Para artefato de cimento, inovar é fazer bem-feito
Em vez de buscar tecnologias e novos equipamentos, fabricantes devem priorizar insumos de qualidade, normas técnicas e desempenho
Em vez de buscar tecnologias e novos equipamentos, fabricantes devem priorizar insumos de qualidade, normas técnicas e desempenho
Por: Altair Santos
O que os fabricantes de artefatos de cimento devem priorizar diante do atual cenário do mercado brasileiro? Buscar tecnologias para se diferenciar, investir em equipamentos que prometem aumentar a produtividade ou concentrar na melhoria do processo de fabricação? O consultor na área de alvenaria estrutural, Davidson Deana, está convicto de que o momento é de aprimorar o produto, recorrendo à qualificação dos insumos e às normas técnicas. “No momento, inovar é fazer bem-feito”, disse, durante palestra no Concrete Congress – evento paralelo ao 9º Concrete Show, ocorrido na cidade de São Paulo entre 26 e 28 de agosto.
Davidson Deana palestrou no seminário “Segmento de Artefatos no Brasil”, promovido pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). “Muitas vezes, inovação é melhorar a qualidade do concreto, que é o principal insumo de quem fabrica artefatos. Para isso, promover verificações no processo industrial é mais interessante do que sair comprando desesperadamente novas tecnologias e novos equipamentos. Não pode haver a angústia de adquirir uma máquina, achando que ela será a solução de todos os problemas. A preocupação deve ser em fornecer um bom produto usando os recursos de que dispomos”, ensina.
Em sua palestra, Davidson Deana deixou claro que a inovação tem várias faces. “Buscar bons fornecedores e saber negociar preços também é uma postura inovadora. Perseguir normas técnicas, respeitar o meio ambiente, usar matéria-prima de qualidade e garantir desempenho dos produtos também é inovação. Reciclar os processos industriais também é um procedimento inovador. Vale aquela máxima bíblica: conhece a ti mesmo. Minha fábrica de artefatos usa bons agregados? Eu separo e protejo meus insumos das variações climáticas? Eu faço o controle de granulometria e promovo ensaios dos meus artefatos? Tudo isso é inovação”, garante.
Case e questionamentos
O engenheiro civil citou um case que ele acompanhou no interior de Minas Gerais. “O empresário estava para fechar seu negócio de artefatos de cimento. Então, decidiu investir em qualidade. De que forma? Listou 40 itens de verificação para melhorar seu processo de produção. Além disso, reformou seu maquinário velho, sem comprar nada novo, e passou a aplicar verificações diárias, semanais, mensais e trimestrais. Em seis meses, ele virou o jogo e passou a ganhar mercado na região. Agora, com fôlego para investir, iniciou um novo processo de qualificação de seu negócio. Passou a estudar geologia para entender os agregados que usa em seus produtos e vai investir em um laboratório para ensaiar seus produtos, ou seja, inovou com os recursos de que dispunha”, afirma.
Por fim, Davidson Deana fez uma provocação ao público que assistia a sua palestra – formada basicamente por fabricantes de artefatos que possuem o selo de qualidade da ABCP. “Vendemos produtos ou soluções? Vendemos blocos de concreto ou paredes de vedação e paredes estruturais confiáveis? Vendemos pavers ou calçadas e pavimentos que ajudam as cidades a cumprir as demandas de mobilidade urbana?”, questionou, arrancando aplausos.
Entrevistado
Engenheiro civil Davidson Figueiredo Deana, pesquisador na área de tecnologia do concreto e meio ambiente e sócio da Ethos Soluções
Contato: dfdeana@yahoo.com
Créditos fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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