Acidente do metrô de São Paulo

Laudo final deverá ser divulgado apenas no final de agosto. Ainda não foi divulgado o laudo final que está sendo […]

Laudo final deverá ser divulgado apenas no final de agosto.

Ainda não foi divulgado o laudo final que está sendo feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) com os motivos do acidente no túnel do metrô em São Paulo. A previsão é que o resultado só seja divulgado no final de agosto. Um grupo composto por especialistas, entre engenheiros, geólogos e físicos está atuando nas investigações. A suspeita é que vários fatores tenham provocado o acidente.

No dia 12 de janeiro, o teto do túnel da Linha 4 (Amarela) do metrô de São Paulo ruiu e sete pessoas morreram soterradas. Na região do acidente é utilizado o sistema NATM (sigla em inglês para “New Austrian Tunnelling Method”, Novo Método Austríaco de Construção de Túneis), técnica de escavação com o uso de explosivos.
A concessionária Via Amarela, responsável pela construção da Linha 4, confirmou que houve reparos no túnel durante a madrugada de véspera do acidente. De acordo com o consórcio, composto pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e Siemens, a colocação de concreto para reforço é uma medida de rotina, destinada a impedir a infiltração d’água e evitar rachaduras.
A justificativa apresentada pela concessionária é de que as chuvas causaram uma “reação anômala e inesperada no maciço de terra”. Em uma obra deste porte, à medida que avançam as escavações é preciso instalar pequenos drenos, para que a umidade do solo seja escoada. É possível que os técnicos tenham dimensionado o número de drenos para uma situação normal, mas as constantes chuvas no período que antecedeu o acidente devem ter deixado a terra mais pesada e com infiltrações.

Segundo alguns especialistas, equívocos na estimativa de pontos de drenagem dentro dos túneis e de posicionamento do guindaste junto ao poço vertical também podem ter contribuído para o desabamento.
Por ter sido uma área de várzea, o subsolo nas imediações do Rio Pinheiros é composto por uma camada de areia e argila e, logo abaixo, por rochas mais duras, chamadas de gnaisse. Com o passar do tempo, essa massa vai se decompondo e, com isso, torna-se instável.
De acordo com nota divulgada pelo presidente do Sinduscon-SP, a engenharia nacional tem elevado padrão de qualidade, gera milhões de postos de trabalho e responde por boa parcela do desenvolvimento econômico e social do país. Por isso, a apuração sobre as causas do acidente precisa ser feita com toda a seriedade e racionalidade, baseada em análises e pareceres eminentemente isentos e técnicos, e desprovida do emocionalismo que surge em momentos de comoção como este.

Este pensamento também é compartilhado pelo Instituto de Engenharia segundo o qual não pode haver causa certa e nem culpados sem um trabalho técnico conclusivo que aponte as razões do acidente. É preciso serenidade e responsabilidade para o correto conhecimento das causas técnicas, administrativas e gerenciais que motivaram a tragédia, direta e indiretamente, e que devem ser devidamente investigadas.

O Instituto de Engenharia se propôs a acompanhar os trabalhos de apuração das causas do acidente com o objetivo de esclarecer os múltiplos aspectos técnicos que envolvem uma obra desse porte, assim como os administrativos e gerenciais.

Possíveis causas do acidente provocam discussões

Em um artigo, Maçahico Tisaka, engenheiro consultor do CREA-SP e ex-presidente do Instituto de Engenharia, diz que este acidente não é um fato isolado, nem as suas causas devem ser encaradas como uma mera obra da fatalidade. “Ele tem raízes muito mais profundas. Refiro-me ao processo de degradação da indústria da construção ou do serviço de engenharia que está em curso, sorrateiro, devagar, imperceptível aos olhos da população que está levando o sistema de produção de obras públicas ao gradativo sucateamento no país”. (Leia aqui o artigo completo).

O presidente do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), engenheiro Paulo Helene, ressalta o importante trabalho dos engenheiros civis, responsáveis diretos pela infra-estrutura do país ligada a atividades industriais, de saúde, educação, transportes etc. “… A mídia em geral e a população perceberam a importância da engenharia civil pelo caminho mais doloroso. Há anos o setor tem sido relegado a segundo plano” observa.

Helene lembra que, quando a engenharia falha, as conseqüências podem ser gravíssimas: “uma ponte, um edifício, um viaduto, uma estrada, uma barragem, uma galeria de águas pluviais ou de esgotos, uma obra de Metrô, e até uma simples casa, devem ser cuidadosamente projetadas, construídas com materiais resistentes e duráveis, operadas corretamente e submetidas à manutenção preventiva e corretiva ao longo de sua vida útil, assegurando proteção, segurança, conforto, saúde, economia, rapidez, salubridade aos seus usuários”.

No caso do acidente, o presidente do IBRACON sugere que sejam cumpridas três grandes etapas:
1. Formular uma ou mais hipóteses adequadas e consistentes sobre o mecanismo do acidente;
2. Com base nessa(s) hipótese(s), reunir e analisar toda a documentação existente na busca de “demonstrações” ou “provas” da(s) hipótese(s) formulada(s). Em paralelo e também com base nessa(s) hipótese(s) sair a campo com muita astúcia, cuidado e atenção na busca de “indícios evidentes” e “provas experimentais e materiais” que permitam comprovar ou negar a(s) hipótese(s) anteriormente formulada.
3. Formular um DIAGNÓSTICO final, consubstanciado e consistente do ocorrido, onde fique claro e transparente, no mínimo, o seguinte:
– mecanismo de como ocorreu a ruptura;
– agentes causadores;
– origem do problema.



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