Entenda como as empresas do setor podem adotar as práticas de ESG e as desvantagens de ficar para trás

Metodologia atua na gestão de riscos, geração de oportunidades e criação de valor a longo prazo

ESG abrange projeto eficiente de recursos, saúde e segurança da força de trabalho e impactos comunitários de novos empreendimentos. Crédito: Envato

A sigla ESG (Environmental, Social and Governance), que em português significa Ambiental, Social e Governança, consolidou-se como uma das principais tendências globais. Mais que um modismo, o ESG molda estratégias de negócios e promove a sustentabilidade no longo prazo. No setor da construção civil, sua implementação é imperativa, dado o impacto ambiental, social e econômico dessa indústria.

O ESG foi formalizado em 2004, mas ganhou destaque após a pandemia do COVID-19. “É uma metodologia que atua na gestão de riscos, na geração de oportunidades e na criação de valor a longo prazo“, explica Silvia Elmor, especialista em ESG e auditora líder no tema.

Para a construção civil, que tem sido apontada como uma das maiores consumidoras de recursos naturais e emissoras de gases de efeito estufa, o ESG vai além da sustentabilidade ambiental. Ele abrange um projeto eficiente de recursos, a saúde e segurança da força de trabalho e os impactos comunitários de novos empreendimentos. “Não é mais uma questão de se as empresas devem adotar critérios ESG, mas quando o farão para não perder competitividade”, afirma.

Como aplicar os pilares do ESG

1. Ambiental
O pilar ambiental exige que as empresas da construção civil integrem práticas sustentáveis em todas as etapas, desde a escolha de materiais até a gestão de resíduos. Fábio Ramos, diretor geral da Plenno Arquitetura e especialista em ESG no ramo imobiliário, destaca que “a neutralização de carbono é relevante, mas é preciso também seguir regras locais, como as de poluição visual”.

2. Social
Mais do que inclusão social e diversidade, o pilar social exige compromisso com acessibilidade e segurança. Ramos ressalta a importância de atender à ABNT NBR 9050, que regula a acessibilidade em edificações. “A acessibilidade vai além de rampas ou corrimões. É uma questão de segurança e autonomia para todos”.

3. Governança
A governança é essencial para garantir transparência e gestão de riscos. Empresas precisam de políticas claras, conformidade com regulações e engajamento da alta liderança. “É um movimento top-down, que depende do apoio da liderança para ser legítimo”, afirma Silvia.

Benefícios para empresas que adotam ESG

Empresas que integram ESG em sua estratégia colhem diversos benefícios. Entre as vantagens, destacam-se o aumento da produtividade, fidelização de clientes, melhora na reputação e acesso a crédito mais competitivo. Além disso, 87% dos consumidores brasileiros preferem marcas sustentáveis, e 70% estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços com práticas ESG”, orienta Silvia.

Por outro lado, empresas que ignoram a agenda ESG enfrentam sérias desvantagens. Além de perderem acesso a financiamentos e licitações públicas, correm o risco de ficar fora do mercado. “Fatores ambientais, sociais e de governança estão se tornando critérios mandatórios em contratos“, alerta.

Ramos acrescenta que práticas superficiais de ESG podem ser vistas como greenwashing, prejudicando a credibilidade da empresa. “Aplicar ESG em sua plenitude não deveria ser um diferencial, mas uma obrigação“.

ESG: o caminho inevitável

Por isso, adotar práticas ESG na construção civil não é apenas uma resposta às demandas de investidores e consumidores, mas também uma forma de assegurar a longevidade das empresas. “O ESG é a sexta maior onda de inovação e guiará os mercados pelos próximos 25 anos“, assegura Silvia.

Empresas que investem em ESG hoje estão construindo um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero. A questão não é mais se é preciso adotar a metodologia, mas como começar.

Entrevistados
Silvia Elmor é consultora, palestrante, co-idealizadora da DESGN – estúdio de inovabilidade, é especialista em ESG pela International Association for Sustainable Economy (IASE – Londres), auditora líder ESG com base na ABNT PR 2030:2022, pós-graduada em Direitos Humanos e Responsabilidade Social Corporativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); pós-graduada em Marketing Estratégico pela FAE Business School, Formação em Liderança Feminina pela Inova – Lisboa. É coordenadora da Câmara Setorial ESG da Associação Comercial do Paraná (ACP) e diretora do Instituto Barão do Serro Azul, braço social da ACP, coordenadora estendida do Pilar ESG do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Fábio Ramos é administrador de empresas graduado e pós-graduado pela Universidade Nove de Julho, possui MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Mercado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui mais de 15 anos de experiência no segmento de Legislação Urbana, Real Estate Compliance e ESG aplicado ao segmento imobiliário. Atualmente, lidera uma equipe composta por mais de 50 profissionais entre arquitetos, engenheiros, advogados e analistas especializados em Arquitetura Legal e Real Estate Compliance (Compliance Imobiliário). É diretor geral da Plenno Arquitetura.

Contatos:
silvia@desgn.co
fabio.ramos@plenno.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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