Arquiteto só deixa entrar concreto em seus projetos
Kazunori Fujimoto faz parte da escola japonesa conhecida como “amigos do concreto”, e que se desenvolveu na Universidade de Tóquio
Kazunori Fujimoto faz parte da escola japonesa conhecida como “amigos do concreto”, e que se desenvolveu na Universidade de Tóquio
Por: Altair Santos
O arquiteto japonês Kazunori Fujimoto decidiu radicalizar. Em seus projetos, o único material permitido é o concreto. Especialista em construção de casas, ele vem assombrando a arquitetura mundial com seus conceitos. À exceção das esquadrias e dos vidros nas janelas, além das portas, nenhum outro material é usado, senão o concreto. “As paredes de concreto permitem criar um ambiente interno confortavelmente silencioso em espaços amplos. É isso que me faz preferir trabalhar com o material”, diz o arquiteto.
Outra predileção de Kazunori Fujimoto é construir residências de verão em praias japonesas, e também casas de campo. “São ambientes em que é possível explorar estruturas mais amplas, com visão panorâmica, e que permitem combinar requinte com simplicidade”, completa o arquiteto, que não dispensa o concreto nem no piso das casas que projeta. Sua preferência é pelo material polido. Além disso, ele também se diferencia ao desenhar as escadas de suas casas – geralmente construídas em dois pavimentos.
Apontado como sucessor de Tadao Ando, 74 anos – considerado o principal arquiteto japonês do período pós-guerra -, Kazunori Fujimoto, que completa 40 anos em 2017, faz parte da escola japonesa de arquitetura conhecida como “amigos do concreto”. Esse grupo se fortaleceu depois que a Universidade de Tóquio desenvolveu pesquisas para melhorar os desempenhos acústicos e térmicos do material, a fim de atender aos requisitos exigidos pelo governo japonês.
A Universidade de Tóquio trabalhou intensamente em um tipo de concreto em que a areia é substituída por cinzas vulcânicas – abundantes no país, ao contrário da areia de rio -, criando um material mais acessível financeiramente para projetos de residências. Além das pesquisas acadêmicas, o Japão possui também ateliês de arquitetos e engenheiros que se propõem a desenvolver materiais para a construção civil do país, abastecendo as inovações projetadas por nomes como o de Kazunori Fujimoto.
Casas perenes
Outro fator que induz Fujimoto a trabalhar intensamente com o concreto é o tipo de terreno em que é desafiado a projetar e construir suas casas. Na maioria das vezes, são espaços com desníveis acentuados. Essa característica dos terrenos também leva Kazunori Fujimoto a se concentrar em projetos com no máximo 100 m² de área construída. Outra especialidade do arquiteto é conceber casas que caibam em terrenos estreitos. Um de seus projetos mais destacados é a residência construída em Ropponmatsu – distrito de Fukuoka – em um terreno que mede 6 metros x 18 metros.
As casas de concreto de Kazunori Fujimoto também têm razão de ser por causa do intenso risco de abalos sísmicos e tsunamis no Japão. Seus projetos já contemplam esse tipo de acidente. Em Mihara, Hiroshima, o arquiteto projetou uma casa em que o telhado de concreto armado, com laje de 12 centímetros de espessura, tem formato ondulado para permitir que a água flua sobre ele. O objetivo é minimizar o impacto de tsunamis e preservar a estrutura. “Desenvolvemos projetos com o objetivo de que sejam perenes”, afirma Fujimoto.
Entrevistado
Arquiteto Kazunori Fujimoto (via assessoria de imprensa)
Contatos
fujimoto@jutok.jp
www.jutok.jp
Crédito Fotos: Kazunori Fujimoto
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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