A energia de Belo Monte
O Massa Cinzenta faz um panorama de uma das obras mais grandiosas e polêmicas do país: a Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Obra irá consumir 3,7 milhões de m³ de concreto e mais de 750 mil toneladas de cimento
Por: Tatiane Franco
Há mais de 20 anos que a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte é tema de debate e polêmica entre governos, sociedade e movimentos sociais e ambientais. Considerada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, em 2010, o empreendimento finalmente saiu do papel. Um consórcio formado por empresas públicas e privadas venceu o processo licitatório, que dá início a construção da barragem em trecho do Rio Xingu, na vila de Belo Monte, a 60 km de Altamira, no Pará. O investimento pode chegar a R$ 20 bilhões.
A previsão do governo é que o Complexo Hidrelétrico Belo Monte inicie a primeira fase de operação em 2015 e que esteja concluída e funcionando com capacidade total em 2019. Com potencial energético de 11 mil megawatts (MW), a usina será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas de Três Gargantas, na China, e da binacional de Itaipu, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai.
Este montante irá representar uma adição de 4.571 MW médios de energia ao sistema elétrico brasileiro. O volume a ser produzido pela usina de Belo Monte será suficiente para abastecer 40% das residências brasileiras e irá criar quase 20 mil empregos diretos, além de inúmeras frentes indiretas de trabalho.
A escolha do Rio Xingu para construção da represa foi embasada em pesquisas comparativas da matriz energética brasileira. Geograficamente, os rios da margem direita do Rio Amazonas – destaque para o Xingu – apresentam declividades propícias à geração de energia. A Bacia Hidrográfica do Xingu tem um potencial hidrelétrico de 22 mil megawatts, sendo um dos maiores do país. O local escolhido para construir Belo Monte fica em uma queda de 96 metros, onde o rio quadruplica de largura e forma diversas cachoeiras e ilhas.
O projeto
O projeto inicial concebido na década de 80 foi remodelado, em 1994, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais e se adequar à nova demanda do país. Uma das mudanças diz respeito à redução do reservatório da usina, de 1.225 km² para 400 km², evitando a inundação de uma área indígena.
Estão previstas duas casas de força. A casa principal contará com 20 máquinas, ou turbinas, com potência de 550 MW cada. Já a segunda casa de força foi concebida para melhorar o aproveitamento da vazão do rio e reduzir os impactos ambientais.
Ainda constam no projeto a construção de dois canais de adução – com cerca de 12 quilômetros de extensão e 250 metros de largura – que irão auxiliar na pressão da águas às turbinas. Para executar esta parte do projeto será necessário escavar 144 milhões de m³ de terra e 51 milhões de m³ de rocha. Estudos de viabilidade apontam que o material oriundo da escavação poderá ser reaproveitado.
De acordo com um estudo oficial da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério das Minas e Energia, Belo Monte deve consumir 3,7 milhões de m³ de concreto e 753.222 toneladas de cimento. Só para ter uma ideia, para construir Itaipu foram utilizados 12,6 milhões de m³ do material e Três Gargantas consumiu 27,9 milhões de m³ de concreto.
Jornalista responsável: Silvia Elmor – MTB 4417/18/57 – Vogg Branded Content
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