Moradores de SC têm ponto de entrega para descarte de resíduos de obras e reformas
De janeiro a abril de 2024, PEV já recolheu resíduos equivalentes a 1.275 caçambas com capacidade de 5 m³
De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o Brasil gera anualmente cerca de 45 mil toneladas de resíduos de construção civil e demolição, sendo que o descarte irregular de entulho representa cerca de 70% do lixo urbano, causando impactos ambientais e sociais. Entre as consequências do descarte irregular, destacam-se a proliferação de aterros clandestinos, os elevados custos para os gestores públicos e a falta de responsabilização.
Nesse sentido, uma iniciativa implementada pela Prefeitura de São José (SC) está mudando esse cenário. O Ponto de Entrega Voluntária (PEV) busca combater o descarte irregular de resíduos sólidos em calçadas, terrenos baldios e leitos de rios. O projeto, inaugurado em 2022, é administrado pela empresa Ambiental Limpeza Urbana e Saneamento, que recebe dos munícipes diversos resíduos de construção civil.
São entulhos provenientes de obras de reformas, reparos e demolições, como tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, rochas, metais, madeiras, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, papéis, papelões, vidros, plásticos, tubulações plásticas, fiação elétrica, entre outros.
A gerente da Ambiental, Bruna Mariot, explica que o morador vai até o PEV e é direcionado ao local adequado conforme o tipo de resíduo. O programa não prevê coletas, mas realiza o recolhimento de alguns materiais devidamente ensacados pelo morador com prévio agendamento. “O serviço é destinado à população de São José e a quantidade recebida é limitada a 1 m³/dia por domicílio”.
De janeiro a abril de 2024, o PEV já atendeu 3.362 munícipes, que destinaram ao PEV 6.375 m³ de resíduos, o que equivale à quantidade de 1.275 caçambas com capacidade de 5 m³.
Descarte de materiais volumosos
O PEV, que funciona de segunda a sábado, das 8h às 16h20, também recebe outros materiais de descarte, como móveis de MDF inservíveis, colchões e sofás usados, material decorrente de poda e jardinagem, como folhas, galhos e pequenos troncos.
O Ponto de Entrega Voluntária também recebe eletroeletrônicos e eletrodomésticos em uma vasta lista, que vai de equipamentos de ar-condicionado a lavadoras de roupa, de computadores a telefones celulares, entre outros. “Recebemos esses materiais e damos o destino para um descarte correto e máximo aproveitamento”, assinala.
Porém, o PEV não aceita resíduos perigosos, como tintas, solventes, óleos, agrotóxicos, telhas de amianto, medicamentos vencidos, lâmpadas fluorescentes, pneus, entre outros.
“Cada resíduo tem uma destinação específica, conforme suas características, sempre visando o reaproveitamento quando possível ou o correto descarte. Existem usinas de reciclagem de material de construção civil e empresas de reaproveitamento de eletroeletrônicos que são os destinatários desses resíduos”, afirma Bruna.
População mais consciente da destinação correta dos resíduos
Os números refletem um crescimento constante no atendimento aos moradores e na quantidade de resíduos recebidos. Em janeiro deste ano, foram atendidos 816 pessoas e 270 caçambas (de 5 m³) foram utilizadas para receber 1.350 m³ de resíduos. Já em abril, o atendimento subiu para 889 pessoas, com a utilização de 360 caçambas e a recepção de 1.800 m³ de resíduos.
“Os dados mostram um crescimento mês a mês nas descargas de resíduos, indicando que a população está cada vez mais consciente e engajada na correta destinação de seus resíduos. O total acumulado de resíduos recebidos desde o início do projeto foi de 6.375 m³, um reflexo direto da importância do PEV para a cidade”, informa a gerente.
O balanço positivo reflete o compromisso da Ambiental e da gestão pública municipal em promover a sustentabilidade e facilitar o acesso da população a serviços de gestão de resíduos. Ela acredita que o projeto tende a crescer e o município de São José já possui demanda para a implantação de uma segunda unidade do PEV. “Com a possibilidade de descarte em local correto, muitos moradores deixaram de descartar os resíduos de construção em locais irregulares, como calçadas, terrenos baldios e leitos de rios”, conclui.
Entrevistada
Bruna Mariot é engenheira sanitarista e ambiental, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pós-graduada em Direito Ambiental pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), atua há 16 anos no setor de coleta e tratamento de resíduos e atualmente é gerente da Ambiental.
Contato:
bruna@ambiental.sc
Jornalista responsável
Ana Carvalho
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