Conheça mais sobre a importância da escolha certa do cimento para cada aplicação
Uso inadequado pode levar ao comprometimento da durabilidade das estruturas e aumento de custos
A especificação correta do cimento é essencial para garantir a qualidade e durabilidade das construções. Devido às suas propriedades aglomerantes que proporcionam ganho de resistência mecânica após o endurecimento, o cimento caracteriza-se por ser o principal insumo utilizado em concretos e argamassas.
Além da capacidade de resistir aos esforços mecânicos, existem outras características importantes presentes nos concretos e argamassas produzidos com o cimento Portland, que podem representar maior ou menor importância, dependendo do tipo de material que está sendo produzido ou da obra que está sendo construída.
“Pode-se citar algumas características interessantes dos concretos adequadamente formulados, como a pouca deformabilidade, baixa permeabilidade aos líquidos e gases, baixa reatividade química com os agregados, resistência química a substâncias nocivas, grande durabilidade e vida útil, além de proteger as armaduras contra corrosão dentro das estruturas”, explica Jorge Christófolli, gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia. de Cimento Itambé.
Ele afirma que cada tipo de cimento possui suas próprias características físico-químicas e a escolha inadequada pode trazer algumas consequências, comprometendo a durabilidade e aumentando os custos de manutenção.
Comprometimento da estabilidade e durabilidade
No Brasil, conforme as normas da ABNT, existem diversos tipos de cimento Portland, cada um com composição e propriedades distintas, como CP I, CP II-F, CP III, CP IV, CP V, entre outros. Cada tipo é mais adequado para diferentes usos, dependendo das necessidades da obra.
O uso inadequado do cimento pode levar a diversos problemas. Exemplo disso é a aplicação de cimentos com teores de álcalis elevados em concretos contendo agregados potencialmente reativos e executados em ambientes úmidos, como fundações.
“Nessa combinação de fatores, pode ocorrer a RAA (Reação álcali-agregado), que se caracteriza pela expansão volumétrica dos agregados reativos presentes na mistura do concreto. A RAA pode gerar tensões internas elevadas nos elementos estruturais e provocar fissuras severas”, alerta. A consequência é um provável comprometimento da estabilidade, integridade e durabilidade das estruturas.
Além disso, algumas aplicações específicas dos concretos e argamassas exigem cimentos compatíveis e adequados. Exemplo disso são peças pré-moldadas, blocos para pavimentação, telhas de fibrocimento, concretos de alto desempenho ou alta resistência, pisos industriais, concretos autoadensáveis, concretos aparentes, concretos com impermeabilizantes, concretos aplicados em peças de grandes volumes, argamassas estabilizadas, entre outras. Para cada aplicação existe um cimento apropriado.
Outro cuidado diz respeito às características físico-químicas dos cimentos, que estão relacionadas principalmente a duas fases das misturas: plástica e endurecida. “O uso de um cimento inadequado pode gerar dificuldades no processo de produção e aplicação das misturas, reduzindo a produtividade, aumentando o desgaste das máquinas ou equipamentos, reduzindo a qualidade das misturas, diminuindo a durabilidade e comprometendo a vida útil, gerando muitos inconvenientes”, observa Christófolli.
O engenheiro Wiliam de Assis Silva enumera os principais erros cometidos em relação à especificação:
Escolha inadequada do tipo de cimento: não considerar as condições específicas da obra, como exposição a sulfatos ou à necessidade de alta resistência inicial;
Desconhecimento das Normas Técnicas: ignorar ou não seguir as Normas Técnicas aplicáveis;
Substituição de materiais sem análise adequada: trocar um tipo de cimento por outro sem avaliar suas propriedades e impactos na obra.
De acordo com ele, ocorrem algumas manifestações patológicas pelo uso incorreto do cimento, como trincas e fissuras, aceleração do processo de carbonatação, reduzindo a vida útil das armaduras, no caso do concreto armado, entre outros. “Podem ocorrer também ataques químicos com o uso de cimento não resistente a sulfatos em ambientes agressivos que podem causar a degradação do concreto, como solos sulfatados, águas residuais e esgotos, ambientes marítimos e alguns tipos de efluentes industriais”, assinala.
Aplicativo Cimento Certo ajuda empresas na especificação
Para ajudar clientes de diversos segmentos na escolha do cimento, dentre outros aspectos, a Itambé oferece o serviço de Assessoria Técnica contínua. Além disso, a empresa desenvolveu o aplicativo “Cimento Certo”, que fornece informações sobre os tipos de cimento e suas características físico-químicas, facilitando a especificação para diversas aplicações.
“Nosso objetivo é auxiliar na indicação dos tipos de cimento para aplicações específicas, garantindo sempre a melhor escolha”, afirma Christófolli. O aplicativo está disponível tanto no site da Itambé quanto em plataformas Android e iOS.
O entendimento e a especificação correta do cimento são fundamentais para assegurar a qualidade, durabilidade e segurança das construções, evitando problemas futuros e garantindo a satisfação dos clientes.
Entrevistados
Jorge L. Christófolli é engenheiro civil formado pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP-SP), pós-graduado em Patologia das construções pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Engenharia da Construção Civil pela UFPR. Recebeu o Prêmio Epaminondas Melo do Amaral Filho do Ibracon pelo Desenvolvimento do CAD (Concreto de Alto Desempenho). Participou no desenvolvimento do concreto CAD 90 (Recorde de fck no Brasil) e em obras como o Yachthouse By Pininfarina, em Balneário Camboriú (SC), com 81 andares, e do MON (Museu Oscar Niemeyer), entre outras obras importantes. Atualmente, é gerente corporativo de Desenvolvimento Técnico da Cia de Cimento Itambé.
Wiliam de Assis Silva é graduado em Engenharia de Produção Civil pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), especialista em Gestão de Projetos em Engenharia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Com atuação profissional e docente nas seguintes áreas: Estruturas de Concreto Armado, Planejamento e Controle da Construção Civil, Gestão de Projetos, Gestão da Qualidade e Sustentabilidade, Logística e Supply Chain. Atua também como engenheiro civil no UniCuritiba.
Contatos:
jorge@concrebras.com.br
wiliamdeassis@gmail.com
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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Cimento Portland pozolânico resistente a sulfatos – CP IV-32 RS
Baixo calor de hidratação, bastante utilizado com agregados reativos e tem ótima resistência a meios agressivos.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-32
Com diversas possibilidades de aplicações, o Cimento Portland composto com fíler é um dos mais utilizados no Brasil.
Cimento Portland composto com fíler – CP II-F-40
Desempenho superior em diversas aplicações, com adição de fíler calcário. Disponível somente a granel.
Cimento Portland de alta resistência inicial – CP V-ARI
O Cimento Portland de alta resistência inicial tem alto grau de finura e menor teor de fíler em sua composição.
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