Após 10 anos, Japão conclui paredões contra novos tsunamis

Construções começaram em 2014, a um custo superior a 12 bilhões de dólares, e alcançam até 15 metros de altura

A altura dos paredões varia de 12,5 metros a 15 metros. Houve cidades não atingidas pelo tsunami de 2011, mas que foram alvos de outras ondas gigantes, que também decidiram erguer muralhas próximas do mar. É o caso de Shizuoka, onde uma estrutura com 17,5 quilômetros de extensão, e 15 metros de altura, foi recentemente concluída. Todas as construções usaram a mesma tecnologia: terra armada revestida por muros de contenção montados com peças pré-moldadas de concreto.

Obviamente, as estruturas que impedem a vista do mar dividem a população. Porém, especialistas as defendem. É o caso de Hiroyasu Kawai, diretor do departamento de engenharia do Instituto de Pesquisa de Portos e Aeroportos do Japão. O organismo estuda projetos antitsunamis desde 2004. “Os paredões vão deter os tsunamis e evitar que inundem regiões do país. Mesmo que o tsunami seja maior do que os paredões, as estruturas estão projetadas para suportar o impacto e atrasar a velocidade das inundações, dando tempo para a evacuação das cidades”, explica.

Primeiro muro para combater tsunamis no Japão foi construído entre 1972 e 1984

Parte do dinheiro investido na construção dos paredões foi dividido com as prefeituras locais por empresas japonesas dos setores da construção imobiliária, da infraestrutura, de transportes ferroviários e as gigantes automobilísticas do país. Elas não apenas contribuíram com recursos como colocaram seus departamentos de engenharia para colaborar na elaboração dos projetos das muralhas. A ação conjunta concluiu que a tecnologia com terra armada, aliada a muros de contenção pré-moldados de concreto e compactação do solo com o uso de cimento – método solo-cimento – seria o mais eficaz e menos oneroso para o programa antitsunami do Japão.

O primeiro muro para combater tsunamis no Japão foi construído entre 1972 e 1984, na pequena cidade de Fudai, no norte do Japão. O então prefeito Kotaku Wamura empreendeu suas energias em uma obra que considerava essencial para a população de 3 mil habitantes: construir uma muralha com 15,5 metros de altura e 205 metros de comprimento. Sobrevivente de um tsunami que destruiu o vilarejo em 1933, Wamura gastou cerca de 30 milhões de dólares no empreendimento, que consumiu 61.500 m³ de concreto armado. Em 2011, a construção cumpriu sua função. No grande tsunami de 10 anos atrás, o paredão conteve uma onda com 20 metros de altura e permitiu que Fudai saísse da tragédia com danos mínimos.

Entrevistado
Centro de Pesquisa de Tsunami, do Instituto de Pesquisa de Portos e Aeroportos do Japão (via assessoria de imprensa)

Contatos
kikaku@p.mpta.go.jp
www.pari.go.jp

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330



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