Aquecimento do mercado imobiliário é fenômeno mundial
Pesquisa abrange 56 países, incluindo o Brasil, e mostra que pandemia gerou corrida à compra de residências
Estudo da consultoria britânica de real estate Knight Frank, e que abrange os mercados imobiliários de 56 países – incluindo o Brasil -, mostra que o segmento de venda de residências passa por um aquecimento global. Consequentemente, entre o 2º semestre de 2020 e o final do 1º semestre de 2021, o preço médio de uma casa, considerando todos os mercados avaliados na pesquisa, subiu 7,3%.
País por país, a Turquia foi quem registrou as maiores altas (32%), seguida pela Nova Zelândia (22,1%). No mercado latino-americano, dos cinco países avaliados, o Peru teve aumento médio de 10%, seguido de México (6,6%), Brasil (4%), Colômbia (3,2%) e Chile (1,7%). “A pandemia gerou uma profunda reavaliação da necessidade de moradia das pessoas, o que desencadeou uma corrida mundial ao mercado imobiliário. Isso causou a valorização dos imóveis”, diz trecho do estudo.
O Brasil está na 40ª posição no ranking e, segundo a chefe de pesquisa residencial internacional da Knight Frank, Kate Everett-Allen, o mercado imobiliário do país experimenta os mesmos efeitos colaterais causados pelo COVID-19 em outras nações. “Os preços das moradias estão subindo por causa da pandemia, não apesar dela”, diz. “Estabeleceu-se uma corrida por espaço, e as pessoas saíram comprando loucamente”, completa.
A análise da Knight Frank aponta que desde 2006 – antes da explosão da bolha imobiliária ocorrida nos Estados Unidos, e que afetou todo o mundo – não se vê uma corrida por imóveis tão intensa. Mesmo assim, a consultoria avalia que não há risco de ocorrer outra bolha. Os governos aprenderam suficientemente em 2008 para não deixar que os mercados fiquem descontrolados, diz o estudo. No Canadá, por exemplo, a corrida por imóveis causou uma onda de especulações imobiliárias em 2020, mas que foi rapidamente contida pelo Banco Central do país.
No Brasil, juros baixos para financiamento imobiliário ajudaram a impulsionar mercado
Outro fenômeno detectado pela consultoria britânica é que em países com economias desenvolvidas também houve um aumento de demanda pela segunda casa entre as famílias. Nesse segmento, foi registrado crescimento que variou entre 26% e 33% em países como Inglaterra, Alemanha, Áustria, França, Itália, Grécia, Emirados Árabes Unidos, Cingapura e Nova Zelândia. De acordo com a Knight Frank, isso também é reflexo da pandemia. “A busca por um segundo imóvel foi mais crescente em nações que adotaram medidas restritivas de circulação mais severas”, comenta a consultoria.
No Brasil, além da reavaliação de moradia desencadeada pela pandemia, as baixas taxas de juros para financiamento imobiliário também estimularam a busca pela casa própria. Isso fez com que as vendas de apartamentos novos crescessem 46,1% no período de 12 meses, aponta balanço da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O levantamento abrange 162 municípios, sendo 20 capitais, de norte a sul do país. Os números mais relevantes foram registrados nas regiões norte e nordeste, aponta o estudo. “Essa é uma tendência que deve se manter até o final de 2021, pelo menos”, avalia o vice-presidente da área de indústria imobiliária da CBIC, Celso Petrucci.
Entrevistados
Consultoria britânica de real estate Knight Frank e Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) (via assessorias de imprensa)
Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330
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