Após ciclone-bomba, seguir norma de vento é primordial

ABNT NBR 6123 torna-se mais intrínseca para prevenir contra manifestações climáticas de maior agressividade

Ciclone-bomba está entre os fenômenos que devem se repetir no Brasil, com as mudanças climáticas: projetos de edificações precisam prever forças mais intensas da natureza Crédito: Banco de Imagens
Ciclone-bomba está entre os fenômenos que devem se repetir no Brasil, com as mudanças climáticas: projetos de edificações precisam prever forças mais intensas da natureza
Crédito: Banco de Imagens

Passando por processo de revisão, a ABNT NBR 6123 (Forças devidas ao vento em edificações) voltou a se destacar depois que um ciclone-bomba atingiu os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul no final de junho de 2020. A manifestação meteorológica mostrou que os projetos construtivos no Brasil ainda ignoram grandes impactos da natureza. Por isso, o coordenador da revisão da norma, o engenheiro civil Acir Mércio Loredo Souza, alerta: “Com a intensificação das mudanças climáticas, o Brasil tende a ser alvo cada vez maior desses fenômenos”. 

Diretor do Laboratório de Aerodinâmica das Construções da UFRGS e presidente da Associação Brasileira de Engenharia do Vento, o professor Acir Mércio Loredo Souza cita o que os projetistas precisam considerar como fenômenos meteorológicos que tendem a ser mais comuns no Brasil de agora em diante. São as tormentas TS (downbursts [tempestades severas causadas por nuvens cumulonimbus], micro-explosões [fortes rajadas de vento] e tornados), além de ciclones extratropicais, subtropicais e tropicais. Ele também destaca que entre 2004 e 2020 já houve 5 ciclones que atingiram a região sul do país ou ameaçaram se aproximar do continente, mas se desfizeram no mar.

Os citados foram o Catarina (2004), a tempestade Anita (2010), o ciclone-bomba (2020) e mais dois fenômenos extratropicais que não causaram danos, e que foram detectados no mar em 2015 e 2016. Por causa dessas recentes mudanças climáticas, o cronograma de revisão da ABNT NBR 6123 foi impactado. O texto da norma tornou-se mais intrínseco. Por exemplo, ela passará a dividir o Brasil em 7 zonas climáticas. “Ainda que não altere sua filosofia, a norma trará atualizações importantes”, diz Acir Mércio. Uma novidade, para facilitar os engenheiros-projetistas, é que haverá um manual de aplicação da norma. 

Revisão prevê maior correlação com outras normas técnicas ligadas à construção civil

A revisão da ABNT NBR 6123 também prevê uma maior correlação com outras normas técnicas. Entre elas, ABNT NBR 6120 (Ações para o cálculo de estruturas de edificações); ABNT NBR 15421 (Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento); ABNT NBR 14323 (Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio); ABNT NBR 15200 (Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio – Procedimento); ABNT NBR 6118 (Projeto de estruturas de concreto); ABNT NBR 15575 (Desempenho de Edificações Habitacionais); ABNT NBR 7199 (Projeto, Execução e Aplicação de vidros na construção civil) e ABNT NBR 10821 (Esquadrias externas para edificações).

Em suas palestras, o professor Acir Mércio Loredo Souza sempre conclui com a seguinte observação: acidentes causados pelo vento são evitáveis dentro do projeto. No entanto, ele destaca que não se pode confiar tanto em softwares, principalmente aqueles que não fornecem resultados que fazem sentido fisicamente, ou seja, não levam em consideração variações abruptas das forças da natureza, como o ciclone-bomba que atingiu os três estados do sul do país no dia 30 de junho. 

Veja palestra sobre a ABNT NBR 6123

Entrevistado
Reportagem com base em palestra do professor de UFRGS, Acir Mércio Loredo Souza, no Instituto de Engenharia

Contato
atendimento@iengenharia.org.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330



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