias e rodovias, refletindo mais luz", completa.

Entrevistado
Reportagem com base no relatório “Análise de mercado de concreto pré-moldado e previsão do segmento para 2025”, da consultoria Grand View Research

Contato: sales@grandviewresearch.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Lava Jato obriga construção civil a buscar um novo modelo

Debate no SindusCon-PR aponta que construção civil deve buscar novas relações com o poder público, com o consumidor e com os investidores privados. Crédito: Valterci Santos/SindusCon-PR
Debate no SindusCon-PR aponta que construção civil deve buscar novas relações com o poder público, com o consumidor e com os investidores privados. Crédito: Valterci Santos/SindusCon-PR

Para marcar a comemoração de seus 75 anos, o SindusCon-PR realizou dia 10 de junho um seminário para tratar da autorregulação da indústria da construção como estratégia para acelerar o crescimento do setor. Foram convidados o presidente da CBIC, José Carlos Martins; a ministra do Superior Tribuna de Justiça (STJ), Eliana Calmon, e o cientista político Leonardo Barreto. Um dos temas do debate abordou os efeitos da operação Lava Jato na construção civil brasileira. Concluiu-se que as investigações, as quais afetaram gigantes do mercado nacional, devem levar as construtoras a buscar um novo modelo de gestão de negócio e de relacionamento com o poder público, com o consumidor e com os investidores privados.

Martins alertou que se isso não for feito as multinacionais da construção civil podem assumir o protagonismo no Brasil, e em breve. “Dia 6 de junho de 1944, data da fundação do SindusCon-PR, coincide com o Dia D da Segunda Guerra Mundial. E a construção civil brasileira está se aproximando de seu dia D. Em que sentido? No sentido de que não podemos abrir mão de fazer um modelo novo de negócio. No passado, o poder público era o grande financiador. Mas o que vem por aí agora é o mercado de capitais. E o mercado de capitais exige produtividade e competitividade. Neste aspecto, as estrangeiras estão mais prontas para essa nova realidade e nós precisamos nos preparar”, afirma o presidente da CBIC.

O que está em jogo não é a qualidade da engenharia civil brasileira

Para Leonardo Barreto, o que está em jogo não é a qualidade da engenharia civil brasileira, mas uma mudança de paradigma no modelo de operação das empreiteiras. Segundo ele, trata-se de uma questão de reputação e de confiança. “Atualmente, não existe nenhum negócio que se mova sem reputação. Estamos vivendo a era da economia da confiança. Velhas práticas não cabem mais no Brasil de hoje”, reforça. O cientista político sugere medidas que ajudariam a sinalizar ao mercado que a construção civil está mudando. “A indústria precisa uniformizar a legislação, reduzir a informalidade, criar um ambiente de concorrência mais leal, reduzir custos, negociar com fornecedor, acessar outros mercados, investir em tecnologia e criar laboratórios de inovação”, completa.

A ministra Eliana Calmon fechou os debates ao destacar que o mérito da operação Lava Jato foi desencadear essa mudança a partir da ética. “Ética é fator de transformação”, frisa. Ainda de acordo com a magistrada, a maior contribuição da operação foi a descoberta do crime institucionalizado. “O crime institucionalizado usa a caneta e o Diário Oficial, nomeando por interesses escusos aquele que vai fazer o edital de licitação e dar as regras do jogo para as concorrências”, salienta. Por isso, segundo Eliana Calmon, a Lava Jato deve ser vista como um divisor de águas para a construção civil nacional. “Apesar do setor enfrentar dificuldades no presente, o futuro aponta para relações muito mais transparentes e, consequentemente, melhores para todos”, finaliza.

Entrevistado
Reportagem com base no seminário que marcou os 75 anos do SindusCon-PR, sobre a autorregulação da indústria da construção

Contato: imprensa@sindusconpr.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Pedro Guimarães

Caixa volta a cortar juros do financiamento imobiliário

Pedro Guimarães
Pedro Guimarães: recentes medidas da Caixa atendem classe média e inadimplentes de baixa renda. Crédito: CEF

Quem busca financiamento imobiliário na Caixa Econômica Federal já consegue pagar juros menores, principalmente se o imóvel pretendido estiver na faixa de 1,5 milhão de reais. Isso ocorre por que, desde 10 de junho de 2019, o banco igualou as taxas do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). O SFH é voltado para os financiamentos do Minha Casa Minha Vida, e com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), enquanto o SFI é destinado a imóveis com valor similar ou acima a 1,5 milhão de reais, sem cobertura do FGTS.

Por abranger unidades mais caras, tradicionalmente o SFI cobrava juros mais altos que o SFH. Agora, a taxa mais alta caiu de 11% ao ano para 9,75% ao ano, mais a TR. Quem é correntista ou tem algum tipo de relacionamento com a Caixa vai pagar taxas ainda menores: 8,5% ao ano, mais TR. “A grande mensagem é que nós estamos eliminando as distorções, para que não haja tratamento diferenciado em categorias de renda”, destaca o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, para quem a medida busca ampliar o crédito habitacional para a classe média.

Os novos percentuais não valem apenas para a aquisição de imóveis novos, mas também para o financiamento de usados, compra de terreno para construção, construção em terreno próprio e reformas. Outra novidade é que esses financiamentos com taxas menores de juros poderão ser feitos pela modalidade Price, a qual tem parcelas fixas e começam menores que as da modalidade SAC. “Essa era uma demanda não apenas dos construtores, mas também de todo o mercado imobiliário”, justifica Pedro Guimarães. As recentes decisões não valem para financiamentos envolvendo o Minha Casa Minha Vida.

Programa facilita renegociação de dívida para quem financiou a casa própria

Para os clientes de baixa renda, e que enfrentam dificuldades para pagar o financiamento imobiliário, a Caixa anunciou um programa de renegociação de dívidas imobiliárias. O devedor poderá pagar parte do atraso à vista e incorporar as parcelas atrasadas nas prestações seguintes. O mutuário também poderá abater das prestações o saldo do FGTS ou mudar a data de vencimento das parcelas. A expectativa do banco é renegociar 589 mil contratos que estão em atraso, o que equivale a cerca de 10,1 bilhões de reais. “Antes, com 59 dias de atraso, a Caixa já começava a tomar as medidas legais para retomar o imóvel. Não vamos fazer mais isso. Queremos dar oportunidade para a pessoa regularizar seu financiamento”, diz Pedro Guimarães.

Boa parte desses contratos em atraso tem prestações variando entre 25 reais e 50 reais, ou seja, se relacionam com a faixa 1 do Minha Casa Minha Vida. De acordo com o presidente da Caixa, não se trata de inadimplência elevada. A maioria está com menos de seis prestações em atraso. "A ação é para uma devolução de cidadania financeira às pessoas. Entendemos que o bem material mais importante para a família é a casa própria. São 2,3 milhões de pessoas que serão beneficiadas pelo programa. A Caixa quer evitar que elas percam o seu bem mais precioso”, completa. Mais informações podem ser obtidas no telefone 0800 726 8068 (opção 8) ou no site www.caixa.gov.br/negociar.

Entrevistado
Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal
(via assessoria de imprensa)

Contato: imprensa@caixa.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Desburocratizar normas de segurança favorece construção

normas regulamentadoras
Das 11 normas regulamentadoras que serão inicialmente revisadas, 3 estão diretamente ligadas à construção civil. Crédito: Banco de Imagens

Das 37 normas regulamentadoras (NRs) ligadas à saúde e à segurança do trabalhador, pelo menos 11 serão revisadas pelo governo federal. Segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, o objetivo é simplificar e desburocratizar as normas, permitindo que as empresas possam comprar maquinários, treinar mão de obra e, consequentemente, gerar empregos com mais agilidade. “Hoje, há custos absurdos em função de uma normatização absolutamente bizantina, anacrônica e hostil”, diz Marinho.

A primeira NR a ser modificada é a NR 12, que trata da instalação de máquinas, e cuja complexidade das regras chega a duplicar os custos do equipamento. “Hoje, um industrial brasileiro, quando compra uma máquina sofisticada em outro lugar do mundo, como Europa e América do Norte, normalmente gasta quase o dobro do seu custo de transação para implantar essa máquina, o que encarece e dificulta a produtividade e a competitividade”, explica o secretário.

Em seguida, virão as NRs 1, 2, 3, 9, 15, 17, 24, 25, 26 a 28. Essas normas tratam dos itens como insalubridade, periculosidade e trabalho a céu aberto. A revisão ficará sob a responsabilidade da Fundacentro, organismo vinculado à Secretaria Especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia e responsável por pesquisas e estudos sobre segurança, higiene e medicina do trabalho. Segundo Marinho, a revisão envolverá três eixos: customização, desburocratização e simplificação das NRs.

Das 11 normas regulamentadoras que inicialmente serão revisadas, 3 estão diretamente relacionadas com a construção civil (NRs 9, 12 e 17). Elas tratam dos seguintes temas:

NR 9 - Programa de prevenção de riscos ambientais

Obrigatoriedade da elaboração e da implantação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Visa a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores.

NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos

Obriga o empregador a adotar medidas de proteção para o uso de máquinas e equipamentos, garantindo a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

NR 17 - Ergonomia

Discorre sobre ergonomia. Combate as doenças do trabalho desenvolvidas a partir de exposição de trabalhadores a riscos ergonômicos.

Veja as outras NRs que se relacionam com a construção civil

Em 2018, a NR 18, que trata das atividades em canteiros de obras, sofreu mudanças em um de seus itens. As alterações abrangeram as instalações elétricas provisórias, com o objetivo de prevenir choques elétricos. Juntamente com quedas e soterramentos, esse está entre os principais acidentes de trabalho no setor.

Ao todo, 12 normas regulamentadoras se relacionam com a construção civil. Além das NRs 9, 12, 17 e 18, têm também as seguintes normas:

NR 4
Trata do SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), cuja finalidade é promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local onde executa suas atividades.

NR 5
Discorre sobre a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que objetiva prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, zelando pela vida e promovendo a saúde dos trabalhadores.

NR 6
Dispõe sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs) que as empresas são obrigadas a fornecer a seus empregados. O intuito desse tipo de proteção, segundo a norma, é resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

NR 7
Estabelece a obrigatoriedade, por parte das empresas, da elaboração e implementação do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). O objetivo é promover e preservar a saúde do conjunto dos trabalhadores da construção civil.

NR 8
Exige padrões em edificações e obras da construção civil e estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nesses locais. O intuito é garantir segurança e conforto a quem trabalha na construção civil.

NR 10
Aborda as instalações e serviços em eletricidade na construção civil. A norma fixa as condições mínimas para garantir a segurança dos empregados que realizam esse tipo de trabalho. Afirma que toda e qualquer instalação elétrica deve sempre ser executada e fiscalizada por um profissional capacitado e habilitado na área.

NR 33
Determina diretrizes para o trabalho em espaços confinados.

NR 35
Estabelece requisitos mínimos para proteção de trabalhos em altura, ou seja, atividade executada acima de dois metros do nível inferior, onde haja risco de queda.

Entrevistado
Secretaria Especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia
(via assessoria de imprensa)

Contato: imprensa@economia.gov.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Imigrantes Haitianos e venezuelanos

Junto com SENAI, construtoras qualificam imigrantes

Imigrantes Haitianos e venezuelanos
Imigrantes recebem cursos para atuar na construção civil: centenas já estão atuando em canteiros de obras no Brasil. Crédito: CNI

Venezuelanos, haitianos e imigrantes de outras nacionalidades que vieram morar no Brasil estão ganhando a oportunidade de entrar no mercado de trabalho formal através da construção civil. Empresas do setor, em parceria com o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), estão investindo na formação de operários para atuar em várias funções dentro do canteiro de obras. O programa tem a supervisão do Ministério Público do Trabalho e acontece em vários estados.

Uma das construtoras que investe na parceria é a Plaenge. Na avaliação de Luiz Octávio Carvalho de Pinho, gerente regional da empresa no Mato Grosso do Sul, o treinamento de imigrantes é positivo, pois boa parte tem boa formação escolar e isso qualifica a mão de obra da construção civil. “A gente busca essas pessoas para atender as maiores demandas dentro da empresa. O primeiro curso foi de pintor imobiliário. Na sequência, vieram o de ceramista, montador e eletricista, e virão mais”, diz.

Na parceria entre a Plaenge e a Escola de Construção do SENAI, no Mato Grosso do Sul, os haitianos são os imigrantes que mais se beneficiam. No entanto, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, venezuelanos que buscam qualificação para atuar na construção civil são maioria. Atualmente, metade dos quase 34 mil estrangeiros que todo ano pedem refúgio no Brasil é formada por venezuelanos. Segundo pesquisa do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), 72% desses imigrantes têm entre 20 anos e 39 anos, 63% são do sexo masculino e 54% são solteiros. Um em cada três (32%) tem curso superior completo ou pós-graduação, enquanto três em cada quatro (78%) chegam com nível médio completo.

Copa do Mundo de 2014 trouxe mais imigrantes em busca de trabalho na construção

Dados da UNESCO também comprovam melhor preparo educacional entre os venezuelanos. “Existe uma visão de que os imigrantes que fogem de perseguições e desastres possuem um nível inferior de educação. Isso não é verdade. Se você investiga a formação dos haitianos que vieram para o Brasil, muitos tinham ensino superior. Entre os venezuelanos, a mesma coisa. Migrar para longas distâncias é uma decisão muito difícil. Geralmente quem a toma tem uma escolaridade maior”, afirma Rebeca Otero, coordenadora de educação da Unesco no Brasil.

O movimento de imigrantes atuando na construção civil brasileira se intensificou a partir da Copa do Mundo de 2014. Em 2017, com a publicação da lei 13.445, o Brasil facilitou a regularização e a igualdade de oportunidades aos imigrantes. A legislação incentiva a formalização no trabalho e a igualdade de tratamento e oportunidades. Isso tem permitido também que engenheiros civis formados em outros países consigam atuar no mercado brasileiro.

O ingresso desses profissionais pode ficar ainda mais facilitado se for aprovado o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional. Ele determina que os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs) emitam o registro profissional em, no máximo, três meses. Se virar lei, a emissão do registro será automática após o vencimento do prazo, caso o engenheiro esteja contratado por uma empreiteira com licitação para construir obra pública no Brasil. Ainda não há prazo para a votação do projeto.

Entrevistado
SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)

Contatos
imprensa@cni.com.br
gcomunicacao@unesco.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Mercado de trabalho: Baby Boomers versus Centennials

Nascida entre 1946 e 1964, a geração Baby Boomers atravessa um processo acelerado de aposentadoria, e isso preocupa as lideranças das empresas ligadas à construção civil. É o que mostram estudos de consultorias de recrutamento e de tendências mercadológicas, como Robert Half, Kantar e Balance Small Business. Segundo os levantamentos, 34% dos executivos passaram a ficar atentos a esse movimento de transição, a fim de não perder o conjunto de habilidades e conhecimento dos Baby Boomers - sobretudo engenheiros.

Por outro lado, as empresas já preparam o terreno para uma nova geração que começa a entrar no mercado de trabalho: a Centennials (nascidos de 1997 até o presente). Na engenharia, eles são vistos como os que vão popularizar as inovações em curso, como impressão 3D e IoT (Internet das Coisas). Há também a expectativa de que essa geração globalize conceitos de startup dentro das grandes corporações.

No Brasil, os Centennials já representam 32% da população e estão cada vez mais influentes no modo de consumir. Outros dados sobre a nova geração é que ela utiliza smartphones até 30% mais vezes do que as pessoas com mais de 21 anos e passa até 35% mais tempo em seus dispositivos durante o dia. A geração também não tem tanto apego a marcas e não hesita em buscar alternativas, no caso de experiências insatisfatórias.

Com os Centennials chegando ao mercado de trabalho, e os Baby Boomers saindo, as empresas estão adotando as seguintes soluções para preservar o capital intelectual: formação de equipes de diferentes gerações, organização de sessões de treinamento com todos os colaboradores, realização de programas de mentoria e coaching, uso de plataformas online para que todos possam inserir suas experiências e acompanhamento e catalogação de projetos bem-sucedidos.

No entender de especialistas ouvidos pelas consultorias, cada geração tem qualidades que, agregadas, podem gerar aspectos muito positivos para as empresas. Na construção civil, veja como cada uma se comporta:

Baby Boomers

Se encontram no comando de muitos projetos de construção e em cargos gerenciais. Gostam de impulsionar o fluxo de trabalho e impor seus traços de liderança. Comprometem-se com extensas horas de trabalho.

Geração X

Os nascidos entre 1965 e 1980 atualmente também ocupam cargos de gerência na construção. Sentem-se à vontade para supervisionar e orientar, e se adaptam rapidamente ao desenvolvimento tecnológico.

Geração Y ou Millennials

Para os nascidos entre 1981 e 1996, a tecnologia está totalmente incorporada ao ambiente de trabalho. Fazem bom uso da tecnologia móvel, como mensagens instantâneas e serviços em nuvem para se comunicar. Estão frequentemente interessados ​​em estratégias sustentáveis, ​​como energia renovável, consumo racional de água e produtos reciclados.

Centennials ou Geração Z

A nova geração é totalmente dependente da tecnologia. Seus integrantes estão focados em máquinas robotizadas, startups e novos sistemas construtivos que economizem recursos naturais. São capazes de realizar multitarefas e se envolver em diferentes projetos ao mesmo tempo.

Metas comuns são melhor caminho para evitar conflitos de gerações na empresa

Para que não haja conflitos de gerações dentro do ambiente de trabalho, as consultorias recomendam que a empresa estabeleça metas comuns. “Quando a gestão estabelece um fator ou meta comum, ou seja, que vale para todos os colaboradores, é mais provável que eles se unam para alcançá-la. Isso acontece independentemente de quão diferentes são seus pontos fortes ou seu tipo de personalidade. O trabalho passa a ser a força motivadora”, aponta estudo da Robert Half.

A empresa especializada em recrutamento conclui com a seguinte análise: “Todos são capazes de trabalhar juntos, pois, ainda que alguém pertença a uma geração diferente, todos possuem competências que podem ser utilizadas a favor da empresa. Porém, com uma diversidade tão grande de gerações no mercado de trabalho, é fundamental que a organização esteja atenta ao perfil de cada uma delas ao abrir uma vaga, para garantir um recrutamento de sucesso. Assim, é importante que as diferenças entre elas sejam respeitadas e que a organização ofereça as condições necessárias para que haja igualdade de tratamento.”

Entrevistado
Reportagem com base em estudos e análises desenvolvidos pelas consultorias Robert Half, Kantar Brasil e Balance Small Business

Contatos
breditor@kantar.com
press@thebalance.com
approval.timereporting@roberthalf.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

O que é RFI e qual sua importância para a obra?

Do inglês Request for Information, RFI pode ser traduzido como pedido de informação. Empresas contratadas para uma obra - normalmente as terceirizadas - podem requerer mais detalhes e explicações sobre o projeto, e para obtê-los o fazem através de RFIs. Dependendo da demanda, essas solicitações causam impacto considerável no planejamento e no orçamento da obra, pois normalmente exigem adequações do projeto.

Um RFI pode ser solicitado em qualquer etapa da obra, seja ela pública ou privada. Porém, tais pedidos ocorrem normalmente nas seguintes fases: especificações e padrões de construção, acordos contratuais, plano de gerenciamento de construção, gestão de materiais e desenhos para projeto de construção. Quanto mais RFIs tiver uma obra maior será seu custo.

Estudo da consultoria Navigant Construction, com base em 1.300 projetos executados em vários países, mostra que cada pedido de informação extra do projeto custa, em média, 1.080 dólares (cerca de 4.350 reais). O prazo para revisão e resposta leva aproximadamente 10 dias, o que também gera impacto no cronograma. Outra constatação é que a falta de resposta a um RFI pode ser o catalisador de disputas dispendiosas e até paralisar o andamento da obra.

Pedidos de informação dentro de uma obra são relativamente normais. A recomendação é que o volume não seja exagerado. Para isso, algumas recomendações são úteis. Entre elas, padronizar o RFI, estabelecer prazo de resposta em contrato, fazer o controle eletrônico para monitorar o progresso da solicitação, entregar cópias do RFI para toda a equipe envolvida no projeto, tratar de assuntos específicos no RFI e adicionar referências ou especificações em cada pedido de informação.

RFI pode contribuir com soluções ao projeto ou ser minimizado com o uso do BIM

O RFI não serve apenas para fazer checagem do projeto ou apontar falhas. Há casos em que serve para propor soluções que melhorem processos dentro da obra e, consequentemente, reduzam tempo e qualifiquem a construção. Normalmente, quando isso ocorre, são feitas sugestões para o uso de tecnologias que ajudam nos processos de gerenciamento de construção. Atualmente, quase todos os softwares que desempenham essa função possuem recursos para demandas que exigem RFI.

Essas ferramentas também têm uma interface que facilita as equipes da obra a fazerem um pedido de solicitação, além de ensinar como enviar, receber, responder e fechar os avisos de RFI on-line e compartilhá-los com outras partes interessadas do projeto. Entre esses softwares, o mais conhecido é o BIM (Building Information Modeling). A incorporação de BIM permite uma visualização consistente do projeto, além de fornecer informações confiáveis. Resultado: seu uso tem reduzido a necessidade de RFIs e de retrabalho no canteiro de obras.

Construtoras que já dominam o uso do BIM, e que possuem equipes de engenheiros experientes, têm conseguido impedir que os RFIs ocorram quando a obra entra em sua fase de execução. Neste caso, as requisições de informações são resolvidas pelos próprios projetistas, sem impactar nos custos e no cronograma. Há também consultorias especializadas, que ajudam a revisar o projeto e a detectar eventuais falhas, minimizando interrupções quando a construção efetivamente estiver em andamento.

Veja o estudo da Navigant Construction sobre RFI

Entrevistado
Reportagem com base no estudo da Navigant Construction, intitulado “Impacto e controle de RFIs em projetos de construção”

Contato: inquiries@navigant.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

Jairo-Abud

Betoneira inovadora surge para combater excesso de peso

Jairo-Abud
Jairo Abud: caminhão-betoneira leve será apresentado na Concrete Show, em agosto, na cidade de São Paulo-SP.

O peso do caminhão-betoneira, somando à carga de concreto, não pode exceder o peso bruto total combinado (PBTC) permitido por lei para o transporte deste tipo de material. Quando isso ocorre, a concreteira pode receber multas que comprometem o lucro operacional. Em busca de solução para esse problema, a ABESC (Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Concretagem) trabalha junto às concreteiras e fabricantes de veículos no projeto de uma betoneira mais leve, com base em um aço inoxidável especial. Isso possibilitará encher o balão com a carga máxima de concreto permitido, sem exceder o PBTC. Também trará ganhos de produtividade e rentabilidade. A inovação está em produção e o primeiro protótipo será apresentado na Concrete Show, feira de cimento e concreto que acontece de 14 a 16 de agosto em São Paulo-SP, como conta o presidente da ABESC, Jairo Abud, na entrevista a seguir. Confira:

Um grupo de empresas atua no projeto de construir um novo conceito de betoneira, mais leve e ao mesmo tempo mais resistente. Como nasceu esse projeto e de que forma a ABESC participa dele?

O projeto nasceu dentro da ABESC, com a participação da MAN (Volkswagen Caminhões), APERAM (fabricante de aços inoxidáveis) e Convicta (fabricante da betoneira). O objetivo do projeto é reduzir o peso próprio do caminhão e do equipamento, objetivando enquadrá-los nos limites legais da legislação.

No que esse novo produto vai beneficiar as concreteiras?

O resultado tem sido excepcional. Com a utilização do aço inox da APERAM, a Convicta logrou reduzir o peso próprio da betoneira em 1,1 tonelada, com a mesma vida útil. Por sua vez, a Volkswagen conseguiu reduzir o peso do caminhão em 1,3 tonelada, ou seja, o peso do caminhão betoneira foi reduzido em 2,4 toneladas, o que corresponde aproximadamente a 1 m
3 de concreto.

Existe a expectativa de que a novo balão seja apresentado na Concrete Show 2019. Como anda o cronograma?

Sim, o caminhão-betoneira leve será apresentado na Concrete Show e estará disponível no estande da ABESC. Antes, dia 1º de agosto, haverá uma conferência online, às 16h, com a participação dos envolvidos no projeto, quando apresentaremos para os associados a betoneira leve.

Qual é o maior desafio para as empresas que transportam concreto usinado nas cidades brasileiras?

O grande desafio das empresas é de logística, ou seja, a eficiência da empresa em otimizar o uso de seu equipamento e elevar a produtividade no setor. A produtividade na aplicação do concreto ainda é muito baixa em nosso país.

Atualmente, qual o limite de concreto que uma betoneira consegue carregar sem estar ameaçada de levar multa?

Para uma betoneira 8x4, ela deve transportar cerca de 7 m³. Com o novo projeto estaremos bem próximos de cumprir com a legislação vigente. Devo lembrar que o caminhão-betoneira retira de circulação três caminhões (cimento, brita e areia), caso o concreto seja "virado em obra". O concreto "virado em obra" é uma das atividades mais insalubres da construção civil, além de contaminar o entorno da obra com partículas sólidas. Em muitos países já é proibido "virar" o concreto no canteiro de obras. As concreteiras cumprem um papel importante na construção civil, reduzindo custos, diminuindo a contaminação nas grandes cidades e ajudando a melhorar o trânsito. As autoridades municipais devem levar em conta esses benefícios para as cidades.

O que poderia ser melhorado na legislação em geral?

Nos países desenvolvidos, a atividade da concreteira é qualificada como uma atividade especial, com leis específicas, pelos motivos que expus. Nas obras, por exemplo, deveriam permitir o bloqueio da rua em frente, para facilitar o acesso dos caminhões e bombas de concreto. Na cidade de São Paulo, já há uma legislação mais tolerante para os caminhões-betoneiras, ao permitir que circulem pelo centro expandido em horários diferenciados. Na Europa, discutem o aumento do volume de concreto a ser transportado por caminhão, e não a diminuição, como ocorre no Brasil.

“Esse projeto que estamos desenvolvendo é altamente inovador. Só conhecemos um projeto semelhante na Europa”

Esse case de inovação industrial deixará qual legado?

Esse projeto que estamos desenvolvendo é altamente inovador. Só conhecemos um projeto semelhante na Europa, com aço belga, porém, muito mais caro. Nesse caso, com o aço importado não haveria a opção de obter o BNDES Finame (Financiamento de máquinas e equipamentos via BNDES). Recentemente, fiz uma apresentação do novo caminhão-betoneira para associações de empresas concreteiras da América Latina e houve um enorme interesse. O legado a ser deixado é que, com a união dos atores envolvidos (empresas concreteiras, fabricantes de caminhões e implementos), podemos buscar soluções inovadoras com benefícios para toda a sociedade.

A ABESC está liderando outros projetos inovadores?

Estamos continuamente discutindo formas de inovar no setor e torná-lo competitivo. Há vários projetos em andamento e todos eles contam com a participação de nossos associados. A ABESC oferece treinamento, consultoria jurídica e administrativa, entre outros serviços. Estamos também desenvolvendo o mercado de pavimentos urbanos em concreto, em parceria com outras entidades, que será um marco para o país. Na Concrete Show haverá um painel específico de um dia, com experts mexicanos, chilenos, colombianos, argentinos e brasileiros para discutirmos a implementação do pavimento urbano no Brasil.

Entrevistado
Jairo Abud, engenheiro civil, economista e presidente da ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem)

Contato
jairo@abesc.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330