Florianópolis prioriza o futuro
Capital catarinense debate soluções que garantam a mobilidade dentro da ilha e a conexão com o continente
Capital catarinense debate soluções que garantam a mobilidade dentro da ilha e a conexão com o continente
Em março deste ano, em meio às comemorações de seus 283 anos, Florianópolis lançou um fórum para debater o futuro. No centro da questão estava a mobilidade dentro da ilha e a conexão com o continente.
Coordenado pelo IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), e com a participação de órgãos de trânsito e de engenharia de Santa Catarina, o fórum concluiu que se nada for feito até 2020 Florianópolis pode mergulhar em um caos urbano.
Das soluções apontadas, uma foi consensual: Florianópolis precisa urgentemente pensar na construção de mais uma ponte, que permita quadruplicar o fluxo de veículos que trafegam diariamente entre a ilha e o continente. Segundo cálculos do IPUF, nas pontes existentes hoje passam cerca de 160 mil veículos por dia quantidade que se equipara ao trânsito na ponte Rio-Niterói. Se a cidade seguir crescendo a taxas de 5% ao ano, como tem acontecido, em 2020 a frota de 160 mil passará a ser de 320 mil.
Para o engenheiro de trânsito Severino Soares Silva, diretor da ESSE (Empresa SulBrasileira de Serviços de Engenharia), pelos estudos do IPUF, Florianópolis não precisa nem esperar 2020 chegar. Se continuar assim, a cidade para em 2014. Quer dizer, entre atravessar as pontes, percorrer a via expressa e chegar ao centro levará, seguramente, mais de duas horas, avalia o especialista, que idealizou o projeto da construção da nova ponte e da ampliação da via expressa.
No plano apresentado pela ESSE, em parceria com a Sotepa (Sociedade Técnica de Estudos de projetos e Assessoria Ltda.), a quarta ponte seria construída entre as duas pontes já existentes. O projeto propõe ainda quadruplicar a via expressa. Desta forma as faixas de hoje permaneceriam normais e as faixas na nossa proposta teriam pedágio. Isso possibilita atrair a iniciativa privada para a construção, diz o engenheiro Severino Soares Silva. O valor da obra é estimado em R$ 350 milhões.
No fórum sobre as soluções de mobilidade para Florianópolis surgiu ainda a possibilidade da construção de um túnel ligando a ilha ao continente. A obra, no entanto, ficaria no mínimo dez vezes mais cara do que a construção de um novo viaduto. Antes, os especialistas acham que é preciso também pensar em desafogar o trânsito na área continental, ligando a ilha à BR-101. Um trecho de 2,4 quilômetros está em construção há cinco anos e já consumiu R$ 40 milhões. São precisos mais dez quilômetros para a ligação com a rodovia. O governo catarinense espera ser contemplado com recursos do PAC da mobilidade para finalizar a extensão continental da via expressa.
Enquanto as soluções definitivas não chegam, o IPUF tenta amenizar os congestionamentos na ilha em horários de pico. Uma medida foi criar faixas exclusivas nas pontes para o transporte público. Arquiteta e urbanista do IPUF, e coordenadora de projetos cicloviários, Vera Lúcia Gonçalves da Silva acredita que é preciso repensar o trânsito na cidade. Nós temos diferentes vias: uma principal, uma coletora, uma local, cada uma com velocidades diferentes. Para cada linha, pensamos em estabelecer prioridades para pedestres, ciclistas e transporte coletivo, planeja.
No entanto, o engenheiro de trânsito Severino Soares Silva acha difícil implantar esses conceitos. A única cidade do mundo que eu conheço que os administradores conseguiram tirar o automóvel da cidade é Londres. Lá fizeram um programa arrojado e lá se cumprem leis e lá se multam. Londres implantou uma restrição ao automóvel no anel central da cidade e quem quer trafegar lá paga hoje quase 20 euros. Só que mesmo assim se passaram três anos e se tirou apenas 2% dos automóveis. Não se tiram mais automóveis das cidades. Este é um bem que o homem inventou e não consegue abdicar mais dele. A solução está no investimento em obras que dêem mobilidade, aposta.
Fonte:
Severino Soares Silva: severino@esseconsultoria.com
Vera Lúcia Gonçalves da Silva: vera@ipuf.sc.gov.br
Ponte Hercílio Luz é patrimônio histórico
A ponte Hercílio Luz foi a primeira obra a ligar o continente à ilha de Santa Catarina
A obra é uma das maiores pontes pênseis do mundo e a maior do Brasil. Teve sua construção iniciada em 14 de novembro de 1922 e foi inaugurada a 13 de maio de 1926. O comprimento total é de 819,471 metros, com 259 metros de viaduto insular, 339,471 metros de vão central e 221 metros de viaduto continental.
A estrutura de aço tem o peso aproximado de cinco mil toneladas e os alicerces e pilares consumiram 14.250 m³ de concreto. As duas torres medem 75 metros, a partir do nível do mar, e o vão central tem altura de 43 metros.
A Hercílio Luz está em fase de restauração para aumentar sua segurança. A obra, segundo estimativa do governo de Santa Catarina, deve ser concluída em 2010. Há ainda um projeto de instalar um metrô de superfície que percorreria o leito da ponte, ligando o bairro de Barreiros, em São José, e o centro da capital. O valor da obra está orçado em R$ 250 milhões. Desde 1991 está proibido o tráfego de veículos na Hercílio Luz.
Jornalista responsável Altair Santos MTB 2330 Tempestade Comunicação
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