Uso do concreto na construção de rodovias: escolha estratégica para suportar o tráfego pesado e as intempéries

Cerca de 340 km das rodovias do Paraná serão renovados com uso do concreto por sua durabilidade e economia

As rodovias desempenham um papel fundamental na economia do país, sendo responsáveis por conectar pessoas, bens e serviços. Quando se trata de pavimentação, a escolha entre concreto e asfalto é um debate constante. No Paraná, fica evidente a crescente adoção do concreto para a construção de estradas, sendo responsável por transformar 340 km de rodovias no Estado.

O pavimento asfáltico, também conhecido como flexível, era o material mais comum nas rodovias brasileiras até pouco tempo atrás. O engenheiro Carlos Henrique Siqueira explica que o asfalto, inicialmente, oferece uma superfície mais confortável para rodagem, com uma suavidade que agrada aos motoristas. No entanto, ao longo do tempo, a escolha do asfalto traz consequências como ondulações, depressões e perda de aderência, o que exige manutenções frequentes para manter a qualidade da pista.

Por outro lado, o pavimento rígido, feito de concreto, pode não ter a mesma lisura inicial, mas se destaca pela durabilidade e resistência. O concreto é menos suscetível a deformações e requer menos intervenções de manutenção ao longo dos anos. “Enquanto o asfalto precisa de reparos frequentes, o concreto tem uma vida útil maior, o que dilui seu custo inicial”, ressalta.

Legenda: Diversas rodovias do Estado do Paraná estão sendo renovadas com o uso do concreto. Crédito: Envato

Concreto representa economia a longo prazo

Embora o custo de implantação do concreto seja superior ao do asfalto, a economia gerada pela menor necessidade de manutenção tem feito com que gestores de rodovias reavaliem suas escolhas. As manutenções em pavimentos asfálticos, como o uso da técnica de whitetopping (processo que adiciona uma camada de concreto sobre o asfalto desgastado), são cada vez mais comuns, refletindo a necessidade de reparos constantes oriundos da escolha pelo asfalto no passado. O uso do concreto desde a construção da rodovia, no entanto, elimina essa etapa, proporcionando maior economia a longo prazo.

No Paraná, o governo tem dado preferência ao concreto em novas obras, como no caso das rodovias que estão sendo renovadas. Além de garantir uma vida útil mais longa, o concreto tem se mostrado uma escolha estratégica para suportar o tráfego pesado e as intempéries, especialmente em regiões que sofrem variações climáticas intensas, como no Estado do Paraná.

Durabilidade e segurança

A durabilidade não é o único ponto forte do concreto. Ele também se destaca pela segurança que oferece aos usuários da rodovia. Ao contrário do asfalto, que pode se tornar escorregadio com o tempo, o concreto mantém suas características de aderência por mais tempo, reduzindo o risco de acidentes. “Essa característica é especialmente importante em regiões onde o clima varia, como no sul do Brasil, onde chuvas intensas e variações de temperatura são frequentes”, observa.

Rodovias de grande movimento e de carga pesada já adotam há muito tempo o concreto como solução para suas vias. Essa escolha tem se mostrado acertada, evitando as deformações comuns no pavimento asfáltico, que não consegue suportar adequadamente o peso excessivo de caminhões e outras grandes cargas.

Um futuro mais sustentável

Além da durabilidade e economia, o concreto se diferencia também por seu impacto ambiental. Diferentemente do asfalto, que utiliza derivados de petróleo em sua composição, o concreto é feito de materiais mais abundantes e com menor impacto ambiental. Ao reduzir a necessidade de manutenções frequentes, o pavimento rígido também diminui o consumo de recursos naturais e a emissão de poluentes decorrentes das obras de reparo.

O Paraná, que está renovando sua malha viária com pistas de concreto, é um exemplo de como essa escolha pode ser decisiva, não apenas em termos econômicos, mas também em relação à sustentabilidade. “O concreto oferece uma solução mais duradoura e com menor impacto ambiental, contribuindo para um futuro mais sustentável nas rodovias brasileiras”, orienta Siqueira.

Projetos de rodovias do Paraná usam concreto

As obras no Paraná são um marco na adoção do concreto como pavimento principal nas rodovias estaduais. Com 340 km em processo de renovação, o governo do Estado aposta na durabilidade e economia que o concreto proporciona. Esse movimento vai ao encontro das demandas atuais por soluções mais sustentáveis e de longo prazo, especialmente em um Estado onde o tráfego de veículos pesados é intenso devido à sua importância como corredor logístico do país.

Exemplo disso são três trechos da PRC-280 entre General Carneiro e Pato Branco, passando por Palmas e Clevelândia; três trechos entre Guarapuava e Pitanga, passando por Turvo, pela PRC-466; a duplicação da Rodovia dos Minérios, entre Almirante Tamandaré e Curitiba; um trecho da PR-180 entre Goioerê e Quarto Centenário; o Contorno Oeste de Cascavel; a restauração de um trecho da PR-151 entre Ponta Grossa e Palmeira; e a duplicação da PR-412 entre Matinhos e Pontal do Paraná. Além disso, o Estado ainda vai construir uma nova ligação entre Mandirituba e São José dos Pinhais e tem planejado um novo Corredor Metropolitano entre Curitiba e Araucária.

Leia mais: PR-151 entre Ponta Grossa e Palmeira será revitalizada para aumentar capacidade de tráfego

Siqueira avalia que a escolha pelo concreto também reflete uma tendência global. “Em muitos países, o concreto já é amplamente utilizado na construção de rodovias. No Brasil, essa tecnologia está ganhando espaço, principalmente devido à durabilidade superior e à menor necessidade de manutenções frequentes”, destaca o especialista.

Assim, a escolha pelo pavimento rígido mostra-se vantajosa a longo prazo, com maior durabilidade, menor necessidade de manutenções e um impacto ambiental reduzido. Com essas características, o concreto se consolida como uma escolha eficiente e sustentável para o futuro das estradas no Brasil.



Entrevistado

Carlos Henrique Siqueira é engenheiro civil formado pela Universidade Federal da Paraíba e pós-graduado em Estruturas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre e Doutor em Ciências pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Diretor da ABPE (Associação Brasileiras de Pontes e Estruturas).

Contato: carloshsiqueira@yahoo.com.br

Jornalista responsável
Ana Carvalho
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.



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