Tendência em alta: avanço de IA, IoT e robótica na construção permite crescimento das cidades inteligentes
Projetos comerciais e residenciais exigem uma abordagem colaborativa com arquitetos, engenheiros e especialistas em tecnologia
O conceito de cidades inteligentes, com foco em conectividade e sustentabilidade, está ganhando destaque mundialmente. Segundo pesquisa realizada pela Mordor Intelligence, o mercado global dessas cidades deve crescer de US$ 1,36 trilhão em 2024 para US$ 3,84 trilhões em 2029, com uma taxa anual de 23,21%. Esse crescimento reflete a busca por soluções de mobilidade, segurança e infraestrutura urbana mais eficientes, uma grande oportunidade para a indústria AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção).
De acordo com Frederico Carstens, presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), uma cidade inteligente caracteriza-se por integrar tecnologia e dados, otimizando recursos e proporcionando qualidade de vida aos cidadãos.
Ele destaca que, em uma cidade inteligente, diferentes sistemas, como transporte, energia e segurança, estão interconectados. Esse sistema urbano usa dispositivos de IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial (IA) para monitorar dados em tempo real e tomar decisões baseadas nessas informações, criando uma experiência urbana adaptável. “A combinação de IA e IoT permite uma gestão em tempo real e decisões baseadas em dados, promovendo um ambiente urbano mais sustentável e participativo”, explica Carstens.
Os sensores instalados em áreas estratégicas, por exemplo, têm capacidade para monitorar o tráfego, o clima e o consumo de energia, promovendo uma gestão de recursos como água e eletricidade. Isso torna a cidade mais eficiente, especialmente em eventos de grande porte, e possibilita o ajuste da infraestrutura urbana conforme a demanda, resultando em economia e sustentabilidade.
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Arquitetura e engenharia integradas às cidades inteligentes
Para atender às necessidades de uma cidade inteligente, projetos de arquitetura e engenharia precisam estar alinhados com as novas tecnologias. “Os edifícios devem contar com infraestrutura que suporte IoT e automação, permitindo o monitoramento e a coleta de dados para uma gestão eficiente”, afirma Carstens. Esse tipo de projeto demanda uma abordagem colaborativa, envolvendo arquitetos, engenheiros e especialistas em tecnologia, o que resulta em ambientes construídos mais flexíveis e adaptáveis.
Carstens menciona que o design generativo e a simulação, por exemplo, permitem que se testem múltiplas variantes de um projeto antes de sua execução, enquanto a IoT possibilita o monitoramento em tempo real da obra, garantindo que o projeto atenda aos padrões de qualidade e eficiência.
A IA também desempenha um papel importante na agilidade dos processos construtivos. “Com IA e robótica, construções que levariam meses podem ser finalizadas em dias. Esse avanço tecnológico possibilita adaptações rápidas na infraestrutura das cidades para atender às demandas dos cidadãos e reduzir desperdícios”, aponta Carstens. Ele cita o caso de Pato Branco, no Paraná, como exemplo de cidade brasileira que está incorporando tecnologias de alta performance em seu plano diretor, servindo como referência nacional em mobilidade e infraestrutura urbana sustentável.
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Cases internacionais inspiradores
A integração de IoT e IA em projetos urbanos tem gerado cases de sucesso no mundo. Entre eles, Carstens menciona o Hudson Yards, em Nova Iorque, que utiliza uma plataforma IoT para monitorar o consumo de energia e recursos em tempo real. Na Coreia do Sul, o distrito de Songdo foi planejado como uma cidade inteligente, com sistemas integrados de transporte, gestão de resíduos e eficiência energética.
Na Europa, o distrito de HafenCity, em Hamburgo, destaca-se por adotar práticas de mobilidade sustentável e incorporar sistemas automatizados de gestão de resíduos. Esses exemplos mostram como é possível integrar tecnologia e urbanismo para otimizar recursos e promover a sustentabilidade.
O presidente da AsBEA-PR acredita que, com a ampliação do acesso a IA e IoT, essas tecnologias se tornarão mais viáveis para cidades de diferentes tamanhos e perfis. A sustentabilidade continuará a ser uma prioridade, com o desenvolvimento de materiais inteligentes que respondem a condições ambientais, além de tecnologias para economia de água e energia.
Entrevistado:
Frederico Carstens é arquiteto e urbanista graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com Mestrado pela PUC-PR e UFRGS. Fundador da Realiza Arquitetura e atualmente é presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) e está à frente do desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes no Brasil.
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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