Por que projetar com fck a 63 dias?

Durante Congresso Brasileiro do Concreto, professor Paulo Helene falou sobre os benefícios da técnica

Durante o 65º Congresso Brasileiro do Concreto, em Maceió (AL), o professor Paulo Helene ministrou a palestra “Por que projetar com fck a 63 dias? EN 1992-1-1 e MC 2020″. Em entrevista ao Massa Cinzenta, ele falou sobre os benefícios e desafios de projetar com fck a esta idade fora do habitual.

Benefícios técnicos de projetar com fck a 63 dias 

Com fck a 63 dias, a emissão de gases de efeito estufa também é consideravelmente reduzida, em torno de 15% a 25%.
Crédito: Ibracon

De acordo com Paulo Helene, vários benefícios em se projetar com fck a 63 dias. “Em primeiro lugar, os cimentos atuais precisam ter muitas adições por razões justificáveis de sustentabilidade, e estas reagem lentamente; ou seja, com 63 ou 91 dias apresentarão melhores resultados”, aponta. 

Além disso, esta técnica viabiliza mais e melhor o uso de cimentos com menor taxa de clínquer, o que é mais sustentável. “O traço dosado para fck aos 63 dias de idade é muito mais econômico que aos 28 dias de idade, cerca de 20%. A variabilidade da resistência do concreto é menor aos 63 dias do que aos 7 ou 28 dias. O consumo de cimento é menor. A emissão de gases de efeito estufa também é consideravelmente reduzida, em torno de 15% a 25%. Há uma diminuição no consumo de matérias-primas não renováveis e de energia. Estaremos a favor do planeta”, explica Paulo Helene.

Variáveis que afetam a resistência do concreto a longo prazo 

Para Paulo Helene, no mundo inteiro, a matéria-prima para a fabricação do cimento Portland é a mesma, assim como os procedimentos industriais, adições e aditivos. “É um material universal, barato, flexível, durável, resistente e abundante. Consumir cimento Portland e concreto em qualquer lugar do planeta é a mesma coisa. Por essa razão, a taxa de crescimento da resistência do concreto com a idade, em qualquer parte do mundo, é a mesma e está indicada no fib Model Code 2020, que é uma referência para os 193 países do planeta, especialmente para os 38 da Europa e nós do Brasil que o tomamos como referência conceitual. Da mesma forma, a taxa de crescimento da resistência também está indicada no ACI, e as curvas do fib e do ACI são muito similares; diria que são equivalentes”, afirma.

Paulo Helene ainda afirma que projetar para um fck a 63 dias, como fck = 40 MPa, ou projetar para fck = 40 MPa a 28 dias é igual, por exemplo, em um programa reconhecido no país, como o TQS. “O projeto resultante é o mesmo! A única diferença é escrever fck a 63 dias no carimbo. Com essa informação, o construtor, a concreteira e o laboratório de ensaio vão desenvolver um concreto com fck de 40 MPa a 63 dias, que é mais econômico, sustentável, racional e amigável ao meio ambiente. Talvez, em casos especiais, seja conveniente estudar o escoramento e a fluência, mas isso depende da data de aplicação das cargas de projeto. Nos casos usuais, só muda a data do ensaio. Até o corpo de prova é o mesmo. E a execução da obra segue no mesmo ritmo, salvo, talvez, em casos especiais, onde seria necessário um conjunto adicional de formas e escoramentos. Vale lembrar que formas e escoramentos têm emissão desprezível (quando comparados ao cimento e ao aço) de gases de efeito estufa, ou seja, podem ser usados sem restrições”, justifica.

Desafios ao adotar o fck a 63 dias

Segundo Paulo Helene, uma das dificuldades para adotar o  fck a 63 dias é o desconhecimento sobre a segurança das estruturas de concreto e sobre o comportamento dos materiais. “Considere-se que o texto da norma atual ABNT NBR 6118 ainda proíbe a adoção de fck com idade diferente de 28 dias. Infelizmente, é hoje, talvez, a única no mundo que ainda possui essa restrição. Outro problema é a insegurança, pois muitos projetistas não sabem como projetar com fck a 63 dias. E é muito simples!”, pondera.

Por outro lado, Paulo Helene acredita que o mercado da construção está preparado para adotar esta prática, embora toda evolução seja lenta.Projetar e construir estruturas é uma atividade de muita responsabilidade, que requer tempo, amadurecimento e a convicção de que vale a pena”, opina.

Entrevistado
Paulo Helene é sócio honorário do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON). Ele também é engenheiro civil, professor titular da Universidade de São Paulo e diretor da PhD Engenharia. 

Contato: paulo.helene@concretophd.com.br 

Jornalista responsável:
Marina Pastore – DRT 48378/SP
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



Massa Cinzenta

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