Primeiro prédio residencial carbono neutro do Brasil é inaugurado em Curitiba
Saldo de emissões da obra é compensado com a preservação de estoques de carbono de área da Mata Atlântica
Em 2024, foi inaugurado em Curitiba (PR) o Árten, o primeiro edifício multirresidencial carbono zero do Brasil. O prédio adotou diversas medidas para minimizar a emissão de gases de efeito estufa, tanto na construção quanto em sua operação futura.
Localizado na região do Juvevê, o Árten é um empreendimento residencial de alto padrão. Ele conta com oito andares e 34 apartamentos, distribuídos em 5.845 m² de área construída. Com quatro opções de plantas, os apartamentos variam de 86 m² a 175 m². O empreendimento é das incorporadoras HIEX e ALTMA.
Com VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 40 milhões, o empreendimento foi inaugurado com 80% das unidades vendidas.
Desafios no planejamento e na construção do Árten
Um dos principais desafios do Árten está relacionado ao terreno, em função da geometria dele, que tem uma testada desproporcional ao comprimento da área. “Isso nos instigou a buscar soluções que garantissem a boa disposição das unidades em um projeto sustentável”, explica Gabriel Falavina Dias, sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA.
As inspirações para a arquitetura arrojada do Árten vieram de projetos: um do arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels e o outro do franco-suíço Le Corbusier.
“O resultado foi uma arquitetura com inteligência construtiva, que utiliza o conceito TETRIS, permitindo compor as unidades tipo duplex com sobreposições, como acontece no jogo, em que os blocos de diferentes formatos são ‘girados’ e encaixados. É um formato que traz sustentabilidade para o projeto, porque amplia o coeficiente de aproveitamento dos espaços, reduzindo o número de corredores e alcançando a máxima área construída útil”, afirma Dias.
Sustentabilidade na obra
Na etapa de planejamento do Árten, foi traçado um plano de gestão de resíduos que priorizou a segregação e o reaproveitamento no próprio canteiro. “Metais e madeiras foram enviados para reciclagem, e os fragmentos de tijolos e cerâmicas foram triturados e utilizados como agregados para base de pisos ou enchimento de fundações”, relata o sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA.
A gestão eficiente da obra desviou dos aterros sanitários mais de 107 toneladas de resíduos, o que corresponde a 156 caçambas.
O cálculo das emissões do Árten incluiu o combustível consumido no transporte de matérias-primas e estruturas até o canteiro de obras. Para minimizar o impacto ambiental dos deslocamentos e estimular a economia regional, foi dada preferência a fornecedores locais. Como resultado, 40% das empresas e indústrias selecionadas estão localizadas em um raio de até 200 km do empreendimento.
O saldo de emissões da obra, calculado em 2.640 toneladas de CO2, já está sendo compensado por meio da manutenção dos estoques de carbono de uma área de Mata Atlântica, em reserva ecológica situada no Litoral do Paraná.
Benefícios para os moradores: eficiência energética e hídrica
Desde o início do projeto, em 2019, o planejamento foi aprimorado para garantir máxima eficiência, culminando na conquista do selo PROCEL Edifica. Adicionalmente, seguiu-se um rigoroso checklist de boas práticas que contribuiu para a significativa redução do impacto ambiental da construção.
O projeto do Árten incluiu diversas soluções sustentáveis com impacto nas emissões durante o uso do empreendimento após a entrega. Entre as iniciativas de eficiência energética e hídrica, foi implantado no edifício um sistema fotovoltaico para abastecimento das áreas comuns, equipado com sensores de presença e lâmpadas de LED.
A redução do consumo de água e energia nas áreas comuns deve ser significativa devido aos sistemas de captação e reaproveitamento de água da chuva, utilizados para irrigação automatizada dos jardins suspensos, conforme Dias.
Nos apartamentos, foram instalados os sistemas Ecoclick – que permite o desligamento remoto de interruptores e lâmpadas – e o sistema de banho inteligente com recirculação de água, que possibilita o acionamento do aquecimento dos chuveiros por smartphones. Os metais hidrossanitários também possuem controle de vazão, reduzindo o desperdício. “A iluminação LED de baixo consumo, o isolamento térmico eficiente e a integração de fontes de energia renovável, com painéis solares, representam economia mensal nas contas de luz do condomínio e de cada unidade”, destaca Dias.
Além das contas reduzidas, o sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA ressalta que os itens de sustentabilidade agregam valor ao imóvel, oferecendo ao consumidor benefícios econômicos adicionais por meio da valorização imobiliária.
Lições do primeiro edifício carbono zero
De acordo com Dias, a principal lição do primeiro edifício carbono zero foi a importância do planejamento integrado desde a concepção do empreendimento. “Vimos que todos os projetistas devem ser envolvidos no processo para alcançarmos os melhores níveis de eficiência e acertarmos na seleção dos materiais”, comenta.
Outro aprendizado foi sobre a importância de incentivar que os próprios moradores adotem práticas sustentáveis que reduzam as emissões com o uso do edifício. “No Árten, as soluções de conforto térmico, como ventilação cruzada e esquadrias termoacústicas, devem diminuir o uso de climatizadores. E, no manual do proprietário, os moradores receberam a orientação de optar por modelos de ar-condicionado com fluído de baixo GWP (Potencial de Aquecimento Global). Outro exemplo é o sistema de ‘banho inteligente’, que reduz o desperdício da água dispensada no chuveiro até que a temperatura ideal seja alcançada. No Árten, a recirculação da água pode ser acionada por aplicativo, ou seja, o morador liga o chuveiro e já pode entrar, sem necessidade de esperar aquecer”, conta o sócio-fundador e diretor executivo da incorporadora ALTMA.
Entrevistado
Gabriel Falavina Dias é engenheiro civil formado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), sócio-fundador e diretor-executivo da incorporadora ALTMA.
Contato
Assessoria de imprensa: roberta.canetti@bombai.com.br
Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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