RoadMap do Concreto no Brasil é necessário?
Para Íria Doniak, presidente da Abcic, o maior desafio está na autoconstrução
No Brasil, a indústria do cimento já conta com um Roadmap Tecnológico que aborda o potencial de redução das emissões de carbono até 2050. No entanto, ainda não há um documento equivalente para o concreto.
No final de 2024, a Concrete NZ publicou seu plano para alcançar emissões líquidas zero até 2050. “A fib divulgou recentemente o Roadmap do Concreto, que correlaciona o ciclo de vida do material com a cadeia de suprimentos e o desempenho”, explica Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita da fib (2025-2026),
E, no Brasil, valeria ter também um Roadmap do Concreto? Na opinião de Íria, entender e correlacionar os aspectos conceituais é de fundamental importância para se estabelecer as metas e atuar de fato no processo evitando desta forma o chamado “greenwashing”.
“O Brasil precisa estabelecer seu ‘roadmap’ do concreto, e nosso maior desafio em relação às metas não estará nas aplicações formais e técnicas, mas sim na autoconstrução, que representa, a grosso modo, 70% a 75% do consumo de cimento. Evidentemente, as técnicas fazem parte desse contexto, mas é muito mais fácil monitorar, acompanhar e implementar inovações nesse setor”, destaca Íria.
Para a presidente da Abcic, possivelmente, o Brasil adotará o Roadmap proposto pela Global Cement and Concrete Association (GCCA), conforme já discutido em reuniões do CT 301 de Sustentabilidade do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). “Recentemente, durante o CBC (Congresso Brasileiro do Concreto) realizado em Maceió, foi lançado um primeiro boletim técnico (Ibracon/Abece e Abcic), que trata da quantificação das emissões de CO₂ incorporadas em materiais cimentícios e estruturas de concreto — um possível ponto de partida”, comenta.
Adoção de um modelo externo
A presidente da Abcic também pontua que o importante ao se adotar um modelo é compreendê-lo e principalmente avaliar sua proposta, pois é um tema que está em desenvolvimento no mundo todo e que requer atenção.
“São muitas informações sendo geradas e banco de dados para inventários de ciclo de vida – alguns confiáveis outros não. Também, como propõe a fib é necessário integrar a cadeia de suprimentos, toda a indústria cimenteira, os produtores de concreto (centrais dosadoras, indústria de pré-fabricados), projetistas de edificações e infraestrutura e contratantes das obras quer governo, quer iniciativa privada e academia. É algo que não pode ser imposto ou definido de forma unilateral. São necessárias pesquisas e investimentos em tecnologia, mais uma razão que evidencia o engajamento de toda a cadeia de valor”, explica Íria.
Proposta da Nova Zelândia
Especificamente sobre a proposta da Nova Zelândia, que vem sendo conduzida pela Concrete NZ — entidade que reúne toda a cadeia do concreto no país —, a referência utilizada foi o Roadmap da GCCA, estabelecendo metas para 2030 e para o período entre 2030 e 2050.
“A primeira etapa propõe a redução das emissões a partir da indústria cimenteira. Devemos lembrar que o cimento brasileiro, ao longo de décadas, já vem adotando medidas importantes nesse sentido e, hoje, é mundialmente reconhecido como o mais ecoeficiente. Além da redução do clínquer por meio de adições, outro parâmetro fundamental tem sido o consumo de energia e combustíveis. Entre 2030 e 2050, o foco será a captura de carbono pelas estruturas de concreto por meio de mecanismos de recarbonatação, um tema que também está sendo estudado por um grupo de trabalho no âmbito do CT 101 do IBRACON”, explica Íria.
A energia é outro ponto de destaque, segundo Íria, pois, ao adotar fontes limpas tanto na produção do cimento quanto do concreto, é possível alcançar reduções significativas.
“As tecnologias do concreto, o desenvolvimento de projetos e a análise dos sistemas construtivos a serem adotados são aspectos fundamentais. Um dos temas importantes é a desmaterialização, que, no meu entendimento, precisa ser adequadamente avaliada. Ou seja, é necessário tomar decisões que, por meio do desempenho e do bom senso, considerem os três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico/viabilidade e social. Afinal, não se pode priorizar apenas o ambientalmente correto se isso não for economicamente viável ou gerar outros impactos negativos para a sociedade. A visão holística é essencial, pois, no final do dia, quem decidirá pela compra será um cliente que levará em conta diversos aspectos”, destaca Íria.
Entrevistada
Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic) e presidente eleita fib (2025-2026).
Contato
Assessoria de imprensa Abcic – sylvia@meccanica.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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