Tecnologia e sustentabilidade impulsionam debates no 100º ENIC

Evento abordou desde financiamento verde e mercado de carbono até soluções da Construção 4.0

Discussões no ENIC 2025 mostraram como inovação, financiamento verde e industrialização estão moldando o futuro da construção civil no Brasil.
Crédito: CBIC

Entre os dias 8 e 11 de abril de 2025, foi realizada, em São Paulo (SP), a 100ª edição do Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), em conjunto com a 30ª edição da FEICON.

Trata-se do mais tradicional evento técnico do setor da construção, que reuniu os maiores especialistas para discutir temas como Sustentabilidade, Inovação, Tecnologia e Qualificação Profissional.

Veja abaixo alguns dos destaques do evento:

ESG

Um dos painéis do evento teve como tema “Financiamentos Verdes para a Construção”. Durante a apresentação, foram divulgados dados do setor: o mercado de financiamento verde – conjunto de recursos financeiros que apoiam projetos sustentáveis, conciliando o desenvolvimento econômico com a conservação dos recursos naturais – completa uma década de atuação em 2025, com um volume global de US$ 1,8 trilhão em operações financeiras voltadas à sustentabilidade. No Brasil, esse segmento soma R$ 100 bilhões, dos quais R$ 24 bilhões estão destinados especificamente ao setor da construção civil.

De acordo com Gustavo Pimentel, senior partner de Sustainable Finance na ERM, os setores imobiliário e de construção são, no mundo, o segundo segmento que mais capta recursos. No entanto, o Brasil ainda está um pouco atrás nesse quesito: apenas 1% desse total de crédito disponível foi utilizado. “A cadeia brasileira precisa aproveitar esse movimento”, pontuou Pimentel.

Outro painel abordou o tema “O Mercado de Carbono – Regulação, Mecanismos e Perspectivas Globais para a Construção”. Em dezembro de 2024, foi sancionada a regulamentação do mercado de carbono (Lei 15042/2024).No entanto, o assunto ainda é cercado de incertezas.

“Todos sabemos que a emissão de carbono terá custos, mas não se sabe ao certo quanto. Um descuido agora pode levar as empresas a pagarem taxas

no exterior acima do que seria possível com esse mercado consolidado no Brasil”, alertou Maria Belén Losada, head de novos negócios do Itaú BBA.

Gleyse Gulin, advogada especializada em direito ambiental e também palestrante no painel, afirmou que parte desse atraso está relacionada à indefinição legal sobre em qual parte da cadeia de emissão o setor será classificado.

Já Felipe Bottini, diretor-executivo de Sustentabilidade da Accenture na América Latina, alertou as construtoras sobre a necessidade de iniciarem, o quanto antes, o planejamento e a adaptação de processos — incluindo a venda e até mesmo a compra de créditos de carbono. Segundo ele, a ausência de ações nesse sentido poderá impactar diretamente os preços das obras no futuro.

Industrialização

No painel “As Possibilidades e a Viabilidade da Adoção das Estruturas Pré-Fabricadas de Concreto sob a Perspectiva das Construtoras”, especialistas discutiram as oportunidades e os desafios para a ampliação do uso de estruturas pré-fabricadas de concreto pelo setor.

Para Íria Doniak, uma das participantes do debate e presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), a industrialização dos processos construtivos é fundamental para aumentar a segurança nas obras e reduzir o impacto ambiental. Segundo ela, é essencial pensar em soluções que não apenas atendam às normas técnicas, mas que também contribuam para um futuro mais sustentável. Nesse sentido, Íria acredita que a industrialização representa uma alternativa com grande potencial de desenvolvimento dentro da categoria de estruturas pré-fabricadas.

Construção 4.0

Para aqueles que buscam integrar tecnologias digitais para aumentar a produtividade, a eficiência e a sustentabilidade na construção, o ENIC trouxe diversas discussões sobre as mais recentes evoluções tecnológicas. Um dos painéis em destaque foi o “Construção 4.0”.

Cézar Valmor Mortari, diretor técnico da Iron Build Engenharia, foi um dos participantes. Durante sua apresentação, destacou que a tecnologia permite eliminar desperdícios, reduzir o tempo de ciclo em até 80%, aumentar

o valor agregado e minimizar erros e falhas. Por outro lado, Mortari lembrou que a baixa qualificação da mão de obra e os altos custos iniciais ainda são obstáculos para a implementação da Construção 4.0 no Brasil.

Já a professora Dayana Costa, do Departamento de Construção e Estruturas da Escola Politécnica, mencionou algumas funcionalidades importantes da inteligência artificial na transformação do setor: análise de dados da obra em tempo real, identificação automática de falhas e geração de relatórios completos — como os que apontam problemas em telhados e fachadas.

Entre as inovações apresentadas durante o painel, destacam-se:
Sistema Lift Build — técnica que utiliza a fabricação vertical para montar os componentes de um edifício;
Robôs articulados e drones para mapeamento e monitoramento em tempo real das obras.

Reforma tributária

Com a fase de transição programada para começar no próximo ano, a reforma tributária também foi tema de painel no ENIC. Para os participantes do debate, ela representa tanto um desafio quanto uma chance de avanço para os setores da construção civil e do mercado imobiliário no Brasil.

A grande recomendação dos especialistas presentes no painel foi que as empresas do setor não esperem para se adaptar. “Isso vai trazer uma série de trabalhos adicionais às empresas. Mas acho que mais importante do que isso é como cada empresa vai focar na estratégia de como aplicar de forma eficaz a reforma tributária. O ideal é que o setor que não espere o próximo ano para se adaptar e inicie logo os estudos. Nessa transição, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição Sobre Bens e Serviços) terão uma alíquota de 1%, os sistemas serão testados, com obrigações acessórias, declarações e tudo mais. A partir de 1º de janeiro de 2027, o jogo começa a ser jogado. Com a extinção do PIS/Cofins e com a entrada de vigor da CBS Federal”, aconselhou Ilso de Oliveira, vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC.

Fontes

Câmara Brasileira da Construção Civil – CBIC

Gustavo Pimentel, senior partner, Sustainable Finance da ERM.

Maria Belén Losada, head de novos negócios do Itaú BBA.

Gleyse Gulin, advogada especializada em direito ambiental.

Felipe Bottini, diretor-executivo de Sustentabilidade da Accenture na América Latina.

Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC).

Cézar Valmor Mortari, diretor técnico da Iron Build Engenharia.

Dayana Costa é professora do Departamento de Construção e Estruturas da Escola Politécnica.

Ilso de Oliveira, vice-presidente de Obras Industriais e Corporativas da CBIC.

Contato

imprensa@cbic.org.br

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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